O Jogador de Basquete e o Gótico escrita por Creeper


Capítulo 16
Aniversário (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Oiiiee! Boa leitura!
Essa é a primeira parte,a segunda será postada mais tarde (estou postando na madrugada de sábado, ou seja,domingo,então vou postar de manhã ou a tarde)
É isso.
Boa leitura! Espero que gostem!



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Era tudo ou nada.
—Cassie!-gritei,atraindo a atenção da mulher.-T-Tem...
—Tem uma rã no seu cabelo!-Jack gritou.
—AHHHHH!-Cassandra gritou e em menos de dois segundos largou o pulso de Jack com tanta força que fez o garoto cair no chão.
Seu trouxa! Era pra você sair correndo com essa distração perfeita! Mas não...Tem que ficar beijando o chão!
—Deixa de mentira!-Cassandra disse irritada ao perceber que não tinha rã nenhuma em seu cabelo.
—Que confusão é essa?-Amanda perguntou ficando ao meu lado.
Cassie rapidamente olhou para Jack e eles trocaram olhares por poucos segundos. Jack arregalou os olhos e se cobriu com o capuz da blusa.
—Taylor?-Cassie perguntou com uma voz assustadora enquanto via Jack se levantar.
—Cassie,deixa de intimidar o garoto!-Amanda a repreendeu.
—Nanda,a Cassie está assustando o garoto de propósito! Olha ela!-apontei de modo acusador para Cassandra.
—Eu ,o que?!-Cassandra me olhou com um sorriso psicopata.-Taylor...-olhou para o lado e ficou surpresa ao perceber que Jack sumiu.-PRA ONDE ELE FOI?!-olhou para os lados.
Para não levantar suspeitas,apenas olhei de soslaio para a figura de Jack que ia diminuindo conforme ele corria.
—Quase...-suspirei aliviado.
—Qual o problema dele?-Brady me perguntou.
Muitos.
—O Taylor já foi embora?-Lily murchou.-Queria brincar...-ficou emburrada.
—Querida,eu estou aqui para brincar com você !-Alana sorriu abraçando a filha.
—Drew,se apresente.-Amanda me cutucou discretamente.
—Drew.-eu disse com tédio e acenei brevemente.
—Eu sou o Brady!-o jogador de basquete disse se apoiando em mim.
—Prazer,meninos.-Alana nos olhou dando um de seus melhores sorrisos.-Alana,mãe da Lily.-alisou os cabelos da pirralha.-Drew,você e Jack eram bem próximos, certo?-perguntou timidamente não olhando em meus olhos.
Já me fizeram essa pergunta tantas vezes.
—Certo.-suspirei.
—Mamãe, o Taylor me lembra ao papai!-Lily disse enquanto encarava Sophie.
—Coincidência. -Cassandra disse séria. -Também sinto isso.
—Cassie,aonde você estava?-mudei de assunto.
—Na escola em que dou aula. Fui conferir até quando as férias vão. -Cassandra respondeu cruzando os braços.
—Então, meninos...-Alana nos chamou.-Amanhã é o aniversário da nossa princesa!
—Amanhã é seu aniversário, Drew?-Brady susurrou em meu ouvido e deu uma risada abafada.
—Cala a sua boca antes que eu arranque ela da sua cara.-cerrei os dentes.
—E então a Alana vai passar a noite aqui!-Amanda completou sorrindo.-Para que amanhã preparemos a festa!
—Vai ter bolo?-Lilian perguntou com os olhos brilhando.
—Claro que vai!-Cassie sorriu. -E...-cutucou Amanda.
—Drew...Brady...-Amanda nos chamou. Lá vem.-Vocês estão encarregados de fazer o bolo!
—To fora.-eu disse indo em direção as escadas.-Eu não sei cozinhar.
—Sem querer ser mal educado...-Brady disse me seguindo.-Também não sei cozinhar!
—Mas eu vou ajudar vocês! -Alana sorriu e se levantou.
—Não pode fazer sozinha?-fui direto.
—DREW!-Amanda e Cassandra me repreenderam.
—Tio Drew,eu só como o bolo se você fizer!-Lily inflou as bochechas e cruzou os braços.
Revirei os olhos e subi os degraus até chegar ao corredor.
—Drew,não acabei de explicar!-Amanda chamou.
—Nos falamos depois...-murmurei.-Preciso meditar!-entrei em meu quarto.
Óbvio, aquele idiota me seguiu e se jogou em minha cama.
—Preciso meditar longe de você. -eu disse pegando minha toalha e uma roupa limpa.
—Por que?-Brady perguntou.
Porque você era o motivo da meditação.
—N-Nada...-revirei os olhos e fui tomar banho.
Liguei o chuveiro e deixei a água fria escorrer por meu corpo durante longos minutos.
—Eu tranquei a porta?-sussurrei encarando a porta através do vidro do box.-Minha cabeça está bagunçada...-suspirei passando os dedos pelos cabelos molhados.
A.U.F.
O Brady é gay.
A aparição de Jack.
A desconfiança de Cassie.
A Alana.
O aniversário da Lily.
—É muita coisa...-me encostei na parede gelada.-A maioria das coisas são culpa do Jack e do Brady...-desliguei o chuveiro e enrolei uma toalha em volta da minha cintura.-Bem,jogar a culpa nos outros é fácil...Difícil é aguentar...-suspirei.-Talvez seja culpa minha...Culpa de ter nascido "Drew"...-sem perceber dei um pequeno riso abafado.-É cada confusão que me meto...-revirei os olhos.
Penteei meus cabelos e me vesti,ao sair do banheiro encontrei Brady encostado na parede mexendo no celular.
—Adivinha!-Brady sorriu ao me ver.-Eu vou dormir aqui hoje!
—Que novidade...-eu disse irônico. -Praticamente você mora comigo...
—A gente podia morar juntos,não é mesmo? -Brady sugeriu sorrindo.
—Que?!-arregalei os olhos.
—Ué,nunca assistiu aqueles filmes onde melhores amigos dividem um apartamento? -Brady colocou a mão na cintura e arqueou uma sobrancelha.
—Primeiro,não vou dividir uma casa com você. Segundo,não somos melhores amigos.-eu revirei os olhos e fui para meu quarto.
—Drew,precisamos conversar sobre o aniversário da pirralha.-Brady entrou logo atrás de mim e fechou a porta atrás de si.
—E pra isso precisa fechar a porta?-me afastei um pouco.-Vai fazer o que?
—Por que? Tem medo?-Brady sorriu brincalhão. -Não vou te fazer cócegas...-esfregou as palmas da mão em um gesto maléfico.
—O assunto é o aniversário da Lily.-eu disse sentando na cama.
—Temos que fazer o bolo pra ela.-Brady fez biquinho.
—Temos? Por que?-cruzei os braços.
—Porque ela pediu!
—Se alguém pedir pra você pular de uma ponte...Você pula?-arqueei uma sobrancelha.
—Depende da pessoa que pedir...-Brady deu de ombros.-Se for você, eu pulo.
—DEIXA DE SER IDIOTA!-eu disse batendo em Brady com um travesseiro. -ENTÃO EU ESTOU MANDANDO VOCÊ PULAR AGORA! -apontei para a porta.-Vaza daqui,vai agora pular de uma ponte e some da minha vida!
—Calma,gótico...-Brady se fez de vítima.-Leve na brincadeira!-riu e deitou a cabeça em meu colo.
—EI! Isso já é folga demais!-protestei.
—O que vamos dar de presente pra ela?-me ignorou. Brady pegou uma de minhas mãos e a levou até sua cabeça para que a acariciasse.
Eu mereço. (Sinta a ironia)
—Não faço idéia. -dei de ombros.-Uma boneca nova?
—Uma boneca?-Brady franziu a testa.-Até que não é má idéia...-sorriu.
Eu sei. Minhas idéias são ótimas.
—A pirralha merece una festa bombástica! -Brady sorriu animado.
—Concordo.-admiti.-Ela merece.-sorri minimamente.
—Então vamos dar o melhor aniversário pra ela!-Brady se levantou rapidamente e ficou cara a cara comigo.
—E-Está perto de mais!-eu disse empurrando Brady que caiu no chão. -Bem feito!-virei o rosto.
Rapidamente olhei para os lados,procurando por qualquer sinal de Lya,"A Garota do Celular ". Ela podia muito bem estar escondida tirando fotos!
—Bom...-Brady se levantou.-Vou na casa dos meus tios pegar uma roupa para tomar banho.-abriu a porta e desceu para o andar debaixo.
Revirei os olhos e me deitei de modo desleixado na cama.
—Lily...-sussurrei.-O que eu posso fazer por você?
Minha cabeça deu um estalo.
Levantei-me e peguei o álbum de fotos que estava guardado na cômoda.
Sorri confiante e fui até o quarto da pequenina.
—Posso entrar?-bati na porta entre aberta.
—Claro!-Lilian permitiu.
Me dirigi a cama para que pudesse me sentar ao lado de Lily.
—Quer dizer que minha pequena vai ficar mais velha?-baguncei os cabelos dela.
—Vou sim!-Lilian sorriu de modo tímido. -O que é isso?-apontou para o álbum em minhas mãos.
—Pode ver.-lhe entreguei.-Só não conte para a Amanda! Eu disse que joguei fora!-pressionei meu dedo indicador contra os lábios pedindo silêncio.
—Certo!-Lily riu sapeca e folheu o álbum. -Uau!-seus olhos brilharam.-Fotos de você e do papai quando eram pequenos!
—Pois é...-sorri de canto.-Bons tempos...-suspirei e olhei para o teto.
—Onde vocês estavam aqui?-Lilian apontou para uma foto onde eu e Jack estávamos balançando em um balanço de madeira preso em uma árvore em um campinho perto do parque.
—No nosso lugar favorito.-sorri olhando a foto.
—Desse dia em diante esse será o "Nosso Cantinho"!-Jack sorriu animado enquanto se pendurava nos galhos da árvore.
—Você vai cair!-eu alertei.
—Não vou n...
E foi só falar que o galho que Jack se balançava quebrou e ele caiu de bunda no gramado.
—Meninos, vamos tirar uma foto para registrar o momento!-Amanda sorriu pegando sua câmera.
Naquele dia jogamos bolas,fizemos um piquenique, caçamos sapos no laguinho...

—O cantinho favorito do...Papai?-a voz de Lily saiu como um sussurro.
—Sei que é uma pergunta idiota,mas...-eu disse meio sem graça. -Sente falta dele?
Lilian assentiu,seu olhar perdeu o brilho e sua expressão mudou de alegre para triste.
—Fiquei tão feliz quando Taylor chegou,pois ele me lembra ao papai...-abraçou seus joelhos.-Mas ele foi embora sem nem mesmo falar comigo...-suspirou.-Amanhã eu completo mais um ano de vida...E vai ser o primeiro aniversário que o papai não passa comigo e com a mamãe...-disse com a voz embargada.-Todos os anos ele me levava pra tomar sorvete...Eu tinha um dia de princesa...E no final,passávamos a noite em claro assistindo filmes e desenhos...
Apenas fiquei em silêncio e um pouco envergonhado passei meu braço pelos ombros de Lily a confortando.
—As meninas da escola diziam que isso era simples. Que tomar sorvete e ver filmes era algo ridículo para se fazer no aniversário. -franziu a testa.-Mas...Eu amava. Me sentia amada e especial...
—As coisas simples são as quais devemos dar mais valor.-sussurrei.-Pois na maioria das vezes,as coisas simples são as mais frequentes na nossa vida,fazem parte de nossas rotina.
—Por isso eu dava valor a cada momento que tinha com o papai...-Lily sussurrou de cabeça baixa.-Pois...Algum dia ele podia desaparecer...Igual ao pai da minha amiga Açucena.
—O que aconteceu com o pai dela?
—A mamãe dela diz que ele foi para o céu...Mas que em breve eles se veriam novamente. Eu tinha medo do papai ir pro céu, por isso sempre aproveitei os momentos ao lado dele...Eu me divertia tanto! Era tão feliz!-deu um sorriso fraco.
—Lily...-sussurrei.
—Tio Drew,e seus pais?-Lilian me olhou com os olhinhos um pouco vermelhos e fechados.
—Longa história. -forcei um sorriso e cocei a nuca.
—Um dia você me conta?-perguntou.
—Um dia.-suspirei.
—Pelo menos mamãe está aqui comigo!-Lilian tentou ser otimista.
—Você está certa!-sorri de canto.-Sua mãe realmente parece uma boa moça.
—E ela é! -Lily sorriu. -Mamãe é uma mulher maravilhosa! A melhor mamãe do mundo!-cantarolou alegremente.
—Que bom que está sorrindo!-baguncei os cabelos de Lilian. -Gosto de te ver feliz.
—Sorrir é a melhor opção. Mamãe sempre diz isso. Se tiver que optar entre ficar triste ou feliz,opte por ficar feliz e sempre ser otimista!
Pisquei os olhos várias vezes. Essa garota me surpreende com sua alegria.
—Sabe,Lily...-me veio a mente uma idéia. -Quer conhecer o cantinho amanhã de manhã?
—CLARO!-os olhos de Lily se arregalaram com a surpresa e seu sorriso ficou ainda mais largo.-Obrigada tio Drew!-me abraçou.
—Crianças, fizemos pipoca,vamos assistir um filme lá na sala!-Amanda disse se encostando no batente da porta.
—Eba!-Lily gritou de alegria.-Vamos lá!-me olhou.
—Tudo bem...-revirei os olhos e sorri.
☆☆☆
Eu,Brady e as garotas ficamos assistindo vários filmes enquanto comíamos besteiras: Pipoca,chocolate,sorvete e refrigerante.
Amanda até jogou os colchões (que ela tirou das camas) no chão da sala para que pudéssemos ficar mais confortáveis.
Então ficou assim: Eu deitado no sofá, Brady esparramado no MEU colchão ,Amanda no colchão de Lily,Alana e Lilian no colchão de casal de Amanda,e Cassandra no próprio colchão.
Estávamos assistindo um daqueles filmes colegiais,os preferidos de Cassie.
—Você ainda não entende que cresceu?-perguntei colocando um punhado de pipoca na boca.
—Cala a boca.-Cassandra me mandou um olhar assustador.
—Por que toda ruiva nerd é a protagonista? E por que toda loira é a vaca popular?-Brady perguntou.
—Lei dos filmes. Lei das séries. Lei dos livros. Lei das fanfics.-Alana riu.
—Eu vou ser uma vaca?-Lily perguntou chorosa olhando para a cor de seu cabelo.
—Não foi isso que eu quis dizer!-Brady se desesperou.-Você vai ser...Outra coisa,menos isso!-sorriu nervosamente.
O filme finalmente terminou,enquanto os créditos passavam na tela preta,Alana se retirou para ir ao banheiro e Amanda foi na cozinha tirar o arroz do fogo.
—Se o bebê que sua mãe está esperando for menina,você será um péssimo irmão. -ri malvado,quebrando o silêncio.
—Assim você me deixa mal...-Brady fez biquinho.
—Eu quero ter o cabelo azul igual ao do Taylor! -Lily disse cruzando os braços e inflando as bochechas.
—Seu cabelo é lindo do jeito que é. -eu disse.
—Por falar em Taylor...-Cassandra comentou desconfiada.-Ele me lembra MUITO ao Jack.-me lançou um olhar.
—Sei de nada não. -respondi encarando a televisão de modo nervoso.
—Ele também me lembra ao papai.-Lilian comentou.
—Quem é esse Jack?-Brady perguntou.
—Meu irmão. -Cassie respondeu.-Desaparecido. -essa palavra saiu como um sussurro,porém era possível perceber o peso dela.
—E ele se parece com o Taylor?-ele fez outra pergunta.
—Sim.-Cassandra suspirou.-Você sabe de alguma coisa,senhor Drew?-me encarou.
—Não. -disse rapidamente.
—Lily,pega um copo de água pra mim por favor? -Cassie sorriu.
—Se queria que eu saísse , era só pedir.-Lily levantou e foi para a cozinha.
Cassandra ficou se boca aberta.
Essa doeu até em mim. Acho que assuntos ligados ao Jack mudam o humor da Lily...Ou o suco acabou e ela comeu pipoca seca. A segunda opção é mais confiável.
—Tenho certeza que Taylor é Jack disfarçado! É bem da cara daquele...Daquele...Daquele...-Cassie disse,e a cada "Daquele" ela ia cerrando o punho com mais força.-Ahhhh!-gritou de raiva cerrando os dentes.
Arregalei os olhos e dei um pulo de susto,meu corpo reagiu a essa desconfiança.
—Pode ser um irmão gêmeo. -dei de ombros.
—Não. -Cassie disse.-Papai e mamãe tem apenas eu,Jack e Chloe de filhos.
—Pode ser um primo distante.-falei com normalidade.
—Não temos um primo chamado Taylor.
—Pode ser um sósia .
—Impossível.
—Como pode ter tanta certeza?!-a desafiei.
—O jeito dele era igual ao do Jack. E a maneira como tentou se livrar de mim na hora em que segurei seu pulso. Fui eu que ensinei aquilo pro J-A-C-K. É impossível mais alguém saber.-Cassandra me desafiou com o olhar.
—Melhor eu sair daqui.-Brady disse saindo discretamente e indo para a cozinha.
Melhor mesmo,porque o clima ia ficar sério.
—Desencana.-suspirei.
—Por acaso sou encanador?-Cassie disse sarcástica.
—Não era o Jack!-me levantei.-Se quiser pode até fazer teste de DNA!
Aprendi que a melhor forma de mentir é expondo a verdade.
Por exemplo,quando alguém te chama pra sair e você diz que está em tal lugar e não pode ir,daí a pessoa diz que é mentira e você rebate dizendo que se ela quiser pode ir a sua casa ver.
Se você está se arriscando,significa que não tem nada a perder. Há.
—Já pensou na possibilidade de Jack ter mudado de cidade? Estado? País? Mundo?!-gritei.
—Eu o conheço! -Cassandra gritou.
—Pois eu o conheço melhor!-me aproximei dela,para ficarmos cara a cara.
—Como pode?!-Cassandra me encarou de modo sério. -Você nasceu da mesma barriga que ele? Não! Cresceu com ele? Não! É algo dele? Não ! Você não o conhece como eu! Não sente a dor que eu sinto! Você não é nada pra ele! -suas palavras eram carregadas de raiva.
Nada? Nada...Pra ele...
—Se eu não sou nada pra ele,então você nem existe! -soltei sem pensar.-Quer saber? Ele deve ter fugido porque você é uma insuportável!
—Ah,e porque você acha que ele fugiu daqui?-Cassandra cerrou os dentes.-Porque não queria mais conviver na mesma casa que um idiota mimado e depressivo como você! Você já parou para pensar em alguém que não fosse você?!
—Quem foi que te abraçou naquele dia?!-gritei. -Por acaso foi o Jack? Não! Fui eu!
—Acha que eu queria que fosse você?! Preferia mil vezes aquela rã do rio!
—Ah,é? Então vai lá com ela! Porque ninguém te quer aqui!
—E como se quisessem você também,né? -Cassandra disse com ódio. -Nem seus pais te quiseram!
Todas as palavras ofensivas que queriam sair de minha boca se evaporaram pelo ar. Minha ferida foi tocada.
Toda raiva e ódio se esvairam,e senti como se não tivesse mais apoio para sustentar meu corpo de pé. Achei que havia superado isso,mas...
Vi a expressão de Cassandra mudar de furiosa para culpada,seus olhos se arregalaram e sua boca aberta foi tampada por suas duas mãos.
—Me desculpa,eu não queria...-ela sussurrou assustada,recuando alguns passos,como se não acreditasse no que disse.
—Se não quisesse,não teria dito.-eu disse amargo cerrando os punhos e olhando para o chão.
Escute as pessoas quando elas estiverem com raiva,porque é a hora que a verdade sai.
—O que está acontecendo aqui?!-Amanda chegou correndo desesperada com Brady.
—Nada que te importe.-eu disse e subi correndo para meu quarto.
—Drew,me desculpa!-Cassandra gritou.
Era tarde demais para pedir desculpas.
Bati a porta de meu quarto com força e me deitei no chão (já que o meu colchão estava lá embaixo) e comecei a socar um travesseiro.
—Ela pode ter razão. -eu sussurrei,as palavras que saíram de minha boca pareciam estar entaladas em minha garganta.
☆☆☆
Sem perceber,adormeci. Algum tempo depois acordei sentindo algo se mexendo do meu lado.
Abri os olhos rapidamente e em reflexo olhei para os dois lados e encontrei Lily e Brady dormindo comigo.
—O que estão fazendo aqui?!
—Tio Drew?-Lily abriu um de seus olhos e me encarou.-Está tudo bem?-se sentou e esfregou o olho fechado com a costa da mão.
—Sim. -suspirei.
—Drew,você não está nada bem...-Brady se sentou e me encarou.-Por favor,deixa a gente te ajudar.
—Eu não preciso de ajuda.-me sentei.
Mesmo não querendo aceitar, as palavras de Cassandra ainda doíam.
—Tio Drew...-Lily deitou a cabeça em meu colo.-Tia Cassie...Saiu de casa depois da discussão!
—E Amanda e Alana estão tentando ligar pra ela,mas ela não atende...-Brady explicou preocupado. -A briga entre vocês dois foi feia!
—Não quero falar sobre isso.-cruzei os braços.
Um silêncio se instalou no quarto.
—Tudo vai ficar bem.-Lily sussurrou docemente,se levantou e me deu um beijo na bochecha.-Sorrir é a melhor opção. -disse em meu ouvido.
Lilian estava triste com o que aconteceu,era possível perceber isso. Ela se retirou do quarto,mas antes fez sinal de positivo com o polegar e deu um sorriso fraco. Retribui o gesto.
—Drew.-Brady me encarou.
—Não quero conversar. Pode ir embora.
—Mesmo que não queira conversar,vou ficar aqui,quieto e parado para te fazer compainha!-Brady disse.
—Não precisa.-eu disse olhando para o lado.
—Você sabe que precisa. Você quer alguém para te fazer compainha e quer alguém que te escute.-Brady disse.
—Um papagaio faria isso melhor que você. -eu disse secamente.
Brady revirou os olhos e me pegou de surpresa ao me abraçar.
—Me solta!-cerrei os dentes.
—Não vou. Eu não vou te soltar.-ele sussurrou.
—Mas...
—Eu já disse que não vou te soltar! Não vou sair do seu lado! Eu quero estar sempre aqui,com você! -ele disse me apertando ainda mais.
—É brincadeira, né? -perguntei receoso.
—Não. -Brady sussurrou.-Nunca falei tão sério.
—Drew!-a porta foi aberta de repente,no mesmo momento empurrei Brady assustado.-Drew,meu Deus,o que aconteceu?!-Amanda disse se aproximando.
—Amanda,não estou afim de conversar.-eu a cortei.
—Tudo bem,você me conta depois...Só que agora eu e Alana estamos indo buscar Cassie do outro lado da cidade!-Amanda disse andando de um lado para o outro.
—Onde ela está? -Brady perguntou.
—Escondida no vestiário da antiga escola que ela estudou. A escola já foi fechada há anos e está abandonada. -Amanda explicou.-Chloe,a irmã mais nova dela,nos contou que ela costuma ir para lá quando está mal.
—Hum.-murmurei abraçando os joelhos e virando o rosto.
—Drew...-Amanda suspirou e se ajoelhou na minha frente.
—Vai lá. Ela está esperando você. -eu murmurei.
—Cassie se sentiu horrível depois de dizer...Aquilo.-Amanda disse triste.-E ver que você ficou magoado.
—Eu não fiquei magoado!
—Não adianta tentar esconder sentimentos que são mais visíveis que fogos de artifício no Ano Novo.-Amanda deu um sorriso fraco.
—Hum.-murmurei. Não queria admitir que ela estava certa.
—Quando quiser conversar,estou aqui.-Amanda disse beijando o alto de minha cabeça e deslizando seus dedos por minhas bochechas.
☆☆☆
—Lily,vou sair. Você vai ficar com o Brady.-avisei enquanto subia o zíper da minha jaqueta e pegava minha mochila.
—Aonde você vai?!-Lily e Brady perguntaram ao mesmo tempo.
Suspirei.
—Aposto que vocês vão me seguir.-eu disse,eles assentiram sem culpa.-Então venham de uma vez.
Lily e Brady vestiram seus casacos,pois o clima era fresco e estava ameaçado chover o dia inteiro,aquela seria a hora perfeita para cair um pé da água.
Trancamos a casa e deixamos um bilhete avisando que havíamos saído.
—É longe.-avisei andando a alguns passos de distância dos dois.
—Para onde estamos indo?-Lily perguntou se esforçando para me alcançar.
—Você verá quando chegar.-suspirei.
—Quanto mistério. -Brady disse andando do meu lado.
Percebi que Lilian carregava Sophie e usava o colar que Jack deu,afinal,era raro vê -la sem aqueles dois pertences.
Até chegar "aquele lugar",era necessário passar pela ponte, a mesma onde Lily perdeu o colar,atravessar o beco,o mesmo onde fomos quase assaltados,pegar um atalho pelo hospital,onde a mãe de Brady descobriu que estava grávida, cortar caminho passando pelo cemitério ,pular um rio e chegaríamos. Como eu disse,era longe.
—Quantas lembranças! -Brady sorriu enquanto passava pela ponte.-Lembra,gótico?
—Como não lembrar?-eu disse baixinho.
—Se lembra do mendigo e do sequestrador de cachorros de raça? -Brady riu.-Há,já pensou se a gente se esbarra com eles? Estaríamos ferrados!
—Que nada!-Lily riu.-Vocês dois são heróis, iam quebrar a cara daqueles homens!-socou o ar várias vezes.
—Não é pra tanto.-eu disse.
—Claro que é! -Brady disse orgulhoso.
Passamos o percurso inteiro conversando sobre o começo da nossa amizade,quero dizer,eu só comentava de vez em nunca,Lily e Brady eram os mais tagarelas.
Chegando ao cemitério, Lilian tremeu de medo e quis recuar.
—T-Tio D-Drew...-ela sussurrou se escondendo atrás de mim.
—Lily,não precisa ter medo dos mortos,os vivos são os que fazem coisas ruins.-eu disse a encarando.
—M-Mas...-ela se encolheu .
—Eu te entendo.-sussurrei.-O medo é um sentimento natural,só devemos saber controla-lo para que não vire nosso inimigo.
—Eu confesso que tenho medo de corujas.-Brady admitiu envergonhado.
—Por que?-segurei o riso.
—Não ri!-ele pediu.-Corujas tem olhos grandes e bico e...Se enfiam em buracos e ficam fazendo "Uhh" "Buu" "Gruu"!-se arrepiou.
—Vamos entrar?-encarei o portão enrome de ferro preto que separava o terreno do cemitério da rua.
—Vamos!-Brady e Lily assentiram.
Entramos,andamos entre os túmulos e lápides tentando ao máximo não encostar em nenhum e não fazer barulho.
A lua já brilhava no céu, ainda bem que o cemitério era iluminado pelas velas e alguns postes de luzes para que as pessoas que fossem lá pudessem enxergar.
Sem perceber,acabei esbarrando em uma moça que estava ajoelhada em frente a uma lápide.
Imediatamente soltei um grito de susto e recuei milhares passos,já Lily correu desesperada gritando,e Brady foi rápido o bastante para escalar um poste e se pendurar lá.
—M-Me desculpe!-sussurrei com os olhos arregalados.-Não te vi aí!
—Tudo bem.-a mulher se levantou e bateu na roupa para tirar a sujeira.-Não precisa ter medo,não sou um fantasma!-riu.
Mesmo você não sendo um fantasma,eu estou com medo!
—A-Ah,desculpa mesmo...E-Eu já vou indo...-andei para trás.
—Isso aqui é seu?-pegou minha lanterna que havia caído no chão.
Sim,é claro que eu levei uma lanterna!
—Sim,obrigado.-peguei a lanterna e rapidamente a liguei,a luz apontou para a lápide que a mulher estava ajoelhada antes de eu derruba-la.
Meus olhos se arregalaram e minha boca se abriu na forma de um "O" perfeito.
Era ela .
O nome dela estava lá.
A data de seu nascimento junto a de seu falecimento estava lá.
Sua foto estava lá.
O corpo da mulher que me deu a vida estava enterrado lá.
—Está tudo bem?-a mulher desconhecida perguntou.
—T-Tudo...-sussurrei.
A mulher que eu costumava chamar de "mãe " morreu dois anos depois de ter me abandonado. Na lápide estava uma foto dela,seus olhos azuis tinham um olhar indecifrável, os cabelos curtos e pretos voavam com o vento,e em seus lábios um pequeno sorriso de canto. Na frente da foto tinha um buquê de violetas azuis,as flores preferidas dela.
—Mamãe! Mamãe! -eu disse pulando em cima de minha mãe que dormia profundamente em sua cama.-Feliz aniversário!
—Que bagunça é essa?-ela perguntou acordando de mau humor.
—É seu aniversário!-sorri abertamente.
—Estou ficando mais velha e minha morte está mais próxima, qual a graça disso?-revirou os olhos.
—Eu trouxe isso para você! -lhe entreguei um buquê de violetas azuis.-Titia Gisele contou que são suas favoritas!
—B-Bem,obrigada...-ela agradeceu envergonhada,não esperava por aquilo.

—Garoto,você está bem mesmo?-a mulher estalou os dedos.
—Estou.-respondi sério. -Pode me dizer se é parente dessa mulher?
—Sou.-ela respondeu sem graça.
—Se me permite,do que ela morreu?-talvez eu tenha faltado com educação. Mas,tecnicamente, ela era minha mãe, eu tinha todo o direito de saber.
—Ah...-a moça murchou.-E-Ela faleceu por causa da depressão.
—Depressão? -arqueei uma sobrancelha.
—Sim. Ela entrou em uma profunda depressão após...Após...Ter abandonado seu filho.
Em?!
—Por que ela o abandonou?-perguntei.
—Porque...-a mulher parecia meio incerta se me contava ou não. -Porque ela foi obrigada a abandona-lo.
—Uma mãe não tem a obrigação de abandonar um filho.-cruzei os braços.
—É que...Quando ela ficou grávida era muito jovem,seu namorado queria obriga-la a abortar o bebê...-explicou. Essa frase me fez ficar surpreso.-Mas ela negou. Então o namorado dela foi obrigado pelos pais a se casar com ela e assumir a criança. Porém,ele determinou que a criança deveria ser abandonada quando não fosse mais um bebê,e se ela não fizesse isso,ela e o filho iriam pagar as consequências...-a essa altura minha boca estava mais escancarada que porta arrombada e meus olhos tão arregalados que pareciam que iam pular para fora.-E assim foi feito,o garoto foi abandonado. Ela então teve uma depressão, afinal,amava o filho, mas nunca foi capaz de demonstrar por medo do marido.
—E o marido dela?-ousei perguntar.
—Um idiota.-a mulher disse.-Sinceramente, uma pessoa odiavél. Ele ainda teve a capacidade de mentir sobre o verdadeiro motivo da morte de sua esposa!-seu tom de voz foi aumentando cada vez mais.-Sempre contou a lorota que ela morreu em um acidente de carro quando eles estavam viajando para outra cidade. Mas eu sei da verdade.
—E por que nunca a revelou para ninguém?
—Coisas pessoais.-ela disse brevemente.-Sabe,você me lembra ao meu...Sobrinho.
—E-Espera...-fiquei surpreso.-Você é irmã dela?!
—A única.-ela disse.
Não acredito...
—Se quiser saber mais,pode me encontrar novamente aqui. Mas precisa trazer um buquê de...
—Violetas azuis.-eu completei a frase.
—Exatamente.-ela concordou.-A propósito, meu nome é Gisele. E o seu?
E após tantos anos...Eu estava cara a cara com minha tia...Alguém da minha família.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Me digam pelos comentários!
O futuro reserva muitas surpresas para todos os personagens de "O Jogador de Basquete e o Gótico " !
Tenho uma coisa a perguntar a vocês, meus amores ♡:
"Qual a personagem favorita de vocês? "
"Qual a personagem que você não suporta ou odeia?"
"Alguma frase te marcou? Se sim,qual?"
"Essa é uma fic para se rir ou para se chorar? Por que? "
Só isso mesmo,quem responder ganha bolo de Kit Kat com sorvete! ♡♡♡♡♡♡♡
Até o próximo capítulo!
Bjs.
-☆ Creeper.