Me diz algo sobre você escrita por Risoto


Capítulo 5
Connaître votre avenir


Notas iniciais do capítulo

"conhecendo seu futuro"

pOIS eNTÃO
vcs vao ler esse capítulo e pensar: mas oras bolas eu nao acabei de ler uma cena dessas no capitulo passado?
resposta: sim
mas eu realmente quero fazer o chat visitar ela varias vezes (pq 1, eles sao lindos e 2, o plot envolve isso) e a visita nesse cap é necessaria antes que outras coisas aconteçam. Se eu fosse fazer um outro cap só pra dar um espaço entre as visitas ia ser só filler, e eu abomino filler.

se preparem para MAIS marichat amem jesus



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678371/chapter/5

— Como assim não vai ter sorvete na sua casa, Lahiffe?

Os quatro amigos estavam em uma cafeteria na beira do rio Sena, aproveitando a milagrosa aparição do sol naquele sábado e discutindo o que fariam na próxima quarta quando os pais de Nino estivessem fora. Alya estava bastante preocupada com a questão "comida", e Marinette não poderia concordar mais.

— Meus pais estão pensando demais na questão do spa, a gente ta pedindo comida fora há dois dias! — o garoto se defendeu. Alya massageou a ponte do nariz para então dirigir a atenção à melhor amiga.

— Mari, você acha que pode levar alguma coisinha dos seus pais? A gente divide o preço. 

— Ou ainda, — Adrien interrompeu, antes que Marinette pudesse responder — cada um podia levar alguma coisa. Quanto mais melhor. 

— Você é um gênio, Raio de Sol! — e bagunçou as madeixas do loiro, fazendo Marinette corar levemente ao vê-lo com o cabelo desarrumado, ao mesmo tempo que Nino gargalhava pelo apelido e Adrien emburrava a cara.

— Raio de sol? De onde veio essa? — ele perguntou, arrumando o cabelo.

— Ah, sabe, vêm disso tudo aqui. — Alya respondeu rindo e gesticulando para o rosto do menino. — Você transpira pureza juvenil.

— É quase fácil demais imaginar você fazendo um dueto com passarinhos. — Nino concordou.

— No meio de um campo de margaridas. — Marinette emendou, com um sorriso divertido.

Os três gargalharam da cara fechada de Adrien, e Marinette não conseguia parar de pensar no quanto não sentia falta de gaguejar na frente dele. 

*

— Pai, mãe, cheguei! — Marinette anunciou ao passar pela confeitaria, pegando o prato de macarons de rosas que havia preparado naquela manhã e indo em direção às escadas.

— Como foi com seus amigos, querida? — Sabine perguntou, roubando um macaron.

— Muito legal, mas muito caro. A gente foi naquela cafeteria chique que abriu no 7° arrondissement. Eu só comprei um café, e saiu 4 euros!

— Deve ser o preço pela vista. — Sabine disse, rindo e pegando outro macaroon. 

— Talvez, mas eu ainda prefiro o seu. — Marinette disse, beijando a bochecha da mãe e subindo as escadas antes que ela acabasse com seus doces.

Assim que entraram no quarto de Marinette, Tikki saiu de seu esconderijo e olhou para o prato na mão de sua escolhida.

— Chat vai vir hoje de novo? — Mari escolheu ignorar o tom de voz da pequena kwami e se limitou a concordar com um aceno. — Marinette, não estou tentando te dizer o que fazer, mas você não acha que tudo isso está indo longe demais? Se ele continuar...

— Tikki, tudo o que você me disser eu já pensei, pode crer. — ela disse, suspirando e pegando seu sketchbook. — Eu sei que é perigoso saber mais sobre ele, sei que é perigoso ele saber mais sobre mim, sei que se Hawk Moth descobrir que ele se importa com minha forma civil posso virar uma isca, eu sei de tudo isso. Mas ainda sim... — sua voz falhou e ela concentrou o olhar na página em branco à sua frente. — Não sei, Tikki. Racionalmente eu sei que deveria parar com isso, mas...

Ela parou de falar ao sentir o toque gentil da kwami em sua bochecha. 

— Tudo bem, Marinette. Eu confio em você.

*

Adrien abriu a porta de seu quarto com um sorriso no rosto, o que era raro. Milagrosamente, Nathalie havia feito algum tipo de bruxaria para que seu horário ficasse completamente livre durante um sábado inteiro, o que significou poder almoçar e passar a tarde com seus amigos. 

Seu sorriso se alargou com o a ideia e com as memórias. Adrien olhou para os vasos em sua mão e ele seus pensamentos se voltaram à Marinette. 

Durante a tarde eles haviam passado por uma floricultura e ele percebera que o olhar dela demorara-se numa planta vermelha em formato de coração, com um bastão amarelo como miolo. Ela não dissera nada, mas ele fez questão de pedir para seu motorista passar na loja no caminho de volta para casa. 

E se ele acabou comprando uma suculenta para si mesmo, não significava nada. E não significava nada que ele escolhesse colocá-la na cabeceira de sua cama. Ele só queria testar um novo hobbie, que por acaso sua amiga havia mencionado de passagem. E plantas alegravam ambientes. Deus sabe que seu quarto precisava de alegria.

Adrien observou Plagg comer seu queijo respeitosamente.

— Se quiser mais queijo, eu comprei hoje mais cedo. — Plagg olhou desconfiado para o garoto. 

— O que você quer? 

— O quê?! — o loiro exclamou em ultraje. — Eu não posso mais querer agradar meu kwami, o ser que me da poderes inacreditáveis...

— Ta bom criança, eu não vou cortar seu barato hoje. Pode ficar transformado por quanto tempo quiser. — ele pareceu reconsiderar sua fala. — Na verdade, com um limite de duas horas, porque eu quero dormir. E tenta entrar no quarto dela pra eu não ter que passar frio, muito obrigada.

— Eu não vou me convidar pro quarto dela, Plagg. Esquece. 

— Garoto chato. Mas se a oportunidade aparecer, agarre. 

Adrien o observou em silêncio por mais alguns instantes, até tomar coragem de perguntar:

— Por que você não está brigando comigo sobre isso? 

— Sobre o quê? — Plagg perguntou de boca cheia, desinteressado.

— Sobre, você sabe... Sobre visitar ela. 

Plagg pareceu realmente considerar suas palavras, o que preocupou Adrien.

— Digamos que eu discorde de como o Universo quer operar.

— Isso não faz sentido nenhum. — Plagg pareceu muito sério quando olhou para ele, dando a última mordida em seu queijo.

— Para mim, faz.

*

Chat Noir pousou na sacada de Marinette com a maior suavidade que conseguiu. Não queria que ela o ouvisse chegar; por algum motivo, ele tinha uma vontade aterradora de bater na portinhola que levava ao quarto e dizer "querida, cheguei!". Pensara na piada um instante depois de deixar a sacada dela na quinta.

E ele o fez. Marinette surgiu um minuto depois, com dois cobertores, um prato de macarons e um sorriso brilhante e sarcástico. 

O coração de Chat deve ter fisicamente parado ao ver aquele sorriso. Quem diria que Marinette Dupain-Cheng tinha a habilidade de parecer qualquer coisa se não fofa. 

O sorriso se transformou, porém, quando viu o que ele trazia em mãos. Ela olhou para ele com olhos inquisidores e um sorriso confuso, e Chat segurou o impulso de acariciar as rugas entre suas sobrancelhas.

— O que é isso, gatinho? Eu achei que gatos quebrassem vasos de planta. — Chat deu uma risada leve e estendeu o presente. Ela colocou os cobertores na cadeira e apoiou o prato de macarons na mesinha de centro, pegando o vaso com cuidado. 

— Eu queria te dar um presente para agradecer... pelos cookies e por, você sabe... falar comigo. Por se interessar. — o que ele estava dizendo? Todo mundo se interessava por Chat Noir, não era isso que ele queria dizer. 

Havia algo nela quando admitiu que queria conhecê-lo melhor. Não era um "você é um super-herói e eu quero conhecê-lo melhor". Era mais "você é uma pessoa, e eu quero conhecer você melhor". De alguma maneira, Chat conseguiu sentir que Marinette queria saber sobre ele, genuinamente queria saber sobre quem ele era, independente de sua fama de super-herói. E isso era algo que ele raramente sentia, tanto como Chat quanto como Adrien.

Então, sim, uma flor parecia algo trivial demais para não conceder a ela.

— São Antúrios. A moça da loja disse que significavam hospitalidade e confiança. Achei apropriado. — ele continuou, após um breve silêncio. Será que comprar flores era demais? Será que ele tinha ofendido ela? 

— Chat, eu... — Marinette começou, finalmente. Ele não sabia dizer se a falta de palavras era um bom ou um mau sinal. E então ela olhou para ele como se estivesse vendo a primeira neve da estação. — Obrigada. — seu tom de voz não era mais alto que um sussurro, e possuía tamanha adoração que ele não soube como responder por um momento. Por fim, Chat se contentou com uma reverência e um sorriso. 

— À seu dispor, princesa. 

E com essa isso a postura dela voltou a tomar um ar de descontração. Era como se ela não soubesse agir quando ele flertava seriamente com ela. Não que as flores fossem um flerte. Mas podiam ter parecido ser.

É.

Os dois sentaram-se no chão, as costas apoiadas na parede de tijolos da sacada, enrolados nos cobertores que Marinette havia trazido, o prato e macarons no chão entre eles. Mordendo um macaron, Chat repassou a conversa que tiveram dois dias antes procurando uma maneira de iniciar uma nova, até que se lembrou de algo.

— Marinette.

— Hum? — ela respondeu, distraída com seu doce.

— Quinta feira, quando você disse que tinha um milhão de coisas que você queria saber sobre mim — ela olhava para ele agora, as bochechas levemente rosadas — o que você quis dizer?

— Quis dizer o que eu disse — ela respondeu simplesmente, voltando a mordiscar o macaron — mas um milhão foi exagero. São umas 19. 

— 19? Que número específico. — ele questionou, uma das sobrancelhas erguidas.

— Ah! História engraçada — ela disse, engolindo o macaron e colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha — eu meio que faço listas, sabe.

— Listas? — ele fingiu surpresa. 

— É, bom... Começou como uma maneira de me organizar, porque eu sou meio esquecida. E agora é meio que um vício. — ela explicou, séria. Isso na verdade era novo para ele; Adrien sabia que ela fazia listas pra tudo, mas nunca soube porquê. — Eu gosto da racionalidade e simplicidade. Por exemplo, eu tenho uma lista "Lugares que quero visitar", e sempre que minha amiga Alya pergunta onde a gente pode ir no fim de semana, eu abro o bloco de notas e tenho a resposta. Simples.

Chat assentiu lentamente, mas continuou a olhar para ela.

— Certo, mas... O que isso tem a ver comigo? — com isso Marinette corou de verdade, mas ela se recuperou rápido.

— Eu fiz uma lista de coisas que quero saber para você. — ela respondeu, meio que o desafiando a questionar suas ações. Chat, porém, só teve vontade de sorrir.

Ela tinha feito uma lista sobre ele! 

— Por favor, princesa, não me deixe te impedir de completar sua lista. — ele concluiu, pegando um macaron e enfiando inteiro na boca. Marinette revirou os olhos mas pareceu considerar. Chat podia imaginar ela escolhendo uma pergunta de sua lista perfeitamente enumerada.

— Que idade você teria se pudesse escolher? 

Chat gargalhou, mas Marinette estava completamente séria (ele não perdeu, porém, a ligeira inclinada no canto do lábio dela). 

— Eu teria dez anos. — ele disse finalmente, sorrindo de verdade. Ele vinha sorrindo tanto nesse dia que suas bochechas começavam a doer.

— Por quê? — ela perguntou, inclinando a cabeça como se fosse um personagem de desenho. Chat teve vontade de segurar o rosto dela entre as suas mãos. 

— Ter dez anos é tipo... você tem capacidade mental suficiente para saber que é um ser humano e aproveitar a vida, mas ao mesmo tempo é criança demais para levar uma bronca séria. E... bom, foi um ano muito feliz na minha infância. — Marinette sorria com olhos brilhantes, parecendo genuinamente contente com a resposta. O que o obrigou a perguntar: — E você?

— Eu? — ela questionou, confusa.

— É, vamos lá. Tudo o que você me perguntar vou querer saber sobre você também. 

— Ah, bem.. Acho que eu teria 27 anos. — antes que ele tivesse a chance de perguntar o motivo, ela continuou — Desde que eu vi "De repente 30" eu tenho fixado na minha mente que com 30 anos eu vou ter uma carreira de sucesso. Mas... eu queria viver um pouco antes disso, sabe? Acho que o pré-sucesso é o mais emocionante, quando você tá quase lá, entende? E também pularia a parte chata e difícil que é começar. Enfim, — ela olhou para ele, parecendo querer dizer outra coisa, mas se conteve — eu acho que os meios são as melhores partes.

— Até nas histórias?

— Principalmente nas histórias! — ela exclamou, lívida. — O desenvolvimento, aqueles 40 minutos do meio de um filme, antes das coisas darem errado. São a melhor parte. 

— Então você têm sorte. — ele disse, sorrindo.

— Como assim? 

— A vida é os 40 minutos do meio de um filme.

Ela olhou para ele, considerando sua afirmação. Por fim, ela deu de ombros e pegou outro macaron. 

— Acho que você tem razão. — Chat continuou a observá-la até ela falar novamente: — Qual é seu dia favorito do ano? 

— Como assim? Tipo dia da semana? 

— Não, tipo, um dia dos 365 dias do ano. Qual seu preferido?

— Acho que depende do ano que eu tive. Ano passado, foi o dia em que Ladybug e eu derrotamos o Coração de Pedra. 

— Por quê? Por que não quando você conseguiu seu miraculous? — ela pressionou, curiosa. 

— Porque foi o dia em que eu me apaixonei por ela. — ele respondeu, simplesmente. 

Chat sentiu Marinette enrijecer ao seu lado. Caramba, ele tinha mesmo dito aquilo, não? Bom, sem segundas chances. Era melhor explicar que era um sentimento sério, para ela não ficar com a impressão de que ele era um galanteador barato. 

— Acho que eu eventualmente me apaixonaria por ela de qualquer forma, sabe? Ela é incrível. Inteligente, gentil, compassiva, corajosa... Enfim. Mas naquele dia, quando ela enfrentou Hawk Moth e deu aquele discurso sobre proteger Paris, foi como um tsunami, quase demais pra suportar de uma vez só. Foi o meu melhor dia em muito, muito tempo, com certeza o melhor dia daquele ano, e cada dia que eu passei com ela depois desse foi incrível de uma maneira totalmente nova.

Marinette ficou em silêncio por um minuto inteiro (Chat contou), e ele não teve coragem de olhar pra ela. Ele nunca havia professado tão explicitamente seus sentimentos por Ladybug a outro ser humano, e Plagg mal contava. De repente, se sentiu extremamente autoconsciente.

Marinette finalmente falou, a voz quase não surpassando um sussurro:

— Não sabia que seus sentimentos eram profundos dessa maneira. — Chat deixou escapar uma risada soluçada e deu de ombros. 

— E quanto a você, princesa? Qual seu dia preferido?

— Agora minha resposta vai parecer idiota comparada a sua.

— Nunca, princesa. Todas as respostas são válidas. — Marinette hesitou por um momento, observando ele comer outro macaron e fazer um sonzinho satisfeito. Ela sorriu e sentiu seu coração apertar.

— Eu sempre gostei do primeiro dia das férias de verão. Acho que algo sobre as possibilidades. Três meses em que os planos são completamente minha escolha, e o primeiro dia... sei lá, me deixa empolgada. E ano passado eu meio que criei uma tradição com a Alya sobre o primeiro dia do verão. 

— Qual? — Chat inqueriu, interessado.

— A gente estava na casa dela discutindo por meia hora sobre como aproveitar o primeiro dia perfeito de verão, até que chegamos a óbvia resposta: o primeiro dia perfeito de verão tem que ser na praia. Então a gente se trocou, fizemos uma mala com mudas de roupa e passamos o dia no mar. — ela sorria, saudosista — E foi realmente perfeito. A gente prometeu fazer isso todos os anos enquanto a gente viver.

— Você gosta de fazer planos a longo prazo, hein, princesa. — Chat apontou, comendo o último macaron após pedir permissão com o olhar. Marinette assentiu, deu de ombros e sorriu para ele.

— Eu gosto de ter algumas certezas na vida.

— Como você se imagina daqui 10 anos? — ele perguntou, casualmente, girando o corpo e cruzando as pernas, totalmente de frente pra ela. 

— Ei, essa era uma das minhas perguntas! — ela exclamou, imitando a posição dele. Cara a cara com ela, Chat não pode deixar de se inclinar levemente pra frente e sorrir. Sentiu cheiro de sabonete, baunilha e açúcar.  — Você vai ter que me responder também, mas bom... Eu sou bem básica quanto a isso, na verdade. Com 25 eu quero estar trabalhando como designer numa marca famosa, talvez começando a minha própria. Quem sabe em um relacionamento sério? Quando eu me permito ser idealista, fico imaginando um dia de trabalho como designer-chefe na Gabriel, escolhendo tecidos sem orçamento, atendendo reuniões importantes...

Marinette deixou a fala morrer, presa nas próprias fantasias. Chat só conseguia observar o sorriso dela e pensar no quanto queria poder ajudá-la a realizar todos os seus sonhos. Se houvesse qualquer coisa..

Espera ai! Havia, sim, algo que ele pudesse fazer! Ela queria trabalhar na empresa de seu pai? Bem, que bom que ele era seu pai.

A questão era como fazer Chat Noir sugerir o que ele queria sugerir sem ela desconfiar. Pensa, Adrien, pensa...

— Calma lá, o filho desse cara não estuda na sua sala? Eu já salvei ele uma vez. — as bochechas de Marinette assumiram um tom leve de vermelho, e ele não entendeu porquê. O frio estava piorando?

— Ah, sim, o nome dele é Adrien. Ele é meu amigo sim, por quê?

— Princesa, essa oportunidade é perfeita! Pede pra esse seu amigo mostrar seus designs pro pai dele. Com certeza ele vai adorar. — Marinette arregalou os olhos e chacoalhou a cabeça em negativa.

— Eu não posso fazer isso, Chat! Ele vai pensar que eu só sou amiga dele por interesse. E também, eu não quero atalhos. Não quero dar a chance de ninguém dizer que eu cheguei ao topo se não pelos meus próprios méritos. Não. Não não e não.

— Marinette, eu tenho certeza que ele não vai achar isso. Você é a pessoa mais gentil que eu conheço. E você tem que ser realista: o mundo da moda é muito dependente de conexões. Você não devia jogar fora uma tão boa assim. — ela pareceu considerar suas palavras por um instante, mas logo voltou a negar com a cabeça. 

— Você pode até ter razão quanto as conexões, mas eu ainda não posso pedir isso pro Adrien. Ele... Nós não somos exatamente próximos, mas eu imagino que deva ser tão difícil pra ele. Ele foi educado em casa até o ano passado, sabia? — ela disse, olhando para ele e depois voltando a desviar o rosto. Não, olha pra mim. — Socializar por si só deve ser difícil, e ainda por cima não saber quais as intenções das pessoas que se aproximam... e eu... mais que tudo... eu quero que ele não tenha dúvidas. 

— Dúvidas sobre o quê? — Chat perguntou, com a voz fraca. O nome dela escoava em seus ouvidos como a letra de uma canção. Marinette, Marinette, Marinette.

— Sobre mim. — ela finalmente levantou o rosto e sustentou o olhar dele. — Quero que ele não tenha dúvidas sobre o quanto quero ser... sobre o quanto eu me importo. E isso não nada a ver com o pai dele. 

— Marinette.

Chat queria dizer mais meio milhão de coisas, mas a única coisa que ele conseguia pensar era isso. Marinette, sorrindo pra ele. Marinette, se importando com ele. Marinette, ouvindo.

 Ele foi impedido de dizer qualquer coisa mais pelo som vindo de seu anel. Você tinha me prometido duas horas, Plagg. 

Os dois se olharam por alguns segundo sem dizer uma palavra, até que Marinette levantou-se devagar. Ela apontou para o anel no dedo dele e estendeu a mão. 

— Acho que isso significa que nosso tempo acabou. — Chat aceitou a oferta e se levantou também. Chacoalhou os ombros para afastar os pensamentos, colocou um sorriso no rosto e performou uma reverência.

— Quando este cavaleiro poderá visitar a princesa novamente? 

— Por mais que eu goste de sua companhia, Chat, durante a semana eu não posso ficar até muito tarde. Se você quiser conversas longas você tem que vir de final de semana. 

— Então vou vir durante semana pra comer cookies, e de final de semana completar sua lista. — ele beijou a mão dela, acenou com o indicador e dedo médio unidos, e sumiu na noite.

*

Quando Marinette subiu em sua sacada no dia seguinte para regar suas plantas, um novo vaso de madressilvas e um bilhete estavam a sua espera.

"A florista disse que significavam gentileza e delicadeza. Como você.

—CN"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

eu tenho um ig de arte! de vez em quando esses bobões aparecem por lá: @simariz

playlist da história: https://open.spotify.com/playlist/3Uo0DerBJmDpLEBJHdPjGt?si=1Y-rU5srQuGNDgqIL1YSww