O Espirito do Lobo escrita por Sensei


Capítulo 24
A cor dos fantasmas


Notas iniciais do capítulo

Agora vocês vão descobrir um pouco mais sobre os guardiões. Alguns dos mistérios serão revelados.
Espero que gostem...
Câmbio e desligo.



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Capítulo 23

Carter

Jacob estava fazendo a mesma coisa que eu havia feito pouco antes com Bella, forçando-a a dizer o que estava errado.

—Jacob, não sei de tudo. — Bella falou enquanto olhava ao redor na sala, ainda a procura de Alice.

—O que você sabe, então. –Jacob insistiu.

Os três quileutes cruzaram os braços ao mesmo tempo, fazendo uma muralha ao redor de Bella. Eu arqueei as sobrancelhas, admirado com a sincronia da matilha, se era consciente ou não, eu nunca saberia.

Naquele momento Alice desceu as escadas, Bella a avistou quase no mesmo momento que eu e gritou seu nome. Os olhos da vampira se estreitaram ao notar o modo como Bella estava sendo coagida pelos lobos e... bom, por mim.

Ela pulou em nossa direção e agarrou Bella pela cintura, sussurrando algo em seu ouvido, estranhamente foi como se eu pudesse ouvi-la falar.

—Preciso conversar com você.

Bella olhou nervosamente para nós e foi acompanhando Alice para longe.

—Er, Jake, vejo você depois... –Disse ela.

Mas Jacob esticou o braço comprido para bloquear o caminho delas, apoiando a mão na parede. Eu gelei.

—Ei, não tão rápido. –Ele disse.

Alice o encarou, os olhos arregalados e incrédulos.

Ah não! Não demoraria muito para o vampirão mal encarado do namorado dela aparecer. E com certeza seria um massacre, com sangue Quileute!

—Jacob... –Avisei. Um tom de voz preocupado.

No andar de cima eu quase podia ouvir o rosnado de Jasper.

—Com licença? –Alice falou.

—Diga o que está acontecendo — exigiu Jacob num rosnado.

Então o vampiro desceu as escadas numa velocidade absurda que quase não consegui acompanhar, em menos de um segundo, surgido praticamente do nada, ele estava parado bem ao lado de Jacob encarando o braço que ele insistia em colocar no caminho de Alice. Dei um passo para trás ao notar a expressão no rosto dele.

Jacob recolheu o braço devagar. Parecia a melhor atitude, partindo do pressuposto de que queria continuar tendo braço.

—Temos o direito de saber — murmurou Jacob, ainda encarando Alice.

Jasper se colocou entre eles e os três lobisomens se puseram a postos.

—Ei caras... –Eu falei me colocando ao lado de Jacob. –Calma.

—Ei, ei — Bella falou, rindo de forma meio histérica e segurando o braço de Alice num pedido mudo. — Estamos numa festa, lembram?

Mas Jacob parecia decido e encarava Alice enquanto Jasper o fuzilava com os olhos. A expressão de Alice de repente ficou pensativa.

—Está tudo bem, Jasper. Ele tem razão.

Jasper, no entanto, não relaxou. Eu o entendia apesar de tudo. No lugar dele teria feito a mesma coisa para proteger a mulher que amo.

Por um segundo o nome de Leah soou na minha cabeça, mas joguei ele para longe.

—O que você viu, Alice? –Bella perguntou.

Alice encarou Jacob por um segundo, seus olhos pularam para mim depois, parecia se perguntar se era realmente uma boa ideia, por fim se virou para Bella.

—A decisão foi tomada. –Ela disse.

—Vocês vão a Seattle? –Bella questionou.

—Não. –Alice negou.

Eu nunca tinha visto alguém ficar tão pálida e de forma tão rápida quanto Bella havia ficado naquele momento.

—Eles estão vindo para cá. –Ela disse, apavorada.

Os rapazes quileutes observavam em silêncio, estavam parados em seu lugar e, no entanto, não estavam imóveis os três pares de mãos tremiam, assim como eu, extremamente curiosos com a situação que se desenrolava ali.

—Sim. –Alice confirmou.

—Para Forks — Bella concluiu.

—Sim.

—Para?

Alice assentiu, para o que quer que tenha sido a questão feita.

—Um deles estava com sua blusa vermelha. –respondeu a vampira.

Foi então que eu entendi. Minha cabeça deu um estalo pensando sobre como os recém-nascidos em Seattle e o sumiço da blusa de Bella estavam, pela primeira vez, conectados. A expressão de Jasper era de censura. Dava para ver que não lhe agradava discutir aquilo na frente dos lobisomens.

—Não podemos deixar que cheguem tão longe. Não estamos em número suficiente para proteger a cidade. –Falou o vampiro.

—Eu sei. - disse Alice, o rosto subitamente desolado. — Mas não importa onde vamos detê-los. Ainda assim não estaremos em número suficiente, e alguns virão aqui para procurar.

—Não! — Bella sussurrou, assustada.

Entendi pela primeira vez o tamanho do problema. Voltei meu olhar para onde estavam os meus amigos, eles continuaram suas vidas após a minha negação em me juntar a eles, não foi a primeira vez que eu notei a linha que separa o normal do sobrenatural, mas era a primeira vez que eu estava desse lado. Do lado que sabe, do lado que pode fazer algo. Meus amigos se divertiam na festa sem saber que tinham um perigo enorme sob sua cabeça... Essa era a sina da ignorância humana.

—Alice – Bella ginchou. — Tenho de ir embora, tenho de sair daqui.

—Isso não vai ajudar. Não estamos lidando com um rastreador. Eles ainda vão procurar primeiro aqui.

—Então temos que interceptá-los! Se encontrarem o que estão procurando, talvez vão embora e não machuquem mais ninguém! –Sugeriu a garota.

—Bella! - protestou Alice.

—Espere aí... - ordenou Jacob numa voz grave e vigorosa. -O que está vindo?

—Os responsáveis pelos assassinatos de Seattle. –Falei.

Jacob me encarou, surpreso que eu soubesse. Alice me olhou e concordou com a cabeça, um olhar gelado.

—Nossa espécie. Muitos. –Ela disse.

—Por quê? –Questionou Jacob.

—Atrás de Bella. E só o que sabemos.

—São muitos para vocês? — perguntou ele.

Jasper se empertigou.

—Temos algumas vantagens, cachorro. Será uma luta equilibrada.

—Não. - disse Jacob, e um meio sorriso estranho e feroz se espalhou por seu rosto. - Não será equilibrada.

—Ótimo! - sibilou Alice.

Olhei de Alice para Jacob, eles sorriam um para o outro. A expressão preocupada de Alice sumira e ela parecia ter encontrado a solução para todos os seus problemas.

—Deixamos tudo para lá, é claro - disse ela, numa voz presunçosa. - É inconveniente, mas, dadas as circunstâncias, vou aceitar.

—Vamos ter de nos organizar - disse Jacob. - Não será fácil para nós. Ainda assim, é um trabalho mais nosso do que de vocês.

—Eu não chegaria a tanto, mas precisamos de ajuda. Não vamos ser seletivos.

Embry e eu rimos, a dinâmica entre vampiros e lobisomens era tensa, mas não deixava de ser interessante. Bom, com os Quileutes e os Cullens, com certeza não importava que houvessem muitos recém-nascidos, eles seriam destruídos.

—Peraí, peraí, peraí, peraí — Bella interrompeu.

Alice estava na ponta dos pés, Jacob inclinado para ela, os dois rostos iluminados de empolgação se encaravam, os narizes franzidos por causa do cheiro um do outro.

—Organizar? — Questionou Bella, como se estivesse confusa.

—Achava mesmo que ia nos deixar de fora dessa? — perguntou Jacob.

—Vocês estão fora!

—Sua paranormal não pensa assim.

—Alice... Diga a eles que não! - insistiu Bella. - Eles vão morrer!

Jacob, Quil, Embry e eu rimos. Os Quileutes caçavam vampiros há anos, ela não se lembra das histórias da fogueira?

—Bella - disse Alice, a voz tranquilizadora.—, separados, todos podemos ser mortos. Juntos...

—...não será problema -Jacob terminou a frase.

Quil riu de novo.

—Quantos? — perguntou o Quileute com ansiedade.

—Não! –Bella gritou, sem conseguir aceitar.

—Você pensa muito pouco dos Quileutes, Bella. Eles não são frágeis como imagina. –Comentei, fazendo-a virar o rosto em minha direção.

Bella me encarou com censura e levantei a mão como se me rendesse. Alice ignorou a explosão dela, no entanto.

—Está variando... –Ela respondeu a pergunta de Jacob. -Hoje, vinte e um, mas o número está diminuindo.

—Por quê? - perguntou Jacob, curioso.

—Eles gostam de matar uns aos outros. São como crianças birrentas. –Expliquei. –Gostam de demonstrar poder.

Alice e Jasper viraram para mim.

—Parece saber muito sobre eles, Carter. –Jasper falou.

Dei de ombros.

—Sei apenas o que me foi contado. Meu pai já lutou contra recém nascidos, muitos deles. –Contei. –Ele me contou tudo o que sabia. Gostaria de ajudar também.

Bella pareceu pirar. Ela arregalou os olhos e negou com a cabeça.

—Não vou deixar você também Carter, não tem que ir tão longe! –Ela disse com a voz trêmula de desespero.

Neguei com a cabeça.

—Acho que está entendendo algo errado aqui Bella... –Falei seriamente. –Não há nenhuma ordem sua que se sobreponha a que me foi dada pela Erika. Ela disse para protegê-la e é isso que vou fazer.

—Você... –Ela não soube o que dizer. –Não pode estar falando sério!

Olhei para Jasper, no final das contas eu sabia que era dele a decisão final.

—Para ser sincero, não sei se essa é uma boa ideia, Carter. –Ele disse.

—Entendo. Para falar a verdade eu também não tenho certeza do que sou capaz. Não faz muito tempo que ganhei meus poderes. Meu pai tem me ensinado como usá-los, mas... –Olhei para minha própria mão. –O que eu quero mesmo é fazer um teste.

—Não acho que lutar contra um exército seja apropriado. –Ele disse, me dando um olhar de censura.

—Não... O exército não. Mas você. –Levantei o rosto. –Me teste. Se eu conseguir sua aprovação eu vou lutar. Se não, vocês ainda podem encontrar uso para os meus poderes, acredite. Vou estar à disposição.

Alice sorria levemente, Jasper me encarava pensando seriamente naquela decisão e Bella parecia pronta para retrucar a qualquer momento. Foi então que Embry falou.

—O pai do Carter consegue bater qualquer um da matilha. Inclusive o Alfa.  –Ele disse, fazendo Jasper encará-lo, e pareceu constrangido em seguida. –Eu só quero dizer que vale a pena uma tentativa.

—Quanto mais ajuda, melhor. –Alice falou.

—Alice! –Bella reclamou.

—Tudo bem. Acho que podemos dar uma tentativa. –Jasper decidiu finalmente.

—Esta noite, mais tarde? — pressionou Jacob.

—Sim — respondeu Jasper. - Já estamos planejando uma... Reunião estratégica. Aproveitamos para fazer o teste com o guardião aqui. Se vão lutar conosco, precisarão de algumas instruções.

Os lobos fizeram cara de tédio para essa última parte.

—Não! – Bella gemeu.

—Vai ser estranho - disse Jasper, pensativo. - Nunca nos imaginei trabalhando juntos. Será uma primeira vez.

—Não há dúvida - concordou Jacob. Ele agora tinha pressa. - Vamos voltar para pegar Sam. A que horas?

—O que é tarde demais para vocês? –Questionou o vampiro.

Os três Quileutes reviraram os olhos.

—A que horas? - repetiu Jacob.

—Às três?

—Onde?

—Quinze quilômetros ao norte do posto Hoh da polícia florestal. Venham pelo oeste e poderão seguir nosso cheiro.

—Estaremos lá.

Eles se viraram para partir.

Bella gritou pelo Jacob e implorou uma vez mais, no entanto o Quileute fez pouco caso de sua preocupação. Percebi Embry se aproximar dela antes de ir e entregar algo, Bella sorriu e pegou, parecia um presente. Eu virei para Jasper e acenei com a cabeça, esquecendo-me deles por uns segundos.

—Obrigado. –Falei.

—Não precisa agradecer, Carter. –Alice riu. –Jasper está tão curioso quanto você em relação aos seus poderes, acredite. Todos os garotos estão.

Jasper segurou a cintura de Alice e sorriu de lado, pareciam muito mais calmos agora.

—Esses garotos e suas lutas. –Ela disse colocando a mão no rosto dele com carinho.

Senti naquilo a deixa para me retirar, Bella estava de volta e, tinha certeza, com um argumento pronto para me fazer voltar atrás no meu pedido de me testar contra os Cullens. Fugi rapidamente antes que ela abrisse a boca.

Alice estava certa. Eu estava ansioso por essa luta.

—--

Quando cheguei em casa decidi que era melhor contar tudo o que havia acontecido para o meu pai e a minha mãe, eu confiava neles e do jeito que eu imaginei, papai também queria participar.

—É incrível... Tantas criaturas sobrenaturais vivendo numa mesma cidade e pela primeira vez na história vão lutar juntas. –Ele comentou enquanto jogava um casaco em minha direção.

Ele estava certo.

Estávamos no quarto dele, enquanto ele escolhia o que deveria levar para esse teste. Ele respeitava o pacto tanto quanto os Quileutes, ainda que não fizesse parte dele. Isso por que desde que os Cullens vieram morar em Forks, e isso fez com que Sam explodisse num lobisomem, papai nunca mais saiu para caçar vampiros, por que os vampiros não caçavam mais em Forks. Afinal, era território dos Cullens. E, por isso, papai os agradecia. Claro que meu pai não ia lutar contra os Cullens para matar, não dessa vez pelo menos. Por isso as ferramentas que ele geralmente usa para lutar contra vampiros iam ficar em casa.

Não... Hoje era o meu dia. Eu iria, pela primeira vez, lutar contra vampiros.

—Vamos. –Meu pai falou, saindo do quarto.

Mamãe decidiu ficar em casa com o tio Dandy.

—Tomem cuidado. Eles ainda são vampiros, afinal. –Minha mãe falou, quando íamos saindo.

—Vai ficar tudo bem, querida. –Papai falou se aproximando dela e os dois trocaram um beijo. –Sinto-me como nos velhos tempos. –Ele disse animado.

—Homens. –Mamãe revirou os olhos. –Cuide de Carter.

Tio Dandy se despediu também, dando conselhos. Meu pai e eu fomos em direção a floresta, eram quase três da manhã e iríamos a pé. Eu sei, parece realmente idiota, uma vez que o encontro iria ser bem no meio da floresta, mas a resposta para isso é muito simples.

—Pronto? –Ele me perguntou.

Acenei que sim com a cabeça.

Nesse momento os nossos olhos ficaram prateados, eu senti o formigamento prazeroso que a transformação sempre trazia e os padrões de ondas prateadas tomaram meu rosto e corpo, assim como o meu pai. Então, juntos, corremos para a floresta, tão rápido quanto qualquer vampiro.

Era incrivelmente silencioso o modo como corríamos, os nossos pés não faziam barulho quando tocavam o chão, minha audição era muito boa, mas eu nem sequer conseguia ouvir a respiração do meu pai e ele estava bem do meu lado! Era como se fôssemos fantasmas. Papai explicou que era basicamente isso que acontecia. Era como se nossa existência desaparecesse do mundo normal. A cor prateada era a cor dos espíritos.

Éramos fantasmas, guardiões invisíveis.


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Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA! Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
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