Amores Proibidos escrita por Kikyo, SwanQueenRizzles


Capítulo 23
Amor é dor e doação


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpe, postando pelo celular.
Depois venho aqui (ou minha linda coautora) e formatamos.
Foram ao cardiologista recentemente?



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Jane & Emma


— Não adianta tentar, Jane. Já tentei os telefones e estão desligados.

— Eu tenho esperança que seja só um mal entendido ainda.
— Também, porque o carro da Regina não tá aqui. — Emma batia os pés de forma agitada, olhos ardendo. — A Mercedes disse que só libera o monitoramento do carro dela com autorização. Tô com medo Jane.

— Também estou. Se a polícia tiver no meio eles podem tentar achar pelo celular ou sei lá o que. - passou a mão no cabelo, olhos ardendo e garganta seca. — Emma

— Jane
Falaram juntas, uma troca de olhares que dizia tudo.

— Está mesmo disposta a contar tudo pra polícia, loirinha?

— Se não contarmos a verdade e alegar perseguição, teremos que aguardar 24 horas.

— Eu não aguento nem mais um minuto. — Olhou caridosa para Emma — No final das contas é isso que o amor significa...

— Sacrifícios. — Novamente falaram juntas.

****


Regina


Regina acordou, corpo dolorido, cabeça latejando, um peso sobre seu corpo a impedia de respirar direito.
Sentiu algo flácido e relativamente pesado, tinha cheiro de beauty. Prendeu a respiração, apavorada, ao perceber que era o perfume de Maura. Só podia ser Maura em cima dela.

Com as mãos tremendo tocou botões, tecido e finalmente pele. A pele de Maura ainda estava quente, soltou o ar que nem sabia prender ao constatar isso. Era o corpo de Maura sobre o seu, não tinha mais dúvida.
Tocou o rosto da amiga, tocou sua boca aberta e sorriu aliviada ao perceber que ainda respirava. Tocou seus cabelos, havia algo molhado e quente neles: “Sangue”, pensou alarmada e tocou sua própria cabeça. Sentiu algo úmido e quente entre seus cabelos, escorrendo por sua têmpora. 
“Fomos atingidas”.

Lembrou-se da loira alta e do homem robusto atrás delas no jardim. Lembrou como ambos seguravam um bastão na mão. Não reagiu, eles estavam armados, elas não.
Lembrou de pensar no filho e em Emma.

Emma, será que estaria procurando por mim?


****


Emma & Jane

— Emma, para de chorar. Vamos encontrar elas. – Jane falou se abaixando em frente a amiga, garganta seca segurando as próprias lágrimas. Emma apenas cobriu o rosto com as mãos, estava desesperada demais para fazer qualquer outra coisa. Já estava anoitecendo novamente, e nenhum sinal das mulheres.

— Vamos dar um jeito, filha. – David pousou a mão no ombro de Emma. — A polícia também ta procurando.
"E procurando por você também." O homem guardou o pensamento pra si. Emma deveria ter se apresentado ao departamento de migração à três horas.

— Nada Killian? – Jane levantou, se aproximando de Korsak e Giovanni que buscavam algo em um notebook. Os homens apenas olharam para ela com um olhar de desculpas.

— A polícia encontrou os celulares na casa de Ariel. A coitada ainda estava amarrada quando chegaram lá. Nenhum sinal de Maura e Regina. — Killian desligou o telefone — Ela contou que alguns homens a amarraram e obrigaram a fazer as duas irem até lá.

— Descobriram quem são esses homens? — Jane estava aflita.

— Não. Só sabem que são perigosos.


Jane passou as mãos pelos cabelos e se aproximou de uma parede, socado-a com força. Olhou a pele clara de seus dedos tornando-se vermelha pelo sangue. Olhou seu ferimento, sua dor, olhou seu orgulho ferido.
Orgulho ferido?
De súbito lembrou-se da ex patroa. Não sabia por que, mas lembrou-se dela. Lembrou de Maleficent. Lembrou da mulher que a despediu, pegou seu acerto, acabou com seu crédito e a entregou para deportação. A mulher que ela dispensou, e por orgulho ferido, acabou com sua vida.

Jane lembrou como mandou uma carta anônima para a polícia, relatando como desconfiava que Maleficent poderia estar mexendo com narcóticos ilegais.

— Emma, desconfio quem pode ter amarrado a Ariel.

Jane contou toda sua teoria, contou sobre como Maleficent era famosa e faliu, mas de uma forma estranha conseguiu fazer grande quantidade de dinheiro rápido.

— Por que há pessoas que só existem para o mal, Emma?

— Algumas pessoas são como estrelas e irradiam luz por ai... só que... Algo parece mudar, é como se algo morresse e a pessoa se tornasse cruel, obcecada ou com inveja. Sabe o que acontece quando uma estrela morre?

— Ela some?

— Quem dera. Ela se torna um buraco negro e suga toda luz ao redor.

— Maleficent foi uma grande atriz, uma grande estrela da arte, hoje, é apenas um buraco negro que tirou de mim, algo realmente importante.

— Essa é a arte da guerra, Jane, "tire do seu inimigo o que lhe for mais precioso."

— Mas a arte da guerra também ensina, "Lute até a morte por aquilo que você mais ama e acredita." — Jane pegou o celular, daria sua vida se fosse necessário.

***


Regina


— Finalmente me encontrou, benzinho. 

Regina ouviu uma voz, parecia distante, talvez abafada. Era uma voz feminina, certamente falava ao telefone. Tentou se mexer, mas suas pernas estavam dormentes pelo peso de Maura sobre si. Elas estavam dentro de um porta-malas. Mas especificamente, o porta-malas de seu carro. O carro estacionou.

— Espero que venha sozinha, Rizzoli.

Regina sorriu, de alguma forma seria encontrada, se permitiu sorrir. Veria seu filho novamente, veria sua irmã e veria Emma.

Ouviu passos próximo ao carro. Com um rompante a porta se abriu, um homem, de aparentemente 30 anos, puxou Maura desacordada para fora, como se fosse um saco de coisas inúteis. Antes que Regina pudesse ter qualquer reação, a porta foi fechada com um soco. Ouviu Maura ser arrastada e os passos se afastando.

— O que vamos fazer com aquela lá? – Devem estar falando de mim, Regina pensou.

— Vamos nos livrar dela na ponte.

Após alguns minutos, o carro voltou a movimentar. A troca seria pela Maura. Regina colocou as mãos no rosto, mas não se permitiu chorar.
O desespero a atrapalharia pensar rápido, lembrou que o carro possuía assistência 24h. Puxou o tecido do porta-malas, vasculhando pelos fios da lanterna traseira. Gemeu de felicidade ao encontrar, puxou todos de uma vez, a lanterna de freio não iria mais funcionar e, a assistância a acharia de alguma forma.

E se estiverem me procurando, irão me encontrar, pensou antes de mais uma vez tentar se mover naquele espaço claustrofóbico.

***

Emma & Jane


— Emma! - O grito de Killian foi ampliado pelo telefone no viva voz - O sinal de GPS do carro da Regina chamou por assistência. Sabemos onde ela está. Vou mandar a localização.

— Calma Swan, vai dar tudo certo. — Giovanni falou do banco de trás, o carro cantando pneu. — Você também, Rizzoli. Tenta se acalmar.

— Irei me acalmar apenas quando mandar Maleficent pro inferno. — Jane bateu no painel do carro, dentes trincados de raiva. Estava irritada por não ter percebido que era sua ex patroa que a seguia, Ariel foi apenas oportunista, uma isca, uma vítima também.

Como fui ingênua, pensou, ela me tirou tudo, não iria parar tão fácil, ainda mais depois de eu ter entregado ela. É isso que o orgulho ferido faz, te torna nociva.


***


Regina


O porta-malas foi aberto. Já era noite. Regina chutou o homem que abriu a porta, tentou correr, mas ele a agarrou pelos tornozelos, gritando ofensas pela dor. 

Regina lutou, se debateu soltando um pé, e chutou o ombro do homem que uivou de dor. A mulher tropeçou ao se levantar, o asfalto molhado pela chuva recente atrapalhava a corrida. Não sabia para onde ir, estava em uma ponte, não sabia qual ponte era.
Durante sua confusão, sentiu braços abraçarem seus ombros e a jogar no chão. Seus músculos fracos pelo tempo apertado no porta-malas a fizeram menos resistente. Em segundos, seus pulsos foram atados com um pano qualquer, na sequência seus tornozelos. Quando tentou gritar, um pano foi empurrado em sua boca, ela estava com medo, desesperada naquela ponte vazia.

Viu Maura amarrada no banco de trás do carro, olhos desesperados enquanto se debatia. Uma mulher loira, parada próximo ao carro, ainda segurava mais uma tira de pano nas mãos. A mulher sorria, vitória em seu rosto.

Regina tentou gritar, mas o pano imundo em sua boca não permitia. O homem a levantou nos braços, colocando-a no ombro. Regina mexia-se como podia, viu o homem se aproximar do muro da ponte. Não queria parar de se debater. Não queria desistir.

O homem a jogou da ponte, e ela viu o carro que tanto gostava de dirigir, viu a pelúcia do Hulk no painel. Viu Maura desesperada, viu a loira vitoriosa. Viu a ponte se afastando, viu as estrelas, sentiu o vento e o frio, sentiu a água gelada cobrir seu corpo e não viu mais nada.


***


Emma


Emma fez a curva, ouvindo os pneus cantarem, mais além, ouviu um barulho de algo caindo dentro da água, parecia vir da ponte, onde um homem olhava para a água.
Emma parou em frente ao carro de Regina, onde uma loira assustada entrou no carro.
Emma não pensou, desceu correndo e foi em direção ao homem na ponte.


— Onde ela está? – Gritou para o homem que a olhou apavorado. Notou os arranhões sangrando em seu rosto e braço.
O homem tentou correr, mas Emma o imobilizou no chão. — ONDE?

— Na ponte!


"O som de algo caindo na água." Emma lembrou, só poderia ser Regina.
Correu para o parapeito da ponte, procurou com os olhos, nada viu além da água turva e calma.
De repente, um circulo se formou, braços emergiram e afundaram outra vez.
Sem pensar, Emma subiu no parapeito da ponte e se jogou. A impressão era que mil agulhas perfuraram seu corpo quando entrou na água. Emergiu em busca de ar, olhou ao redor, nada via além de escuridão. Mergulhou novamente, debilmente batendo os braços em busca de uma mão, um chumaço de cabelos, um tecido, qualquer coisa de Regina. Ao longe ouviu vozes. Voltou à superfície em busca de ar.

— Tem alguém na água! - ouviu uma voz vinda da ponte. Puxou mais ar e mergulhou novamente.
Não fazia mais conta do frio e nem do coro crescente de vozes que ouvia. A cada segundo que passava, Regina se afastava cada vez mais. Braços se debatendo, Emma vasculhava a água, desesperada como um afogado. Podia estar a centímetros de Regina, mas não podia vê-la.

Estou perdendo você.

Uma necessidade desesperada de respirar a fez voltar à superfície. Pulmões ardendo doíam. Havia luzes na ponte lá em cima e mais vozes, a polícia estava lá. Testemunhas impotentes de seu desespero.

Prefiro me afogar a deixá-la aqui.

Um último mergulho. O brilho das lanternas dos policiais penetravam a água em veios tênues de luz, nesses feixes, ela viu seus braços se mexendo e nuvens de sedimentos, logo abaixo, viu algo mais. Algo pálido, como lençóis ao vento. Nadou naquela direção e sua mão agarrou tecido.
O corpo de Regina aproximou-se de Emma, o cabelo como um redemoinho negro.

Imediatamente começou emergir, puxando-a atrás de si. Mas, ao chegar à superfície para respirar, percebeu que Regina estava flácida, inerte como um fardo de panos.

Cheguei tarde demais. 

Chorando, ofegante, arrastou-se para a margem, esforçando-se a ponto de suas pernas mal obedecerem. Quando seus pés finalmente tocaram a lama, seu corpo mal aguentava seu próprio peso. Mesmo com dificuldade, arrastou-se mais, puxando Regina para terra firme.

Os pulsos e tornozelos de Regina estavam amarrados e ela não estava respirando.
Emma a virou de barriga para baixo e pressionou suas costas.

— Viva, Regina! Viva! Viva pelo seu filho! Por mim! Por todos que te amam! Viva!

Pressionou-lhe o peito contra a terra. Eu preciso de você, meu amor! Continuou pressionar, enquanto lágrimas e a água do rio escorriam por seu rosto.

A água esguichou da boca de Regina. Emma pressionou diversas vezes, até que toda a água de seu pulmão fosse drenada. 

Mas ela continuava inerte.

Emma arrancou os panos atados aos pulsos e a virou de costas. Seu rosto sujo de lama voltou-se para ela. Persistente pressionou as mãos sobre o peito de Regina e inclinou seu corpo sobre o dela, tentando expelir as últimas gotas de água do seu pulmão.

Continuou a pressionar, se sentindo culpada por não saber fazer mais nada além daquilo. Desconhecia os primeiros socorros.

— Regina, volta pra mim. Pelo amor de Deus! – Mais lágrimas rolaram por sua face.

Juntou seus lábios, soprando todo o ar dos seus pulmões para Regina. Um policial se jogou no chão, se ajoelhando e pressionando o peito de Regina, massagem cardíaca.

— Continua a respiração boca a boca, senhora.

Emma não pensou duas vezes, continou doando seu ar a Regina, seguindo as contagens do homem.

O primeiro movimento de Regina foi tão débil que parecia ser apenas uma ilusão de sua imaginação desesperada. Então, Regina tremeu e tossiu. Uma tosse molhada e dolorida que foi o som mais belo que Emma já ouviu.
Rindo e chorando ao mesmo tempo, Emma a virou de lado, tirando o cabelo negro de seu rosto.

Passos se aproximaram, mas ela não se importou, não ergueu a cabeça, seus olhos estavam fixos em Regina. Quando a morena abriu os olhos, olhos jade foi a primeira coisa que viu.

— Você me encontrou – A voz de Regina era um sussurro rouco, em meio a tosse.

— Eu sempre vou te encontrar. – Apertou o corpo trêmulo.

Os passos pararam ao chegar perto das mulheres abraçadas

— Sra Swan, nos acompanhe. – Emma levantou os olhos e viu dois policiais com ternos — A senhora sabe o motivo.

Sim, como não saber? Ela teria que responder por fraude, ao se casar com uma estrangeira apenas para permanecia e, também responderia por não ter se apresentado quando deveria.

Olhou mais um vez Regina em seus braços, a morena sorria, compreendia todas as consequências, mas compreendia também todo o amor.

O policial ajudou Emma a levantar, ela estava fraca e ofegante. Dois policiais ajudaram Regina, ela ficaria bem.

Amor é dor e doação, pensou Regina ao ser carregada em uma maca para a ambulância. Sabemos apenas o que doamos, mas de Emma, de Emma recebi todo o amor do mundo.


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Notas finais do capítulo

Ahh, falta Jane e Maura, esqueceram não ne. E o desenrolar disso ai. Se estiver viva ainda, da um alo aí embaixo rsrs



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