10 dias.

Faziam 10 dias que eu não falava com ele. O máximo de contato que nós tivemos esse tempo foram algumas trocas de olhares na cantina, mas a gente não se falava. E eu sabia que a culpa era toda minha. Eu que dei o pontapé na briga e agora eu não me sinto bem.

Sinto falta dele.

Não tenho muitos amigos, na verdade, só tenho uma amiga e ela nem mora na mesma cidade que eu. Edward era a única pessoa com quem eu trocava alguma palavra. Agora me sentia sozinha e queria alguém que cuidasse de mim, ou ao menos conversasse comigo. Só isso. Eu estava me sentindo sozinha. Não é fácil andar sozinha pelos corredores, sem conversar com ninguém.

Voltava pra casa, resolvi ir andando, gostava da sensação de liberdade, de poder andar sozinha, sem ter    que precisar estar na companhia da minha mãe ou de alguém do tipo. A única companhia que eu queria era ele.

Foi quando passei pela sorveteria que eu o vi.

Ele estava sentado numa mesa com uma garota e me olhou com surpresa, mas vi que depois ele ficou um pouco triste. Parei e fiquei olhando eles conversando. Eu realmente invejava aquela garota, Edward deveria estar comigo, não com ela, ele foi meu primeiro. Mas depois eu me dei conta que ele tinha sido meu, mas não era mais, eu não o quis quando tive-o, agora perdi todo o direito de reclamar.

Olhei pra ele mais uma vez, ele me deu um sorriso fraco e voltou o olhar pra a garota.

Resolvi mudar meu caminho, peguei um taxi e segui pra o shopping. Ainda me sentia triste, queria desopilar, tirar Edward da minha cabeça. Sentia falta de novos ares, novas pessoas.

 Quando eu estava na livraria olhando as estantes vi um rapaz chegar ao meu lado.

—Olá - o estranho falou ao meu lado

—Ah, oi – tomei um susto, dei um sorriso por pura educação.

—Desculpa chegar assim, meu nome é Jacob, gostaria saber se você precisa de alguma ajuda, esta procurando algum livro especifico?

—Desculpa, na verdade eu só estava dando uma olhada - sorri fraco

—Não tem nenhum titulo que você procure?

—Não, mas se você tiver algum romance, eu adoraria – de um sorriso melhor a ele. Ele estava sendo gentil, eu deveria ao menos um sorriso legal a ele.

Começamos a conversar e discutir sobre os livros que lá estavam. Falamos desde os clássicos, aos atuais, todos os livros que eu tinha conhecimento, eu achei que eu sabia muito sobre isso, mas o Jacob me arrasou em relação a isso, ele entendia de livro de filosofia ao romance, passando pelo terror.

—Não acredito que você só tem 17 anos! Tá brincando comigo né?

—Não, estou falando sério! Por quê? Eu não pareço?  - olhei para o relógio e vi que já estava passando da hora de ir pra casa - Oh, minha nossa, Jacob, desculpa, mas eu preciso ir, já está tarde e minha mãe vai ficar louca se eu demorar muito.

—Nossa, realmente, nem vi a hora passar, o papo estava tão bom que nem me dei conta.

—Bem... Eu já vou indo – peguei o livro que ele me recomendou, me dando a certeza que eu iria gostar, o nome é “Lobos não choram” (nota da autora: esse livro realmente existe, porém eu nunca li).

—E quando poderemos nos ver de novo? Gostei de você, queria te encontrar de novo pra discutirmos mais livros, música, ou talvez um filme? – ele me olhou com curiosidade. Ele estava me chamando pra ver um filme com ele ou alguma coisa parecida?

—Pode ser sim - dei-lhe o número do meu celular – agora a nossa próxima programação está dependendo de você...

Paguei o livro, dei-lhe um beijo na bochecha e fui pra casa.

Percebi que cheguei em casa feliz, animada, com um novo ar. Conversar com gente interessante nos dá essa sensação, eu estava sentindo falta de conversar com alguém assim.

Joguei as compras na cama e fui para a cozinha ajudar Renée na preparação do jantar.

— Filha, estava aonde? – ela me perguntou enquanto descascava o alho.

— Oi mãe, estava no shopping. Resolvi dar uma volta por la. Espairecer um pouco a cabeça.

— Você foi ao shopping sozinha? – ela me olhou com desconfiança – você Isabella? Sozinha?

— Sim mãe, sozinha – ela me olhou em desafio, como se eu estivesse escondendo algo dela, comecei a rir – O que foi mãe?

— Bella, minha filha, você sabe que eu não apoio esse seu namoro com o Cullen, não vou mais falar nada por que você conhece tudo o que eu vou falar. Mas você sabe que eu prefiro saber a verdade, mesmo sem gostar do que ela vai ser, do que mentira. Se você estava com o Cullen, pode dizer filha.

Comecei a rir na cara da minha mãe pela primeira vez na minha vida – Não mãezinha querida, eu não estou mentindo, não estou te enganando, é isso mesmo, eu estava sozinha. Eu não estou mais com o Cullen mãe, eu sei que você não o adora, mas não é só por isso, é só que não deu certo mesmo. E eu não estava tão sozinha assim, eu conheci um menino bastante interessante enquanto eu estava no shopping.

Ela me olhou com uma cara de surpresa – E você nem me conta nada? Estou me sentindo traída Isabella! Me conte absolutamente tudo! Como ele é? É bonito? Alto? Quantos anos ele tem? – comecei a rir com a reação de Renée. Por isso ela era a minha melhor amiga, não tem pessoa melhor no mundo do que essa louca que a vida me deu como mãe.

— Ele trabalha na livraria que eu estava, se chama Jacob. Sim, ele é moreno. Sim, ele é alto. Sim, ele é um gato. Ele é simpático e muito bom de conversa... – Renée me interrompeu.

— Que conversa o que Isabella, quero saber é de beijo! Ele beija bem? – Eu fui obrigada a cair na gargalhada! Nem me assusto mais com essas coisas dela. Ela é assim, do jeito dela.

— Renée, se controle! – falei entre risos – Não sei de beijos não, mas sei que ele é uma pessoa muito gente boa. Que nós TALVEZ nos vejamos novamente, se tivermos a chance.

— Isso filha, faça isso mesmo. Não deixe que qualquer moreno te faça perder o controle e beije no primeiro encontro!

Foi assim que eu terminei um dia que começou tao ruim, que tinha de tudo pra ser um desastre, mas acabou sendo o mais divertido de muito tempo.