Amores Proibidos escrita por Kikyo, SwanQueenRizzles


Capítulo 22
Gosto de despedida




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Emma entrou na casa, Regina segurava sua mão, ação que não passou despercebida pelos olhos curiosos do pai.

— Vejo que o bom gosto é hereditário - David falou sorrindo, fazendo sua filha corar. - Sua mãe também era linda - apontou para um quadro na parede, onde Emma com 4 anos era abraçada por uma mulher de cabelos negros curtos.

Todos olharam melhor os vários quadros na parede. Momentos da família ao lado de panfletos com fotos de Emma envelhecida digitalmente.

— Nossa! - Jane olhava maravilhada para o último panfleto de “procura-se”— Esse negócio é bom mesmo. Olha loirinha, é 100% você. Oxi. Quero fazer pra ver como vou ficar daqui 40 anos.

— Continuará linda - Maura falou com um sorriso, fazendo Regina revirar os olhos.

— Eu preparei quartos pra vocês. - David não parava de olhar maravilhado para a filha— E tem um rapaz que está vindo aí também.

— Na verdade são três, Sr. Nolan. Irão vir Killian, Korsak e o Giovanni - Regina tirou os olhos do celular a ponto de ver o sorriso ampliar no rosto do homem.

— Pode me chamar de sogro. - Sorriu mais - Você é minha “genra”. - Regina e Emma coraram. - Soube que tenho um neto.

— Na verdade não. Não tenho filhos ainda - Emma falou tímida.

— Mas, e o garoto da foto no jornal?

— É o filho da Regina. Ele é a coisa mais fofa e linda do mundo!

— Então, tenho um neto. - David virou sério para Regina— Ou você pretende não assumir minha filha?

Regina viu o brilho divertido nos olhos azuis daquele homem, e agradeceu aos céus pela bondade e determinação que aquele pai possuía, Emma não iria sofrer mais.

— Tenho as melhores intenções com ela. 

— É bom mesmo. - Sorriu— Ele virá?

— Não. Pedi que minha irmã viesse para cuidar dele, passaremos por problemas esses dias.

— Entendo, mas não faltarão oportunidades. Venham, vou mostrar a casa.

***

Regina & Emma

À tarde, após as várias histórias e curiosidades de David, as duas mulheres estavam deitadas em uma rede enquanto Emma, dentro do abraço de Regina, contava todas as memórias que conseguia lembrar.

— Você foi uma criança muito feliz. - Regina sorriu acariciando os cabelos loiros.

— Fui. E nem me lembrava disso. - os olhos de Emma brilhavam— Incrível como sempre preferimos lembrar das coisas ruins. Tipo, uma pessoa pode passar 10 anos te fazendo feliz, se cometer um erro grave, você só lembra desse erro grave.

Regina ficou calada, pensativa sobre o comentário de Emma.

— As vezes temos que nos lembrar das coisas boas que as pessoas fizeram para nós. - Emma falava de Maura nas entrelinhas— Porque mesmo boa, essa pessoa pode errar e nos machucar. - Continuava olhando para Regina, atenta a todas as suas reações. Desejava que o problema do passado fosse resolvido.

— Acho melhor a gente entrar. Antes que o casal alegria venha vomitar arco íris em nós.

Emma riu pela implicância da morena com Jane. Puxou Regina quando ela tentou levantar, voltando a posição de abraço que estavam, sentindo o calor da morena junto ao seu.

— Regina, obrigada. Obrigada por tudo que tem feito por mim. Eu te amo. - Notou como a mulher pareceu ficar sem ar. - Você não vai me deixar no vácuo, ne?

— Também te amo, como jamais imaginei amar alguém. - Acolheu Emma melhor em seu abraço— Eu já havia desistido do amor. Quando sentia falta de sexo, procurava apenas uma satisfação rápida. Amor… apenas meu filho recebia. Então, você caiu de paraquedas em minha vida.  

Observou os olhos verdes marejarem— Hoje quero ver o mundo através de seus olhos querida, quero viver essa nova oportunidade com você, meu amor.

Emma respirou fundo. - Eu confio em você Regina. Eu… Eu quero... te contar, sabe.

— Se não quiser falar agora, não tem problema. Tudo ao seu tempo. Você não teve culpa de nada, não precisa ter vergonha ou medo.

— Então, você já sabe o que aconteceu comigo. - Emma afirmou, Regina apenas apertou mais seu abraço, confirmando.

— Você sabe, - Emma começou com a voz forte, porém sua amada percebeu a força em manter o tom firme.— eu passei por muitas casas de apoio. Pessoas recebiam pra ficar comigo, mas elas não se importavam comigo, só importava o cheque no final de mês.

Regina respirou fundo contendo a raiva.

— Uma dessas casas que eu fiquei tinha um cara muito legal. Ele me deu uma bicicleta vermelha. Foi a primeira coisa nova que ganhei depois que perdi meus pais.

— Órfãos recebem doações, sei disso porque sempre entrego as roupas do Henry para instituições assim.

Emma sorriu amargo. - Cresci com sobras de pessoas boas como você, não estou desmerecendo suas doações, mas eu encarava como sobras na época, algo que alguém não quer mais e joga fora. Então, ganhar uma bicicleta foi tudo pra mim. Eu não precisaria dividir com todos, como acontece no orfanato. E esse cara me ensinou a andar. - Sua voz ficou tensa— Mas, ela veio com um preço muito alto.

Regina engoliu a seco, não estava certa se queria ouvir o restante. Assustou quando Emma virou em seu abraço, como uma criança a procura de colo, chorando agarrada a sua blusa roxa. Tudo que pode fazer foi passar a mão nas costas e cabelos de sua amada, sua amada que foi machucada.

— Você já procurou um psicólogo, Emma?

— Eu mal tinha dinheiro pra me manter, imagina um luxo desse.

— Não é luxo, é necessário. Você tem muitas sequelas, meu amor.

— Ninguém se importou com isso na época que contei. Disseram que eu queria chamar a atenção. Ninguém se importou, então, não falei mais.

— Mas eu me importo. Acredito que a Maria Bethânia que casou com você e o Killian também. Você tem pessoas que se preocupam com você agora, Emma. Tem seu pai que não consegue ficar 10 minutos longe de você. É capaz de você sair do banheiro e ele estar lá na porta.

Ambas riram, Emma se aconchegou melhor no abraço.

— Consegui ligar pra casa de apoio que o Killian tava e contei que aquele senhor entrava toda noite em meu quarto - fechou os olhos com força, como se tentasse afastar uma lembrança, Regina a abraçou mais forte— Quando contei, Killian simplesmente roubou dinheiro de algum lugar e nós fugimos. E então, conhecemos Graham.

— Seu primeiro namorado. Como vocês o conheceram? - Regina mentalmente guardava todas as informações, faria esse pedófilo ordinário sofrer de qualquer jeito. Como o governo deixa alguém assim cuidar de uma criança?

— Invadimos uma academia e dormimos lá. De manhã o dono chegou, era o Graham. Ao contrário do que pensávamos que ele ia fazer, ele comprou café da manhã e nos ofereceu abrigo na academia, com a condição que estudássemos e ajudasse ele na academia. Killian contou o que aconteceu comigo, por isso a polícia não foi acionada.

— Um homem bom. - Regina iria procurar essa academia e patrocina-la, fez a nota mental.

— Muito bom. Não podíamos pegar o cheque, afinal, éramos fugitivos. Então, ele nos dava um “salário”. Killian era o cozinheiro e eu só arrumava os pesos e limpava a academia. Foi ele que me ensinou muay thai e judô brasileiro.

— Para você se defender?

Emma assentiu com a cabeça. - Namoravamos, mas ele jamais me tocou. Assim como o Killian.

— Eu quero que você tenha um acompanhamento psicológico. Até lá, também não tocarei em você dessa forma, não desejo desbloquear nenhuma memória ruim sua.

Emma respirou fundo.— Eu quero.

— Tem certeza?  

Emma confirmou com a cabeça e deitou novamente no abraço de Regina. Chorou o quanto conseguiu antes de adormecer.

****

Maura & Jane... e David

— Deixa eu te ajudar, senhor. - Maura pediu pela segunda vez.

— Senhor está no céu, mas tudo bem. Deixo vocês me ajudar com o jantar.

Jane estava distraída olhando pela janela da cozinha quando recebeu uma cotovelada de Maura.

— O que Jane e eu podemos fazer?

— Preciso de batatas descansadas e uma limonada. - David olhou ao redor conferindo toda a janta, Killian também estava ajudando, ou fazendo boa parte da janta.

— Eu faço a limonada e a Maura fica nas batatas. - Jane sorriu e Maura revirou os olhos. - Que foi, quero causar uma boa impressão ao pai da minha amiga, e botando fogo na casa não é uma boa ideia.

— Mas como você iria colocar fogo na casa descascando batatas, Jane? - David sorriu

— Ah, mas não duvide de mim.

David sorriu e reparou o olhar perdido que Maura estava em Jane.

— Desculpa a pergunta, mas vocês duas têm alguma coisa, como um casal?

Jane engasgou e Maura ficou corada.

— Assim, - Jane começou - nós as vezes, sabe, mas é que, sabe, não temos assim, é que de vez em quando... ai, que pergunta difícil.

— Somos um caso indefinido, senhor David. - sorriu para Jane - Mas vamos um dia nos definir.

— Sei como é. - David colocou o pano no ombro e voltou a mexer na panela - Sentimentos as vezes machuca.

— Demais! - Maura e Jane falaram juntas.

********

Regina & Maura

— E então? qual a sensação de ter um sogro helicóptero? - Maura se aproximou após o jantar.

Regina sorriu — na verdade... é muito bom. David é um homem bom.

— E bonito. Emma teve a quem puxar

 Regina a olhou de lado, faísca de fogo em seus olhos— Tira o olho, dos dois.

Maura respirou fundo.— Eu não roubei o Robin de você.

— Não sabia que tinha outro nome pra uma amiga roubar o namorado da outra.

— Eu não roubei. 

Regina gargalhou— 20 anos depois e você não admite o que fez? Eu amava ele, e você sabia disso! Eu me entreguei a ele, caramba!

— Eu sei. - Maura olhou o chão— Você me contou.

— Contei! E foi a pior coisa que fiz, porque você contou pra minha mãe que ele e eu tínhamos algo! E o que ela fez?!

— Te mandou pra ficar um mês com sua irmã - murmurou, contendo a vontade de gritar o que vinha em seu interior.

— E quando voltei me falaram que VOCÊ estava namorando o Robin! - Regina explodiu, não segurando mais a voz, não segurando mais a mágoa.

— E então, VOCÊ foi embora sem escutar nenhum dos dois!!! 20 anos depois você pode me escutar??!!! - Maura gritou mais alto.

— Não faz mais diferença pra mim. - Regina deu de ombros, retomando o controle de sua ira.

— Mas pra mim faz, e você vai escutar!

— Não tenho aonde ir mesmo, fale. - cruzou os braços, encarando Maura, desafiando-a.

— Você lembra como meus pais eram. Eles queriam me mandar pra Stanford, eu não queria deixar você e a Nana Cora. Eu sabia que você não teria condições de ir comigo, então... Desafiei meus pais.

— Ainda não vejo onde Robin entra nessa história.

— Ele ia disputar as olimpíadas, meu pais sabiam disso. E como eu ameacei fugir... Eles começaram a me vigiar. Robin sabia, ele tava louco atrás de informações sobre você, estávamos sempre juntos, então combinamos de fingir um namoro, você sabe como meus pais eram, namorar um olímpico era privilégio. E foi bom pro Robin porque ele ganhou patrocínio dos meus pais.

— Você poderia ter me contado isso.

— Você poderia ter me escutado. 

Regina revirou os olhos

— Quando você foi embora de vez, Robin casou comigo pra me emancipar, nunca fomos um casal. Você sabe... Eu gostava de você.

— E você sabe... Você era só minha amiga. Sempre deixei isso claro, nunca te enganei. - Regina pensou por um momento sobre Robin e Emma— Incrível como meu primeiro amor conheceu o amor da minha vida.

— O mundo é pequeno no final das contas.

***

Jane & Emma, Killian & Korsak

— Acho que elas acalmaram - Killian sussurrou, encostado na porta, estavam ouvindo a briga entre Regina e Maura.

— Passa os 20 dólares pra cá, loirinha. - Jane mostrou a mão aberta a Emma.

— Eu jurava que iria rolar um fight, sei lá, Regina quebrar alguma coisa, jogar na parede algo, não sei - Emma abriu a carteira tirando as notas

— Eu sabia que não, Maura é muito calma. Rolaria nem uma peruca voando.

— Regina te deu um tapa, ela é nervosa. Não esperava por isso. Perdi 20 conto. 

— Mas, Maura é muito controlada - Korsak sussurrou, tentando ouvir o restante da conversa atrás da porta, na sala de jantar.

— Regina também é controlada, vocês estão fazendo mal juízo dela - Killian sussurrou - Ela deve ter batido na Jane porque é a Jane, ne gente? Quem não quer bater?

Todos concordaram e subiram ao ouvir as mulheres se aproximarem, mas elas não se aproximaram, apenas tiveram uma ideia.

****

Maura & Regina

— Temos que dar um jeito nisso. Temos que fazer algo, Regina.

— O que você sugere, então? – Regina pousou a xícara sobre a mesinha de centro. Ambas não conseguiam dormir, enquanto pensavam que todos estavam apagados nos quartos.

— Tá, ok, vou falar. Já faz alguns minutos que a Ariel me mandou uma mensagem pedindo dinheiro no lu...

— Já vi que não vai prestar. Maura, não. Já estamos com problemas demais. – O olhar de Regina era sério, porém Maura não pôde ver o desespero ali dentro. Ela também estava com medo de perder de perder Jane.

— Eu quero ir conversar com Ariel. — Maura levantou — E vou com ou sem sua ajuda. – E vou levar seu carro. – Pegou a chave no casaco da morena, ainda pendurado na cadeira.

— Querida, ninguém além de mim  dirige meu carro. – Regina também pegou seu casaco e saiu pela porta, pegando a chave de Maura novamente.

Horas depois…

— Então, qual é o plano, Regina? – Maura perguntou, ambas espreitando sobre a moita, na frente da casa de Ariel.

— Você me arrastou pra cá, se vira pra arrumar um plano, não sou obrigada. – Revirou os olhos.

— Minha ideia é dar dinheiro, o tanto que ela quiser eu dou.

— Depois dou um jeito de processar ela por chantagem.

— Ok, vou telefonar e pedir pra ela descer. – Maura pegou o celular, procurando em seus contatos, encostando na moita perto do portão.

— E você não podia ter feito isso antes da gente sair do carro, não? Tá gelado aqui.

— Regina resmungou

— Espera, ta chamando... Oi... Eu... Tá... Estamos te esperando.

— Deixa eu adivinhar. Ela já está descendo e mandou a gente esperar?

Maura olhou surpresa para Regina— Como você sabe?

— Em que era você vive? Óbvio que tem câmeras aqui no portão. Inclusive, deveria ter uma nessa moita, tá fedendo a urina. – Maura afastou da moita em um pulo. 

Alguns minutos passaram, a noite estava mais escura que o normal, como se a lua tivesse decidido não comparecer. Regina já estava impaciente, até que ouviu o celular de Maura avisar uma mensagem.

“Entrem, já estou descendo xD Fiquem a vontade no meu jardim.” Regina bufou, odiava esperar.

O grande portão se abriu, ambas olharam para a escuridão, apenas algumas formas era possível notar, mesmo com a aurora ameaçando nascer.

Maura sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas preferiu ignorar, não era mais criança para ter medo de escuro. Regina pisou forte no caminho de pedras, estava irritada pela demora. Primeiro iria “soltar os cachorros” em cima de Ariel, depois pediria um acordo com ela.

Entraram mais na escuridão, as luzes da casa estavam apagadas. Ambas se olharam.

— Como alguém fica em casa no escuro? – Maura sussurrou.

— Me pergunto se ela realmente está em casa. O que ela falou quando você ligou pra ela? – Regina olhava ao redor, já preocupada.

— Ela falou muito rápido, como se estivesse apavorada.

— Como se estivesse ou estava apavorada?

Ouviram um barulho atrás delas e se voltaram para olhar...

E foi a última coisa que viram.


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Notas finais do capítulo

É aquela, posta e sai correndo.
Comentem, elogiam, xinguem, façam ameaças, pedidos... Nos deixe saber que vocês existem.
Ah! Eu avisei sobre diminuir o sal, lembra?
Pois é...



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