O Jogador de Basquete e o Gótico escrita por Creeper


Capítulo 29
Uma viagem fora do normal


Notas iniciais do capítulo

Ooie! Boa leitura ♡!
O cap está pronto desde segunda, mas tive que respeitar o prazo de postagem, pra dar uma semana ^-^ ! Eu não dividi o cap, então pra não ficar muito cansativo, não precisam ler tudo de uma vez! É pra não ficar tudo repicado, sabe? MAS VOTEM!
☆~Vocês preferem:~☆
( ) Caps longos.
( ) Caps repartidos.
Espero que gostem!



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Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi me jogar no sofá e afundar o rosto em uma almofada. Amanda não estava em casa, então eu não tinha que me preocupar.
—Ah...-suspirei.
Ainda estava tentando ligar as coisas. Era complicado.
—Brady...-sussurrei olhando para a tela de meu celular que dizia ter uma nova mensagem.-"Você prometeu vir na minha casa".-li em voz alta.
Eu sei que prometi, mas como ia encarar Brady depois daquele ocorrido na quadra? Normalmente? Não dava. De verdade, o que éramos um para o outro? Okay, isso soou como aquelas adolescentes que querem compromisso decente com os caras que nem ligam pra elas, mas elas acham que sim só por terem ficado um vez. Vou precisar de uma lavagem cerebral pra esquecer esses filmes da Cassie.
Mas...Eu tinha uma promessa a cumprir e não quebro minha palavra.
Levantei-me e estava prestes a subir as escadas para poder tomar um banho (porque Nanda me ensinou que não se vai sujo pra casa dos outros) , mas ouvi um barulho vindo da cozinha. Aprendi com os filmes de terror que você não deve se aproximar ou morre, só que do mesmo jeito eu fui. A curiosidade fala mais alto, desculpa.
Andei até a cozinha com passos curtos e silenciosos e de repente me deparei com Taylor entrando pela janela.
—O que você está fazendo?-perguntei com tédio. Vindo do Jack era idiotice.
—Drew!-Jack sorriu sem jeito ao me ver.-Que bom que eu estava certo e sabia que você estaria aqui...-suspirou.-Tem mais alguém?-olhou para os lados preocupado.
—Só eu.-suspirei me encostando na parede.-Por que?
—Temos um assunto sério a conversar.-Jack disse me olhando nos olhos.
Fomos para meu quarto para ter a tal conversa, ele se sentou em minha cama e eu na cadeira giratória da mesa do computador.
—O que quer me falar?-perguntei brincando com uma caneta que estava sobre a mesa.
—Drew...-Jack suspirou. Ele parecia nervoso e preocupado.-Eu...-engoliu em seco.-Vou sair do país.
—QUE?!-arregalei os olhos.
—Olha, a situação ficou feia pro meu lado. Não posso correr esse risco, então a única alternativa é sair do país.-Jack afundou o rosto nas mãos.-É temporário.
—M-Mas...E a sua família?!-eu estava assustado.
—Drew, tenho certeza que sem mim elas estarão melhor! Afinal, se eu continuar aqui, Jerry vai continuar as ameaçando!-Jack disse.
—Mas essa não é a melhor opção! Não se deve fugir de seus problemas!-me levantei irritado.
—Então, o que eu faço?!-Jack perguntou baixinho.-Eu não quero que nenhum mal aconteça com elas...
—E acha que abandona-las é o melhor a se fazer?!-gritei.
—EU NÃO SEI!-Jack levantou o rosto e senti pena ao ver que seus olhos estavam inchados e vermelhos...Ele estava...Chorando.
—Jack, me conta desde o começo...O que aconteceu?-me sentei ao seu lado.
—Quando eu era adolescente, fui cair na bobeira de usar drogas, só que depois que conheci Alana...Ela me fez pensar melhor e dar valor a minha vida, então deixei de ser viciado, mas tinha uma grande dívida com Jerry. Depois de um tempo, Alana ficou grávida, eu precisava dar o melhor para ela e para o bebê, então peguei alguns empréstimos com Jerry. E,até hoje estou endividado...Por isso as ameaças. Achei melhor fugir, não quero ser um problema.-Jack resumiu a desgraça da sua vida.
—Jack...-sussurrei pensando.-Eu não sei o que dizer.
A gente sempre deve olhar os dois lados da história para depois julgar. Eu não fazia idéia pelo que Jack estava passando...Mas que era burrada, era burrada. Só que...Me senti ruim por tê-lo julgado tanto.
—E agora?-ele sussurrou com a voz embargada.
—Não pode chamar a polícia?-sugeri.
—Se eu pudesse, acha que eu já não teria chamado?-Jack me encarou.
—Jack...Quem realmente é esse Jerry?-mordi meu lábio inferior.
—Jerry...Nem eu sei. Ninguém o conhece direito, são poucas as vezes que conversamos cara a cara, normalmente sempre tem alguém que vai fazer o trabalho dele e conversar com os clientes.-Jack suspirou.
O silêncio tomou conta do local por longos minutos.
—Jack...-o chamei.-Meu pai se chamava Jerry...E ele era traficante.
Jack se engasgou com a própria saliva ao ouvir isso. Eu em seu lugar teria a mesma reação.
—Eu tenho medo que sejam a mesma pessoa.-admiti mordendo o lábio inferior.-Jack , de verdade, eu vou te ajudar.
—Por que você faria isso? Eu não mereço sua ajuda.-Jack encarou o chão, seu olhar estava sem brilho.
—Por que?-me levantei e fiquei na sua frente.-Porque somos irmãos, Jack! E irmãos se ajudam!-estendi minha mão para ele.
—M-Mas...Depois de tudo...Eu te abandonei, abandonei a Nanda, abandonei minha família! Você não me odeia?-as lágrimas discretas escorriam por seu rosto. Jack realmente estava sentindo dor, eu não podia negar ajuda.
—Jack, eu aprendi que não se deve guardar mágoa ou rancor.-suspirei.-Eu aprendi muito durante esse tempo. E não te odeio.-confessei com um sorriso de canto.-Pelo contrário, eu te perdoo, maninho.
Vi a face de Jack se iluminar como se suas esperanças tivessem sido renovadas, ele pegou em minha mão e o ajudei a se levantar.
—Porém...-eu disse.
—Sabia, se não tivesse um "porém " não seria o Drew que eu conheço!-Jack revirou os olhos.
—Depois de te ajudar, você vai ter que voltar a ter vida social, ou seja, vai voltar para sua família.-estabeleci.
—É o que eu mais quero,mas...
—Nada de mas, vai voltar e pronto.-eu disse com autoridade.-Não importa a circunstância, sei que elas irão entender!
—Certo.-ele sorriu limpando as lágrimas com a manga do casaco.-Por onde começamos?
—Identificando o chefão.-sorri pegando o diário dentro da gaveta.-É como um jogo de videogame, temos que estudar nosso adversário para poder dar os ataques!
—E os capangas também!-Jack acrescentou.
—E com quem podemos contar!-peguei um bloquinho de anotações e uma caneta.-Vamos arquitetar um plano, juntos!-sorri.
—Como irmãos.-Jack retribuiu o sorriso.
Estávamos prestes a começar, mas meu celular começou a tocar, ignorei pois sabia quem era.
—Não vai atender?-Jack arqueou uma sobrancelha.
—Não. -franzi a testa.
Depois de vários toques, foi ouvido um longo bipe, seguido de uma mensagem de voz de Brady:
—Drew, não adianta me ignorar, eu sei muito bem que você está ciente das minhas mensagens e ligações. É por causa do beijo? Eu não pensei que fosse te deixar tão sem graça! Poxa, eu achei que você tivesse gostado, desculpa! Me liga.
Jack automaticamente me olhou , estava pasmo, o que me fez corar e tive vontade de ser um avestruz naquele momento para esconder minha cara.
☆☆☆
—Vejamos se eu entendi bem...-Jack estava tentando segurar a risada.-Meu irmãozinho é gay?-provocou.-Cara, a Amanda sabe disso?-não se conteu e caiu na gargalhada.
—Não é engraçado, droga!-fiz biquinho e abracei meus joelhos, estávamos sentados na cama, eu havia acabado de contar TUDO sobre eu e Brady para Jack.-Eu não devia ter te contado.
—Calma, maninho...Seu irmão é muito experiente nisso,posso te dar conselhos de amor!-Jack sorriu. Ahã, sei...-Bem que eu estava começando a notar que você e Brady eram muito próximos...
—Não fala isso.-sussurrei sentindo meu rosto esquentar.
—E então...-Jack encarou o teto.-Estão namorando?-sugeriu malicioso.
—Claro que não! Acabei de descobrir que gosto dele! Não sou igual a você que saí engravidando a garota que está apaixonado!-falei.
—Pega leve!-Jack se defendeu.-Ué, mas se ele te pedir em namoro, vai dizer que você não aceita?
—B-Bem...E-eu...-pensei.-É confuso!-suspirei.-É estranho, meus sentimentos estão uma bagunça!
—O amor é assim, Drew.-Jack sorriu.-Mas é bom.
—Hum.-olhei para o lado.
—Acho que você deveria dar uma resposta para ele.-Jack disse sinceramente. -Deve estabelecer a relação, se continuarão amigos ou irão mais fundo. Ninguém gosta de ficar no vácuo.
—Eu sei...-suspirei.-Só que...Estou indeciso. Sou péssimo quando o assunto é amor. Nunca me imaginei em um romance. E como posso dar uma resposta para ele , se nem tenho para mim mesmo?
Eu parecia uma garota descobrindo a amor na adolescência. Uau...
Ficamos quietos depois disso, apenas perdidos em nossos pensamentos ,mas Jack me olhou e deu um sorrisinho brincalhão.
—O que?-arqueei uma sobrancelha.
—Tá apaixonado! Tá apaixonado!-cantarolou me abraçando.-Cara, nunca achei que viveria para ver esse dia!-fez drama.-Meu irmão se apaixonou! E por um garoto! Céus, nunca te vi como gay.
—Para com isso!-reclamei. -E se eu for? Qual o problema?-disse determinado.
—Uau, tomou atitude, vai se assumir, é? -Jack bateu palmas sarcásticas. -Saiu do armário?-riu.
Eu estava admitindo que era gay. Até que ponto eu cheguei?
—Vamos ao que interessa, nosso plano.-suspirei tentando não me irritar.
—Mudança de assunto detectada.-Jack sorriu. Atirei um travesseiro nele, só que ele revidou jogando outro na minha cara, e assim começamos a brigar usando travesseiros, mas como o Jack só trapaceia, ele começou a me fazer cócegas para que pudesse me deixar inferior e indefeso.
Eu gostei desse tempo que passei com Jack, nos divertimos como verdadeiros irmãos.
☆☆☆
—O risco de sermos pegos é alto e a possibilidade de Jerry sair ileso é maior ainda.-Jack disse pensativo encarando o que acabará de escrever.
Eu folheava o diário desesperadamente em busca de informações sobre Jerry.
—Onde fica o local de tráfico?-perguntei.
—Fora da cidade.-Jack respondeu.
—Fora da cidade?!-me assustei.
—Qual o problema?-Jack me encarou preocupado.
Engoli em seco.
—Por acaso não seria em uma fazenda abandonada, né?-tinha medo da resposta.
—Me dá isso aqui!-ele tirou o diário de minhas mãos.-Pelo que você me falou, esse diário é da sua mãe, certo?-perguntou, eu assenti.-E ela seguiu seu pai até...Um celeiro fora da cidade...-pareceu pensar.
—Jack, não está entendendo?! São a mesma pessoa!-eu disse puxando meu cabelo desesperado, estava prestes a ter um surto.-É óbvio!-comecei a andar de um lado para o outro desesperado. Eu suspeitava desde o começo, mas suspeitar e ter certeza são coisas diferentes e dão desesperos diferentes.
—Sem querer ofender, mas seu pai é um filho da puta.-Jack falou mordendo o lábio inferior.
—Não fale esse tipo de coisa da minha avó!-o repreendi.-JACK, VOCÊ POR ACASO É IDIOTA DE SAIR COMPRANDO DROGA?!-me irritei.
—Não vamos lembrar do passado, o assunto aqui é sobre o Jerry!-Jack falou.
—Sou filho de um traficante...-joguei a cabeça para trás e bufei encarando o teto.
—O que vamos fazer agora?-Jack pensou.
—Iremos atrás dele!-o encarei.-Uma armadilha! Ele terá de ser pego pela polícia!
—Drew, você não bate bem das idéias.-Jack balançou a cabeça negativamente.-Gosto disso.-sorriu.
☆☆☆
—O plano é o seguinte, vamos até lá, aí ele vai ficar encurralado, chamamos a polícia e pronto, seus problemas acabaram!-eu revisei o plano.
—Não é simples assim!-Jack revirou os olhos e pegou o bloquinho da minha mão.-Temos que ter uma estratégia.
—Cara, nosso trabalho é a armadilha, o resto é com a polícia!
—Mas, já pensou na possibilidade de dar errado? Drew, planos são complexos, sempre devemos ter uma carta na manga...
—Eu concordo, mas foi a primeira coisa que me veio a mente.
—Está agindo com o impulso, é um efeito do nervosismo, certo?-Jack falou atenciosamente.
—Olhe só, trocamos os papéis ...-soltei um riso abafado.-Normalmente você era o imaturo que agia com impulso e eu sempre pensava nas consequências...
—Eu amadureci.-Jack sorriu.
—Jack...Você acha que isso vai funcionar?-suspirei.-De verdade...Eu quero...-engoli em seco.-Que você volte para sua família, por isso estou te ajudando.-o encarei.-Caso contrário, eu queria mais que você se ferrasse.-sorri.
—Vai dar certo sim!-Jack sorriu.-Se trabalharmos juntos e o plano correr como o planejado...
Sorri, gostava de ver que Jack havia amadurecido, mesmo continuando um idiota.
—Partiremos a noite, que tal?-Jack sugeriu.-Você vai ter que inventar uma desculpa para a Nanda.
—Nos encontramos na linha de trem abandonada?-perguntei folheando o diário.
—Sim.-Jack assentiu confiante.-Se prepare, não sabemos o que pode acontecer.-riu nervosamente.
Éramos dois adolescentes, achávamos que podíamos dar conta de Jerry sozinhos...Estaríamos errados ou não?
—Vai ser como um jogo de videogame.-sorri. Eu estava determinado. Estava determinado a fazer aquilo, a desmascarar Jerry, a ajudar Jack...A dar um rumo em nossa história.
☆☆☆
—Vai dormir na casa do Brady?-Amanda estava confusa.-Você que odeia casas estranhas?
—Sim, Nanda...-revirei os olhos.-Ele me chamou para dormir lá, afinal, somos amigos...-dei de ombros. Ah, "amigos"...
—Só achei um pouco estranho...-Amanda comentou.
—Eu tenho certeza que vou conseguir dormir, estou morrendo de sono.-fingi um bocejo.
—Não é isso, eu achei estranho o fato de você aceitar Brady como amigo...-ela disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
—B-Bem...Mudei de idéia quanto a ele.-me embaracei um pouco ao falar.
—Bem, de qualquer forma, fico feliz por ter feito amizades e estar socializando.-Amanda sorriu.
Ufa, consegui convencer a Amanda. Não gosto de mentir para ela, mas foi necessário.
Eram oito da noite, minha mochila com tudo que eu precisaria estava arrumada. Entre os vários pertences estava o diário, uma lanterna, meu celular e por precaução um canivete. Não que eu pretendesse matar alguém, era só pra prevenir, sabe...
Me despedi de Amanda que havia acabado de entrar no banheiro para tomar banho, quando abri a porta da frente e botei o pé para fora notei que tudo estava escuro de um modo anormal, acabei não detectando uma presença suspeita e caí na burrada de continuar andando. Fui surpreendido quando ALGUÉM se jogou em mim de maneira brusca e fomos para o chão, sorte que caímos na grama e a queda não doeu tanto, mas que estava doendo a o peso da pessoa sobre mim, estava.
—O que você pensa que está fazendo?!-cerrei os dentes ao perceber que meus pulsos estavam sendo segurados e pressionados contra a grama.
—Você me ignorou o dia inteiro!-Brady disse manhoso.
—E só por isso precisa me jogar no chão?!-gritei.-E quer fazer o favor de sair de cima de mim?! Eu tenho compromisso!
—Drew...-Brady fez biquinho.
—Espera...Está esperando eu sair de casa a quanto tempo?-arqueei uma sobrancelha.
—Isso não importa!-Brady saiu de cima de mim e me ajudou a se levantar.-Onde está indo?
—Não posso te falar.-suspirei batendo em minha roupa para tirar a sujeira.
—Não confia em mim?-Brady perguntou colocando as mãos nos bolsos.
—Não é isso...-me senti incomodado.
—Então o que?
—Brady, eu não posso te contar, só isso.-voltei a andar.-Não me siga, por favor.
—Drew, eu quero saber! Você está estranho!-ele me puxou pela mão.
—Eu e Jack...Vamos sair da cidade.-falei.
—COMO ASSIM?!-Brady arregalou os olhos.
—Pare de chamar atenção!-lhe dei um tapa na nuca.
—Por que vão sair da cidade?-Brady massageou o local que eu bati.
—Temos assuntos a resolver.-mordi o lábio inferior.-Com meu...Suposto pai.-suspirei.
—Hã ?-Brady ficou confuso.
—É difícil explicar.-falei.-Eu...Tenho que ir.-me soltei.
—Espera!-Brady me puxou de volta.-Eu quero ir com vocês.
—O que? -pisquei os olhos várias vezes.-Não! Você não vai! Vai ficar aqui em segurança!
—Segurança?-Brady arregalou os olhos.-Significa que vocês estão correndo algum tipo de risco?
—Brady...-comecei.
—Eu vou e pronto! Não me importo se você está me dizendo para não ir! Se é perigoso, eu quero ir! Quero ir para te proteger!-ele disse determinado.
—Mas eu não quero que você vá! Isso é um assunto meu e do Jack!
—Assuntos ligados a você me preocupam. E se você se machucar e eu não estiver lá para te ajudar? Como acha que eu vou me sentir?!-Brady disse.
—Por que se preocupa a toa?-perguntei encarando o chão.
—Droga, porque eu te amo! Por que mais seria?!-Brady falou em alto e bom som.
—M-mas...-tentei levantando a cabeça para olha-lo.-E s-se você se machucar? Eu não quero meter ninguém nessa enrascada! Eu e Jack não sabemos o que vai acontecer, não temos o controle da situação!-eu estava...Preocupado. Preocupado de algo acontecer com Brady e ser por minha culpa.
—A gente vai ter que se arriscar.-Brady deu um sorriso fraco.
Fiquei surpreso. Brady realmente me amava e eu não estava dando o devido valor a isso.
As batidas de meu coração ficaram mais rápidas, somente retribui o sorriso e assenti, concordando que ele fosse conosco.
☆☆☆
Chegamos a linha do trem abandonada, estava muito escuro, não tinha sequer uma estrela no céu, a única movimentação eram os caminhões na estrada. A linha ficava no alto de um barranco, logo a baixo ficava a estrada, se eu fosse cair como no dia do sítio dos avós de Erick e um caminhão me atropelasse, seria morte na certa.
—Que lugar assombrado...-Brady comentou cruzando os braços, parecia estar com frio.
—Odeio linhas de trem.-eu disse baixinho.
—Está com frio.-Brady afirmou.
—O que? Não!-eu disse o encarando. Na verdade,eu estava ,ele deve ter percebido porque eu tremia.
E, Brady passou o braço por meus ombros e me puxou mais para perto para me aquecer.
—Áreas com mais vegetação costumam ser mais frias, você não veio vestido adequadamente.-Brady sussurrou.
—I-Idiota...-murmurei, minhas bochechas haviam esquentando, então obviamente eu estava vermelho.
—Acha que vamos voltar a tempo de ir para aula amanhã?-ele puxou assunto.
—Não faço idéia.-dei de ombros.
—Tenho que agradecer ao Gray, estou devendo uma pra ele.-Brady sorriu sem jeito.-O coitado tá ferrado na mão do Leo...
—Como assim?-arqueei uma sobrancelha.
—Você vai ver.-Brady riu de modo nervoso.
—Hum.-murmurei.-E o senhor com o Gray? Estavam muito juntinhos, mesmo sendo uma farsa.
—Tinha que ser convincente!-Brady falou inocentemente.
—E se por acaso eu ficar de gracinha com o Leo?-provoquei.
—Eu mato os dois.-Brady me encarou.
—Há, pago pra ver.-desviei o olhar.
—Drew!-ouvi a voz de Jack atrás de nós.-E...Brady?
—Taylor?-Brady ficou confuso.
—Não, seu idiota! Ele é o Jack!-me livrei de seu abraço.
—Longa história.-Jack revirou os olhos.-E você, o que faz aqui?-perguntou para Brady.
—Longa história. -Brady riu.
—Como pretende sair da cidade, espertão?-perguntei, só então notei que não falamos sobre esse ponto.
—Com essa belezinha!-apontou para uma caminhonete enferrujada caindo aos pedaços, quando chegamos nem notamos que ela estava ali.-Peguei emprestada de um amigo.
—Isso vai desmontar antes de chegarmos lá.-olhei o veículo com desprezo.
—Quer ir a pé?-Jack sugeriu.-Sobe.-abriu a porta e sentou no banco do motorista.
Mordi o lábio inferior, sim, eu estava pensando na proposta de ir andando. Dei de ombros e entrei, me sentei no banco do meio e Brady no do passageiro.
—Ei, eu queria ir na janela!-reclamei.
—Deixa de ser criança!-Jack disse colocando a chave na ignição.
—Que sujeira...-tossi por causa da poeira do banco.-Quando aprendeu a dirigir?
—Quem disse que eu aprendi?-Jack franziu a testa enquanto encarava o painel.
—O QUE?!-arregalei os olhos. Jack me ignorou completamente e mexeu no freio de mão.
Os próximos segundos aconteceram muito rápido , ao abaixar o freio de mão, a caminhonete foi descendo desnorteada e de ré pelo barranco, Jack não tinha nenhum controle sobre ela, ou melhor, ele não sabia o que fazer.
—MEU DEUS, A GENTE VAI MORRER!-olhei para trás desesperado, mas o vidro era tão sujo que não dava para ver o lado de fora. Eu e Brady gritamos e começamos a rezar enquanto o veículo descia sem direção, por causa do momento acabamos dando as mãos.
Fechei os olhos com força, mas os abri assim que meu coração falhou uma batida quando senti meu corpo ir para frente com o impulso, era a mesma sensação de ter passado por um quebra-molas sem ter freiado.
—A g-gente tá b-bem...-Jack disse rindo nervosamente, ele estava tenso enquanto segurava o volante com força.-Estamos na estrada!-acelerou.
Suspirei aliviado e coloquei a mão no coração que quase pulava para fora com o susto, eu estava quase desmaiando ali.
—J-Jack...Você é louco?-Brady perguntou com os olhos arregalados.
Achávamos que estava tudo bem, que tínhamos conseguido entrar na estrada e que Jack dirigia com segurança até que...
Uma forte luz vinha em nossa direção, se assemelhava muito a dois faróis de caminhão, até que foi ficando bem mais intensa, quase cegando nossa vista...
—Jack...-eu disse estreitando os olhos que doíam. Minha cabeça deu um estalo e a informação veio como um tapa.-JACK, VOCÊ TÁ NA CONTRA MÃO!-gritei. Jack congelou, seu corpo não respondia, então restava a mim dar um jeito de não morrermos. Naquele momento minha vida passou por meus olhos, mas era muito longa, então eu não tinha tempo de vê-la inteira, ao recobrar a consciência fiz a primeira coisa que me veio a mente , que foi virar (jogar seria mais adequado) o volante pro lado de maneira violenta, a caminhonete praticamente foi jogada pra outra estrada com minha ação, o caminhão passou de raspão e por pouquíssimo não nos causou nenhum dano. Recebemos uma buzinada e xingamentos do caminhoneiro, mas pouco nos importava.
Só que Jack perdeu o controle e a caminhonete acabou saindo da estrada e indo parar no matagal.
A essa altura nós três deviamos estar brancos feitos papel e com o coração a mil.
—JACK, OLHA A ÁRVORE!-Brady gritou desesperado apontando para uma árvore seca que foi iluminada pelos faróis.
Jack pisou no freio imediatamente, mas não foi a tempo suficiente e a caminhonete acabou batendo na árvore, mas nada grave, deve ter apenas amassado o para choque. Nossos corpos foram jogados para frente com violência por conta da parada forçada, mas como eu disse, não foi nada grave, por isso não nos machucamos, bom, eu bati a testa no vidro, mas estava tão ocupado me desesperando que nem tive tempo de sentir dor.
—Caralho...-Jack repetiu essa palavra várias vezes enquanto batia sua cabeça no volante.
—Como a gente ainda tá vivo?!-minha respiração estava ofegante e meu coração podia ser comparado a um pandeiro em época de Carnaval, eu chegava a tremer e suar frio, nunca pensei na possibilidade de isso acontecer comigo.
—E-Eu...A-ainda... tenho muita coisa...pra fazer...-Brady disse entre cada respirada.-Eu...Quero...S-ser pai, tá?
—C-coitada da criança...-falei.
—V-Vocês estão bem?-Jack nos encarou, ele estava pasmo.
—O Parque de Diversões perto disso é fichinha...-comentei rindo de nervosismo. E eu achando que aquele brinquedo que fui com Brady era um desafio.
—E-Eu ainda quero ir no Parque de Diversões de novo com você, Drew...De preferência, como namorados.-Brady deu uma risada forçada, ele queria mais era chorar.
—T-Tá...-concordei.-M-Mas, primeiro temos que sair vivos dessa!
Ficamos alguns minutos tentando nos acalmar, estávamos muito nervosos e tensos, era impossível tentar ficar relaxado.
E olha que nem havíamos saído da cidade ainda.
—Vamos lá.-Jack deu um longo suspiro.-Estão com o cinto de segurança ?-conferiu.
—A-Ah...Um detalhe,não sei se reparou, mas...NÃO TEM CINTO!-gritei desesperado.
—Vamos ter que improvisar então!-Jack pensou.-Tirem o cinto da calça e dêem um jeito de prender no banco!
—O que?!-arregalei os olhos.-Você tem doutorado em idéias piradas, é?! JACK, COMO VOCÊ CONSEGUE FALAR TANTA IDIOTICE?!
—É a única opção.-Brady deu de ombros tirando o cinto da calça e começando a amarra-lo no banco de modo que conseguisse cruzar seu corpo.
—B-Bem...-olhei para meus pés, estava envergonhado.
—Ah, lembrei porque o Drew não quer tirar o cinto...-Jack riu.-É que como ele é muito magrelo, se não usar cinto, é possível que a calça dele caía por ser muito larga!
—Que droga, para de me envergonhar!-me irritei. O pior é que era verdade.
—Ele é até que gordinho...-Brady provocou beliscando minha barriga.
—E-Ei!-o repreendi.
—Não, ele não é gordo, é mais magro que pau de selfie.-Jack afirmou.
—N-Não é pra tanto também!-reclamei emburrado.-Eu não sou tão magro e nem tão gordo!
—Tira logo esse cinto então!-Jack tirou meu cinto a força, mesmo eu pedindo que parasse. Senhor, eu ia ser abusado ali mesmo. -Ninguém vai rir da sua cueca de bichinhos fofos !-provocou rindo.
—EU TINHA 13 ANOS E EM MINHA DEFESA A AMANDA ME ACHAVA UMA CRIANÇA!-a essa altura eu devia estar vermelho feito um pimentão.
—Que bonitinho, Drew usava roupas de criancinha!-Brady entrou na brincadeira. É por isso que não se deve deixar uma mulher escolher suas roupas.
—Lembro uma vez que a Amanda misturou suas cuecas brancas com a camisola rosa dela na hora de lavar ! Você ficou meses usando roupa íntima manchada! Parecia a Barbie!
—P-Para com i-isso!-pedi, minha voz quase não saía.
—Ah, Drew...Não fica assim!-Jack apertou minha bochecha.-Brady, você precisava ver quando ele era menor, a gente tomava banho juntos, ele parecia aquelas menininhas tábua, a diferença é que ele tem aquilo entre as pernas,mas era tão pequenininho que...-ele começou a gargalhar.
—PARA DESGRAÇA !-lhe dei um tapa na cabeça.-E..F-foi só uma vez que tomamos banho juntos! E não precisa dos detalhes!-escondi meu rosto com o capuz da blusa. Que vergonha...
Jack ainda se lembrava da vez que tomamos banho juntos, mas não por minha vontade! Eu tinha 13 anos, já era crescidinho, tinha passado da idade de tomar banho com alguém. Acontece que Jack tinha escondido minhas roupas e minha toalha, essa é uma longa história, por isso irei encurta-la, depois ele entrou no banheiro para me dar um susto e acabou nos trancando sem querer, a porta não queria abrir e estávamos sozinhos em casa, ou seja, Jack me jogou debaixo do chuveiro a força e começou a me esfregar dizendo que eu estava encardido. Trauma.
—Imagino...-Brady segurou a risada.
—Não imagina porcaria nenhuma!-o encarei com raiva.
—Um dia vocês ainda vão tomar banho juntos!-Jack disse malicioso igual a Cassie quando sugere coisas sobre a Amanda com Erick.-Aí você pode comprovar se o que eu falei é verdade, Brady.
Fiquei sem reação, mas Brady tratou de afirmar que íamos mesmo.
—Alguém me mata...-fiz o máximo para me esconder.
—Pode deixar!-Jack ligou a caminhonete e deu ré.
—N-Não!-arregalei os olhos.-Ai, ai , ai!-me desesperei enquanto tratava de ajustar o cinto.
Voltamos a estrada, dessa vez conferindo se tudo estava no lugar, notei que Jack estava paralisado e parecia que suas mãos haviam sido grudadas no volante, ele não desviava o olhar por nada, apenas olhava reto.
—Jack, pode acelerar.-notei que estávamos andando muito devagar ao olhar para uma vaca que procurava um lugar para pastar. Ela gorda daquele jeito estava mais rápida que nós.
—C-Certo.-Jack disse rapidamente acelerando. Ele sequer piscava. Eu em seu lugar faria o mesmo, afinal, todo cuidado era pouco.
—Não sabe mesmo dirigir?-Brady perguntou.
—Não.-Jack respondeu.-O pouco que sei aprendi com Alana, mas só o básico do básico.
—Se quiser, eu posso tentar, aprendi com meu pai.-Brady comentou.
—Garoto, quantos anos você tem?-Jack perguntou.
—Dezesseis.-Brady sorriu.
—O adulto aqui sou eu, então sou eu quem dirigi!-Jack disse.-Você sequer tem idade!
—Sinceramente, Jack, dessa vez prefiro confiar no Brady para dirigir.-admiti.
—Ninguém pediu sua opinião.-Jack disse irritado.
Os poucos carros que vinham por trás nos ultrapassavam, continuávamos devagar, mas achei melhor ficar quieto.
—Verdade que quer ir no parque comigo? Só que...Como...N-Namorados?-puxei assunto com Brady. Eu sou um idiota...Não se puxa o assunto que mais se quer evitar! Seria melhor perguntar se na casa dele tem parede!
—Lógico.-Brady sorriu.-Só não sei se estaremos vivos até lá...-coçou a nuca.
—Pois é.-revirei os olhos e ri de nervosismo.
—Por que não pede ele em namoro apenas para garantir?-Jack sugeriu.-Talvez não tenham outra oportunidade.
—TÁ DIZENDO QUE VAMOS MORRER?!-arregalei os olhos. Ele ia nos matar.
—É uma possibilidade.-Jack disse sério.-Acidentes em estradas costumam acontecer. Não quer morrer solteiro, né?
—E-Eu...-mordi o lábio infeiror e olhei para baixo.
—Então, tá, vamos simular um pedido.-Brady sorriu pegando em minha mão. O encarei assim que senti nossos dedos se entrelaçarem.-Drew...-ele estava vermelho.-Você sabe que eu gosto de você e acho que você também gosta de mim...Então, eu queria...Te pedir...Quer namorar comigo?-sorriu sinceramente.
Droga...Droga...Droga...
Sentimentos traidores! Todo mundo é traíra, até meu próprio corpo.
Quando eu menos quero que meu coração acelere, o que acontece? Meu coração começa a bater mais rápido que o normal.
Quando eu menos quero que meu rosto fique vermelho de vergonha, o que acontece? Parece que eu estou fazendo cosplay de tomate.
—A-Ah...-gaguejei.-E-Eu...
Cadê a força de vontade nessas horas? Some.
—Traduzindo: Quero.-Jack deu um sorrisinho.
—C-Cala a boca!-murmurei lhe dando um soco no ombro.
—Aceita ou não?-Brady sorriu esperançoso.
Era apenas uma brincadeira, não?
Não tinha problema falar sim, né?
Não iria mudar nada, certo?
Mordi o lábio inferior, depois de um tempo pensando e pensando...Droga, por que não consigo responder e pronto? Por que tanta hesitação?
Eu estava levando tudo a sério demais.
—Aceito. Eu quero namorar com você.-falei desviando o olhar.
—Nossa, agora eu vou ter que segurar vela.-Jack disse de modo triste.
—De verdade?!-os olhos de Brady brilharam.
—O-opa...O pedido foi de verdade?-arregalei os olhos.
Sabe, ninguém nunca havia me pedido em namoro e eu também nunca pediria alguém. Eu sequer sabia como funcionava esse negócio de ter namorado. Ninguém nunca me ensinou, como eu disse, a Nanda continua me achando uma criança, então não vai me ensinar isso.
—Mas é claro que foi!-Brady sorriu animado.
—E-Eu r-retiro o que eu disse!
—Nem vem, a primeira resposta é a que vale!-Brady disse.
—Ah, mas pelo menos se fosse me pedir em namoro, tinha que ser em um lugar mais decente e algo mais romântico...-talvez eu esteja andando muito com o Leo.
—Okay, digamos que isso foi só um teste ,então.-Brady fez biquinho.
—Valeu.-suspirei.
Me surpreendi quando Brady beijou minha bochecha de forma carinhosa. Coloquei a mão sobre o lugar que ele havia beijado, eu devia estar com cara de idiota.
—E então, Brady, meu maninho beija bem?-Jack quis descontrair.
—J-Jack!-o repreendi. Aquele era o dia oficial de me fazer passar vergonha.
—Vou falar a verdade, ele baba muito.-Brady segurou o riso.-Parece língua de boi quando chupa manga, sem querer te ofender, meu amor.
Olha o exemplo! Olha a comparação! E depois quer que eu não me ofenda. O que você faria se a pessoa dissesse que você beija igual a boi chupando manga?
—Eu não sei beijar, tá legal?!-me irritei.-E se eu babo tanto, por que insiste em continuar me beijando?!
A esse ponto Jack caía na gargalhada.
—Brady, como você tem coragem de experimentar a saliva desse moleque? Quando ele era pequeno já lambeu a Atum!-Jack ria até não aguentar mais.
—Você lambeu aquela bichana?-Brady me olhou incrédulo.
—Jack, para de queimar meu filme!-puxei mais ainda o capuz para que escondesse meu rosto por completo.
—Ah, esqueci, não posso arruinar suas chances com seu futuro marido, né?-Jack provocou.
—Cala a boca e trata de ir mais rápido!-notei que havíamos voltado a andar devagar.
—Ué, mas eu continuo no mesmo...-Jack pensou, seu olhar desviou da estrada para o painel, vi seus olhos se arregalarem.-É...
A caminhonete foi parando aos poucos e o motor morreu de vez.
—Acabou a gasolina.-Jack riu nervosamente.
—O QUE?!-eu e Brady surtamos.-Mas não estamos nem na metade do caminho!
Buzinas foram ouvidas atrás de nós, os caminhoneiros que vinham estavam reclamando por termos parado no meio da estrada.
—Ferrou...-Jack suspirou girando a chave várias vezes na esperança do motor voltar a pegar.
—Deve ter um posto de gasolina aqui perto...-Brady comentou.
Jack olhou para o lado de fora pela janela, o lugar parecia assombrado, sem nenhuma iluminação, vez ou outra se via algum caminhão ou carro, mas era raro.
—Melhor não arriscar, vai que eu sou assaltado.-Jack balançou a cabeça negativamente.
—Certo, e o que fazemos?-perguntei.
—Vou ligar pro meu amigo.-Jack pegou seu celular.
—Ele não é confiável...-murmurei lembrando que foi ele quem emprestou a caminhonete sem gasolina.
Brady suspirou e se livrou do cinto, abriu a porta e simplesmente saiu.
—Aonde vai?-perguntei também tirando meu cinto e voltando a coloca-lo na calça.
—Tomar um ar.-Brady se espreguiçou e atravessou para o outro lado da rua. Observei ele se sentar na calçada, parecia pensativo.
—Senhor...Ele pensa?-franzi a testa.
Suspirei e fui até ele.
—O que foi?-me sentei ao seu lado, estávamos em frente a uma área com muito mato, o vento estava forte a ponto de balançar nossos cabelos.
—Hum...Não é nada.-Brady sorriu.
—Estou te achando pensativo demais e isso não é comum.-ri.
—Quer realmente saber no que estou pensando?-Brady me encarou, eu assenti.-Você.-sorriu.
—E-Eu?-virei o rosto.
—Lembra que eu te disse que você era indecifrável?-Brady olhou para o céu.-Você continua sendo. Por mais que eu tente...Não consigo entender o que se passa na sua cabeça.-bateu de leve com o indicador em minha testa.
—As vezes eu também não consigo te entender...-sorri.
—No que está pensando agora?-me encarou.
—Nela.-suspirei. Ele me olhou confuso.-Minha mãe.-tirei do bolso a foto dobrada que peguei do diário e lhe entreguei. Brady abriu a foto cuidadosamente e a analisou.
—É você e ela?-perguntou sorrindo.
—Sim, meus primeiros dias.-dei um sorrisso fraco.
—Vocês se pareciam.-Brady comentou.-Ela era muito bonita.
—E-Eu...N-Nunca te contei, não é?-sussurrei.
—O que?-Brady me devolveu a foto.
—Digamos...Minha história.-suspirei guardando a foto.
—Só me lembro de você dizendo que seus pais haviam te abandonado naquele dia que eu estava sendo sua babá...-Brady lembrou.
—Uau, boas memórias...-sorri me lembrando.-Eu te tratei tão mal naquele dia...
—Não tem problema.-Brady deu de ombros.
—Bem...D-Desculpa.-pedi envergonhado olhando para baixo.
—Eu te desculpo.-ele sorriu passando o braço por meus ombros, me puxando para um abraço.
☆☆☆
—E foi isso.-suspirei. Havia acabado de contar para Brady minha história.
—Uau...-Brady estava surpreso.-Não sei o que dizer.
—Não precisa dizer nada.-o olhei.
—É que...Foi péssimo pra você e depois de tanto tempo acreditando na mesma coisa, de repente esse diário aparece e sua opinião muda...Aí você descobre que seu pai é um chefão do crime...No seu lugar, eu enlouqueceria.
—Eu não enlouqueço, pois tenho você e Jack ao meu lado.-confessei.
—Sabe que sempre pode contar comigo, né gótico?-beijou minha testa.
—Sei...-sorri. Nem reparei que estávamos agindo normalmente um com o outro, sem aquele meu "drama".
Sabe aquele momento que você fica pensando como pode desconfiar de alguém e depois aquela pessoa é quem você mais pode confiar? Aquela pessoa que você "odiava " ,mas virou sua melhor amiga?
Drew, aceita.
A que ponto eu cheguei?! Estou me dando uma bronca em terceira pessoa.
Drew, aceita...Aceita que você gosta desse idiota.
Comigo é assim, posso até gostar, mas vou continuar a xingar.
—Brady.-o chamei.
—Hum?-Brady me olhou.
—Que droga...-comecei a repensar. Engoli em seco e respirei fundo.-Eu...Gosto de você.-confessei, minhas bochechas deviam estar vermelhas.
—Como se eu já não soubesse.-Brady sorriu convencido. Era tão óbvio assim?
—Estou tentando me declarar aqui!-mordi o lábio inferior.-É difícil pra mim!
—Quero ouvir você dizer que me ama.-Brady sorriu desafiador.
—Você não me consquistou o bastante para que eu possa dizer isso.-provoquei.
—Ah, não?-Brady arqueou uma sobrancelha.-E como eu posso te conquistar?
—Não vou te dar a resposta de bandeja.-falei.
—Drew.-Brady me chamou.
—Que?-o olhei.
Brady passou a mão por meus cabelos delicadamente e lentamente foi se aproximando conforme seus olhos iam se fechando.
—Pode parar!-empurrei seu rosto, dando um corte no clima.
—Ai, qual é?-Brady protestou.
—Acha que eu esqueci que você disse que eu beijando pareço um boi chupando manga?!-fiquei emburrado.
—Ah, Drew...-Brady massageou a nuca sem graça.-Mas eu ia te dar só um selinho!
—Nem vem...-tentei me fazer de difícil.
Brady murchou e ficou pra baixo. Sorri e quando ele menos esperava lhe dei um selinho no canto da boca.
—Você me ama, né?-ele sorriu.
Bem...
Não pense na resposta, Drew.
Não...
É, talvez eu o ame um poquinho.
—Como será que o Jack está?-encarei a caminhonete parada no meio da estrada, ele nem se deu o trabalho de tira-la dali.-Ele está lá conversando com o amigo pelo celular há uma hora...-cocei a nuca.
—Deve estar bem.-Brady suspirou.
Ficamos encarando a caminhonete, parece que era a coisa mais interessante a se fazer.
Mas, de repente, meu coração parou de bater assim que vi o veículo sendo jogado para fora da estrada (novamente) após ter sido "atropelado" (os carros atropelam, mas isso não significa que eles não possam ser atropelados por outros maiores) por um ônibus.
Eu perdi a voz, queria gritar, mas simplesmente nenhum som saía. Me levantei de modo tão repentino que quase caí para trás, por pouco consegui manter o equilíbrio.
—J-Jack...-sussurrei com os olhos arregalados encarando a caminhonete capotatada a metros de distância. Aquilo foi o mínimo que o ônibus podia ter feito, até porque havia tentado parar segundos antes como aconteceu conosco quando batemos na árvore.
—Uau...-um cara desceu do ônibus.
—VOCÊ MATOU O JACK!-gritei puxando meus cabelos.
—Matei quem?-ele me encarou confuso.
—Drew...-Brady me cutucou.
—VOCÊ TEM NOÇÃO QUE ACABOU DE MATAR UMA PESSOA?!-apontei para a caminhonete. Fui andando na direção do motorista com passos pesados dedurando minha raiva.-TUDO BEM QUE ELE ERA IDIOTA E MUITAS VEZES EU PREFERIA ELE MORTO,MAS...
—Drew...-Brady chamou.
—CALA A BOCA!-gritei sem nem olhar pra ele.-V-Você...-eu estava frente a frente com um assassino. Quem mata é chamado de assasino, não importa se matou humano ou formiga, é assassino.
—Guri.-o cara me olhou com tédio.
—Drew!-Brady gritou.
—O QUE FOI?!-virei o rosto e minha boca ficou escancarada quando vi Jack atrás de mim.-M-Mas...VOCÊ MORREU!
—Eu saí da caminhonete faz tempo!-Jack bocejou.-Você é que não percebeu.-deu de ombros.-E você...-olhou para o cara.-O prejuízo é seu. Ninguém mandou me entregar a caminhonete sem gasolina.
Caí sentado ali mesmo no meio da estrada, com a boca aberta feito um babaca.
Antes que alguém visse, discretamente esfreguei meus olhos com as costas das mãos, ninguém podia ver que estava prestes a chorar.
—Então, vamos?-o cara me estendeu a mão.-Me chamam de Grilo.
—Grilo?-arqueei uma sobrancelha.
—Longa história, contamos no caminho.-Jack sorriu me encarando.
—Qual seu nome de verdade?-peguei na mão de Grilo e me levantei.
—Ah, eu tenho muitos...-Grilo falou soltando minha mão e acendendo um cigarro.-Recebi meu primeiro nome assim que nasci, na Vila Alegre , era por volta da década...-começou uma história super chata.
—Tá, não me importo.-me coloquei ao lado de Brady.
Vi Grilo se engasgar com a fumaça do cigarro quando me ouviu lhe dar um "chega pra lá".
—Vamos de ônibus? -Brady encarou o ônibus sem nenhum passageiro.
—Sim!-Jack sorriu já entrando no veículo.-Grilo é motorista! Pé na tábua!
—Espere, vou fumar meu cigarrinho...-Grilo foi pro meio do mato tragar.
—Eu não confio nesse cara...-balancei a cabeça negativamente.
—Ele é meu parceiro.-Jack disse sentando na escada do ônibus.
Ele tinha era mais cara de mendigo. Bem, okay...Vamos começar de novo, ele tinha barba e bigode pretos assim como os dreads em sua cabeça , usava uma armação de óculos redonda, era gordo e tinha cheiro de cigarro misturado com cachaça. Traduzindo, versão terror do Papai Noel.
—Estava chorando?-Brady me perguntou baixinho, ele olhava fixo em meus olhos.
—Que?! Não...-voltei a limpar meus olhos, dessa vez com a manga do moletom.-É só um cisco.
—Você não me engana.-Brady sorriu.-Deve ter muito choro acumulado dentro de si.-tocou com seu dedo indicador a área de meu peito onde supostamente ficava o coração.
—Que besteira...-murmurei.
—Drew, não se tampa o sol com a peneira!-Brady sorriu.
Mas que droga...Por que ele tinha que estar certo?
Entramos no ônibus, sentei-me no fundo perto da janela e Brady sentou-se ao meu lado. Jack se sentou no lugar do cobrador, ficamos esperando Grilo, o que demorou alguns minutos.
—Que demora...-murmurei batendo a cabeça no vidro da janela.-Que horas são?
—Quase dez...-Brady disse olhando a hora em seu celular.-Ah, Lya me mandou uma mensagem...-deu dois toques na tela.-"Você e o Drew sumiram depois de terem caído no quintal, isso é muito suspeito"...-leu em voz alta.
—Caído...-pensei.-Ah, ter ela como vizinha não é um paraíso. Tá ligado que ela tava nos espionando, né? -bati com a mão na testa. Fomos descuidados. Não acredito que Lya viu quando Brady caiu em cima de mim no quintal !
—Ah, ela viu o clima que rolou...-Brady comentou sem graça.
—Não rolou clima...
—Eu tava preocupado com você e você preocupado comigo, parecia coisa de filme. Rolou clima sim.-Brady sorriu.-Ei...-me chamou.
—Que?-o olhei.
Brady me puxou pra perto e apontou o celular para nós como se fosse tirar uma foto, no instante que apertou o botão me deu um beijo na bochecha.
—B-Brady!-aposto que eu estava corado. Senhor, eu tenho que "domar" esses sentimentos.
—Vou mandar pra Lya!-Brady provocou.
—Não vai não!-tentei pegar o celular.
—Quietos aí atrás...-o Papai Noel terrorista falou subindo no ônibus.-Vamos partir.-se sentou no lugar do motorista.
—Já estava na hora!-Jack sorriu.
—Ficou boa!-Brady admirou a foto. Olhei de soslaio para a imagem, Brady demonstrava estar feliz quando me beijou e eu estava assustado com sua ação.
—Está vermelho!-Brady apontou para minhas bochechas na foto.
—Hum...-cruzei os braços e fiquei emburrado. Grilo deu partida e começamos a andar .
—Se quiser eu apago.-Brady suspirou tristemente ao clicar na opção "Apagar".
—Não.-o parei rapidamente pegando em sua mão.
Ele me olhou confuso.
—Fica de lembrança... Pra você .-eu disse baixinho.
—Valeu.-Brady sorriu sem jeito.-Você é um fofo.
—Não me chame de fofo.-fiquei mais emburrado, eu parecia uma criancinha.
—Ah, mas você pelo menos podia ter curtido...Parece que eu to mais é te abusando.-Brady encarou a foto. Ele é conhecido como o "acha defeito em tudo".
—Não acredito que eu vou fazer isso...-pensei em voz alta.
Eu me odeio. Respirei fundo e tomei o celular da mão de Brady, coloquei no aplicativo da câmera e apontei para nós dois. Assim como Brady fez comigo, eu fiz com ele, assim que apertei o botão, o abracei e lhe dei um beijo estalado na bochecha.
—Feliz?-perguntei e meio receoso o olhei.
—E-Eu...-Brady colocou a mão sobre onde eu o beijei.-Sério?-deu um sorriso bobo ao me encarar.
—Ficou boa ou não?-perguntei impaciente. Eu estava sem jeito. Droga...Rezava pra Jack não estar vendo. E se estava, deviar rir da minha cara.
—Perfeita!-Brady olhou a foto, seus olhos estavam brilhando.-Vou até por na moldura!
Sorri de canto ao ver que consegui deixa-lo feliz. Brady ficava tão bonitinho sorrindo, parecia uma criança que havia acabado de ganhar um doce.
—Não é pra tanto...-cruzei os braços ainda sorrindo.-Brady, você é um idiota.
Meu idiota.
—Drew, se lembra de quando dormimos na casa do Erick no dia do Parque de Diversões?-Brady comentou.
—Lembro...-falei.
—Sabe, eu estava te observando fazia um tempinho...Sabia sobre o que você estava pesquisando no celular.-Brady coçou a nuca.
—Q-que...
Me lembrei que na noite que dormi na casa de Erick pesquisei sobre Brady, estava tentando buscar informações sobre ele.
—Eu tava acordado e decidi te dar um susto quando te vi mexendo no celular, mas pensei melhor e fiquei quieto te olhando, queria ver até onde você ia pra saber mais sobre mim...-Brady disse malicioso.
Cara...Cara...Cara! Brady sabia esse tempo todo que eu havia pesquisado sobre ele naquela noite!
—H-Hã...E-Eu...-arregalei os olhos.
—Drew, você é um safado.-Brady olhou para frente sorrindo satisfeito.
—Pesquisar sobre você não me torna um safado!-meu rosto esquentou.
—Talvez...-Brady voltou a me olhar.-Mas ficar admirando minhas fotos que vinham de bônus na pesquisa sim! Acha que eu não reparei na maneira como você estava se deliciando com as fotos que eu estava sem camisa? Eu não te culpo, ninguém resiste a esse meu corpinho sexy...-me mandou uma piscadela todo charmoso.
Como me defender? Não era verdade...Mas...Bem, eu vi essas fotos, mas não é como se eu estivesse me "deliciando" (Brady tem um linguajar...) com elas.
—B-Brady...E-Eu...-desviei o olhar.-Droga...
—Um dia eu te mostro com exclusividade.-Brady falou cruzando os braços atrás da cabeça. Pervertido. Jack me socorre.
—Está insinuando o que?!-perguntei o encarando.
—Nada...-ele deu de ombros rindo.
—Eu preciso ler para me distrair...-peguei o diário dentro da minha mochila.
Sentia que estava prestes a chegar na parte sobre meu abandono. Eu estava ansioso, porém inseguro, mas queria saber. Ficou confuso, mas tá bem.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Comentem o que acharam!
HOJE É O DIA OFICIAL DE FAZER O DREW PASSAR VERGONHA, ENTÃO DIGAM ALGO QUE O DEIXEM ENVERGONHADO ^-^ !!!!!!!
Até o próximo capítulo (sexta).
Bjs.
-☆ Creeper.



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