Stronger feeling escrita por Iza


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a Andy Ride, Lika Trevas e Carol Winchester pelos comentários ♥
Desculpem qualquer erro, não teve como eu revisar o capítulo.
Boa leitura;



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POV Daryl

Abro os olhos tateando a cama procurando por ela. Sinto a estranheza que é acordar sem ela, e me lembro do quão pior foi dormir sem ela. Nós raramente nos separamos depois que começamos a dividir a cela, e por mais que eu odiasse admitir isso, era horrível ficar longe dela.

Levanto praguejando  e xingando Carol de alguns nomes feios por ter passado mal no dia anterior e por essa razão a vigia noturna passar para Tasha. Eu poderia ter ido com ela, mas  esta se recusou argumentando que assim mexeríamos com todo o cronograma de vigias. Ela está certa, claro.

Começo a procurar pela maluca, mas parece que essa prisão cresceu milhares de quilômetros depois que se encheu tanto e que liberamos todas as áreas. Foi um trabalho cansativo e demorado, mas as coisas se estabilizaram.

Com a criatividade e conhecimentos da minha Loira conseguimos arrumar algumas coisas nas estruturas, como o portão. Melhoramos algumas outras coisas também.

Encontro Maggie e pergunto, mesmo odiando fazer isso, e ela me diz algo sobre ela ter ido ao banheiro. Concordo com a cabeça e sigo em direção a cozinha comunitária que fizemos, esperando encontrar algo para comer.

Vejo Carol e distancia, mexendo com algumas carnes, defumando outras e vou em sua direção. O caminho todo tem gente me cumprimentando e fico completamente desconfortável com isso.

—E ai, como está?- pergunto me referindo ao fato de que ela passou mal no dia anterior.

—Ah, estou melhor. Desculpe por te separar da Tasha- diz com um tom de voz culpado e dou de ombros. Outras pessoas passam e é mais uma chuva de cumprimentos que respondo com um aceno de cabeça. Ela sorri divertida- Você tem que se acostumar, você sabe. Fez por merecer todo esse carinho.

—É estranho esse povo todo sorrindo e me cumprimentando como se eu fosse uma pessoa muito comunicativa.

—Não é, mas é um homem bom que trouxe todos eles aqui. É como a Tasha diz, você atrai esse tipo de sentimento, Daryl Dixon. Só lembre-se que eu gostei de você primeiro.

—Ela diz isso?- pergunto estupidamente pegando o prato que me oferece. - Esqueça. Falando nessa criatura, viu ela por ai?

 - Aquela ali serve?- pergunta apontando para as minhas costas e viro a tempo de vê-la chegando no espaço. O negocio é instantâneo, as pessoas passam a olhar para ela como se ela tivesse um imã, e a cumprimenta-la. Ao contrario de mim ela está bem confortável com tudo isso e acena de volta.

—Hey pessoal – ela finalmente chega até nós e abre um lindo sorriso para mim.- Carol o que está fazendo aqui?

—Alguém tem que cuidar dessa cozinha- responde sorrindo e entregando um prato para a loira que lhe dá um sorriso agradecido.

—Como você está? Sentiu minha falta?- pergunta se virando para mim e me lançando um sorriso provocador.

—Nem reparei que não estava na cela.

—Cela é tão feio, fale quarto.

— Acho que quem sentiu minha falta foi você- digo observando-a rolar os olhos com o que digo e jogar o cabelo molhado para trás.

—Senti mesmo. Senti falta do seu cheiro, dos seus braços e com certeza de suas habilidades.

—Natasha- rosno constrangido porque estamos no meio de um monte de gente e ela ri divertida.

—Senhor Dixon?- chama um garoto que está trabalhando com Carol no preparo das carnes e olho para esperando o que quer que seja- Eu só queria agradecer pelo cervo que o senhor caçou. Muito obrigado mesmo.  Ah, e a senhorita Wayland também.

Ele estende a mão para Natasha, que lambe os dedos sujos de manteiga, e aperta sua mão de volta. O garoto parece maravilhado e só consigo olhar surpreso para a cena. Carol me olha como se dissesse “eu te avisei” com os olhos.

—Que bobagem- diz Natasha depois de soltar a mão do garoto e ele se encolhe com medo de um sermão. – Me chame de Natasha. Senhorita Wayland é tão faculdade.

Balanço a cabeça para essa comparação, e depois aperto a mão do menino também.

Termino de comer antes dela e espero que ela termine também. Observa-la me faz reparar no quão bonita ela é, e sinto vontade de beija-la, mesmo que na frente de toda essa gente.

—Está me deixando desidratada desse jeito, caçador- diz quando finalmente termina de comer e entrega o prato para uma outra pessoa da cozinha- Me secando desse jeito.

Carol cai na gargalhada e se afasta para coordenar a cozinha  e eu fico entre indignado e desconfortável.

—Você é muito sem noção- acuso puxando-a pela cintura e começando a caminhar para o bloco C.

—Quando vamos sair hoje?

—Não acho que você deva ir- digo sério e ela rola os olhos.- Tínhamos decidido sair hoje porque não seria nosso dia de vigia, nem de Glenn, Zack ou Sasha, para que ninguém ficasse cansado.

—Bobagem, nem estou cansada. Tomei banho e qualquer sonolência se foi.

—Não gosto dessa possibilidade. Durma um pouco, pelo menos.- peço com a intenção de sair assim que ela fechar os olhos.

—Não me subestime, sei muito bem que assim que eu fechar os olhos você vai. Vamos logo, para eu poder voltar e dormir.

—Mulher infernal.- digo puxando-a para um beijo e então começo a organizar as coisas.

Ela me ajuda sem muita vontade e sei que é porque está cansada pela vigia. Me preocupo que isso deixe seus movimentos mais lentos lá fora, mas  logo estamos reunidos  próximos aos carros.

Apesar de eu odiar contato físico no meio das pessoas, ela está encostada em mim, e para ela as pessoas por perto não é problema. Aos poucos comecei a aceitar que alguns pequenos gestos por parte dela aconteceriam sim,  e passei a me recusar a me afastar dela quando se aproxima. Não é porque eu não consigo que eu não goste dela por perto. Além disso, essa proximidade manda mensagens para esses novos moradores de que ela é minha garota.

Observo a distância Beth e Zack se despedirem. Começaram a namorar a um tempo, e depois disso eu finalmente pude analisar a personalidade do garoto sem querer arrancar a cabeça dele.

Ele chega resmungando alguma coisa sobre sem despedidas e entra no carro. Sasha e Glenn entram no outro e estamos quase saindo quando Bob aparece e pede para se juntar a nós.  Discutimos por uns momentos, e por fim acabo cedendo. No ultimo minuto avisto Michonne chegando de mais uma de suas saídas e aceno para que Natasha veja. Ela instantaneamente sorri e corre para ajudar Carl com o portão, seu cabelo loiro voando bagunçado atrás dela.

As duas conversam por um  momento e cumprimento a ultima samurai.

—Vou com vocês- diz  ela e me limito a concordar com a cabeça. Sei do que essa mulher é capaz e não dispenso sua katana.

—Não mesmo, acabou de voltar, deve estar cansada- argumenta Natasha preocupada.

—Relaxa branquela, estou bem.

—E você não tem moral nenhum para dizer isso para alguém, senhorita fiz uma Noite De Vigia Mas Vou Mesmo Assim.

—Ah, cale a boca- rosna entrando no carro.

A viagem até o lugar é tranquila, e durante todo o caminho Natasha e Michonne conversam sem parar. Zack, que não consegue ficar de fora  acaba entrando no assunto também.

Paramos os carros em um lugar estratégico e vamos conferir se o plano para afastar os walkers funcionou.  Fico satisfeito ao ver que as ruas não estão mais lotadas daqueles merdas e guio o grupo até o maior mercado do lugar.

Bato no vidro, com a intenção de atrair os pedaços de merda que podem estar lá dentro e me sento próximo ao vidro dando um tempo para que cheguem perto.

Michonne se senta ao meu lado, lançando um sorriso vitorioso a Natasha que ficou sem lugar para sentar, mas ela se limita a dar de ombros, e para minha surpresa se senta em meu colo.

Fico imediatamente desconfortável e tenho que conter o impulso de empurra-la para longe. Passado o choque inicial, para uma surpresa maior ainda, me vejo começando a ficar confortável, e então passo um dos braços ao redor de sua cintura, firmando-a melhor. Ela me lança um sorriso que me diz que entende e depois encosta a cabeça em meu ombro.

Assim tão próxima tenho plena noção de seu cheiro, e é o mesmo de quando a conheci. Não sei como, mas mesmo no fim do mundo a loira consegue ser cheirosa.

—Essa relação de vocês é engraçada- diz Zack e nós três no viramos para ele- Quero dizer, que você e Natasha são um casal eu sempre imaginei, e acho que todo mundo sabe apesar de ninguém comentar a respeito,  mas sei lá, vocês também parecem cão e gato.

— Os dois são assim mesmo- diz Michonne dando de ombros, e voltando a um assunto qualquer com minha loira, e não me dou ao trabalho de saber qual é.

—Acho que finalmente descobri- diz todo entusiasmado e rolo os olhos diante disso.

Nas ultimas semanas ele vem se esforçando para descobrir o que eu era antes do mundo virar um cemitério gigante, e vem sendo um merda em todas as suas suposições. Como se eu tivesse sido alguma coisa antes disso.

—Fale logo- diz Natasha voltando a atenção a essa conversa.

—Fale o que?- pergunta a samurai confusa.

—Ele vem tentando adivinhar a antiga profissão de Daryl a semanas, mas está sendo um desastre.

—Ele foi policial, e isso explica toda essa seriedade dele- diz todo empolgado e nós três caímos na gargalhada na hora. De todas as opções essa é a mais absurda.- É não é?

—Me descobriu- digo ironicamente.

—Mesmo?

—Sim, observe bem, ele é um detive criminal. Essa cara de mal é para lidar com os bandidos barra pesada- diz Natasha

—Eu sabia – diz triunfante e então  ela se dobra de tanto rir.

—Ah, estão zombando de mim- diz decepcionado, mas com um sorriso de lado no rosto.

—É claro que estamos, garoto- digo divertido.

O momento acaba bruscamente com alguns walker chegando ao vidro e se chocando contra ele. O barulho faz com que a loira salte rapidamente e saque as saís.  Admiro o movimento por um segundo, e então volto a focar no plano num todo.

 Entramos em grupos e depois de acabar com os zumbis que apareceram começamos a pegar tudo o que é útil. Como sempre fico o mais próximo possível da loira, e juntos enchemos um carrinho.

—Vou levar esse aqui para os carros-diz quando vê que está cheio. Não gosto de deixa-la sozinha, mas ela é esperta o suficiente para cuidar de si mesma. Confio nela o suficiente. Concordo com a cabeça e antes que eu possa realmente reagir ela me deu um selinho.

Pouco tempo depois Glenn sai com um carrinho cheio também. Ajudo Zack com um outro carrinho e vejo Sasha encher outro pela visão periférica. Bob some entre as prateleiras. Mais um carrinho fica cheio, e Michonne o leva para fora. Estamos enchendo outro quando vejo minha loira dentro novamente, Glenn também.

Um barulho ensurdecedor ecoa pelo supermercado e assusta a todos. No final do corredor, Bob está preso embaixo de uma das prateleiras. Nos movemos rapidamente  em sua direção e olhamos confuso para a cena de prateleiras caídas, vidro por toda a parte.

—Mas o que diabos?- praguejo e vou em direção a prateleira.

—Me ajudem- pede desesperado e noto que tem um zumbi alcançando sua perna. Acredito que a prateleira tenha caído na briga com a coisa.

Lanço minha flecha no zumbi, e Natasha salta sobre as prateleiras pegando-a de volta para mim sem problemas.

Observo o cara preso por um instante e tudo o que consigo pensar é que ele é um estupido.

—Que estupido – diz a loira, como um eco de meus pensamentos.

Eu, Zack e Glenn começamos a puxar a prateleira, mas então as coisas acontecem muito rápido e de forma confusa. Em um momento estamos tentando levantar o móvel e no outro o teto está desabando e está chovendo zumbi.

—Mas que cacete- grita Natasha e instantaneamente largo minha parte da prateleira para virar em sua direção. Um zumbi caiu praticamente em cima dela, mas com um movimento fluido ela usa uma das saís.  Suspiro aliviado.

Tem alguns dependurados pelas tripas, e é tudo muito bizarro.

—Rápido Daryl- grita quando vê que mais e mais deles começam a cair.

Volto a atenção a prateleira e com a ajuda de Zack consigo levanta-la, libertando Bob.

Começamos a nos agrupar para bater em retirada, e entro em desespero quando vejo pela visão periférica   Natasha ficar cercado por alguns deles. Mais e mais deles caem ao redor dela, e o medo de perde-la me atinge em cheio.

Ali, naquele momento, lutando para chegar até ela, eu finalmente entendo que eu não só gosto dela, ou só estou apaixonado. Eu amo essa mulher, e isso é um desastre.

—Natasha- grito e miro em um que se aproximava de suas costas. Ela reage como a máquina de matar que é nessas ocasiões, uma verdadeira força da natureza, e então está cercada por corpos caídos.

Abro caminho com algumas flechadas para que ela possa correr até mim, e quando ela está perto o suficiente começo a bater em retirada.

Começamos a nos mover e no meio da confusão o teto começa a ceder ainda mais, um helicóptero pendendo das ferragens. Sasha consegue sair, e estamos indo em direção a saída quando vejo Zack ser pego ainda ajudando Bob.

Natasha grita ao meu lado e ameaça avançar em direção a ele, mas a seguro balançando a cabeça para que entenda que não tem mas o que possamos fazer. Ela me olha nos olhos por um segundo e então puxa a arma do coldre que sempre está em sua coxa, mira e atira certeiramente na cabeça de Zack, acabando com seu sofrimento.

Arrasto-a para fora, e trabalhando juntos conseguimos sair. Mal colocamos os pés fora do supermercado e tudo vem a baixo.

Ficamos parados, respirando pesadamente e olhando o monte de pó que tudo virou. Me sinto responsável pela morte de Zack, de uma maneira absurda, e trinco os dentes diante dessa realidade. Ninguém antes tinha morrido em minhas buscas, e esse baque me atinge em cheio.

A volta para casa é silenciosa, e apesar de termos conseguido uma boa quantidade de suprimentos não estou feliz, nem mesmo satisfeito. O garoto era jovem e tinha uma vida inteira pela frente.

Natasha se move e então sua mão está sobre a minha. É um gesto simples e silencioso, mas que mostra que ela está aqui comigo, não importa  a situação. Ninguém nunca esteve antes, e descubro que isso me faz ama-la mais.

Ao chegarmos fico com a missão de contar a Beth, e apesar da loira querer ir comigo eu recuso porque essa responsabilidade é minha.

Encontro a garota em seu quarto escrevendo alguma coisa, a imagem pura de uma adolescente, e me sinto mal por estragar esse momento de tranquilidade. O faço mesmo assim.

— O que aconteceu?- pergunta notando meu nervosismo e levo um segundo para finalmente encontrar as palavras

—Zack morreu.- . Não dá para ter meio termos ou rodear, então digo a verdade na lata.

Ela suspira e seus olhos se arregalam, mas ela não chora. Ao invés disso ela entra no quarto e mexe em uma espécie de calendário.

—Estavamos a 30 dias sem incidentes- conta com os olhos fixo no três de sua mão. A contagem volta para o zero.

—Você está bem?

—Estou.- responde e levanta  a cabeça em minha direção- Eu só não choro mais, Daryl.

Essa fala ecoa enquanto  vou para minha cela, assim como o calendário. Não entendo o modo como a garota lida com tudo isso, e fico atordoado.

Quando chego na cela- ou quarto, como a loira prefere- encontro-a dormindo profundamente, os cabelos espalhados sobre os travesseiros. Tão linda.

Penso novamente em como conseguimos ficar 30 dias sem incidentes e então aqui estamos, no zero novamente. Penso em como tudo é inconstante e em como podemos morrer.

Nunca fui o tipo que se relaciona, que coloca rótulos e nunca imaginei que um dia  eu pudesse pensar nisso, mas agora, olhando para ela, descubro que eu quero colocar um rotulo. Não só pelo que ela precisa, mas pelo que eu sinto.

Deito ao seu lado e ela se mexe meio acordada, meio dormindo.

—Desculpe- diz com a voz grogue de sono enquanto se aconchega melhor a mim- não consegui esperar você voltar.

—Sem problemas, loira- digo, e passo os braços ao redor dela, que volta a dormir em seguida.

Ali, com ela em meus braços e sentindo meus olhos pesarem pela noite mal dormida pois estava sentindo falta desse peso em meu peito na noite anterior, eu tomo uma decisão.

Me deixo adormecer, com a certeza de que não vou voltar atrás nisso. Não poderia nem se quisesse, e eu não quero.


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