Realmente... Minha semana foi ótima! Apanhei do Xavier, recebi ameaças, tive que me esconder no terraço para fugir deles e, quando a Kory me viu todo machucado, mancando e com sangue após a aula de quarta, ela me levou correndo, no meu caso sendo arrastado, até a casa dela.

  Quando chegamos lá, ela simplesmente me jogou dentro no banheiro e jogou uma toalha para cima de mim. Eu a olhei e fiquei corado. Muito corado. Sério. Eu parecia um pimentão de tão corado.

— Tome um banho, vou te arrumar roupas. – Tomei um banho bem rápido, não querendo ser um incômodo e, amarrei a toalha na cintura. Foi quando ela abriu a porta do banheiro de uma vez e, a me ver apenas de toalha, ficou mais vermelha que os próprios cabelos. – D... Desculpe... – Ela jogou as roupas em cima de mim e saiu correndo.

  Eu me vesti e sai do banheiro, ainda sem jeito. Tudo que eu usava era um moletom verde e uma blusa cinza. Ela me senta em cima do tapete felpudo da sala e começou a limpar minhas feridas ainda recentes. Doía... E muito! Durante a limpeza de meus ferimentos, eu ri. Ela sorriu e pegou outro algodão.

— Que foi? – Ela enrolou os cabelos ruivos e os jogou para trás.

— Nada é que... – Suspirei e olhei para o lado. – É bem mais fácil com alguém ajudando. – Ela sorri.

— Você costuma a se machucar sempre? – A olho.

— Às vezes. – Volto meu olhar para o moletom. – De quem...? – Eu a olho.

— Meu irmão. – Ela me interrompe e logo sorri. – Tem quinze anos. Vamos dizer que... Ele cresceu demais. – Ela riu e eu a acompanhei.

  Paramos de falar por algum tempo, mas Kory continuava concentrada em meus ferimentos, vez ou outra eu gemia pela dor que eu sentia ou pelo fato de estar ardendo muito.

— Quem te fez isso Richard? – Eu fiquei em silêncio e olhei para o chão.

— Isso não importa... – Olhei para janela.

— Richard... – Ela me chama e, eu a olhei.

— Não importa Kory. – Digo e olho para ela. – O importante é que eu estou aqui.

— Foi Xavier, não foi? – Sua voz demonstrava toda sua tristeza.

— Kory...

— Foi não foi Richard? – Me calo. Ela me fita. – Desde quando isso acontece?

— Kory...

— Fala Richard. – Ela disse autoritária, mas queria chorar. – Desde quando isso acontece?

—...

— Richard, por favor, me deixa te ajudar. – Ela pôs a mão em meu rosto. Eu coro imediatamente.

— Desde o... Ano passado. – Suspiro. De repente, sinto algo entrelaçar meu pescoço. Era Kory. A ruiva me abraçava tentando me consolar. Sorrio e retribuo.

  A ruiva termina de limpar as feridas e ela faz algo para comermos. Eu estava morto de fome. Logo a porta é aberta. Eu fico observando a porta, até que alguém passa por ela. Era uma garota alta, com cabelos tão negros que tinham um reflexo azulado e olhos escuros. Kory ficou paralisada quando viu a garota fechar a porta.

— Quem é o garoto? – Ela perguntou.

— Err... Bem... – Kory não conseguia soltar uma palavra sequer.

— Richard. – Eu a olho. – Sou da sala da Kory.

— Ah, então você é o Richard. – A morena olhou para a ruiva, o que a fez estremecer. – Meu nome é Komally, mas todos me chamam de Koma.

— É um prazer, Koma. – Me virei para Kory.

— Acho que não sabe o que Kory fica falando de você. – Apenas retirei meus olhos da mesa e direcionei para Kory. A ruiva tinha os olhos cheios de água, mas se virou para disfarçar.

— E o que ela diz? – Olhei a morena.

— Ah, você sabe. – Ela riu. – Que você é um estranho... Sem noção... Ridículo... Que tem nojo de você... E por aí vai. – Olhei para a ruiva, que parecia estar se segurando para não chorar. Ela estava rígida.

— Que irônico. – Olho a morena. – Não é bem isso que eu tenho escutado.

— Pois é. As pessoas às vezes nem são o que imaginamos. – Ela olhava Kory, parecia se divertir com a cena.

— Engraçado... Porque quando eu te vi entrar por aquela porta... – Eu apontei para a mesma. – Pensei que fosse alguém ruim, mas a Kory ficou tensa e, depois que você começou a serpentear, eu tive certeza que você é alguém ruim. – A garota ficou assustada e Kory me olhou, surpresa. – As pessoas às vezes nem ao o que imaginamos, não é Komally?

— O que? O que quer dizer com isso?

— Quero dizer que você é uma falsa e uma grande mentirosa.

— SAI DA MINHA CASA AGORA! – Ela começou a berrar.

— Eu sou um convidado da Kory, então... Só saio quando ela mandar, senhorita Komally.

— Seu...

— CHEGA KOMALLY. EU JÁ CANSEI! DEIXA-ME EM PAZ COM O RICHARD, DROGA! – A morena fitou a ruiva.

— Ok... Maninha. – Ela abriu os braços e sorriu. – Mas não se esqueça de que essa casa é minha. – E foi para seu covil.

— Richard eu... – Ela estava com os olhos cheios d’água. Eu me levantei e fui até ela.

— Calma ruivinha. – Abracei a garota e comecei a mexer em sua cabeleira ruiva. – Eu não acredito nela. – Ela agarrou a camisa que eu usava com força e começou a chorar.

— TÔ INDO VIAJAR! VOLTO DAQIU DUAS SEMANAS PIRRALHA INCOMPETENTE! – A garota passou por nós com duas malas soltando fogo pela boca. Trancou a porta e não a ouvimos mais. Depois disso, Kory começou a chorar com mais força ainda, parecia que ela queria soltar aquilo tudo fazia tempos.

— Shhh... Passou. Passou Kory. – Eu continuava a mexer em seus cabelos. Levei a ruiva até o quarto dela e a coloquei na cama. Quando eu iria sair, ela segura minha mão.

— N-não me d-deixe aqui. – Ela soluçava com muita força. Sorri e sentei na beira da cama segurando sua mão. Logo adormecemos juntos, naquela mesma posição.

  Quando acordei, não se passava das 18h. Eu cobri a ruiva e fui arrumar a bagunça que fizemos. Juntei tudo e coloquei a roupa antes suja de sangue e deixei a que ela me emprestou batendo, não me esquecendo de deixar uma pequena anotação em cima da máquina. Sai da casa e segui para a minha.

  Quando cheguei a casa, era por volta das oito da noite. Eu havia escolhido ir apé. Precisava pensar. Estava acontecendo muita coisa em pouco tempo. Eu tomei banho e me troquei. Comi qualquer coisa e me joguei na cama. Virei e fiquei fitando todo o quarto. Eu realmente estava apaixonado por Kory, mas eu não queria que o que quer que possa acontecer entre nós fosse tão seco e apressado, como antes. Queria que fosse aos poucos. Kory era uma boa pessoa, não gostaria de vê-la sofrer, nem um pouco sequer.

  Quando me virei para olhar a hora, eram nove horas da noite. Levantei e fui fazer meus deveres. Quando terminei, eu apenas me deitei e dormi. Amanhã a noite eu teria uma bela de uma festa.

POV Kory On...

  Quando eu acordei, já estava escuro. A primeira coisa que eu procurei foi Richard. Levantei e o procurei pelo AP todo, mas ele já havia do embora. A máquina estava ligada. Quando olhei, era a roupa que eu havia emprestado para Richard. Eu a estendi e, quando eu ia retornar para a cozinha, vi um pedaço de papel em cima da máquina. Puxei o papel e fui para sala.

“Kory, me desculpe não ter me despedido, mas obrigado por tudo. Você é uma grande amiga! Deixei a roupa de seu irmão batendo, eu não queria ter sido um incomodo para você. Richard.”

“Obs.: Desculpe, eu só achei caneta rosa em sua mesa de estudos.”

  Ri com a observação do moreno e corri para baixo do chuveiro, mas não me esqueci de conferir a porta. Não estava trancada, então eu apenas passei a chave. Corri para debaixo do chuveiro e tomei um banho refrescante. Coloquei uma regata, um shortinho e fui fazer meus deveres.

  Fiz tudo o mais rápido possível, precisava contar para Ray o que havia acontecido. Liguei meu notebook e procurei se a Ray estava disponível. Não estava, mas do jeito que ela é logo ela entraria. Enviei a seguinte mensagem:

“URGENTE! ME AJUDA!”

  Ela diz ter um sétimo sentido, onde quando nós enviamos uma mensagem ela corre para ver se tem algo de errado. Eu chamo isso de Notificação. Cinco minutos depois, ela aparece desesperada. Abrimos a vídeo chamada e eu conto todo o acontecido para Ray, a mesma vivia suspirando com as mãos unidas.

“Que romântico Kory.” Ela uniu as mãos e começou a se agitar.

— Romântico? Não entendi. – Eu estava confusa.

“Sério Kory?” Ela me olhou perplexa.

— O que foi?

“Ele te defendeu da irmã malvada e cuidou de você sem invadir seu espaço. Sabe como é difícil achar homens assim hoje em dia mulher?” Ray revirou os olhos.

— Qual é Ray. Nada a ver.

  Continuamos a conversar assim até tarde. No final das contas, eu mudei de assunto e fomos falar da festa do Bernard. Seria um máximo. Eu com certeza iria me divertir com meus amigos e, Xavier ficaria longe, já que Mel e John disseram que ele não ia chegar perto de mim naquela noite.

Continua...