O cara do apartamento ao lado escrita por choosefeelpeace


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678992/chapter/6

 

Stacey me abrigou sem me julgar ou me olhar feio. Acho que ela realmente esperava que eu aparecesse depois da cena estranha que Peter fez. Será que todas vêm atrás dela? Acho que não, mas não consigo pensar muito. Ela me emprestou um pijama, fez um chá para mim e se negou a me deixar dormir no sofá. O apartamento dela é pequeno como o meu, então, ela só tem um quarto, com uma cama de casal, que é onde estamos deitadas, agora.

Sei que ela me olha algumas vezes, mas trato de não encarar de volta. Eu não devia ter entrado na casa de uma desconhecida, de primeira e pedido para dormir. Eu só... Não poderia mesmo ficar ali. Meu coração não aguentaria. Já não quero chorar e, na verdade, ainda não tenho certeza sobre o que aconteceu comigo. Ela tratou de me avisar, quando eu cheguei e eu ignorei. Eu pensei mesmo que Peter era homem de beijos na porta da casa da garota, assim como Josh? Nem sei se ele mesmo é assim.

Abraço uma almofada em formato de laço, vermelho e sigo encarando o teto. Acho que posso passar a noite toda assim. Eu estava tão radiante, horas atrás e agora, tão confusa. Sem sono, sem sentimentos. Vazia, sabe? Não sei o que pensar ou sentir, então apenas me faço o favor de respirar.

 

— Está melhor, Rachel?— Stacey se virou para mim.

— Eu? Sim, obrigada. — Retribuí o olhar, mas não quis sorrir.

— Você gosta do Peter.

— Não. Eu só... — Gosto? Não.

— Rachel, olha pra você. Não veio dormir comigo porque um barulho qualquer te incomodou. Foi pela cena de ciúmes que ele deu no corredor, estando com uma garota.

— Irmãos fazem isso.— Dou de ombros. Já estou cansada dessa história de irmãos.

— Não! Ele te encarou como se fosse um ex-namorado. Como se tivesse direitos sob você!— Arregalou os olhos.

— Eu não dei intimidade. Ele começou sozinho à me chamar de Rach e querer cuidar de mim! Disse que lembro a irmã dele.

— Homens ficam idiotas quando ficam perto da garota que estão afim. — Rolou os olhos e riu. — É comprovado. Falam coisas sem sentido.

— Se você estivesse certa, o que ele fez foi um belo jeito de demonstrar.— Suspirei. É só uma suposição, afinal.

— Ele deve ter os motivos dele. Ou pelo menos acha que tem.

 

Ela tinha razão. Algum motivo ele tinha. Talvez o motivo "estar excitado demais".

Acordei e preparei o café para as duas. Era o mínimo que poderia fazer. Stacey continuou dormindo, então me lembrei que não sei nada sobre ela e me senti sem jeito. Vou chamá-la logo para comer uma pizza e compensar por isso. Terminei meu café e fui para casa, me arrumar. Tudo estava silencioso, dessa vez.

Estou, agora, no elevador e ele para no quarto andar. Começo a rir. Será que é ele? O que vai fazer, agora que não está sozinho? A porta se abre e eu tento controlar meu riso, mas sinto que estou com uma cara estranha.
Paul está sozinho, vestindo uma camisa social cor de vinho é uma calça jeans branca. Ele é bem mais alto que eu e muito bonito. Dentes tão brancos que parecem saídos de um comercial. Eu já disse que é bonito? Já sei porque as mulheres caem no colo dele.

 

Ciao, bella. — Oi, linda. Em italiano. Um sotaque forçado, mas bonitinho...

— Oi! — Tirei a mão da boca, que abafava o riso e acenei.

— Mora aqui?

— Há mais de uma semana...

— Uau! Nunca vi você antes. Nunca me esqueço de uma bela mulher.

— Nós já nos vimos, mas você estava... Ocupado.

— Entendo.

 

Ficamos em silêncio por uns segundos, mas pareceram longos. Até que o térreo foi se aproximando e ele tirou um cartão do bolso.

 

— Não acho que você precise, porque é linda, mas em todo caso, me procure. — Paul é um garoto de programa! Ou como estava escrito no cartão: Acompanhante de luxo.

— Claro. Eu... Eu vou lembrar disso. — Bati o cartão na mão, algumas vezes, enquanto segurava o riso.

— Nos vemos mais tarde. Como é seu nome?

— Rachel.  

— Rachel... Até mais. — Beijou minha bochecha e saiu antes de mim.

— Paul!

— Sim?— Virou-se para me olhar.

— Vê se tenta não quebrar o elevador todo dia... — Fiz uma careta fofa e dei uma risadinha.

— Ok, só às vezes.

 

Ele não tem mesmo jeito, não tem como ser levado à sério. Saio rindo. O dia parece estar melhorando... 

 

•••

 

Já é de tarde e estou inebriada pelo cheiro do café. Confesso que estou ansiosa para sair e ainda são quatro da tarde. Talvez hoje eu convide Stacey para sair, se ela estiver em casa, porque, durante todos esses dias aqui, apenas a vi ontem. Será que estuda ou trabalha? Será que estava viajando? Me pego preparando um Frappuccino fazendo biquinho, porque não quero imaginar que minha nova amiga tenha uma vida ocupada demais para mim. 

Entrego o copo e espio a porta, para me preparar. Não entra quase ninguém, mas o fluxo nesse horário começa à aumentar. Anoto um pedido e vou para a máquina. Passa um trio de duas mulheres e um homem, perto da loja. O homem está no meio, com as mãos nos ombros da loira e da morena. Os três riem e a loira aponta minha loja e a seguinte. Ele olha para mim e óbvio é Peter. Depois do escândalo de ontem, hoje, tem duas ao redor dele. Stacey diria que ele tem um motivo, agora? Ele solta as duas garotas e me olha, enquanto anda, penetrando aquele olhar no meu que não consigo decifrar. Raiva? Surpresa? Ciúmes? Nada?

Essa onda de pensamentos me pegou, me fazendo esquecer da máquina. Derrubei um belo gole de café pelo meu avental. Droga! Desvio o olhar do dele e me limpo rapidamente. Dayanara, ou só Daya, pega o copo da minha mão e continua o pedido. Não nos falamos muito desde o dia que cheguei, mas são apenas cinco dias no total. Acho que nos damos bem e ela é muito rápida e atenciosa. Uma latina bronzeada, com cabelo preto até o fim das costas e um corpo incrível. Ela é linda. E eu... Bem, eu estou suja e com aquela cena na cabeça.

Peter continua me enviando sinais estranhos, que não consigo entender. Ele soltou as garotas, quando me viu, mas e daí? Se não tivesse me visto, continuaria abraçado à elas e, muito provavelmente, seguiu o abraço quando saiu do meu ponto de visão. Por que faz isso? Para testar o poder dele sobre mim? Ele não tem nenhum! E eu também tenho pessoas para abraçar, agora. O senhor deus-grego-e-beijo-gostoso, Josh. 

Josh! Meu celular apita e é ele, como se soubesse que eu estava pensando e até mesmo precisando dele. Precisava desviar minha atenção desses pensamentos que só me confundem e algumas vezes me destroem. Não tenho porque pensar em Peter e tem um cara legal falando comigo. Sento na ponta da pia e desbloqueio a tela do celular.

 

Josh:

Oi, linda!

Mudança de planos... Quer sair hoje, também? Não consigo te esquecer

Beijos 16h12

 

Eu:

Quero muito sair hoje! Te vejo mais tarde. Vai estar em casa? Passo aí... 16h12

 

Josh:

Não vai ser um problema pra você?

Eu posso te buscar 16h13

 

Eu:

Não! Tudo bem. Umas 7 e meia estou aí, beijos  16h13

 

Josh:
         Beijos, linda  16h13

 

Mordo o lábio e sorrio. Que se dane o cavalheirismo, eu posso fazer algo por mim, alguma vez e andar até a casa dele vai me fazer tão bem. Sentir o ar fresco, a paz de estar sozinha e longe do meu vizinho é inigualável. 

Josh me acha linda...

 

•••

 

Estou na porta dele e me dá um frio na barriga. É totalmente estranho, confesso, mas mesmo assim, eu fiz isso. Não combinamos um lugar para ir e talvez, muito provavelmente, fiquemos na sua casa. Eu quero isso? Posso com isso?
Antes que eu possa resolver essa pergunta, Josh abre a porta. O sorriso de quando me viu, me deixou sem ar. Se esse sorriso é o meu pagamento, ótimo! 

Ele me puxa para ele, com a mão na minha cintura e me dá um selinho demorado. Arrepio e me sinto na faculdade, ainda. Nova e perdida, sabe? Ele me diz oi e eu sussurro tão baixo que nem sei se ouviu. Ainda estou saboreando os lábios quentes ou a ausência deles, agora. Observo a casa e ela parece bem maior, já que estamos sozinhos. Caminho devagar e ele aponta o sofá, para mim. Esse, que é gigante e parece bem confortável. Aposto que muitas garotas já tiraram a roupa nele... Agora não, Rachel!

 

— Não combinamos nada... Erro meu, desculpa.— Coçou a nuca.— Você tem algum lugar preferido?

— Não... Eu não saí para lugar nenhum desde que cheguei.— E nem meu apartamento está sendo meu lugar preferido, mas ele não precisa saber disso.

— Então deixa eu pensar... A maioria dos lugares, é balada e você trabalha cedo. Podemos ficar aqui e amanhã saímos.

— Pode ser...— Sorri e ele pareceu aliviado, se sentando do meu lado.

— Vou pedir uma pizza... Ou prefere comida chinesa?— Dizia, enquanto pegava o celular.

— Josh, você parece mais nervoso que eu.— Ri.— Uma pizza parece boa ideia, tudo bem para mim.

— Você me deixa nervoso... 

 

Sorri e encostei os lábios nos dele. Fique nervoso, agora! Nos beijamos bem devagar e seus dedos faziam carinho no meu braço. Ele é tão doce, mas eu sinto que ele ainda está nervoso demais para sair dessa doçura e agradeço mentalmente, cortando o beijo com selinhos calmos. Ele pede a pizza e nos sentamos, confortavelmente.

Começamos à ver um filme e ele me abraça. Estou corada, eu sei! Me sinto com um namorado e isso me assusta. Em tão pouco tempo já tenho um? Rachel... O homem está apenas abraçado em você, não surte. É só um abraço de pessoas que se beijam. Acho que já desaprendi todas essas regras, mas vou me esforçar para aprendê-las de novo. 

A pizza já acabou, bem como a garrafa de cerveja para cada um. Estamos alimentados, cômodos e no segundo filme. Uma vez escutei que é bom prestar atenção no que um homem faz quando assiste um filme com você porque vai determinar o desempenho e o caráter dele. Desempenho... Você sabe, sexual. E eu acho que ele é bom nisso, pois estamos no meio do filme e ele começou a beijar meu pescoço.

Fecho os olhos, aqueles lábios são o perigo e não só quando estão nos meus. Ele brinca com os lábios na minha pele e eu aperto a coxa dele, indicando que gostei. Sinto seus olhos em mim e o encaro, de volta, sentindo suas mãos em meu rosto e seu beijo em seguida. Está ficando cada vez mais fácil beijar Josh e vou me soltando, tocando seu rosto e o peito. Nossos toques foram aumentando e a ponta dos dedos dele correm minhas costas e cintura. Meu Deus!

Ele me deita no sofá e fica por cima de mim, mas os beijos não param, pelo menos não até enquanto ele sobe minha blusa e a tira. Nós vamos fazer? Isso vai acontecer? Aqui? O corpo dele começa a se colar mais o meu e essa é a cena mais quente que eu já tive por pelo menos seis meses. Eu mereço isso! Mereço sim. Essa cena vai terminar como os gemidos de ontem.

Ah, não...

Não!

Eu não vou conseguir. Peter está na minha cabeça. Será que os beijos dele são assim? Será que ele me beijaria assim? Rachel! Você está se escutando? Não pode ser. Coloco as mãos no peito de Josh e tento sentar. Ele não recusa.

 

— Rachel, o que houve?— Sua respiração está acelerada e a minha, também.

— Eu só...— Olhei para os lados. Como vou explicar isso?

— É cedo para você? — Segurou minha mão. Droga! Não seja fofo.

— Sim...— Menti.— Me desculpa. Eu sei que apareci aqui e dei a entender, desculpa.

— Tudo bem, linda. Tudo bem... Quer ir para casa?

— É melhor. Eu te ligo.

— Eu te levo. 

— Não... Por favor. Eu preciso de um tempo.

 

Josh assentiu. Sei que ele entendeu e sabe que eu tinha alguém. Fico triste por ter feito isso com ele, mas eu realmente não iria conseguir, pelo menos não agora. Ele me leva até a porta e chama um táxi para mim. Vou para casa tentando não pensar, isso não pode acontecer toda vez. Preciso me entender, me enfrentar. Preciso acabar com esse jogo de Peter. Eu não sei se ele realmente está jogando, mas me sinto uma perdedora. 

Felizmente, o elevador está funcionando e não demora muito para eu chegar no meu andar. Antes de entrar em casa, paro e encaro seu apartamento. O que será que ele está fazendo, agora, além de atrapalhar meu encontro e me chatear? No mínimo está entre as pernas de alguma louca, enquanto estou aqui, sofrendo por ele. Isso é justo?

Sigo encarando e as últimas cenas com ele passam na minha cabeça. Ele me repreendendo por sair com alguém da festa, batendo a porta porque eu beijei alguém, os gemidos com outra garota e o passeio com duas. Uma raiva tomou conta de mim, algo que eu nem sabia que existia. Fitei os olhos no número preso à porta dele. 

 

— A partir de hoje, você não comanda mais minha vida. Eu estou cheia de você, Peter Clark! Eu posso ficar com quem eu quiser e sabe por quê? Porque você é um cretino, egoísta. Você é um louco, bipolar! Eu não sou sua irmã, ex ou nada sua! Josh é bom, doce comigo e tão gostoso que não acredito que eu deixei ele lá pelas suas idiotices. Me deixa em paz, 704 ou eu vou me mudar daqui! 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O cara do apartamento ao lado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.