Me diz algo sobre você escrita por Risoto


Capítulo 1
Très bien


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAS.
como anda a vida? tudo certo?

capítulo dedicado à qPrimrose (primeiro comentário, gata ♥) Miyuki Amor da Minha Vida (por motivos de EU TE AMO) e Dreaming Girl pq eu descobri q o aniversário dela passou e eu nn dei os parabéns



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Marinette odiava mentir para Alya.

Quando a amiga chamava-a para sair nas segundas ou quintas, Mari tinha que inventar mil desculpas para justificar sua ausência. Fazia as lições à tarde e patrulhava à noite. A rotina era apertada, mas se transformar em Ladybug duas vezes por semana dava a Marinette um luxo que a maioria pessoas nunca teria o prazer de desfrutar: o de poder assumir outra personalidade, de experimentar ser outra pessoa, em completa anonimidade. 

Por mais que Marinette odiasse admitir, Ladybug não era ela. Talvez fosse uma parte esquecida de sua personalidade, uma parte mais adequada à figura de uma super-heroína que a da estabanada Marinette Dupain-Cheng. Às vezes, Marinette tinha medo de sua própria confiança quando assumia seu alter-ego. E um pouco de inveja, o que era loucura (quem tem inveja de si mesma?). Talvez fosse a liberdade que a máscara a concedia, mas se Marinette tivesse metade da segurança de Ladybug em sua forma civil, várias coisas seriam diferentes, a começar pela situação "Adrien Agreste".

Então, quando Alya a chamou para tomar sorvete e fazer compras depois da escola, ela aceitou de braços abertos aquela tarde normal de adolescente com sua melhor amiga. Combinou de se encontrar com Alya na praça de alimentação do shopping mais próximo, e assim foi feito. A amiga estava lá, guardando uma mesa enquanto escrevia em seu blog pelo celular. Dois potes de sorvete e dois copos de suco estavam em cima da mesa.

Só que, como sempre, Marinette estava atrasada. Andou rápido até a mesa, esbarrando em algumas pessoas e batendo a perna em uma cadeira.

— Desculpa! — falou, assim que conseguiu se sentar. Alya levantou os olhos vagarosamente do celular, olhou para seu pote vazio e para o sorvete quase todo derretido de Marinette. Considerando que estavam dentro de um shopping climatizado, aquele era um grande feito para seu histórico de atrasos.

— Eu nem sei por que eu ainda pego seu sorvete! Você sempre chega atrasada!

— Eu sei, eu sei, desculpa! Meus pais pediram ajuda com a decoração de uns cupcakes, e eu demorei mais do que o normal pra terminar tudo.

— Eu te perdoo somente se você tiver trazido um pra mim. — Marinette riu da cara de emburrada de Alya e retirou a caixinha da padaria dos pais da bolsa. Os olhos da amiga começaram a brilhar na mesma hora.

— Massa de chocolate com recheio de limão siciliano, cobertura de cream cheese e...

— ... raspas de limão por cima! — Alya praticamente gritou, pegando o cupcake e dando uma mordida generosa. A expressão de puro deleite era visível a qualquer um num raio de 10 metros, e fez Marinette rir. — Eu te daria um pedaço se fosse não tivesse me deixado plantada por 30 minutos.

— Você sabe que eu não gosto de limão.

— Você é tão básica com os sabores que me dá até raiva. Você mora numa padaria, pelo amor de Deus, é até pecado ficar só comendo torta de chocolate.

— Se ganache de chocolate não está quebrada, você não a substitui.

— Fresca — Alya murmurou, procurando algo em seu celular, mas parando ao perceber algo atrás de Marinette. Com um sorriso, ela acenou para quem quer que estivesse ali indicando que se juntasse a elas. — Seguinte, não surta, mas o Nino está vindo até nós duas agora. Com o Adrien. — Marinette sentiu seus ombros se enrijecerem só com a menção ao nome do loiro, e recebeu o olhar exacerbado de Alya em resposta. — Eu disse pra não surtar!

— Desculpa, desculpa. — Contando até cinco, Marinette respirou fundo e relaxou a postura. Fazia duas semanas que ela havia tomado a decisão de parar de fazer planos e ficar maluca por Adrien. Ela estava nessa dança esquisita de constrangimento perto dele por mais de um ano, e ela não aguentava mais não conseguir relaxar nem na própria escola.

Tinha tido aquela conversa com Alya. Ela não precisava anular sua personalidade por causa de um garoto (até porque, não conseguir formar frases completas não havia levado ela a lugar nenhum). Desde aquele dia, ela tinha feito vários progressos, como por exemplo na quinta-feira passada, quando conseguiu pedir a borracha dele emprestada sem gaguejar nenhuma vez. Alya comprou um café para ela por isso.

— E ai Alya, Marinette. — Nino cumprimentou, sentando do lado de Alya. Os dois estavam juntos há quase seis meses, e Mari não podia estar mais feliz pela amiga. Quando Alya beijou o namorado na bochecha e ele passou o braço pelos ombros dela, Marinette sorriu. 

Ela também registrou muito nitidamente Adrien sentando ao lado dela, acenando com um sorriso (retribuído por ela e por Alya).

— Como vai, Nino? — Mari disse, finalmente pegando seu sorvete completamente derretido, determinada a encontrar os últimos pedaços inteiros.

— Vou muito bem, senhorita Marinette. Meu artista preferido acabou de lançar um single novo. 

— Sério, quem é? 

— Não pergunta, ele não vai parar de falar. — Adrien comentou, debochando do amigo. 

— Ei! Alya, me defenda. — Nino exclamou, com um tom de falso ofendimento. 

— Desculpa, querido, mas o loirinho tem razão. Você falou dessa música por uma hora inteira, eu cronometrei. — Nino murmurou coisas sem sentido e Marinette deu risada.

—  Ei, falando de músicas novas, o que vocês acharam do novo álbum do Jagged? — Mari perguntou, colocando um pedaço de sorvete na boca.

— O que lançou ontem? Eu ouvi só algumas, então não consigo opinar. — Alya disse, dando um gole do seu suco.

— Eu ouvi tudo no instante que saiu. — Adrien comentou, atraindo a atenção de Marinette. — Para falar a verdade, não gostei tanto. Pareceu, sei lá, pop demais pro estilo dele. É bom, mas... 

— Eu também achei isso! Também, é difícil qualquer coisa chegar ao nível de obra prima que "Too Weird to Live, Too Rare to Die" alcançou. 

— Lá vem Marinette e essa ideia maluca de que esse é o melhor álbum dele. — Alya resmungou, fazendo Nino rir e apertá-la mais próxima ao seu corpo.

— Ei, eu também acho que esse é o melhor! — Adrien protestou.

Obrigada! — Marinette exclamou, levantando a mão para um high five com Adrien, que correspondeu. Segurando sua vontade de dar um gritinho pelo mero roçar com a pele dele, Mari continuou: — Ela acha que "Death of a Bachelor" é o melhor.

— Porque é! 

— Eu não vou entrar nesse mérito com você. — Alya revirou os olhos, mas riu, e o sorriso de Marinette se alargou pela familiaridade da discussão.

— Garotos, me contem suas histórias de atrasos para eu poder me sentir melhor. — Alya disse, apoiando o cotovelo na mesa e a cabeça na mão.

— Se sentir melhor por quê? — Nino questionou, confuso.

— Porque quero saber que não sou só eu quem teve o imenso azar de ter uma melhor amiga que chega tão atrasada nos lugares que consegue derreter um sorvete no inverno.

Adrien e Nino riram e olharam para Mari, que mostrou seu sorvete com um sorrisinho.

— Culpada.

— Acho que nunca cheguei atrasado em lugar nenhum, para falar a verdade. — Adrien refletiu. — Natalie nunca deixaria.

— Eu que sei! — Nino exclamou. — Sempre me sinto culpado quando saio com esse daí, principalmente quando ele me dá carona. Se marcamos às 2:00p.m., ele vai aparecer às 2:00p.m., e eu sempre estou de cueca.

As duas riram e se entreolharam.

— Os opostos se atraem, não é mesmo? — Alya apontou, com um sorrisinho. Marinette ignorou o duplo sentido e se voltou para Nino.

— Acho que nós dois temos que começar a sair mais juntos sem eles.

— Eu acho uma excelentíssima ideia, Marinette. 

— Então agora somos melhores amigos. — Alya lançou um olhar sério para Nino, apontando para Marinette e depois para ela mesma, fazendo a mímica de um nó.

— Bom, meninas, eu vim aqui comer o hambúrguer mais gorduroso que eu pudesse pagar. Quer que eu pegue o seu, mano? — Nino disse, se levantando. Adrien assentiu e estendeu o dinheiro para o amigo.

— Pera ai, eu vou com você. — Alya disse, se levantando também. — Toda essa espera me deu fome. Você quer algo, Mari? 

— O de sempre. Com batata grande. — Alya sorriu de lado e pegou o dinheiro da amiga.

— Sempre batata grande.

— Você vai roubar das minhas, isso se chama contingência de danos. — Marinette debochou. Quando voltou a prestar atenção nos seus arredores, se deparou com um Adrien segurando a risada. Marinette corou, mas forçou a se recompor.

— Ei, Marinette, — Adrien diz. Ele é normal. Tudo  está normal. Respira. — O que exatamente é aquele projeto que você tinha pedido para a Srta. Bustier permissão para organizar?

Marinette olha para cima, sorrindo para ele — Oh! Hum, a escola tem sido muito estressante ultimamente, então, como presidente de classe, achei que deveríamos fazer uma festinha para desestressar.

— Você já começou a organizar tudo isso?

— Bem, não sozinha, — ela diz com um pequeno encolher de ombros. — Alya está ajudando a distribuir empregos para os alunos, e Nino está lidando com a lista de reprodução e, obviamente, todos estão ajudando na decoração. Acabei de pedir ao meu pai alguns doces da padaria e, sabe, pedi a ele que ligasse para o amigo que é dono daquela lanchonete bonitinha a uma quadra da padaria. Isso é tudo.

— Isso é tudo, — Adrien repete, e ele ri. — Você, hum, precisa de ajuda com mais alguma coisa?

— Bem, eu queria espalhar a palavra para outras turmas que têm o mesmo período de almoço que nós, — diz ela, e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Você poderia me ajudar a fazer isso, se quiser.

— Sim, — Adrien diz. — Sim claro.

Eles voltam a ficar em silêncio e Marinette a entrar em pânico pensando em como continuar o assunto. Mas Adrien aquieta seus nervos ao falar:

— Sabe, você é tão carismática, uma líder de verdade. É meio incrível como você consegue balancear todas essas responsabilidades.

— Não consigo balancear tão bem assim, — pegou seu pote e o levantou, inclinando a cabeça — Meu sorvete derreteu de tão atrasada que eu cheguei.

 

Adrien riu e pegou o sorvete das mãos dela. As pontas dos dedos se encostaram, e um arrepio percorreu suas costas. 

— Não tá tão ruim, dá pra comer. — Adrien tentou pegar qualquer pedaço não derretido, mas tudo escorreu pela colherzinha de plástico. Ele riu ainda mais, desistindo e colocando o pote na mesa.

— Tenho tentado chegar no horário porque sei que Alya odeia esperar, mas eu devo ter algum tipo de problema. — Os olhos verdes do menino estavam fixados nela, prestando atenção em tudo o que ela dizia. Ela corou levemente, mas lutou para manter a voz firme. — Pelo menos eu trouxe o cupcake preferido dela. Sem ele tenho certeza que estaria sem um dedo.

— Eu vou arranjar uma Natalie para você. — Marinette assentiu com um sorriso, deu outro gole em seu suco, e, oferecendo o resto para Adrien com um gesto, perguntou:

— Você sim que é impressionante no quesito "balancear responsabilidades". Não sei como consegue administrar todos seus compromissos, mesmo com ela. Parece tanta coisa, olhando de longe.

Por um instante, Adrien ficou com os olhos perdidos. No instante seguinte, porém, ele voltou ao normal.

— Com certeza eu tenho mais deveres que a maioria das pessoas, mas não é nada demais. São só umas fotos e umas aulas de esgrima, piano e chinês, nada insuportável.

Mari olhou-o com ternura. Ele olhava para suas próprias mãos. Juntando coragem e impulsionada pela compaixão, ela disse: 

— Se precisar de ajuda com qualquer coisa, pode contar comigo. — ia dizer mais, mas seu celular apitou. Era uma mensagem de Alya mandando ela olhar as notícias ao vivo. Ela abriu o site da televisão pelo celular e se inclinou para que Adrien pudesse ver também. 

Imagens de helicóptero eram transmitidas pelo noticiário urgente, alertando sobre um ônibus descontrolado correndo pelas ruas. Os repórteres avisavam para se manterem longe da área, que era coincidentemente perto do shopping.

Marinette tinha que dar um jeito de dispensar Adrien. Olhou para ele, nervosa. Por sorte, seu celular apitou com uma mensagem automática da operadora, mas que ela aproveitou para fingir que eram seus pais chamando-a para casa. Acenou para o menino que gostava e saiu correndo.

 

*

Marinette saiu pelas ruas de Paris, correndo. Tinha que achar um lugar para se transformar, mas não encontrava nenhum beco ou lugar vazio; as ruas estavam cheias de pessoas tentando fugir da área de perigo.

Ela avistou um beco a alguns metros, atravessando a rua, e foi naquela direção, lutando contra a multidão. Quando finalmente se viu livre do mar de pessoas, ela correu sem olhar para os lados na direção do beco.

Não conseguiu chegar seu objetivo, porém. Do nada, um corpo bateu contra o seu e jogou-a contra uma grade. Sentiu seu braço latejar.

— Você está louca, Marinette? O que estava pensando? — Ouviu o som da voz de Chat Noir carregada de preocupação. Mari não teve tempo de responder, já que Chat já havia pegado-a no colo para levá-la até o beco que antes ela mirava. Encostou-a na parede e chegou perto de seu rosto.

— Você não pode atravessar a rua com um ônibus descontrolado por ai — seus olhos transbordavam preocupação. — Fique aqui, por favor. Já volto.

Assim que ele saiu, ela se transformou e partiu para a luta. Tinha que voltar a tempo de se destransformar e fazer Chat acreditar que ficara lá o tempo todo.

Subiu até os telhados e correu até alcançar Chat, que estava no encalço do ônibus.

— Como vai, m'lady? — ele lhe lançou um sorriso de lado no meio de um pulo.

— Concentre-se, Chat Noir! 

— Sempre.

*

Ladybug pousou no beco em que Chat Noir a havia deixado com passos mudos. Desfez sua transformação na hora certa, pois em menos de cinco segundos Chat apareceu. Ele não falou uma palavra, apenas olhou para ela e caminhou em sua direção.

— Seus braços... Você tinha se machucado.... — ele tocou nos arranhões em seus braços, e ela estremeceu. Nem tinha sentido os machucados enquanto estava transformada, mas agora eles ardiam muito e pareciam mais feios que o normal. Como não tinha precisado usar seu poder de cura, eles permaneceram.

— Não foi nada, gatinho. — o apelido saiu sem querer. Ele olhou para ela com os arregalados por um instante, mas logo sorriu e levou a mão dela aos lábios, beijando-a.

— Eu seria um bárbaro se não cuidasse da garota que eu mesmo machuquei. Vem, vou te levar para casa.

— Não, não, não precisa, Chat, sério. — ela se desvencilhou do toque dele, tentando se mostrar enfática. Ele negou com a cabeça, segurando seu braço levemente com a mão enluvada. 

— Não seja teimosa, Marinette. Só vou fazer um curativo. Pode ser? — ele estava pedindo permissão. Era uma coisa tão boba, tão pequena, mas os olhos dele deixavam claro que se ela dissesse não, ele não insistiria mais. E foi isso que a fez suavizar o olhar e se aproximar, cedendo ao pedido:

— Tudo bem.


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Notas finais do capítulo

eu tenho um ig de arte! de vez em quando esses bobões aparecem por lá: @simariz

playlist da história: https://open.spotify.com/playlist/3Uo0DerBJmDpLEBJHdPjGt?si=1Y-rU5srQuGNDgqIL1YSww



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