Quando o filme terminou, algo não saia de minha mente. O gesto de Richard. A cada vez que eu me recordava daquilo, mais meu coração ficava agitado. Por quê? Eu realmente não sabia.

  Eu pego meu celular e ligo a opção WiFi e acabo caindo do sofá. Eu havia tomado um susto quando meu celular se conectou e começou a disparar em notificações. Levanto do chão e pego meu celular, procurando algum sinal de Mel ou Ray, ou quem sabe, até das duas. Depois de um tempo procurando saber se alguma das varias notificações era de alguma delas, eu acabo recendo dois SMS. Um da Ray e outro da Mel, ambos diziam:

“Precisamos conversar!”

Li ambos os SMS e fiquei preocupada. Haveria acontecido algo de ruim com elas?

“Onde podemos nos encontrar? No Parque?”

Enviei para ambas. E Mel me respondeu.

“Pode ser naquela mesa de piquenique que íamos sempre. Eu falei com Ray e ela quer conversar com nós duas.”

Li e digitei a resposta.

“Ela me enviou um SMS dizendo que queria conversar comigo. Nós encontramos lá em meia hora.”

Enviei e a esperei responder.

“Ok! Só não se atrase.”

“Nunca!”

  Tomei um banho, me arrumei e sai de casa. Entrei no elevador e esperei ele descer até o primeiro andar. Sai dele, cumprimentei o sindico e sai do prédio indo em direção ao parque.

  Estava frio. Eu apenas puxei mais a toca. Depois de quinze minutos, eu finalmente havia chegado ao parque, seguindo para a mesa de piquenique. Quando me aproximei dela, pude ver duas garotas, uma sentada no banco e outra sentada na mesa, olhando o lago, de costas para mim. Sorri.

— MEL. RAY. – Ambas se viraram para mim e acenaram. Corri até elas e as abracei. – Ei.

— Oi Kory. – Ray me cumprimentou.

— Hey. – Mel disse.

— Então... – Me sentei do lado oposto ao de Ray. – Quem começa?

— A Mel. – Ray disparou. A morena apenas suspirou.

— Ok. – Mel disse. Ray se levantou e a puxou para a árvore, que ficava a direita da mesa de piquenique, a deixou ali e sentou-se à mesa, ao meu lado.

— Começa amiga. – Ray disse, sorrindo e a olhando. – Como é a arma? É potente? Ataca bem? – Eu olhei Ray.

— Ar...ma?! – Eu realmente não entendi a “referência”.

— Nada não Kor. – Mel olhou Ray feio e logo suspirou. – Bem... Eu e John, meio que rolou um clima entre nós dois na festa. O clima foi esquentando e nós subimos para o segundo andar...

Flashback Mel On...

  Estávamos dançando agarradinhos. Estava tão bom. Meu coração saltitava de felicidade. Havia rolado um clima, ai sim pudemos dançar, mas colados, com beijos e palavras.

— “Vamos lá para cima.” – John sussurrou em meu ouvido, sorrindo. Eu apenas o olhei sorri

— “Vamos.” – Eu sussurrei de volta. Peguei em sua mão e o guiei até as escadas. Um garoto estava descendo e me olhou, mordeu os lábios e piscou para mim. John me segurou mais forte e quando ia atrás do garoto, para tirar satisfações, eu me virei e o beijei.

— Mel... – Ele ficou boquiaberto.

— “Não estrague o momento querido...” – Sussurrei em seu ouvido, ele sorriu e continuamos a subir. Chegando lá em cima, ele me jogou contra a parede e começamos a nos beijar.

  Continuamos a nos beijar e logo fomos procurar um quarto. Havia um com a porta apenas encostada. Abrimos e vimos um garoto e uma garota, de pé, nus, fazendo você-sabe-o-que. Fechamos a porta rapidamente e começamos a rir e fomos para o quarto ao lado que estava com a porta totalmente aberta.

  John entrou primeiro e logo me puxou. Enquanto ele fechava a porta, eu retirei meus saltos e fiquei na janela. Ele surgiu por trás e me abraçou. Eu me virei para ele e começamos a nos beijar. John me deitou na cama cuidadosamente e ficou por cima de mim. Voltamos a nos beijar, mas ele cessou os beijos e suspirou, logo se afastando e sentando na cama, com as mãos no rosto.

— Qual o problema? – Me sentei ao seu lado.

— Desculpe Mel, mas eu não posso fazer isso. – Ele disse olhando para frente. Acabei engasgando.

— C-como assim? – Ele me olhou.

— Mel, você é minha melhor amiga. Eu não poderia simplesmente transar com você. Eu não conseguiria.

— Mas eu quero... – Eu tentei argumentar. John apenas me beijou.

— Desculpe Mel, mas eu não posso fazer isso. – Suspirei.

— Tudo bem. – Nos abraçamos.

Flashback Mel Off...

—... E foi isso. – Mel completou, terminando de arranhar a arvore com uma pedra que logo foi lançada no lago. Ficamos em silencio por algum tempo.

— Ok. – Ray quebrou o silencio. – Minha vez. – Ela se levantou e empurrou Mel para o banco, a mesma lançou um olhar mortífero para a castanha, que apenas deu um sorrisinho sem graça. – Desculpe Mel.

— Uhum. – A morena apenas se sentou do meu lado e Ray sorriu.

— Bem...

Flashback Ray On...

  Eu e Michael estávamos muito afim um do outro fazia um tempinho. Tentávamos disfarçar, mas não estava funcionando direito. A festa era uma chance para ver o que podia rolar entre nós dois. Ele estava lindo e, de alguma forma estava sem o celular ou qualquer eletrônico na mão. Muitas garotas estavam o olhando. Ele me viu e eu o vi, foi perfeito. Parecia um conto de fadas. A Kory chegou e todos ficaram conversando, mas eu e Michael trocávamos olhares que me faziam corar e abaixar o olhar.

  Eu acabei ficando um pouco distraída e comecei a trocar olhares com outro cara. O Michael não havia gostado nem um pouco e, me abraçou e beijou meu pescoço. Eu fiquei realmente surpresa e o olhei.

— “Vamos pro cantinho Ray?” – Ele sussurrou no meu ouvido de forma sensual.

— “Vamos.” – Sorri e ele me guiou até um canto.

  Eu e Michael começamos a conversar. Ele diminuiu o espaço entre nós, ficando a centímetros de meu corpo. Eu tinha duas escolhas, me afastar para ele entender que eu não queria nada e voltar a paquerar aquele gato, que poderia ter uma namorada e que me fizesse sofrer na manhã seguinte, ou ficar com o garoto que eu gostava desde à sétima série. Eu escolhi ficar.

Michael sorriu e não perdeu tempo, de uma forma carinhosa ele me beijou. No primeiro instante eu fiquei surpresa, mas logo cedi aos seus encantos. Sejamos sinceras... Que garota não gostaria de ser beijada por um cara alto, de cabelos castanhos claros, pele branca e olhos castanhos folhas? Ele era perfeito, um príncipe encantado.

  O clima começou a esquentar e vimos que já era por volta 23h41min da noite eu e Michael nos dirigimos para fora da festa. Havíamos esquecido a Kory, mas tínhamos quase certeza de que ela ficara perto de John e Mel. Pegamos um táxi e fomos para minha casa.

Flashback Ray Off...

— Bem... O resto eu não preciso contar. – Ray disse sorrindo e Mel caiu do banco.

— Vocês... Fizeram?! – Ela estava perplexa.

— Aham. E foi ótimo. – Ray dizia corada arrumando a blusa.

— Mas e aí? – Eu perguntei e ela me olhou. – Estão num relacionamento sério?

— Eu ainda não sei. – Ray disse. – Acordei hoje com meu quarto organizado. Michael trazendo nosso café que ele mesmo fez. E o melhor de tudo é que ele estava apenas de cueca Box... BRANCA! – Ray começou a rir, estava extremamente vermelha.

— “Sortuda...”— Mel sussurrou acendendo um cigarro e o colocando entre os dentes para tragá-lo.

— Olha Mel, não é minha culpa se o John  broxou e não transou com você.

— Ray! – Chamei sua atenção.

— Ele não broxou Ray, apenas salvou nossa amizade.

— Ah, claro. Por que agora o John é santo.

— Eu prefiro não ter transado com o John do que ser apenas uma escrava sexual do Michael. Se ele estalar os dedos, você vai estar atrás dele feito a cadela que você é. – Mel rebateu.

— O que foi que disse Melissa Bonnie Sharalyn?

— Me chama assim de novo que eu quebro a sua cara aqui mesmo... Rayanne Jayne Christine.

— Não me chame pelo meu nome todo, sua vaca. – Foi à gota d’água. Mel foi para cima de Ray. Eu tentei separá-la, mas Mel era muito forte, até que eu finalmente consegui.

— Meninas. Não façam isso, por favor. – Eu havia começado a chorar.

— Kory?! – Ray me olhou, estava muito triste. E com o cabelo todo bagunçado. Mel estava descabelada, sem a toca e havia perdido seu cigarro.

— Por favor... – Eu chorava muito. – Vocês são tudo o que eu tenho. Minha única família. Não façam isso. – Eu chorava e minhas amigas permaneciam em silencio.

— Desculpa Ray... – Olhamos Mel, surpresas. – Eu não deveria ter feito aquilo. Eu fui extremamente grossa. E fiz a Kory chorar. – A garota sentou no chão, de cabeça baixa.

— Tudo bem Mel. Eu não devia ter implicado. – Ela abraçou a morena.

— Eu prefiro assim. Nós todas juntas. – Elas riram e vieram me abraçar. Afinal... Éramos uma família.

Continua...