Essa semana foi bem preocupante para mim. Xavier não largou do pé de Richard. Quando eu estava perto, eu até entrava na frente dele, mas eu não podia ficar colada em Richard o tempo todo. Nem eu, nem ninguém.

  Acordei na manhã seguinte com o despertador tocando. Estava morta de cansaço. Na noite passada, fiquei até altas horas da madrugada conversando com certo alguém. Tínhamos tanto em comum.

  Eu corri para debaixo do chuveiro morno. Estava nublado lá fora e parecia que a qualquer hora iria chover. Quando eu estava no chuveiro, alguém começou a bater na porta tão forte, que parecia querer arrombar a mesma.

“SAI DAÍ!”

  Era Koma. E pelo visto, estava irritada. Sai do chuveiro e, quando abri a porta não havia mais ninguém ali. Vesti-me e fui tomar café. Koma estava com uma carranca no rosto que achei melhor nem dizer nada.

  Sai do AP e fui em direção à escola. Quando cheguei lá, peguei minhas coisas e, alguém tampou meus olhos delicadamente.

— “Adivinha!”— A voz era risonha e foi dita num sussurro.

— Deixa eu ver... É o Austin Mahone?! – Meus olhos foram destampados, e a pessoa encostou-se ao armário ao lado do meu e sorriu.

— Quer dizer que eu sou um gato para você? – Ele brincou. Apenas ri.

— Você é bonito Richard, só não sabe disso. – Abracei meu caderno. Por algum motivo senti meu coração acelerar. Richard apenas sorriu.

— Obrigada Kory. Você é uma ótima amiga. – Ele ficou frente a frente e olhou meu armário. – É... Rosa. – Fechei o armário. Por algum motivo tinha ficado sem graça.

— Sou uma garota delicada. – Disse indo em direção à sala.

— Claro. – Ele revirou os olhos, brincando.

— Hey. – Bati em seu ombro. Ele apenas gargalhou.

— Aula que de agora? – Ele puxou um dos livros de minha mão.

— História. – Peguei meu livro de sua mão quando chegamos à frente da sala.

— Ok. Vejo-te no intervalo. – Ele disse.

— Temos que comparar nossos horários. – Eu disse. – Para sentarmos juntos. – Ele ficou surpreso comigo, mas logo sorriu.

— Ok então. – Ele me deu um beijo na testa e foi em direção a sua sala. Suspirei e entrei na sala.

  No recreio, ele apareceu com um corte na boca, mas insistia em dizer que havia machucado sem querer. Eu já sabia o que havia acontecido e, tenho certeza que meus amigos também já sabiam.

  Quando tivemos um horário vago, eu e Richard fomos andar pelo colégio. Conversávamos e riamos bastante. Ele era uma ótima companhia e, quando lhe contei sobre minha dificuldade em Biologia, ele puxou meu livro de minha bolsa e fez algumas anotações no mesmo me explicando, tudo ao mesmo tempo.

— Agora faz sentido para você?

— Muito. Obrigada Richard. – Nos olhamos no fundo de nossos olhos e ficamos parados por instantes, corados. Quando percebo, meu livro está voando, Richard está no chão e Xavier está por cima dele. – DEIXE-O EM PAZ! XAVIER. – E tentei empurrá-lo, mas tudo o que houve foi um algo que eu já devia ter esperado vindo dele. Um tapa tão forte em meu rosto, que me fez cair no chão.

  Meus amigos estavam do meu lado. Ray e Michael me ajudaram as levantar, Mel e John afastavam os amigos de Xavier, que queriam bater em Richard já que o mesmo estava dando uma surra em Xavier e... ESPERA!

Richard... Estava... Batendo... Em... Xavier?

  Por incrível que parecesse, Xavier estava apanhando para Richard, que estava furioso com o mesmo. Ele deixou Xavier no chão, totalmente dolorido e falou em alto e bom som.

— Dá próxima vez que você levar a mão ou encostar na Kory, você vai estar morto! – Ele pegou sua mochila e correu até mim. – Você está bem? Está doendo? Quer que eu te leve na enfermaria? Ou prefere ir para casa? Quer alguma coisa? Eu posso comprar e... – Comecei a rir e ele, não entendeu.

— Eu estou bem, foi apenas um tapa. – Richard coçou a nuca vermelho, mas logo me abraçou.

— Ele vai pensar bem antes de ousar levantar um dedo para você ou sequer encostar em você. – Retribui seu abraço um pouco nervosa.

  Richard acabou sendo suspenso pelo resto da semana e, quando contamos os acontecidos para os professores, eles entenderam tudo e cancelaram as provas surpresas e atividades avaliativas daquela semana para não prejudicar um aluno tão bom.

  Mesmo suspenso, Richard ia me buscar na escola todo dia, já que ficou sabendo, por algum de meus amigos, que Xavier tentará me assediar varias vezes, incluindo me jogar dentro do banheiro para tentar e gravar para a escola toda. Minha sorte? Michael e John.

  Em um dia, quando Richard foi me buscar na escola, Xavier começou a humilhá-lo na porta da escola, na frente de todo mundo. O chamando de fraco e ridículo. Ele se virou para a escola e se aproximou do pessoal, fazendo um show.

— ACABOU COM O SHOWZINHO XAVIER? PORQUE EU REALMENTE TENHO MAIS O QUE FAZER DO QUE FICAR AQUI TE OUVINDO. – Ele tinha um sorriso no rosto. Quando me viu, deu as costas para Xavier e seguimos para minha casa. – Oi Kory. – Ele sorriu.

— Oi Rich. – Sorri e seguimos para minha casa conversando animadamente.

  Sexta-feira anoite, eu estava em casa, conversando pelo Skype com Richard. Estávamos comentando sobre filmes e series, até que minha irmã começou a berrar. Deixei Richard ali e fui atrás dela. Entendi o porquê dos berros, seu namorado havia terminado com ela. Koma estava uma fera. Quando me viu, começou a brigar e gritar comigo. Ela dizia que tudo era culpa minha que tornava a vida dela uma droga.

  Koma começou a me bater com força. Ela veio para cima de mim com violência. Eu não reconhecia minha própria irmã. Ela me deu um tapa forte no rosto e me empurrou para o chão.

— É TUDO CULPA SUA KORY. – Ela berrava comigo.

— O que eu fiz? – Perguntei, sem entender nada com a mão no rosto.

— MEU NAMORADO TRMINOU COMIGO POR SUA CAUSA.

— O que eu tenho a ver com o seu relacionamento? – Ela nem respondeu, apenas veio para cima de mim. Ela começou a bater em mim novamente, eu tentando me defender, chutei sua barriga e corri para meu quarto, trancando a porta logo em seguida.

— “Kory... Tá tudo bem? Eu ouvi berros.”— Richard perguntou preocupado comigo. Deitei na cama, com os olhos cheios de lágrimas que já começavam a escapar.

— Não Rich. Koma brigou comigo de novo e me bateu. Tudo isso por que o namorado dela que eu nem sequer conheço terminou com ela.

— “Não fica assim ruivinha.”— Ele ficou triste também, mas logo seu rosto se iluminou. – “Tenho uma ideia. Melhor... Solução!”

— Como assim? – Fiquei curiosa.

— “Me encontra amanhã no parque, ok?”— Assenti e sorri.

— Tchau Rich.

— “Durma bem ruivinha.”

— Você também.

  Desliguei e guardei o notebook. Richard me deixava muito bem. Ela sabia me animar e me ajudar. Era meu melhor amigo, mas ultimamente eu venho sentindo coisas estranhas às quais nunca experimentei em minha vida. E fiquei feliz também por saber que iria ao parque. Acabei adormecendo rapidamente com a porta trancada e com choros e gritos abafados de Koma.

Continua...