Stronger feeling escrita por Iza


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, estou de volta.
Quero agradecer muito, muito mesmo a Lika Trevas pela recomendação, fiquei tãaaaaaaao feliz que não tenho nem palavras para descrever. Sério mesmo Lika, fiquei emocionada ♥
Tambem quero agradecer aos comentários da Andy Hide, Elister, Lika Trevas e Yasmim Snow Granger Malfoy



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POV Natasha

Dirijo com cuidado, desviando de um walker ou outro, enquanto eu e Glenn cantamos uma musica antiga qualquer de modo total e completamente desafinado.

—Estou tão orgulhosa- digo sorrindo com os olhos ainda fixos na estrada- Meu neném tá crescendo, vai até casar.

—Ah, cale a boca.

—Você sabe muito bem que eu não vou calar. Não tem mais festa, nem fotos, nem nada do que sempre tem, mas eu sou a madrinha desse casório, entendido?

—E quem mais poderia ser?- pergunta rindo e eu concordo com a cabeça, orgulhosa.

Como qualquer outro lugar nos dias de hoje, a cidadezinha parece um cenário bem feito de filme de terror, com fantasmas e tudo. Rolo os olhos com o pensamento, e começo a procurar por uma faixada desbotada qualquer que tenha sido de uma joalheria. Acaba que não é nem um pouco difícil de achar.

O lugar está quebrado, e sei que foi saqueado nos primeiros momentos dessa loucura, quando ainda se tinha a ilusão de que o dinheiro ainda ditaria como o mundo gira. Bobagem, no fim dos tempos o que vale é comida, baterias e armas. Paro o carro sem problemas próximo a entrada e salto do carro, seguida de perto por Glenn. Minhas saís em mãos, como tem que ser.

Faço barulho na porta, como é de praxe, e espero que algum zumbi venha. Nenhum deles aparece e entramos sem problemas. O lugar é um pequeno caos, prateleiras e mais prateleiras reviradas, caídas e quebradas. Sujeira por todo lado, joias jogadas pelos cantos entre vidros quebrados.

Tomo cuidado com onde piso, evitando barulhos desnecessários que poderiam atrair alguma daquelas coisas que está lá fora, já que esses errantes sempre estão por perto, e procuro por algum lugar onde possam estar alianças caídas e blablabla.

—Se conseguirmos achar anéis russos nessa bagunça vai ser o máximo- digo enquanto olho para as joias caídas.

—Anéis russos?- pergunta confuso, mexendo em algumas gavetas.       

—Oh, sim. São lindos- respondo me abaixando e pegando uma revista de mostruário da loja. Algumas joalherias menores têm esses negócios, então começo a folhear procurando por algum para mostrar. Encontro alguns no final  e estendo a revista para ele-  esses aqui.

—Uau- responde e depois volta a olhar para mim- eu nem sabia que você curte esse tipo de anel.

— É a joia mais escandalosa que eu gosto-Dou de ombros- colares pulseiras e outros tem que ser discreto.

—É lindo  mesmo, Tasha, mas não acho que seja a cara da Maggie- diz e dou de ombros de novo- mas vou guardar essa informação com carinho.

—Tem razão, ela é mais delicada- concordo- guardar essa informação para que?

—Nada da sua conta- responde e volta a procurar. Dou de ombros, confusa.

Encontramos uma vitrine quebrada cheia de alianças sem maiores problemas e ouço Glenn tagarelar baixo enquanto olha os poucos modelos que encontra, e depois de um tempo ele puxa minha mão e testa uma delas  em meu dedo, usando ele como molde para o que caberia em Maggie e olha o resultado. Deixo que faça isso com o carinho que ele quer fazer, enquanto fico atenta a entrada.

Por fim ele fica com esse mesmo, um anel simples e delicado que vai cair muito bem em Maggie, e saímos em busca de baterias e remédios. 

Encontramos algumas baterias em uma loja de utilidades do lado da joalheria e guardamos em uma sacola, com lanternas e outras coisas. Acho um lençol preto e um sorriso sacana aparece em meus lábios antes que eu consiga evitar. Glenn percebe e aperta os olhos para mim, mas me limito a dar de ombros enquanto coloco-o no carrinho de coisas. Guardamos no carro o que encontramos e depois partimos em busca dos remédios.

As duas primeiras farmácias que entramos está saqueada, e tudo o que consigo são uns shampoos e absorventes.  Estou começando a ficar frustrada com a possibilidade de voltarmos sem os remédios.

—Ei- Glenn me chama, e olho para ele confusa. Ele aponta com a cabeça uma pequena farmácia e ela ainda tem as portas de vidro intactas, claramente ofuscada pelas duas lojas grandes ao seu lado, o que aparenta ter salvado-a de saques. - acho que aquela vai ter algo de útil.

—Deus te ouça- digo e  juntos vamos até lá.

Batemos no vidro e esperamos. Seis errantes aparecem no vidro, todos uniformizados ,o que só deixa as coisas mais macabras, e como uma dupla que sempre fomos, nos dividimos facilmente, ele controlando a porta para que saia um de cada vez. Enfio as saís sem problemas e temos a agradável surpresa de algumas prateleiras cheias, antibióticos, absorventes, remédios para dor, antiflamatorios, e remédios para gripe. Pegamos tudo o que restou, e estou jogando minha mochila pesada nas costas quando ouço tiros.

Em um movimento rápido Glenn me puxa para baixo e nos escondemos atrás da prateleira.  Ocorrem alguns xingamentos feitos por duas vozes masculinas, e então alguém entra correndo e arfando.

Encaramo-nos e sinto a preocupação irradiando dele, enquanto ouvimos dois estranhos discutindo em alto e bom som, chamando errantes para o lugar. Idiotas.

Ficamos quietos, esperando que os zumbis façam o trabalho por nós, tiros ecoando , eles tentando fechar as portas que arrombamos minutos atrás. Aperto meus lábios preocupada quando a porta finalmente se fecha e os caras começam a lidar com os que acabaram entrando aqui dentro. Em algum momento algo dá errado e um deles cai bem ao nosso lado, rolando com um zumbi que tenta arrancar um pedaço de sua carne.

Sinto Glenn me segurar o braço, totalmente preocupado quando os olhos do cara nos encontra. O outro aparece e o salva, acabando com o errante usando um machado.

—Ora, ora, o que temos aqui?- diz quando finalmente nos vê. Já estou com minha arma destravada apontando para eles, Glenn também. – Um casalzinho medroso.

—A mulher é linda- diz o que estava no chão, os olhos descendo por toda a minha aparência de modo descarado, um sorriso sujo surgindo em seus lábios me fazendo sentir nojo- vai ser uma grande distração para nós.

—Ah, com toda a certeza que vai- diz ele a arma apontada para Glenn, que está com a raiva irradiando por todo o corpo.

—Não vão tocar em nem um fio de cabelo dela- rosna irado, mas movo uma das mãos para alcança-lo, com a intenção de acalma-lo. Só de olhar dá para ver que os caras matam sem pensar, e um tiroteio direto nos daria pelo menos machucados. Não dá para arriscar assim.

—Que gracinha, o namoradinho te defendendo... Vai deixar ele morrer por você?- - pergunta o filho da puta me encarando com uma espécie de diversão maligna. Mordo a parte interna da bochecha para evitar que alguns xingamentos vazem mesmo sem que eu queira.

Os desgraçados estão bem no caminho para a saída, e eu chego a conclusão de que precisamos dar o primeiro tiro.

 Estou pronta para isso quando um deles simplesmente pula em mim. Eu acabo sendo lançada contra a prateleira vazia atrás de mim, e ambos caímos por cima dela. Ouço um tiro e meu coração se aperta com medo que Glenn tenha se machucado, mas vejo por cima do ombro do cara que tenta me segurar que ele segurando a mão do outro cara para cima, fazendo com que o tira fosse no teto.

O cara me aperta contra a prateleira, e minhas costas doem que é um horror, sentindo bastante o suporte das Saís e até mesmo uma das pontas. Xingo mentalmente todos os nomes feios de que me lembro enquanto dou uma joelhada no meio de suas pernas com força. Ele se dobra de dor, me xinga de vadia e solta seu maldito peso sobre mim, me deixando presa entre seu corpo e a prateleira tombada.

Uso as o joelho novamente, cheia de raiva, e consigo fazer com que uma mão minha chegue ao seu pescoço enquanto a outra apoia seu peso pelo ombro para diminuir a pressão contra mim. Aperto seu pescoço sem dó, minhas unhas entrando na carne, sangue começando a sair e ele engasga,  me dando um soco fraco no maxilar. Aproveito certa brecha e o empurro para o lado, fazendo-o cair contra a prateleira ao meu lado e usando todo o meu lado ninja de ser levanto rapidamente, me arrastando nada lindamente para o chão e encontrando  minha arma ali.

O filho da puta também se levanta e começa a se jogar contra mim de novo, mas o paro no meio do movimento com um chute na altura da barriga, seguido de outro, ambos certeiros. Ele cai em um baque seco e começa a querer se arrastar para sua arma caída mais a frente, mas engatilho minha arma apontando-a para sua cabeça. O barulho faz  com que ele pare e eu dou a volta, pegando sua arma e colocando no cós  da calça, sem nunca tiras os olhos dele, ou desviar a arma do alvo.

Pelo canto do olho vejo que Glenn também dominou a situação, o outro cara caído no chão de joelhos com sangue jorrando do nariz e a arma apontada para sua cabeça.

Nossos olhares se encontram e sei no que isso tudo vai dar. No que tem que dar. Os olhos puxados de meu melhor amigo refletem o que eu sinto quanto a isso.  Volto meu olhar para o canalha no chão que está me encarando, o pescoço  está com as marcas perfeitas de minhas unhas, sangue escorrendo ali e os olhos injetados de raiva, uma malícia suja estampada no rosto

—Você não tem coragem, vadiazinha- diz com um sorriso perverso.

—Ah, mas eu tenho sim. Você não tem noção- digo com convicção. Essa parte meio que me assusta, ter convicção sobre isso, mas não penso a respeito.

—Eu duvido- diz com os olhos fixos nos meus, erguendo o corpo e isso faz com que aconteça um click em minha cabeça. “ Eu também duvidaria” penso comigo mesma, e ainda com os olhos nos dele eu puxo o gatilho.

Esse tiro, em especial, parece ensurdecedor aos meus ouvidos, enquanto assisto em câmera lenta o corpo sem vida cair para trás, sangue jorrando se seu crânio os olhos ainda abertos, agora sem brilho olhando para o nada.  Outro tiro ecoa e não tenho que me virar para saber que Glenn seguiu meu exemplo, e não só porque eu fiz, mas sim porque ele sempre soube que teria que fazer também, e que nesse mundo de agora isso aconteceria cedo ou tarde.

Continuo com os olhos fixos no cadáver no chão, até que o coreano toma a iniciativa e se aproxima de mim, me puxando para um abraço.

—Sinto muito- sussurra enquanto faz carinho em meu cabelo, o rabo de cavalo quase totalmente desmanchado. Solto um suspiro contra seu peito.

—Tinha que acontecer.

Talvez essa não seja a primeira pessoa que eu mato. Não dá para saber se matei alguém no dia que invadiram a prisão, ou nos tiros de cobertura que dei quando invadimos Woddbury, mas essa é a primeira pessoa que mato olhando nos olhos, consciente de que eu estou fazendo e que quero faze-lo. Acho que é o mesmo com Glenn. É estranho porque não mudou nada mas ao mesmo tempo mudou algo em mim, abriu uma nova parte de mim, uma nova capacidade, que é boa e é ruim. É assim agora, viver ou morrer.

Saímos do tupor de tudo isso quando as batidas  e arranhados contra a porta se tornam incessantes e somos obrigados a voltar ao mundo real.

Xingando baixinho me separo dele, dando um beijinho em sua bochecha. Travo minha arma, colocando ela de volta no coldre em minha coxa e pego minha mochila que puis de volta no chão quando eles entraram.

 Saco as saís e Glenn pega seu facão. Tentamos um esquema parecido com o de quando entramos e quando sobram poucos abrimos as portas de uma vez e acabamos com tudo.  Damos uma olhada superfial pela cidade, procurando indícios de que eles estavam acompanhados de mais gente, porém não encontramos nada e andamos apressadamente de volta para o carro, cada um em um silencio próprio.

Mal estamos de volta a estrada  quando Glenn finalmente se pronuncia.

—Sou um péssimo amigo. Te coloquei nessa encrenca insana só por causa de um anel e por minha culpa você teve que matar um cara- diz e quando dou uma rápida olhada em sua direção o encontro de cabeça baixa. Com um suspiro cansado paro o carro.

—Vamos esclarecer as coisas aqui, Glenn- digo séria, me virando completamente para ele- Não é só por um anel, é por um significado inteiro que ele vai ter e que me deixa muito feliz. Não é um péssimo amigo, porque sempre esteve por mim quando eu precisei, antes disso e depois disso quando finalmente te encontrei de novo. Não fui a única a matar alguém hoje, e sei muito bem disso. Sei que vai ficar na sua consciência, sei que vai pesar e encurvar seus ombros, mas é nesse mundo que vivemos agora e ambos temos que aceitar. Antes disso começar tínhamos pessoas boas e pessoas ruins e ainda é assim, mas as definições foram atualizadas e os princípios não são os mesmos. Não associe o incidente com o motivo, ok?

—Você está certa, como sempre. Mas sei o peso que aquilo vai ter em você também, o peso que essa vida nova tem. É que depois de levarmos aquelas pessoas para a prisão só me pareceu que existe mais gente boa no mundo, e então num piscar de olhos tem mais gente da laia do Governador. Não sei o que pensar do que estamos nos tornando por esse mundo. –ele passa as mãos pelo cabelo nervoso e faz uma careta- Já já vai passar. Eu sei das consequências, sei que vai acontecer de novo e de novo.

—Somos uma gangue, lembra?- brinco com um sorriso cansado, me referindo a uma brincadeira que tínhamos de antes do apocalipse e ele retribui o sorriso numa boa- Não é?

—Sim, e ai de quem tentar a sorte conosco.- responde me lançando uma piscadinha.

Tão rápido quanto quando o clima ficou mais sério, ele alivia. As consequências dessa nova realidade sempre estiveram muito claras para mim, e acho que é só essa parte que me assusta. Conseguimos o anel, conseguimos as baterias e conseguimos os remédios, então acho que está indo muito bem. A gangue também aumentou desde quando ela começou, porque antes o que era eu e Glenn, agora somos nós dois e mais o resto do grupo, mas tudo bem.

  Voltamos a fazer o caminho da prisão, e fico aliviada de saber que estamos voltando para casa. Não gosto muito de admitir para mim mesma, mas também acho absurdamente bom saber que estou voltando para os braços de Daryl. Ah, esse maldito caçador.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado !