Stronger feeling escrita por Iza


Capítulo 21
Capitulo 21


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a Andy Hide, Cisan e Padawan pelos comentários ♥
Boa leitura pessoal



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/679613/chapter/21

POV Natasha

—As coisas estão se organizando – diz Maggie parada ao meu lado olhando para alguns dos homens trabalharem no novo portão-Foi uma boa ideia reforçar. Aquelas coisas que você criou com o que temos foi um máximo.

—Sempre soube que aquelas aulas chatas na faculdade iriam servir para alguma coisa- brinco lançando uma piscadinha e voltando a andar.

—Aparentemente as aulas com as saís foram bem mais úteis – responde sorrindo – O sistema de puxar água para mais lugares que o chuveiro também foi uma boa.

—Foi coisa do Tyresee, eu só disse onde podia furar ou não de acordo com a planta- digo dando de ombros enquanto entro em nosso bloco.

Solto um bocejo e me encaminho para a cozinha do bloco em busca de alguma coisa para comer. Começamos a ter que trabalhar nas cercas também, limpando, para que os zumbis não ameacem fazer com que cedam, e acho isso uma chatice. Glenn aparece e acena de  longe, Maggie me abandona em questão de segundos. Rolo os olhos divertida.

Ajudei durante a manhã a não deixar que nenhum se aproximasse do pessoal que estava trabalhando com as estacas, e isso é meio cansativo. Melhor que ajudar no portão, ou na horta que Rick resolveu criar. Chato, mas necessário. Ele tá nessa fase zen que me entedia, e que deixa Carl cada vez mais revoltado e mal humorado. Falando nisso, lá está ele, com a expressão fechada e cara de poucos amigos.

—Como vai a vida, fazendeiro?- pergunto só para irritar, porque isso com certeza é divertido para mim.

—Vá se catar- rosna irritado e sorrio para ele.

—Não to afim- me sento ao seu lado mesmo com ele ameaçando me empurrar para fora do banco.- Terminou aquelas HQ?

Toquei no assunto preferido dele, eu sei disso, ele sabe disso, os dois sabemos.  Ele aperta os olhos desconfiados e irritados para mim, mas não se controla e começa a comentar tudo e mais um pouco. Sorrio e me deixo envolver na discussão, já que também li essa coisa.

—Estão discutindo sobre gibis de novo? – pergunta Daryl parando próximo a mesa,  os braços cruzados e a maior pose de bad boy.

—São HQs- aviso e observo ele rolar os olhos.

—Tanto faz. Terminou de comer?

—Sim, porque?

—Vamos discutir outra busca.- responde sério, e suspiro conformada. Gosto das buscas, gosto de poder sair as vezes. Acho que ficar aqui o tempo todo seria difícil, não só para mim, mas para ele também.

—Vamos lá.

O concelho se reúne, agora contando com Sasha, e começamos a discutir algumas possibilidades. A saída é necessária para pegar algumas coisas para Judy, mas o resto dos mantimentos está em uma quantidade razoável. Sabemos bem que se encontrarmos temos que pegar, nos tempos atuais não tem essa coisa de se dar ao luxo de voltar depois.

Não podemos sair em uma equipe de cinco, como geralmente fazemos, porque temos muitos trabalhando nos portões e estacas e está fora de cogitação atrasar esses trabalhos, então depois de vinte minutos de argumentação fica-se resolvido que vamos apenas eu e o caçador. Estou bem com isso, mas não é novidade para ninguém.

—Odeio isso – avisa Daryl quando estamos em nosso quarto nos equipando. Ele confere o cartucho de sua arma, pega uma mochila com  água, lanterna e outras coisas que podem ajudar muito caso aconteçam problemas.

—Odeia oque?- pergunto parando de arrumar minhas próprias coisas para encara-lo.

—Que você sempre esteja na maldita linha de frente. Esse negocio de sairmos só nós dois para a busca é perigoso. Você deveria ficar.

—Sair nós dois é perigoso, mas só você é seguro?- arqueio a sobrancelha e apoio as mãos no quadril.

—Não seja idiota, nunca é seguro- ele passa a mão pelo cabelo, mostrando o quão nervoso está e entendo. Apesar dos pesares não me quer em risco. Não sei quando as coisas chegaram a esse ponto, mas evoluímos tanto que me assusta.  Gosto de sua presença, de seu carinho, de seu toque. Me apaixono por ele a cada momento, e isso me desconcerta.

—Somos uma espécie de dupla aqui - aviso me aproximando dele e o abraçando pelo pescoço- Se você for correr perigo, vou estar lá com você. Não é uma escolha sua.

—E isso é o que me tira completamente a paz- responde, e enlaça minha cintura.- Você me tira a paz.

—É um dom.

—Um maldito dom isso sim- diz e então seus lábios estão sobre os meus.

—Tashaaaaaa – Carl me grita de algum lugar lá fora e rolo os olhos enquanto me obrigo a me afastar.

—Já vai fazendeiro- grito de volta, sem nunca tirar meus olhos de meu caçador. Mordo o lábio ao me dar conta que já penso nele assim, como meu.- Vamos lá.

—Você não deveria morder os lábios assim e me chamar para sair- acusa e depois balança  a cabeça pegando a besta e saindo.

—Que foi criatura?- pergunto quando encontro Carl na saída do bloco.

—Se encontrar HQs você trás?

—Você sabe que sim.- respondo bagunçando seu cabelo.

—Certo. Eu... - ele desvia o olhar parecendo desconfortável.

—Vou voltar. - meio que afirmo, meio que aviso, e então o puxo para um abraço. Ele retribui sem reclamar.

—Até mais tarde. - diz e então some bloco adentro.

Mal terminei de conversar com Carl  e alcançar Daryl quando Glenn e Maggie me aparecem. Daryl espera por mim e só posso dar de ombros para ele quando este me encara impaciente.

—Então é assim, a parceria acabou?- pergunta Maggie fazendo drama.

—Não faça drama- digo rolando os olhos e mandando um beijo para  a morena – Vejo vocês mais tarde, não façam nada que eu não faria.

—Cuidado lá fora- pede Glenn bagunçando meu cabelo.

—Eu sempre tenho cuidado. – respondo começando a me afastar. -Até mais casal.

Não entendo o que diabos aconteceu, mas sinto o momento exato que a postura de Daryl muda. Ele fica desconfortável com algo e começa a andar um pouco a minha frente. Vejo pelo modo que anda que tem algo o incomodando e sei que não é de hoje, mas ele nunca me conta o que é. Sinto vontade de questionar, mas sei que não tem como. Não agora, não desse jeito. Não no meio da prisão.

Não temos muito que trazer então optamos por ir de moto, que gasta menos gasolina. Gosto dessa opção porque o vento em meu rosto me faz sentir livre e a proximidade com ele me faz bem.

(...)

O percurso até uma farmácia próxima onde esperamos encontrar alguma formula para Judy foi tranquilo, e salto da moto para encarar um Daryl mais silencioso que o normal.

—E então, vai me contar o que diabos está te deixando tão incomodado?- pergunto perdendo a paciência e me encostando na parede, próxima as portas de vidro da farmácia.

—Não tem nada em incomodando. - responde, mas sai mais como um resmungo. Passa por mim e bate no vidro.

—Sei.

Aguardamos em silêncio, nenhum zumbi aparece à porta e acho que estamos com sorte. Entro com as saís prontas para algum problema e me encaminho direto para a área de coisas para bebê. Dou uma olhada ao redor e ao constatar que não há nenhum perigo a vista guardo-as no suporte e começo a encher uma mochila com as formulas que encontramos, confiando em Daryl para me dar cobertura.

—Você ficar só resmungando não vai me fazer adivinhar o que está acontecendo- digo enquanto me estico para pegar a ultima das latas.

—Não tem nada de errado, pare de ver coisas onde não tem nada.

—Ridículo- rosno me virando para encara-lo.

—Insuportável- rosna de volta.- Não tem nada me incomodando, mas parece que tem algo incomodando você!

Rolo os olhos.

—não jogue a culpa para cima de mim, não vai funcionar- aviso colocando a mochila de volta nas costas e pegando as saís.- Sua postura te condena, Dixon. Fica mais retraído que o normal, tenso. E não faço ideia do porque, mas tem haver com Glenn ou Maggie.

—Certo, FBI, descobriu mais alguma coisa baseadas em nada?

— Ainda não, mas vou descobrir- aviso e começo a caminhar para fora da loja.

Não entendo bem o que acontece, mas tropeço em algo no chão e quando dou por mim estou caída no chão em uma posição no mínimo constrangedora. Olá, maldição do chiclete na cruz. Ouço a risada rouca de meu caçador e bufo irritada.

—Isso mesmo, ria da desgraça alheia- me sento no chão e sinto meu rosto corar de vergonha- Idiota.

—Vem cá, eu te ajudo- ele oferece a mão e quando me recuso a aceita-la ele se abaixa e me puxa pelos ombros. É forte, e me praticamente me ergue do chão sozinho.

Meu corpo se encaixa ao dele e me perco em seus olhos. Tento decifrar o que eles me escondem, mas as coisas que se passam ali continuam um mistério para mim.

—Tudo bem gracinha, você já pode me soltar- brinco sem desviar os olhos dos dele.

—Você que fica uma gracinha corada desse jeito- devolve e fico desconcertada por  um segundo. Daryl Dixon acabou de me chamar de gracinha? De forma ridícula sinto meu rosto corar ainda mais e o sorriso de lado dele aumenta para um inteiro.

—Não seja ridículo- digo fazendo um gesto de descaso com a mão que não engana nem a mim nem a ele, e saio de seus braços.

Olho ao redor tentando entender o porquê da maldição do chiclete ter me pego tão de repente e encontro várias próteses espalhadas pelo chão.

—Nunca me senti tão burra- digo em voz alta só por dizer mesmo. Os olhos fixos nas próteses- Nunca mesmo.

—Do que está falando, Loira?

—As próteses- digo apontando para algumas caídas no caminho- alguma pode servir ao Hershel e não pensei nisso nem por um momento.

—Nesse caso somos todos burros, não só você. - responde e se abaixa para dar uma olhada.

Verdade seja dita, nem eu nem ele sabemos o que pegar, qual vai dar mais certo para Hershel, mas mesmo assim damos uma boa olhada nas opções. Meus ouvidos treinados para a caça captam movimento e vejo que os dele também. Levantamo-nos ao mesmo tempo e olhamos pela janela de vidro na parede oposta. Zumbis.

Xingando baixinho pego uma entre as opções e enfio na mochila junto com as formulas. Corremos até a porta pensando em chegar a moto antes de a horda nos alcançar mas pouco antes de abri-la me dou conta de que é tarde demais.

—Não.  - ouço Daryl sussurrar ao mesmo tempo em que me puxa para trás. - Vamos esperar que passem.

Concordo com a cabeça e deixo que me guie para um cômodo no fundo da loja. Já passamos por uma situação parecida, mas essa é bem tranquila. A horda não nos ouve e tudo o que temos que fazer é sentar e esperar.

Sentamos no chão, encostados na parede, um ao lado do outro. Olho para o nada e deixo que meus pensamentos viagem por um momento.

— O que você pensa sobre essa coisa de compromisso?- pergunta do nada e me sobressalto.

Desencosto a cabeça da parede e me viro para encara-lo, totalmente supressa.

—Como assim?

—Quero saber o que você acha de compromisso. - diz sério, os olhos fixos nos meus.

—Não sei- respondo com sinceridade, sem entender aonde essa conversa vai chegar.

—Glenn pediu Maggie em casamento. - diz como se isso explicasse tudo e me limito a arquear uma sobrancelha. - O que achou disso?

—Achei que era algo que ambos queriam e precisavam e que foi uma ação bonita.- respondo ainda mais confusa.- Você não achou?

—E do que você precisa?- essa pergunta sai como um sussurro, um sussurro que me envolve e aos poucos algumas peças começam a se juntar para mim.

Ele se sente desconfortável toda vez que digo que Glenn e Maggie são um casal ou que o casamento deles está subtendido, então, será que ele tem medo que eu o peça em casamento? Só a ideia me faz querer rir, mas mantenho uma expressão séria porque claramente é algo sério para ele. Não sei o que dizer.

Penso a respeito. Do que eu preciso? Aos poucos a imagem dele se forma para mim, e junto algumas lembranças. Estar apaixonada por ele é perigoso e me desconcerta. Acho que preciso dele, mas dizer isso pode assusta-lo, então não digo.

—Está preocupado com o que penso sobre compromisso?- ele me encara por um momento, o rosto se inclinando um pouco.

—Sim. Não. Talvez- essa dúvida repentina me diverte- Eu disse uma vez, a um tempo, que nós éramos nada, e isso não é verdade. Nós somos alguma coisa. Eu não sou bom com essa coisa de palavras, muito menos em demonstrar as coisas, mas você é tipo a minha garota. – ele diz desconcertado e sinto a preocupação em sua voz. Me lembro do dia em que disse isso, do quanto me incomodou, e finalmente entendo que tudo isso é sobre mim. Ele está preocupado comigo.

Fico parada, os olhos fixos nos dele enquanto mais coisas ficam claras para mim. Tantas delas. Eu não fui burra só por não pensar nas próteses. Não mesmo. Fui burra por não enxergar isso antes.

—Se eu não te conhecesse, diria que está me pedindo em namoro.- digo abrindo um sorriso e ele me puxa para seu colo.

—Talvez eu esteja- responde com o rosto tão próximo do meu que sinto sua respiração.

—Então tem plena noção que não só eu sou sua garota como você é meu cara, né?- pergunto divertida e ele me lança um sorriso de lado antes de me beijar.

Não estou apaixonada por Daryl Dixon. O que sinto por ele parece muito mais aquela coisa permanente.

—Preciso de você- digo quando finalmente nos separamos. Ele me olha confuso e sorrio.-  Você me perguntou do que eu preciso, estou te respondendo. Os rótulos para o que temos não são tão importantes, mas um deles não faz mal nenhum.

POV Daryl

Fico parado encarando-a como um retardado por um momento antes de puxa-la para um beijo intenso. As palavras dela ecoando em minha mente, me fazendo sorrir entre o beijo e aperta-la de encontro a mim. Não foi nenhum eu te amo, mas significou tanto quanto. Ela precisa de mim. Ninguém antes precisou de mim. Eu nem sequer imaginava que Natasha Wayland poderia precisar.

É bom que ela precise, porque eu sem dúvidas preciso dela cada vez mais, e não tem nada haver com algo só físico. Tem haver com ela inteira, desde suas brincadeiras idiotas, o modo que ainda me desafia, provoca e irrita, até o prazer de simplesmente tê-la em meus braços.

Um barulho na porta de vidro lá da frente nos tira desse mundinho particular e ela sai de meu colo. Me levanto e armo a besta, e então juntos vamos até lá para descobrir que eu retardatário da horda está batendo contra o vidro.

Ela abre a porta e acerto o crânio da coisa rapidamente e então vamos para casa. Gosto de andar de moto com ela porque é uma sensação muito boa essa dela me abraçando, mas evito pensar nisso.

 Chegamos sem problemas e depois de guardar a moto seguimos juntos até o bloco. Posso sentir a animação tomar conta dela aos poucos conforme nos aproximamos e sei que tem a ver com a prótese.

Descobrimos que estão todos no jantar e ela decide comer antes de finalmente entregar a prótese ao velho e me limito a concordar. Nos sentamos em uma mesa separada dos demais e comemos conversando sobre um assunto qualquer que ela escolheu, até que ela começa a sorrir como uma retardado olhando para algo além do meu ombro. Me viro e encontro Zack.

—Você está sorrindo como uma retardada- acuso com a expressão fechada.

—É claro que estou, gracinha- diz só porque sabe que odeio que me chame de gracinha. Odeio mesmo.

—E posso saber por quê?

—Zack realmente gosta de certa loirinha- diz sorrindo e isso só me deixa mais irritado.

—Você só pode estar brincando comigo- digo sentindo a raiva me dominar, mas me recuso a fazer uma cena, e mais ainda a machuca-la mesmo que isso esteja me machucando. Ela está me trocando por aquele garoto estupido?- Achei que tinha acabado de dizer que é minha garota.

—Você está rosnando- acusa, seu sorriso sumindo enquanto me encara com a testa franzida.

—É claro que estou- digo entredentes.- Acabou de me dizer que o cara gosta de você com um sorriso enorme no rosto como se fosse tudo o que precisava e quer que eu fique feliz?

—Não estou entenden...- ela para no meio da palavra arregala os olhos e então começa a rir. Fico com ainda mais raiva e estou pronto para levantar quando ela se move para me segurar- Não estou falando de mim, bobão. Sou uma loira linda  e maravilhosa, mas não a única do grupo. Beth também é loira.

—Espere. O que?

—Eu nem estava pensando na minha loirisse Daryl- diz com os olhos fixos nos meus- estou dizendo que ele gosta da Beth. Olhe como os dois formam um lindo casal. E por favor, eu não me referiria a mim mesma como loirinha.

Me viro e presto mais atenção na mesa próxima a nós. Beth está sentada com o garoto e está sorrindo sem parar. Me sinto idiota.

—Então, er...

—Você estava com ciúmes – acusa com um sorriso lindo e me limito a resmungar porque tanto eu quanto ela sabemos que não adianta negar.

—Vi vocês conversando esses dias.

—Você diz quando você estava de papinho com aquela mulher de Woddbury?- joga de volta e seu tom de voz é estranho. Que mulher? Forço um pouco a memória e lembro da ex amante de Merle que veio com o resto do pessoal de Woddbury- Ele estava perguntando sobre Beth.

—O que diabos...?- paro no meio da pergunta e então entendo. Ela estava com ciúmes.- Você estava com ciúmes.

—Claro que não- ela nega rolando os olhos- que ideia ridícula.

—Sei.

—Vamos lá mostrar a prótese para o Hershel- diz e então já está de pé caminhando para a mesa do velho. Mulher infernal.

A coisa toda dá certo, Maggie  e Beth agradecem por termos trazido isso e ainda assistimos os primeiros penosos passos com aquele treco. Não sei muito o que pensar, mas ver o cara lutando dessa maneira pela vida faz com que sobreviver nesse mundo faça sentido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!