Ghosts escrita por Coffee


Capítulo 2
Chapter 1 - Godric's Hollow


Notas iniciais do capítulo

Hello, peoples! :3
EU ESTOU VIVAAA! ESTOU DEMONSTRANDO SINAIS DE VIDA! Sério, me desculpem pelo atraso de DOIS MESES para postar esse capitulo. Eu fiquei com um extremo bloqueio criativo para escrever... MAS, como a vida é boa, a criatividade retornou ao meu corpo e eu pude escrever! *--*
Não ficou lá essas coisas, mas espero que gostem.
Boa leitura:



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  Em mais um dia normal da minha vida, eu tinha que ouvir o sermão da minha “querida” avó. Morta, só para constar aqui. E isso me irritava na maioria das vezes, me fazia perder a cabeça e começar a gritar com ela, de forma que meus pais tivessem de me levar ao psicólogo (novamente).

  Mas naquele dia, nem os sermões da minha avó iriam abalar o meu bom humor pelo simples fato de que eu finalmente iria sair daquele inferno que apelidei de casa. Sentiria falta dos meus pais, é claro, mas sentir falta da minha irmã com cara de cavalo e a sua baleia encalhada? Não, muito obrigado.

  Estava colocando minhas roupas na mala enquanto ouvia a minha avó, Marianne Evans, reclamar sobre a sua infeliz e chata vida pós-morte.

— Por Merlin, Lily! – ela exclamou, indignada. – Você não pode ir embora!

— Posso sim, vovó. – eu disse, revirando os olhos enquanto pegava um livro já desgastado da faculdade e o colocava na mala. – Acabei de me formar e sei que logo conseguirei um emprego, mas se eu quiser mesmo isso, não posso continuar sendo a desempregada que mora na casa dos pais.

— Mas você é a única que vê espíritos! – ela reclamou. – É solitário ser morta e não ter ninguém para conversar! Quem mais vai assistir televisão comigo?! Quem mais vai comprar as revistas de tricô?! Quem mais vai usar os suéteres que eu faço no Natal?!

— Vovó, esses seus suéteres incomodam, a senhora sabe disso. – eu disse. – Aliás, não é como se eu estivesse indo viajar para a China. Estou apenas indo para um apartamento, pelo amor de Merlin!

  Já havia pego as minhas malas. Meu quarto estava vazio, sem moveis, já que tudo estava no meu novo apartamento. Sentiria falta daquele quarto, afinal, muitas boas lembranças haviam acontecido ali. Como, por exemplo, a “festa do pijama” com Marlene e Dorcas em que eu fiquei bêbada e saí correndo de pijama pela rua (Sirius ainda não esqueceu isso).

— Você promete que vai me visitar, querida? – ela perguntou.

  Sorri levemente.

— Claro que sim, vovó. – respondi. – Prometo que irei sempre vir uma vez na semana.

— Se encontrar o seu avô por aí, diga que eu odeio ele. – ela disse.

  Revirei os olhos, já saindo do quarto.

— Não irei dizer isso para ele, vovó. – eu disse. – Tenho muito mais o que fazer do que virar o pombo correio dos mortos.

  Ela pareceu chateada, mas não disse nada.

— Estou no sótão ouvindo Elvis Presley. – ela resmungou. – Boa sorte, querida.

  Minha avó então se distanciou e eu sorri de lado. Desci as escadas e olhei a casa. Por algum motivo, ela parecia diferente naquele momento. Estranha, nostálgica. Milhões de memórias vieram a minha mente naquele momento.

  Podem até me achar dramática, mas eu passei a minha infância ali. Eu passei vinte e cinco anos da minha vida naquela casa. Era estranho sair daquela casa.

  Suspirei e então caminhei até o táxi. Sem hesitação, eu disse ao taxista:

— Godric’s Hollow, por favor.

  Ele então deu a partida no carro, e eu não olhei para trás.

***

  Godric’s Hollow era um prédio com aparência velha e fúnebre, cujo se encontrava no centro da cidade de Hogsmeade. Por fora era vermelho e por dentro era completamente amarelo. Eram dezenas de pessoas que viviam ali, mas se havia algo que ninguém entendia era o fato de que ninguém durava mais do que dois dias no apartamento trezentos e cinquenta e quatro.

  “Mas afinal, o que havia de tão estranho no apartamento trezentos e cinquenta e quatro?”

  Simples. Havia lendas que contavam sobre o apartamento ser assombrado. Diziam que, antes de existir aquele prédio, uma família muito rica morava em uma mansão naquele mesmo terreno. Segundo a lenda, diziam que na noite de aniversário do casal, enquanto eles saíam e a babá tomava conta da criança, um grupo de pessoas (muitos dizem que eram ladrões, outros dizem que eram assassinos) entraram na casa. Fizeram a babá de refém e assassinaram brutalmente um garotinho no quarto dele, cujo a localização, por talvez pura coincidência, dava no apartamento trezentos e cinquenta e quatro.

  A família ficou simplesmente arrasada. Se mudaram para a Escócia e mandaram demolir a mansão, colocando o terreno à venda. Logo após isso, o Sr. Riddle comprou o terreno e construiu o prédio. Todos que compraram o apartamento trezentos e cinquenta e quatro não duravam cinco dias. As pessoas dizem que o fantasma do garoto assombra aquele apartamento e não quer ninguém nele. Dizem que escutam o choro de uma criança e, às vezes, vultos pelo corredor.

  Se eu tenho medo? Não, definitivamente não. Se eu consegui aguentar diversos fantasmas me incomodando pelos motivos mais idiotas que você conseguir imaginar, coisas como “você é igual à mulher que me matou” e “já que você é humana e consegue me ver, compre uma revista para mim”, eu consigo aguentar isso.

  Retirei as malas do táxi. Pretendia agradecer ao motorista, mas ele arrancou o carro do lugar antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

— Grosso. – eu resmunguei, começando a arrastar as malas para dentro do prédio.

  O porteiro estava lendo um jornal. Parecia velho e estava mal-humorado e, na sua mesa, descansava uma gata que passou a me olhar como se eu fosse uma barata no meio de um purê de batatas.

— Hum… Olá! – eu disse, meio sem jeito.

  O velho que eu mal conhecia, mas já tinha a certeza de que me odiava, me olhou. Ficou me encarando por um bom tempo, sem falar nada. Um pouco embaraçada, tentei puxar assunto:

— Eu sou nova aqui, sabe.

  Isso pareceu atrair a atenção dele.

— Ah, você é a sem noção que se mudou para o apartamento amaldiçoado. – ele resmungou, parecendo infeliz por ter que desviar a atenção do jornal.

— Perdão?

— Não escuta os boatos que rondam a cidade inteira, cabeça de fósforo? – ele perguntou grosseiramente enquanto se levantava para ir até um armário com chaves. – Um pirralho foi assassinado nesse apartamento.

— Na verdade, sim, eu já ouvi os boatos. Minha mãe me contava essa história quando queria que eu a obedecesse.

— Bem, você não prestou muita atenção, certo? – rosnou o velho, jogando uma chave antiga e enferrujada para que eu pegasse. – Acho melhor já ir procurando outro apartamento, garota. Você pode ter vindo dar uma de corajosa, mas vai sair correndo no primeiro dia.

  Achei melhor não responder, pois se eu respondesse, já iria começar causando uma péssima impressão nos moradores. Não deve ser algo muito educado espancar um zelador velho cujo a mãe não soube dar educação.

  Quando me virei com a chave na mão, ouvi ele resmungar com a gata:

— Quanto tempo você acha que ela irá durar aqui, Madame Nor-r-ra? Um dia ou dois?

  A gata miou, como se tivesse respondido.

  Loucos. Estou entre loucos.

***

  Outro motivo não citado do porquê que as pessoas evitavam o apartamento trezentos e cinquenta e quatro era o fato de que ele ficava no penúltimo andar. E o outro fato era de que o prédio não tinha elevador.

  Arrastar as minhas malas por todos aqueles degraus foi pior do que participar dos Jogos Olímpicos. Quando eu enxerguei a porta com o número trezentos e cinquenta e quatro, eu sorri como se alguém havia me dito que eu nunca mais precisaria conversar com um terapeuta.

  Duas mulheres saíram do apartamento trezentos e cinquenta e quatro. Uma era mais jovem, provavelmente da minha idade. O cabelo vermelho estava cortado na altura dos ombros. Seus olhos eram grandes e castanhos, e ela se vestia de um modo... Hippie, eu acho? Sim, provavelmente. A outra mulher era alta e parecia muito severa, a julgar pelo modo como ela se vestia e pelo seu coque apertado.

  Sei que parece errado, mas eu comecei a escutar a conversa das duas:

— Como ele está, Srta. Jones? – A mulher mais velha perguntou, encarando a mais nova com preocupação evidente no seu rosto.

— Irritado, como sempre. – Héstia respondeu, passando a mão pelo cabelo. – Ele sabe que uma nova pessoa está vindo morar no apartamento. Está começando a planejar como irá expulsar a pobre e infeliz alma.

— Já sabe o que ele irá fazer?

— Ele não me contou nada, mas apenas pelo seu rosto, eu pude perceber que maldades ele irá fazer. Esse fantasma tem muito humor negro para o meu gosto, francamente! Já avisou sobre o apartamento ao coitado que irá ficar aqui?

— Claro que não, Héstia! Você quer que a pessoa saia correndo e nunca mais volte aqui?

— Isso é errado, Minerva. Devemos avisá-lo sobre os perigos que corre dentro desse apartamento. Você sabe que James não olha se a pessoa é boa, cruel, idosa, criança, adulta. Ele não mede limites para expulsar alguém desse apartamento. Lembra da última vez, quando ele soltou um enxame de abelhas? O homem quase morreu!

  Sinceramente, eu estou quase arrependida de ter comprado esse apartamento. Será que é tarde demais para voltar atrás? Bem, eu não sei, mas a minha tentativa de descer novamente as escadas foi totalmente falha, já que a tal Héstia Jones disse:

— Oh, olá!

  Tentei sorrir da melhor forma, mas meu sorriso deve ter parecido mais uma careta.

— Hey. – eu disse, tentando soar educada. – Meu nome é Lily Evans. É nesse corredor que fica o apartamento trezentos e cinquenta e quatro, certo?

  As duas mulheres se entreolharam. Pareciam estar travando uma discussão silenciosa e furiosa para decidirem se iriam me contar sobre o apartamento. Héstia abriu a boca, mas diante do olhar furioso de Minerva (esse era o seu nome, certo?), fechou-a.

— Sim. – resmungou a mais velha, claramente mal-humorada. – Seja bem vinda ao Godric’s Hollow. Boa sorte.

  E as duas então caminharam na direção das escadas, Héstia me lançando o que deveria ser um olhar de pena. Suspirei, cansada, e caminhei até o apartamento, pegando a chave o abrindo.

  Juro que, depois de tantas coisas ruins que eu ouvi sobre o apartamento, eu esperava me deparar com a casa do próprio Lúcifer. Mas até que era um local aparentemente bom, confortável e aconchegante, parecendo quase intocado.

— Casa nova, vida nova. – resmunguei, largando as malas no chão.

  Tirar as roupas das malas podia muito bem esperar. O que eu precisava naquele momento era me largar no sofá e dormir por um bom tempo. Logo após isso, iria arrumar a casa.

  Me deitei no sofá, e senti como se estivesse no paraíso. Tirei o par de tênis, os meus pés cobertos apenas por um par de meias, e encarei o teto.

  Meu último pensamento antes de adormecer foi uma pergunta:

  “Onde está o tal fantasma?”

***

  Uma das coisas mais comuns do mundo era eu ter pesadelos frequentes. Normalmente, eles eram de mortes de fantasmas que eu conversei ou até mesmo algumas premonições. Mas nenhum desses pesadelos conseguiu ser comparado ao que eu tive naquele dia.

  Era de noite, nove horas segundo o elegante e caro relógio que se encontrava na parede do corredor onde eu estava. Olhei para as minhas mãos e, a julgar pela minha opacidade, era a minha alma presente naquele sonho.

  Ouvi um barulho vindo de um quarto. Lembrava o choro de uma criança. Caminhei até o quarto e passei pela porta sem abri-la (afinal, eu era a minha alma).

  Talvez eu tivesse visto uma das cenas mais chocantes da minha vida. Afinal, se você estivesse no meu lugar, não iria acha nem um pouco legal ver que um grupo de seis pessoas encapuzadas torturando um garotinho de, aproximadamente, seis anos. Ele soluçava, desesperado, o rosto e o resto do corpo coberto de sangue.

  Senti meu coração se apertar quando um deles bateu novamente no garoto, que aquela altura já tremia de tanto chorar.

— Chega, Dolohov! – rosnou uma voz feminina, cheia de ódio. – Se continuar desse jeito, o garoto vai morrer e nossas chances estarão destruídas!

  O que se chamava Dolohov parece ficar emburrado com aquilo, mas não disse nada. A dona da voz feminina então se aproximou do garoto. Tentei ver como era o seu rosto, mas as sombras e a escuridão não permitiram.

— Eu vou perguntar mais uma vez, pirralho. – ela disse, a voz perigosamente calma. – Se você responder corretamente, nós deixaremos você ir embora. Onde está o cofre dos seus pais?

— E-Eu não sei! – ele choramingou.

  Vi a mulher pegar um taco de baseball, mas fechei os meus olhos, não tendo a coragem de ver tal atrocidade. Posso ter me negado a ver o que aconteceu, mas o grito de dor do garoto não deixou-me ser enganada. Abri os olhos novamente, percebendo que sangue escorria da boca dele.

— Irei perguntar novamente. – ela rosnou. – Onde está o cofre de seus pais?

— Eu já disse que não sei! – ele chiou em meio aos soluços.

  Fechei meus olhos novamente, e escutei mais um grito. O garoto estava em uma situação deplorável, parecia que não ia aguentar por muito tempo.

— Só mais uma vez, pirralho, só mais uma vez. – ela disse, se colocando de pé. – Onde está o maldito cofre?

— Eu realmente não sei. – ele disse. – Por favor, me deixem ir, juro que não sei de nada.

  O mais alto dos encapuzados pareceu refletir.

— Ele é inútil, Milorde. – ele murmurou para um homem que estava parado atrás dos outros, com uma postura fria demais para o acontecimento. – Parece que realmente não sabe de nada.

  Para o meu desespero, o homem cujo o outro se referiu como “milorde” disse friamente:

— Então o matem.

  Fiquei paralisada enquanto observei o grupo sorrir maldosamente e passar a bater com uma violência tremenda no garoto, enquanto ele gritava por socorro.

— Deixe-me acordar! – eu gritei, não aguentando mais ver tanto sofrimento. – Deixe-me sair daqui!

  A última coisa que consegui ver antes de acordar foram os olhos dele se tornando sem foco, seu corpo relaxando e a vida se esvaindo.

***

  Acordei com um tremendo barulho vindo da cozinha. Fiquei realmente aliviada, afinal, queria ter acordado daquele pesadelo o mais rápido que eu conseguisse.

  Um pouco grogue, olhei para o relógio, ficando um pouco surpresa ao perceber que dormi até às nove horas da noite. Levantei do sofá e caminhei até a cozinha e, ao chegar lá, arregalei os olhos.

  Pratos voavam de um lado para o outro, fazendo um barulho imenso. Precisei me abaixar quando uma faca de serra veio na minha direção.

— Por que está fazendo isso? – gritei em meio a todo o barulho.

  Me surpreendi quando recebi uma resposta:

— Saia desse apartamento agora!

— Nós não podemos conversar?! – gritei, me escondendo debaixo da mesa para evitar ser atingida pelo vidro. – Quero dizer, eu não quero fazer nada com você!

  Um garfo veio na minha direção, mas eu desviei. Em outra tentativa de tentar acalmar o fantasma, eu gritei:

— Escute, meu nome é Lily Evans e eu posso ver espíritos e fantasmas!

  Um minuto após eu ter dito o que eu podia ver, os pratos caíram no chão, quebrando-se. Me levantei do chão e vi uma pessoa de pele incrivelmente pálida se aproximando. Devia ter a minha idade. O cabelo negro espetava para todos os lados e os olhos castanhos me encaravam, desconfiados.

— Meu nome é James. – ele rosnou. – James Potter. O que você está fazendo na minha propriedade?


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Notas finais do capítulo

:3 :3 :3 :3 :3 :3



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