O Jogador de Basquete e o Gótico escrita por Creeper


Capítulo 30
Seus pensamentos estão sendo revelados


Notas iniciais do capítulo

Olá! Não postei ontem, pois na casa da minha mãe a net estava horrível e quando vim pra casa do meu pai na esperança do WiFi estar bom, o que acontece? Acaba a energia. Só pode ter sido maldição por eu ter feito acabar a energia no capítulo "A Casa do Gray" bem na hora do beijo entre Gray e Leo! Tudo que vai, volta.
Boa leitura ♡! Espero que gostem! O cap está enorme!



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" ~Mês Maio, Ano 2001~
Querido Diário,
Algo horrível aconteceu...
Jerry voltou da tal "viagem". Ele veio direto falar comigo, me pegando desprevinida, em um momento que eu estava sozinha em casa, Gisele estava trabalhando e meus pais haviam saído para levar Drew para passear pela vizinhança.
Eu estava na cozinha cortando vegetais para colocar na sopa que estava preparando, aproveitei que estava com a faca na mão e apontei para Jerry, porém eu tremia feito vara verde, o que fez ele dar uma risada irônica.
"Largue isso, Madeline." Ele mandou enquanto deslizava sua mão até seu cinto. Em um movimento rápido ele tirou dali uma arma e a encostou em minha testa. "Não quer morrer aqui, certo?" ele perguntou de modo psicopata.
Imediatamente larguei a faca e ergui as mãos para o alto.
" Maddy..." sussurrou. "Quero que você venha morar comigo".
"Não" respondi engolindo em seco.
"Não foi um pedido e sim uma ordem" Jerry sorriu.
"Eu tenho um filho, sabia?" eu suava frio.
"Ele também é meu filho, e pela lei, tenho direito de vê-lo" Jerry voltou a ficar sério.
"Como se eu fosse deixar..." cerrei os dentes.
"Vai deixar sim, na verdade, eu, você e...Qual o nome dele mesmo?" Jerry arqueou uma sobrancelha.
"Nem sequer sabe o nome do seu próprio filho!" me alterei.
"Calminha!" ele forçou a arma contra minha cabeça. "Qual o nome?"
"Drew" respondi secamente.
" Eu, você e Drew vamos morar juntos como uma família." Jerry disse calmamente.
"Nunca!" me desesperei. "Você nem se importa! Nunca quis ser pai! Esqueceu que me pediu para abortar?!"
"Quietinha..." Jerry sussurrou. " Minha avó me deixou uma herança que está sob os cuidados dos meus pais, eu só posso pega-la se for usa-la pro bem de meu filho..."
"Você é um ser humano terrível, ganancioso e arrogante! Como pude permitir ser pai do meu filho?!" gritei. "E...Só o quer pelo dinheiro?"
"É uma ótima quantia, posso te dar metade se concordar ficar comigo."
"Não quero seu dinheiro." eu disse de maneira rude.
"Mas quer a vida de seu filho e a sua,certo?" Jerry riu enquanto ameaçava puxar o gatilho. "Se você morrer agora, sou eu quem fico com o Drew! Ou acha que são seus pais? Meu advogada nunca permitiria isso" riu.
"Ora, seu..." cerrei os punhos.
"Prefere deixa-lo em minhas sujas mãos ou prefere estar ao lado dele?" Jerry perguntou sério.
"Ao lado dele" respondi rápido.
"Então venha morar comigo" Jerry sorriu. "Mas, para te aliviar...Você pode escolher a casa. Pode mantê -lo longe de mim...Está certa em dizer que sou ganancioso, até porque você já não me interessa mais...Não serve. Eu arrumei outra idiota para satisfazer meus desejos e vontades. " sussurrou em meu ouvido.
Como se eu tivesse esquecido que ele apontava uma arma para minha cabeça, em um ato desesperado peguei a faca novamente , porém antes de tentar algo, Jerry foi mais rápido e segurou minha mão, a imobilizando.
"Você é odiavél" cuspi em seu rosto, eu estava me arriscando demais, mas era necessário...Era necessário deixar claro meu ódio por Jerry.
"Acho que você aceitou a proposta, certo?" Jerry estava irritado.
"Não."
Meu coração parou de bater e meus olhos se arregalaram quando o vi puxar o gatilho, eu esperava pelo tiro que iria tirar minha vida...Mas ele nunca veio.
"Idiota..." Jerry riu jogando a arma no chão. "Está descarregada, sua tonta! "
Fiquei sem reação enquanto meu corpo mole cambaleava para o lado, precisei me apoiar no balcão para manter o equilíbrio.
"Não posso te matar...Ainda." Jerry suspirou. "Nos encontramos amanhã para escolher nossa casa?"
Eu estava sentada no chão, ainda tentando me recuperar, a respiração ofegante e o coração agitado.
"E...Se...Eu contar a alguém?" ousei perguntar.
"Todas as opções negativas te levarão a um destino nada agradável ,Madeline. Só a uma opção que pode aceitar, e essa sou eu quem dito as regras." Jerry pegou a arma e a colocou pendurada em seu cinto. "Adeus." se retirou dali.
Abracei meus joelhos e me derramei em lágrimas, eu estava assustada...Com medo...Havia acabado de passar por um choque, a pessoa que eu mais amei estava me ameaçando, ameaçando nosso próprio filho...Por que eu não ouvi os conselhos de minha irmã? Por que não terminei com Jerry antes de termos nossa primeira relação? Drew, desculpa...Mas se eu soubesse que eu e você sofreriamos dessa maneira, eu preferia que você não tivesse existido, não estou falando de ter te abortado, eu nunca seria capaz de fazer isso, estou falando de ter evitado a gravidez desde o início.
Chorei por mais um tempo, sem saber o que fazer, repassando a última frase de Jerry em minha cabeça...
O que eu faço?
"
Quer dizer que se a arma não estivesse descarregada, ele teria atirado do mesmo jeito? Realmente, nem eu e nem Jack sabíamos com quem íamos lidar. Jerry quase matou minha mãe! Ele não hesitaria nem um pouco em me matar, afinal, talvez eu seja quem ele mais odeia nesse mundo.
" ~Mês Julho, Ano 2001~
Querido Diário,
Foi difícil convencer meus pais e Gisele que eu e Jerry voltariamos com nosso relacionamento (O que era mentira) e morariamos juntos. Gisele me deu uma bronca e ficou me perguntando se eu era louca de ficar com ele depois de tudo, eu apenas respondi que quando pudesse lhe explicaria tudo.
Exigi uma casa na rua de cima da casa de meus pais, a única disponível.
Por sorte, tinha dois quartos, fiquei com o que tinha banheiro, isso evitaria que eu saísse muito de lá de dentro. O quarto na verdade era do Drew, tinha seu berço ,seus brinquedos, o guarda-roupa com suas roupinhas e etc. Coloquei minha cama de solteiro ao lado de seu berço, para poder cuidar dele durante a noite. Era um lugar agradável, bem, mas só ali, o resto da casa não.
Drew estava dormindo e como eu não tinha nada para fazer decidi desenhar o quarto para me distrair, olhe:
"
Mamãe desenhava bem, assim como Amanda, as duas são ótimas desenhistas, já eu não sei nem desenhar um bonequinho de palito.
" Quando Jerry está em casa só saio do quarto quando realmente preciso, já quando ele não está, aproveito e vou para a casa de meus pais, levo Drew para passear e tomar um ar. Meu garotinho está crescendo, tão lindo e saudável.
Ele é minha felicidade e não posso deixar minha felicidade ser acabada por Jerry, falando nele...
Eu já disse que chamaria a polícia se ele tentasse algo comigo ou com meu filho, ele aceitou com uma calma anormal. O que me deu na cabeça namorar com ele? Eu era jovem...Jovem,inocente e...Burra.
Gisele me pressiona para que eu a conte o que aconteceu para eu ir morar com Jerry de maneira repentina, entendo, em seu lugar eu faria o mesmo, ela está preocupada, assim como eu. Em nenhum momento deixo de desconfiar do homem que apontou uma arma para minha cabeça e mandou eu abortar nosso filho.
Eu não queria ter aceitado a proposta de morarmos juntos, mas estava com medo de dizer não, eu não ousaria desafiar Jerry. Mas...Por que ele quer tanto essa herança? Ele já não ganha dinheiro o suficiente com o tráfico? Oh, ele é ganancioso...Essa é a resposta.
No momento passa da meia-noite, a porta do quarto está trancada assim como a janela, Jerry saiu de manhã e ainda não voltou, não que eu me importe, sequer nos falamos desde que viemos morar juntos, acabei de colocar Drew para dormir, confesso que é cansativo cuidar de um bebê sozinha, pelo menos quando morava com meus pais, eles e Gisele me ajudavam, mas agora...Foram várias as noites que ele me acordou com seu choro de dor ou fome, e eu sem dar uma de preguiçosa sempre ia ao seu auxílio. Não que eu esteja reclamando, nada disso! Drew é a coisa mais preciosa para mim e adoro cuidar dele, faço tantos planos para quando ele crescer...Ai, sou uma mãe sonhadora. Estou escrevendo no banheiro ,não queria escrever no quarto com a luz acesa, isso poderia incomodar Drew que dormia tão sereno...
Bem, já estou com sono, então acredito que eu vá dormir em breve e sinceramente, torço pra Jerry não voltar para casa hoje.
"
" ~Mês Agosto, Ano 2001~
Querido Diário,
Sentiu saudades? Não escrevo há um mês. Ultimamente ando ocupada demais...
Diário, estou precisando desabafar. Não é nada agradável viver trancada em um quarto, o quarto é espaçoso, mas nada comparado ao ar livre, queria poder andar pela casa e quintal, mas não quero ter que olhar na cara de Jerry. Drew também não gosta de ficar o dia todo no quarto, ele demonstra estar incomodado...
"
Nossa, e hoje em dia eu fico incomodado de estar fora do quarto. Senhor, eu não era eu...
" E ele está em fase de crescimento ,precisa de banho de sol, não quero meu filho com a pele pálida igual a de um vampiro "
Ah, você não viu nada então. Consigo contar até quantas veias eu tenho no corpo de tão pálido que sou, tá, exagero...Muito exagero...Exagerei mais que o Gray agora. Desliga o modo exagerado...Mas, Nanda diz que eu devo ter anemia, mas para mim eu estou bem, essas duas querem que eu tome banho de sol e fique torrado, só pode.
" Então, vou para o quintal com Drew e fico com ele no colo, tentando o distrair, apontando para nuvens ou insetos, mas ele é preguiçoso e aproveita para dormir, parece sempre estar cansado , vida de neném é fácil. Tento ignorar a presença de Jerry nas raras vezes que ele está lá.
E, infelizmente...Ele estava lá nesse dia e não me ignorou como o de costume.
"Então essa é a cara do nosso filho?" Jerry brincou, ele ria, mas parou ao ver meu rosto sério.
"Sorte que ele puxou para mim e não pra você" respondi secamente.
"Madeline, você nunca saí daquele quarto, parece que eu moro sozinho." Jerry comentou.
"Como se você ligasse..." me afastei.
"É verdade...Não ligo, você adivinhou". Jerry sorriu cínico. "Mas...Temos que atuar bem quando meus pais vierem me visitar, correto?"
"Pra que vai usar o dinheiro da herança?" perguntei séria.
"Sair do país e começar de novo minha vida". Jerry se espreguiçou.
"De quanto é essa quantia?" arqueei uma sobrancelha. Dependendo do valor, pretendia arranjar um jeito de lhe dar esse dinheiro para que pudesse me livrar do trato.
"Madeline...Muito. É muito. Você teria que vender seus órgãos de mais de dez vidas ". Jerry riu.
Me surpreendi ao vê-lo acender um cigarro, nem sabia que ele fumava.
"E você?" me olhou. "O que fará com o dinheiro?"
"Tenho planos" respondi rapidamente. Planos pro meu filho.
"Anda se relacionando com alguém?" Jerry perguntou tragando. "Sabe, é tecnicamente solteira".
"Não que te interesse." falei. Eu não estava, todos os homens que conhecia eram maridos ou namorados de minhas amigas ou vizinhas, sequer tinha amizade com algum, imagina um relacionamento.
"E você?" temi ao perguntar. "Disse que tinha arranjado...Outra idiota".
"Sim" Jerry sorriu.
"É uma idiota por estar se metendo com você" o olhei com nojo.
"Então admite que você também foi idiota?" Jerry olhou para o céu.
"Admito." engoli em seco. "Um aviso...Cuidado para não fazer um filho nela igual fez em mim".
"Nós dois fizemos, eu não tenho culpa de tudo, e foi você quem não quis abortar" Jerry me olhou com desprezo.
"Eu não estou reclamando de ter sido mãe! Estou reclamando de você ser o pai!" gritei entrando dentro de casa. "E quer saber?! Prefiro que você vá com essa tal idiota, mas me deixe viver em paz com meu filho!" tranquei a porta e fechei as janelas, o deixando para fora.
"Madeline, abra essa porta!" ele disse irritado batendo na porta bruscamente.
"Você vai ficar aí fora!" gritei indo para meu quarto.
Drew acordou com a gritaria, ver seus olhinhos abrindo cheios de lágrimas doeu meu coração.
"Não chora..." tentei acalma-lo.
"Madeline!" Jerry continuava a gritar.
"Mamãe está aqui..." beijei sua cabeça. "E sempre vai estar".
"
"E sempre vai estar"...Isso foi uma mentira. Você mentiu.
Você faz falta. Muita falta...Na verdade, eu...Te odiava. Te odiava ao saber que teve coragem de me abandonar, odiava você e Jerry, não queria saber da existência de vocês. Mas, agora...Agora que você não está mais aqui...Agora que eu soube por tudo que você passou, agora que sei de seus pensamentos, agora que estou ciente da situação...Eu sinto sua falta...Mamãe. Eu realmente sinto sua falta. Está tudo tão confuso agora...Não que a Nanda não seja uma boa mãe, ela é, mas...Ninguém pode substituir ninguém. Eu queria ter passado mais tempo ao seu lado, ter tido mais momentos juntos! Os sete anos passaram rápidos e despercebidos, eu os apaguei de minha memória porque não queria me machucar ao lembrar deles. Todo esse tempo...Eu não liguei para o fato de não ter mãe. Mas agora...Agora...Agora eu...Não consigo parar de pensar nisso. Mãe...Dizem que é quem cria, mas nesse caso, também quem te colocou no mundo, mãe é a mulher que te deu a vida...Se eu considero Amanda minha mãe? Com certeza! Mas...Se eu queria ter Madeline aqui comigo? Sim, sem pensar duas vezes.
—Drew?-Brady sussurrou.-Drew...Você...
—Eu já disse, é só um cisco.-minhas palavras saíram em um sussurro, não tinha a capacidade de pronunciar algo alto com aquele nó formado em minha garganta. Talvez eu tivesse mesmo muito choro acumulado.
As lágrimas deslizaram por meu rosto e ao caírem molharam as páginas do diário. Eu tentava me controlar, mas em meio ao choro, veio o soluço. Engole o choro, engole...Ah, não dá.
Tentei esconder meu rosto com o capuz da blusa e virar a cabeça, de modo que Brady não pudesse me encarar.
—Drew...-Brady limpou meu rosto com a costa da mão.
—Eu só estou suando pelos olhos.-menti. A internet me ensinou que se deve dizer que ninjas cortadores de cebola me fizeram uma visita.-Não é nada de mais...-funguei afastando sua mão. Esfreguei meus olhos com a manga da blusa, tentando tirar dali qualquer gotinha de água.
—Por que?-Brady sussurrou preocupado.-Por que estava chorando?
—Não estava chorando.-falei baixinho, novamente fungando.
—Tudo bem se não quer falar...-Brady suspirou.-Mas não faz isso! Assim você me deixa triste. Só que...Se precisar chorar, eu estou aqui, posso te consolar, sabia?-deu um sorriso fraco.
Fiquei quieto durante alguns minutos, eu estava sério e perdidos em meus pensamentos.
—Foi bom você ter vindo.-falei finalmente.
—Hoje o dia está cheio de emoções, não é? -Brady segurou meu rosto com suas mãos, me obrigando a olha-lo.
—E vai ficar mais cheio ainda...-dei um sorriso fraco e sem firmeza. Com delicadeza retirei suas mãos de meu rosto e virei a cabeça para encarar pela janela a paisagem que se movia conforme andávamos.
Não faltava muito para chegarmos pelo que vi em uma placa. A hora da verdade estava chegando.
Suspirei.
—Eu odeio.-disse.
—Hã?-Brady me olhou sem saber de nada.
—Odeio demonstrar emoções.-me encolhi.
—Mas isso é bom, as pessoas precisam saber o que se passa com você para que possam te ajudar!-Brady me encorajou.
—Brady...-minha voz falhou.-O que faria se sua mãe morresse?-mordi o lábio inferior.
Brady se assustou com a pergunta, pareceu pensar um pouco e por fim falou:
—Eu ia chorar muito...Me arrepender das vezes que fiquei irritado com ela, de tê-la xingado mentalmente por ter me colocado de castigo, por não ter passado mais tempo com ela. Eu ia ficar acabado...Sério, ia ficar muito deprê e ficar questionando minha existência.
Brady só piora as coisas.
—Não ajudou.-o encarei.
—Desculpa.-ele sussurrou.-Se serve de consolo...Sinto muito.
—Eu quero minha mãe de volta.-sussurrei fechando os olhos, tentando visualizar alguma memória boa que me restava de mim com ela. Mas nada me veio a mente. Somente o dia na estação de trem...Quando fui abandonado.
Abri os olhos e balancei a cabeça negativamente.
—Não sei o que dizer.-Brady mordeu o lábio inferior e pegou em minha mão.
—Ficar quieto já é o bastante.-pedi.
E ele ficou quieto, ele me respeitava e sabia pelo que eu estava passando.
" ~Mês Abril, Ano 2007~
Querido Diário,
Faz anos que não escrevo, não é mesmo? A verdade é que te perdi em meio a mudança, sim diário, mudamos de casa, para uma perto da casa de uma antiga vizinha de minha mãe, uma senhora gentil e agradável, uma verdadeira amiga. E, bem perto dali ficava o centro comercial e uma área vigiada pela polícia, apenas por isso me senti segura.
Drew está crescidinho, já é um garotinho, é sonhador, brincalhão e sempre está sorrindo. Ele cresceu...Foi tão maravilhoso acompanhar seu crescimento durante esses anos! Agora pelo menos tenho com quem conversar quando não vou pra casa de meus pais!
Ficar trancado em um quarto faz mal ao Drew, ele quer brincar e conhecer o mundo, ele... Não entende a gravidade do problema.
Diário, continuo morando com Jerry após todos esses anos, parece que a herança agora é do Drew, e "nós" (Jerry) só podemos retirar quando ele for maior de idade, isso deixou Jerry furioso, eu disse que não fazia sentindo continuarmos fingindo ter uma relação estável, mas ele rebateu dizendo que eu ia fugir com o garoto e não permitir que ele retirasse o dinheiro. Isso era verdade, eu fugiria.
Eu estava tentando achar uma maneira de me livrar de Jerry, não iria suportar mais anos ao seu lado, era sufocante, eu estava sofrendo.
"Mamãe, por que não posso ir lá fora brincar?" Drew perguntou emburrado.
"Porque você deve ficar onde a mamãe possa ver" respondi.
"Mas, por que?" Drew questionou.
"Porque..." mordi o lábio. "É perigoso".
Drew deitou na cama de casal que dividiamos ,estava emburrado.
"Que tal irmos visitar a vovó e o vovô?" sorri, era uma tentativa de vê -lo se alegrar.
"Eba!" Drew se animou.
Drew não vai a escola, eu o ensino em casa, preferi isso porque assim não corro o risco de Jerry dar um jeito de ir na escola enquanto estou trabalhando e dar uma descula como ter de leva-lo ao médico e fugir com meu filho.
Quando estou trabalhando, deixo Drew com meus pais, eles também o ensinam, porém ele tem muita dificuldade em ler, ainda não aprendeu. Já passou da idade, mas ele se nega a aprender a dar som as letras.
"Mamãe, e o papai?" Drew perguntou enquanto colocava seus brinquedos em um mochila.
Fiquei quieta. Drew insistia em chamar Jerry de papai, doía ouvir aquilo, mas eu não iria brigar com ele só por ter dito tal palavra, não era um palavrão.
"Vamos indo, sim?" forcei um sorriso.
"Papai e eu nunca nos falamos...Por que, mamãe?" Drew perguntou pensativo.
"Papai não é de conversar" cerrei os dentes.
"Ele só conversa com aquela mulher, não é mesmo?" Drew franziu a testa.
"Que mulher?" o olhei curiosa.
"Uma bem nova, parece uma moça...Olho eles conversando pela janela! Toda noite, e eles sempre se despedem assim, ó!" Drew ao falar "ó" começou a fazer barulho de beijo com a boca.
"Papai beija menininhas, filho?" o olhei horrorizada.
"Deve ser porque ele gosta de crianças, mãe!" Drew sorriu inocente. "Ele é bonzinho com elas". fechou o zíper da mochila. "Mamãe, você faz smac smac?"
"Smac smac?" arqueei uma sobrancelha. Drew voltou a fazer barulho de beijo, então entendi. "Não, Drew, a mamãe não beija". falei.
"Mamãe, eu quero beijar alguém um dia igual o papai beija aquela moça!" Drew disse. Santa mãe da inocência infantil. Se Jerry beijava a tal menina como me beijava antes...Ele praticamente queria me engolir!
Não vou permitir que meu filho faça isso com a filha dos outros!
"Não, isso é errado, é abuso." o repreendi.
"Mas parece legal!" Drew fez biquinho.
"Drew, não é legal! E desde quando quer beijar? E por que?!" o enchi de perguntas.
"Curiosidade, mamãe" Drew sorriu travesso.
"Você ainda é muito novo pra essas coisas! Seu pai é mau exemplo!" bufei.
Viu só? Se você sentar perto de alguém doente, você não passa sua saúde pra ela, você pega o vírus da gripe! Ou seja, o mal contamina, o bem não!
Não quero Drew pensando nesse tipo de coisa nessa idade.
"Mamãe..." Drew disse envergonhado enquanto olhava o chão.
"Sim, filho?" o encarei.
"Sabe o neto da Doninha?" Drew perguntou. Ele chamava a amiga de minha mãe de "Doninha" .
"O que tem ele?" perguntei. Drew costumava brincar com aquele garoto, se não me engano ele era um ou dois anos mais velho, me esqueci de seu nome, nunca falei com ele diretamente.
"Ele disse que a gente devia fazer smac smac pra tirar a curiosidade!" Drew confessou.
Céus...Aquele garoto queria beijar meu filho? Certo, eles eram crianças, não faziam idéia que era considerado "errado" pela sociedade, eram inocentes e queriam conhecer o que os adultos faziam na sua frente.
"Drew...Vocês não fizeram smac smac, né?!" perguntei assustada.
"Não, eu disse que tínhamos que ser mais grandes!" Drew sorriu.
"Maiores" o corrigi. "Mas agora mesmo você disse que tinha curiosidade de beijar..."
"Ah...Eu tenho sim,mamãe. Mas acho que você tem razão, sou muito novo! Já passou a curiosidade". Drew cruzou os braços.
"Ufa..." suspirei aliviada. "Não quero saber de você beijando aquele garoto, ouviu?"
"É por que ele é igual a mim, mamãe? Um menino? Eu só vejo um homem e uma mulher se beijando, nunca vi um homem com outro homem ou uma mulher com outra mulher!" Drew parecia confuso.
"Não é pelo fato dele ser garoto, Drew. É pelo fato de serem novos demais, porém...Quando for mais velho e quiser fazer isso com ele, eu...Vou ter que aceitar." engoli em seco.
"Decidi então! Vou dar um smac smac nele quando formos altos!" Drew sorriu determinado.
"Altos?" ri.
"Assim, desse tamanho!" mostrou a altura que teria quando daria seu primeiro beijo. "Ah...Mas eu acho aquela garotinha que mora perto da vovó muito bonitinha também! Podia dar um smac smac nela..."
"Chega de smac smac! Vamos pra vovó." peguei sua mochila. "Acabou esse papo que não é adequado pra sua idade, mocinho!"
Ai, diário , Drew pode não saber ler, mas é atento e inteligente, onde já se viu eu conversar sobre smac smac com meu filho de seis anos?
Oh, mas eu fiquei preocupada...Será que ele vai mesmo beijar aquele garoto? E aquele garoto, quer mesmo beijar meu filho? Eles são crianças, não sabem como fazer isso da maneira certa, né? Bem, veja pelo lado bom...Ele não pensa em garotas, então não preciso me preocupar em ser avó quando ele tiver idade suficiente para saber fazer um filho. Mas se ele for visto com um menino vai sofrer preconceito, e agora? Não pense nisso ,Madeline. Ele é muito novo ainda.
"
Eu estava de boca aberta. Um garoto queria me beijar? E se ele me beijou e eu menti pra mamãe? Eu não me lembro do que examente aconteceu! Mas que lembro do neto da Doninha, eu lembro! Ele era bem avançadinho, mesmo que tivéssemos apenas um ano de diferença de idade. Sempre brincávamos juntos, era uma das únicas crianças do bairro, então se tornou meu melhor amigo, realmente eu passava bastante tempo na doninha.
Olha, talvez eu não fosse BV quando beijei Brady!
E, de repente, me lembrei...Tive uma lembrança desse tal garoto, poxa, eu devo ser um ser humano terrível ao não lembrar o nome do próprio melhor amigo!
"—Doninha, eu não entendo!-reclamei encarando o caderno em minha frente, eu enxergava as letras como rabiscos e não conseguia ler.-M...Ma...Maerre...
—Mar.-Doninha disse calmamente.-Março.-completou.
—Maerresso.
—Você não pode ler as letras como elas são escritas!-Doninha falou pegando o caderno e escrevendo outra palavra.
—É difícil...-me emburrei, peguei o copo de leite achocolatado gelado que estava ao meu lado na mesa e dei um grande gole.
—Que tal uma pausa?-Doninha sorriu. Ela tinha tanta paciência comigo, era tão idosa e boazinha. -Vou ir preparar o almoço.-se levantou.
—Doninha, seu neto já vai chegar da escola?-sorri esperançoso.
—Daqui a pouquinho, o pai dele vai trazê-lo.-Doninha sorriu e foi para cozinha.-Vou fazer carne com batatas, que tal?
—Tudo o que você faz é gostoso!-fechei o caderno e terminei de tomar meu leite.
—E brócolis?-Doninha riu.
—Menos brócolis!-fiz uma careta.
—Pensei que Maddy havia te ensinado a comer verduras!-Doninha voltou com um pote cheio de batatas na mão.
—Menos brócolis, é feio...Parece um alienígena.-cruzei os braços e fiz bico.
Doninha riu e começou a descascar as batatas. Eu a chamava de "Doninha" por ser o diminutivo de "dona" ,foi meu melhor amigo que me ensinou.
—Cheguei ,vovó !-ouvi aquela voz que soava como a risada gostosa de Lily. A porta foi aberta, revelando ele e seu pai. Aquele cara me dava arrepios.
—Drew?!-ele sorriu ao me ver e correu para me abraçar.-Drew, aprendi tanta coisa hoje na escola!-jogou sua mochila no chão e de lá tirou um caderno.-Tenho tanta coisa pra te ensinar!
Ah, ele também me ensinava, lembro-me que ele ia a escola e tudo o que aprendia de novo fazia questão de me fazer aprender também.
—Hoje a aula foi divertida!-ele sorriu.
Seu pai vinha logo atrás, olhando tudo de soslaio.
—Bom dia!-tentei ser amigável.
—Bom dia.-o senhor disse sério e foi até sua sogra.
—Ei, Drew...Conseguiu ler algo hoje?-ele se debruçou no chão e abriu seu caderno na matéria que dizia ser matemática.
—Nadinha.-balancei a cabeça negativamente e me deitei ao seu lado. Lógico que eu ficava emburrado, tinha inveja que ele ia para a escola e aprendia, sendo que eu sequer sabia ler.
Ele ocupava muito espaço para escrever, eram necessárias duas linhas para fazer o número "2", os números eram enormes, então com curiosidade fui colocar minha mão sobre a folha, como se quisesse apontar para eles.
—Ei, olha isso!-no mesmo momento que coloquei minha mão, ele colocou a sua por cima da minha.
Começamos a rir feito bobos, então retiramos nossas mãos.
—É fácil...Vou te ensinar!-ele começou a explicar a continha de adição.
"
Meus pensamentos foram interrompidos pelo som de um celular tocando, e esse era de Brady.
—Alô?-Brady atendeu de imediato.-Oi...-riu sem graça.-O-Onde eu estou? Ora, lógico que eu estou na casa do meu amigo Drew!-estava nervoso.-Winnie...-franziu a testa.-Certo.
Brady colocou a mão sobre o celular, abafando o som e sussurrou:
—É minha governanta, ela mandou botar no viva voz!
Concordei com a cabeça.
—Brady? Brady, onde você está? Sei que não se encontra na casa do Drew, eu liguei para a mãe dele faz 12 minutos e ela disse que ele vinha dormir aqui em casa. E se vai
perguntar como tenho o número dela, eu tenho uma agenda que contém o número de todos os parentes de seus amigos.
—a tal Winnie disse preocupada.
—Winnie, a gente tá dando uma volta...-Brady revirou os olhos.
—Essa hora da noite? Não minta. Sorte sua que seu pai não chegou do trabalho ainda e sua mãe está dormindo, ou eles colocariam a polícia atrás de você!
—Winnie, a gente só...-Brady ia tentar, mas foi interrompido pela alta e ensurdecedora buzina de caminhão.
Que som foi esse?
—Um caminhão que carrega cerveja , é carga para conveniência!-falei rapidamente.
—Eu conheço os horários, nenhum caminhão faz entregas a esta hora, principalmente em conveniências, a carga chega de dia, para de noite não faltar.
—Winnie, vou falar a verdade...-Brady suspirou, o olhei com os olhos arregalados e de todos os modos tentei impedi-lo de dizer.-Eu e o Drew estamos fugindo, a gente se ama e vai sair da cidade, porque esse é um amor proibido que ninguém aceita.
O outro lado da linha ficou em silêncio.
Ele sabe cozinhar? Sabe que você tem que ter uma boa alimentação e se manter nutrido para jogar basquete, né?!
Brady riu e eu bati com a mão na testa.
—Winnie, te conto depois, enrole meus pais por mim, por favor.
Não posso negar seus pedidos, mas eu estou preocupada, onde vocês se meteram?
—Praticamente a parte de sair da cidade com o Drew é verdade...-Brady riu nervoso.-Mas vamos voltar, espero que antes do amanhecer!
Brady, não quero que nada de ruim aconteça com você, se cuida, meu xuxu!
—Winnie...-Brady reclamou.
Docinho, filho adotivo, coração, amor! —Winnie gargalhava.
—Quanto amor...-dei um riso abafado.
—Drew?-Winnie perguntou.-Drew, meu xuxu falou muito de você! Parece que são grandes amigos! Ele vive falando que quer que você venha aqui em casa e...-começou a tagalerar.-Ah, Brady também contou que ele foi seu primeiro beijo...
Olhei Brady mortalmente.
Ele massageou a nuca, se fazendo de inocente.
—A Winnie é a única que eu confio pra esse tipo de coisa...-Brady sorriu sem graça.
Vocês estão aquecidos? De barriga cheia? Tomaram água?
—Winnie, já falei para parar de me tratar como bebê...-Brady riu.
Oh, desculpe...Costume. -Winnie riu.-Boa viagem! Eu vou fazer o máximo pro seus pais não desconfiarem! Beijos, tchau!
—Valeu, tchau!-Brady disse desligando o celular.-Ufa...-suspirou.
—Ela parece gente boa...-sorri sincero.
—E é!-Brady retribuiu o sorriso.-Eu sempre posso contar com a Winnie, ela é como uma segunda mãe...Você precisa conhece-la!
—Eu vou na sua casa depois dessa viagem.-concordei com a cabeça.
—De verdade?!-os olhos de Brady brilharam.
—Sim.-sorri de canto.
—Céus, a Winnie vai fazer uma festa! Assim como eu!
—Não exagere...-falei.
Brady...
Céus, eu sequer ia com a cara dele quando nos conhecemos! E agora...
—Hum.-deitei minha cabeça em seu ombro, o que lhe supreendeu.-É só porque eu estou com sono.-falei baixinho.
—Tudo bem...-Brady sorriu e alisou meu cabelo.
" ~Mês Fevereiro, Ano 2008~
Querido Diário,
Eu não estou em meu melhor estado. Diário...Uma tragédia aconteceu em minha vida. Eu...Eu...Abandonei meu filho. Eu sou uma mãe horrível, eu sei! Todos tem o direito de me julgar! É que...Foi necessário, meu Deus, eu não sei o que fazer! Eu estou desesperada! Isso já faz uma semana, desde aquele dia...O dia que o abandonei, não saí de meu quarto, fiquei deitada o dia inteiro, chorando, me odiando, me perguntando o que iria fazer da minha vida, sequer fui ver meus pais...Eles não podem saber disso. Mas...O que dá na cabeça de uma mãe abandonar seu próprio filho? Ele estar em perigo.
A casa foi cercada por policiais, mas fingimos que não tinha ninguém. Jerry disse que eles estavam atrás dele, eu mandei ele se entregar, porém ele debateu dizendo que iriam me levar também por eu estar com ele e Drew seria levado para algum orfanato, já que ninguém iria perguntar se ele tinha família. Eu não podia arriscar ser presa e deixar Drew em um orfanato! Jerry me deu uma única opção...
"O abandone".
"Eu nunca faria isso!" me assustei com o pedido. Comecei a falar várias coisas, dizendo que eu era uma mãe responsável e não era capaz de dar meu filho ao mundo. "E...Não é você que o queria por causa da herança?" perguntei com um nó na garganta.
"Você fará um mapa, Drew não deve ser tão idiota...Ele vai achar alguém e pedirá pra ler! Assim ele nos encontrará!" Jerry cerrou os dentes.
"Mesmo assim, deixa-lo na rua é perigoso!"
E...Tivemos uma discussão. Debatemos o tempo inteiro, até que...Doninha me ligou, a polícia havia a interrogado, ela teve que contar que eu tinha um filho, e o policial estava vindo pra nossa casa, tomar a criança. Na cabeça dele, não se deixaria um garotinho na mão de dois supostos drogados. Doninha sequer teve tempo de explicar, o policial já bateu em nossa porta.
"E agora?" eu já estava chorando.
Foi nos dado um dia, ou entrariam a força na casa, haviam descoberto que Jerry era traficante e me botaram nessa. A noite, com muita dor e sofrimento fui obrigada a arrumar a mochila de Drew com tudo o que ele precisaria.
"Mamãe?" Drew estava esfregando um de seus olhos, havia acabado de acordar. "O que foi?" bocejou.
"Nada..." não o encarei, não queria que me visse chorar. "Volte a dormir, amanhã vamos sair. Iremos ao Parque de Diversões ..."
"Sério?!" a animação em sua voz era notável.
"Vá dormir." pedi séria , me contendo para não demonstrar que chorava.
"Boa noite, mamãe!" Drew voltou a se deitar.
Alguns minutos depois, Jerry entrou no quarto no momento em que eu estava colocando o mapa na mochila.
"Madeline..." ele suspirou.
"Não há outro jeito?" eu soluçava. "Não podemos deixa-lo com meus pais?"
"Está louca?! Assim eles decobririam quem realmente sou!"
"Melhor do que abandonar meu filho!" cuspi as palavras.
"Pode ficar o vigiando..." Jerry falou e deu as costas, indo embora.
No dia seguinte, bem cedinho, nos preparavamos para supostamente ir ao Parque de Diversões, já estava na sala com Drew, mas lembrei que esqueci sua mochila, então fui até o nosso quarto e me assustei ao ver Jerry lá. Em uma mão ele segurava a mochila e em outra um papel amassado que tentava esconder.
Peguei a mochila de sua não sem nem um pouco de delicadeza e a abri para conferir se o mapa dobrado estava ali, e para meu alívio estava.
"Vamos" ele me puxou.
Iríamos de trem, Drew estava realmente muito ansioso e contente com sua primeira ida ao Parque, aquilo partia meu coração, foi por isso que durante a viagem inteira eu não o encarei nos olhos, não queria sofrer ao ver sua expressão alegre, e não queria que ele me visse chorando. Todas as suas perguntas foram respondidas de maneira séria e impaciente, chegava a ser fria.
"Drew, pare de incomodar sua mãe!" Jerry o repreendeu, parecia irritado ao ouvir a voz do meu filho.
Encarava a janela, sem foco, eu não expressava nada, meus pensamentos estavam bagunçados. Eu só sabia que não queria fazer aquilo, mas se fosse para evitar que Drew fosse para um orfanato, seria a melhor opção...Eu iria voltar para busca-lo, pouco me importava com Jerry, eu estava decidida a denuncia-lo e dar um fim naquilo.
Chegando na estação, Jerry inventou uma desculpa de que eu e ele tínhamos assuntos a resolver e ele devia esperar ali, entreguei a mochila para ele e nem sequer pude me despedir, já que Jerry me puxou de modo brusco e me levou para longe, foi quando olhei para trás e pela última vez vi seu rostinho...Doeu. Doeu muito.
Passaram-se poucos dias, acredito que três, nesse tempo fiquei na casa de meus pais, e sempre ia a estação de trem, Drew continuava lá, eu me sentia uma marionete sem vida e sem vontade própria, eu queria trazê -lo de volta, mas era como se tivesse medo do que Jerry pudesse fazer. Eu sei, eu sou idiota. Em um desses dias, Drew encontrou o mapa em sua mochila, me alegrei, ele andou até uma moça sentada em um banco, ela era bem nova, talvez tivesse 18 anos...Ela leu o bilhete para Drew e no segundo seguinte o guiou para uma direção contrária a minha casa, o levando para bem longe. Cerrei os dentes e a almadiçoei mentalmente, ela pretendia sequestrar meu filho?! A segui, ela havia o levado para uma casa, quando eu tomei coragem para falar com ela, senti meu braço ser puxado, virei-me para trás e era Jerry. Ele me botou dentro do carro e dirigiu até a casa que eu dividia com ele. Eu não tive como protestar.
"Maddy..." Jerry me chamou.
"Não me chame assim" pedi com os dentes cerrados.
"Deixe Drew com aquela moça, quando ele for maior de idade, batemos na porta da casa dela e simplesmente dizemos que somos pais dele!" Jerry disse. "Eu só não quero mais uma criança aqui dentro de casa!"
"Ele sequer está te incomodando!" falei.
"Você pensa que não, mas é irritante!" Jerry rebateu. "O deixe com ela, aquela moça será como uma mãe de aluguel! Você se livra de uma grande responsabilidade! Iremos vigia-los, para que não saiam do país, não mudem de casa..."
"Calado." pedi, estava tremendo.
"Madeline..."
"CALADO!" gritei, estava tentando não chorar, não queria mostrar que ele conseguiu me abalar. "Eu vou atrás do Drew, nem que...Nem que...Nem que eu esteja em risco! Eu quero te-lo ao meu lado! Protege-lo!" fiz menção de sair de casa, porém Jerry me impediu e me trancou dentro do quarto, foi tudo tão rápido, que nem tive tempo de raciocinar. "Jerry!" chutei a porta.
"Só vai sair quando estiver mais calma!" Jerry gritou, seus passos ficaram mais longes, denunciando a falta de sua presença ali.
"Drew..." deixei meu corpo deslizar pela parede até me sentar no chão. "O que eu faço?" puxei meus cabelos em um ato de desespero. "Por favor, que você esteja bem..."

—Chegamos.-Grilo avisou enquanto estacionava o ônibus.
—Preparados?-Jack nos olhou mordendo o lábio inferior.
Olhei pela janela e encarei o celeiro abandonado no meio do nada, nem mesmo tinha alguma plantação, era tudo mato seco pelas queimadas...
Respirei fundo e assenti com a cabeça.
—Vamos.-falei me levantando.
—Bem, eu só posso leva-los até aqui.-Grilo alertou acendendo um cigarro.-Boa sorte, guris, agora vocês estão por conta própria.
—Valeu.-Jack falou.
—Não se afaste de mim.-Brady pegou em minha mão.
—Te digo o mesmo.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Comentem o que acharam! Quem vocês acham que é o neto da Doninha? Muahahaha, isso eu deixo com a imaginação de vocês!
Até o próximo cap!
Bjs.
-☆ Creeper.