Eu estava cansada daquele lugar, a cidade era minúscula, meu trabalho era horrível, fazia dois meses que eu não recebia um centavo, sem contar que meu chefe era nojento. Ser garçonete naquele fim de mundo era péssimo.

— Eu vou embora – Disse para Kate, minha colega de trabalho

— Como assim Annabeth?

— Assim que eu receber meu pagamento vou sair daqui – Eu precisava fazer isso, não aguentava mais ficar aqui, além disso, nada me prendia em lugar algum, não tinha família nem amigos.

— Estou saindo – Disse meu chefe assim que saiu da sala dele

— Eu quero meu pagamento

— Irá receber no fim do mês

— Mas você nem me pagou mês passado – Exclamei

— Volto depois – Respondeu ele me ignorando e saindo do restaurante

— Mas eu não volto – Disse para mim mesma

Esse era o fim, não podia aceitar isso, fui para a caixa registradora e peguei todo o dinheiro que havia lá dentro

— O que está fazendo? – Perguntou Kate

— Pegando meu salário atrasado, nenhum centavo a mais

— Você está louca, quando ele descobrir vai atrás de você

— Ele vai ter que me encontrar antes – Entreguei um pouco de dinheiro para ela - Isso deve pagar seu aluguel – Falei, porém ela não aceitou

— Eu me viro

— Agora vá buscar seu filho na escola, eu fecho tudo aqui – Ela concordou em silencio e foi até a porta

— Te vejo depois – Disse ela como de costume, mas ambas sabíamos que nós não nos veríamos tão cedo.

Fui até a porta e a tranquei, virei a plaquinha que indicava que o restaurante estava fechado. Fui até o aparelho de som, coloquei uma moedinha e comecei a cantar, aquilo me relaxava e me permitia esquecer os meus problemas.

Quando a música acabou eu estava mais calma, fui para casa o mais rápido que pude e fiz minha mala – como não tinha muita coisa, o tamanho dela não me preocupava – contanto, uma coisa que eu tinha que levar era um porta retrato com a foto da minha mãe, ela morreu quando eu tinha 7 anos, por isso cresci sozinha e continuava do mesmo jeito. Me encarei no espelho, cabelos loiros compridos e ondulados, os olhos cinzas e com um belo corpo, acho que conseguiria alguma coisa em Los Angeles.

Fui até a rodoviária e comprei uma passagem só de ida. Não sabia ao certo o que faria lá, só sabia que precisava sair daqui o quanto antes.

****

Ao chegar em LA fui até um hotel bem simples e barato, era o suficiente até eu encontrar um emprego e um apartamento fixo. Escondi todo o dinheiro que eu tinha na parte de trás da privada e fui atrás de um emprego. Como cantava bem procurei algumas coisas no ramo, mas não consegui nada, nem como backing vocal, nem como cantora para comercial, nenhum dos anúncios do jornal deram certo.

A noite chegou e eu vagava pela rua Sunset Strip sem saber o que fazer ou para onde ir, até que uma placa me chamou atenção, era brilhante e grande. BURLESQUE. Não sabia o que era, porém, a curiosidade tomava conta do meu corpo. Subi as escadas e entrei, era um lugar escuro, com a decoração bem anos 20, não pude deixar de perceber a placa em vermelho no fim do corredor: “A melhor vista da Sunset Strip”, ao lado dela havia uma escada, fui descendo e pude ver um palco com dançarinas, suas roupas eram provocantes, deixariam qualquer homem hipnotizado.

— Não temos janelas, mas temos a melhor vista da Sunset Strip – Disse o recepcionista me assustando um pouco – 20 dólares – Continuou ele estendendo a mão

— Aqui é um strip club?

— Strip club? Querida, você devia lavar sua boca – Continuei a olhar as dançarinas – Querida, libere a entrada - Eu não podia gastar dinheiro dessa forma, mas minha curiosidade foi mais forte, entreguei os 20 dólares para ele que logo respondeu – Aproveite o show

Entrei e me sentei no bar, uma mulher de meia idade começou a cantar no palco, minha atenção ficou toda no show durante essa música. Quando ela acabou um garçom do outro lado do balcão me chamou a atenção.

— Quer alguma bebida? – Ele era muito bonito, alto, cabelo escuro e um pouco bagunçado, olhos extremamente verdes, brilhavam mesmo com a luz baixa do local

— Só se você pagar – Respondi

— Bem-vinda a LA – Disse ele me entregando uma dose de alguma coisa – De onde você é?

— Iowa. Com quem eu tenho que flertar pra passar daqui para lá? – Perguntei para ele apontando para o palco

— É assim que você flerta com alguém? – Não pude evitar e comecei a rir – Por aquela porta ali – Respondeu indicando a porta com a cabeça – Pergunte pela Afrodite

Agradeci e levantei, comecei a andar na direção da porta quando ele me chamou

— Iowa? Mencione meu nome – Falou ele me entregando seu cartão

— Obrigada, Percy

Fui até a porta que ele tinha me indicado, ao passar por lá cheguei aos bastidores e estava uma loucura, figurinos e acessórios para todos os lados, várias meninas conversando sobre os mais diversos assuntos. Vi a mulher que estava cantando se maquiar em frente a um espelho e resolvi perguntar para ela.

— Com licença, estou procurando Afrodite

— Sou eu e você está no meu espelho porquê... – Respondeu ela deixando uma pergunta no ar, percebi que eu estava aparecendo no reflexo, dei um passo para o lado

— Desculpe, sou amiga do Percy. Procuro um trabalho

— Ta bom, deixe seu número com a Silena – Disse apontando para uma garota morena – e ela vai te avisar quando tivermos nossa próxima audição

— Querida, venha, eu te aviso quando tivermos vaga – Disse a tal Silena me levando de volta para a porta

— Ei, eu nunca vi algo como isso antes e gostaria muito de trabalhar aqui e.... – Ela não me deixou terminar a frase e já respondeu

— Ótimo entusiasmo, péssima hora. Então deixe seu nome e seu número com o seu amigo Percy, lá embaixo e eu te ligo. Prometo.

Sai de lá e percebi que a garçonete não estava dando conta de atender todo mundo, então eu tirei minha jaqueta, peguei uma bandeja e comecei a atender as mesas. Fui até o balcão e pedi as bebidas para Percy

— O que você está fazendo?

— Seguinte, é só uma noite e se eu não for tão boa quanto a outra garçonete você nem precisa me pagar – Respondi tentando convence-lo

— Ok, mas eu nem sei seu nome...

— Annabeth