O Espirito do Lobo escrita por Sensei


Capítulo 12
Situação estranha


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas... Então, não vou mentir. Tá punk esse final de período, então vai demorar umas duas semanas até que eu poste o próximo. Eu só tô postando esse capítulo pra vocês não ficarem morrendo pra saber como foi o reencontro.
A música que a Erika canta é My Imortal da Amy Lee.
Beijos meus peixinhos.
Câmbio e desligo



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Capítulo 11

Os lobos foram os primeiros a chegar, Embry, Sam, Jacob e Paul estavam ali, Jared estava de ronda com Quil.

—Leah falou que aconteceu alguma coisa. –Embry disse correndo em minha direção e me deu um beijo leve nos lábios.

—Talvez. Não sei. –Falei sincera após nos separarmos. –Estou esperando meu pai para ter certeza.

Jacob ficou ali ao redor meio nervoso, mas eu o chamei com a mão.

—Ainda está com raiva? –Ele perguntou.

—Sim. –Respondi. –Mas peço desculpas por ter batido no seu rosto.

Ele sorriu.

—Tudo bem, eu meio que mereci o tapa de realidade. –Ele disse.

—Certo, vocês estão bem, mas o que foi que você viu Erika? Leah me mostrou as pessoas na água, mas não entendeu bem sua reação. –Sam perguntou.

—Você viu pessoas na água? –Embry perguntou surpreso.

Acenei que sim com a cabeça.

—Talvez seja ela... –Falei ansiosa.

—Ela? –Paul perguntou. –De quem vocês estão falando?

—A mãe dela. –Embry respondeu. –A mãe dela é uma sereia, ela estava para chegar.

Embry explicou o resto para os garotos, ficamos todos debaixo daquela árvore, eu continuava olhando para o mar procurando algum sinal daquelas duas criaturas novamente, mas não havia nada.

Quando minha família chegou todos estavam com expressões preocupadas, Carter mais do que todos.

—Meu Deus do céu será que você quer me deixar de cabelos brancos logo cedo? –Ele perguntou vindo me minha direção. –Que eu me lembre você estava proibida de vir até La push hoje ou eu estou...

Eu corri até ele e segurei seu rosto em frente ao meu para que ele parasse de falar.

—Eu vi duas pessoas no mar. –Falei. –Duas pessoas que tinham cauda.

Ele arregalou os olhos. Nós dois viramos para o meu pai, ele esquadrinhava o mar a procura de qualquer sinal.

—Você acha que é ela? –Ele perguntou. –Acha que é a sua mãe?

Eu balancei a cabeça sem saber exatamente o que dizer.

—Então quer dizer que vou conhecer minha cunhada? Finalmente! –Tia Jasmine falou animada. –Depois de dezenove anos já estava na hora.

—Dandelion? –Tio Connor chamou.

Meu pai virou para ele e sorriu.

—A data bate, tem que ser ela Connor. É a minha mulher e meu filho. –Ele disse com um quê de orgulho na voz.

Meu pai andou até mim e segurou minhas mãos, elas estavam geladas e eu tremia levemente. Droga! Era a minha mãe! Depois de dezoito anos... Ela veio até mim. Ela me quer!

—Ei... Fica calma. –Meu pai disse sorrindo.

—E se ela não gostar de mim? E se ele não gostar de mim? –Questionei.

—Quem não gosta de você, meu amor? –Ele perguntou rindo.

Bufei nervosamente.

—Pai! Não está ajudando! Preciso de respostas concretas.

—Ela vai amar você. –Ele disse. –Agora eu preciso que você se acalme, pois você vai chama-la.

—Eu?! –falei surpresa, minha voz subindo umas oitavas por causa do estresse.

—E quem mais seria? –Ele perguntou. –Eu não sou a sereia com voz mágica aqui.

—Pai! –Reclamei.

Ele soltou uma risada, parecia tão feliz, nunca o tinha visto tão leve como daquele jeito.

—Vamos lá querida, você consegue. Sua mãe está esperando você chamá-la. –Ele falou.

—Certo. Certo. –Falei respirando fundo.

—Você pode fazer isso. –Ele disse.

—Eu posso fazer isso. –Repeti.

Meu pai segurou minha mão esquerda e foi comigo, eu fui andando em direção à beira da praia até que as ondas batessem nos meus pés. Respirei fundo e olhei para as ondas, a chuva tinha dado uma trégua, mas o céu ainda era nublado e cinza.

—Erika... –A voz do meu pai pediu.

Mordi o lábio.

I’m so tired of being here

Comecei a cantar baixinho.

Suppressed by all my childish fears

Minha voz ia ganhando um tom mais alto.

And if you have to leave

Fechei os olhos. E foi quando eu senti a magia tomar conta.

I wish that you’d just leave

Cause your presence still lingers here

And it won’t leave me alone

Quando abri os olhos novamente eu vi seu rosto sorrindo para mim. Ela estava ali, somente sua cabeça e ombros do lado de fora, me ouvindo cantar.

This woun

Engasguei sentindo a garganta doer com vontade de chorar.

This wounds won’t seem to heal

This pain is just to real

There’s just too much the time cannot erase!

When you cry I…

E foi quando eu finalmente chorei.

Ela mergulhou novamente e olhei para o meu pai.

Ele acenou que sim com a cabeça, seus olhos rasos d’água.

—É ela. –Ele disse baixinho me dando um abraço.

Nós ficamos ali parados, esperando-a, e quando ela voltou trazia consigo mais alguém, tinha um sorriso no rosto e puxava seu companheiro, sua cauda aparecendo na superfície enquanto ela nadava do fundo para a praia.

Ela não parecia ser tão mais velha, era como se tivesse pouco mais que a minha idade, seus cabelos eram loiros diferente dos meus e seus olhos azuis brilhantes, tão claros como água.

—Dandelion. –A voz dela chamou quando estava quase na praia.

Meu pai não conseguiu esperar, ele pulou na água com roupa e tudo nadando em direção a ela. Quando se encontraram ele estava com água pela cintura e a pegou nos braços do jeito que Embry fez quando nos vimos pela primeira vez.

Meu pai e ela se encaravam fascinados, ela colocou a mão no rosto dele com carinho e lhe deu um beijo.

—Ah meu Deus! –Tia Jasmine gritou animada atrás de mim e eu sorri.

De onde eu estava podia ouvir uma risada baixa vindo do garoto que a minha mãe trazia com ela, aquele devia ser o meu irmão, ele tinha os cabelos da cor dos meus, mas seus olhos e seu sorriso eram como os de papai, eles se pareciam bastante, era inegável.

—Dandelion! Você prometeu que nos veríamos logo. No entanto se passaram tantas luas... Tantos anos... –Ela disse para o meu pai, num tom aborrecido.

—Me perdoe Erin. –Ele respondeu. –A culpa é toda minha. O tempo não foi tão rápido quanto eu gostaria que fosse.

—Ah, Rock! Veja! Seu pai está aqui! –Ela disse olhando para o garoto.

—É meu pai mesmo? –Ele perguntou incerto.

—Sim, sou seu pai. –Recebeu como resposta.

—Se pudesse se ver ao lado dele saberia que ele é seu pai. São idênticos. –Ela respondeu.

—Se você é meu pai mesmo, qual a verdadeira cor da minha cauda? –Perguntou ele.

—Azul. –Meu pai falou rápido.

—Okay, é ele. –O garoto respondeu sorrindo. –Oi pai.

Minha mãe riu encostando a sua testa na do meu pai.

—Traga minha filha até mim. –Ela pediu.

Meu pai não queria soltá-la, por isso ele virou o rosto em minha direção e sorriu.

—Erika... –Ele chamou. –Vem falar com a sua mãe.

...

Parecia que eu estava plantada no chão.

—Erika...? –Meu pai chamou novamente.

Ela estava olhando para mim, minha mãe estava olhando para mim! Ela parecia ansiosa para me ver melhor, então por que eu não me mexia?

Senti duas mãos me tocarem cada um em um ombro e pulei de susto.

Eram Carter e Embry.

—Vai lá ver a sua mãe. –Embry disse me dando um beijo na testa.

—E aproveita e dá isso para o seu pai. –Carter falou me entregando uma blusa de tia Jasmine e uma bermuda dele.

Em seguida os dois me deram um leve empurrão e dei alguns passos para a água.

Olhei para os dois, meio chocada, e sorri.

—Obrigada. –Falei.

Entrei na água mecanicamente, as ondas batiam nas minhas pernas me empurrando levemente para trás até que cheguei aonde meu pai tinha minha mãe nos braços.

—Erika essa é a Erin, sua mãe. Erin... Essa é a nossa Erika. –Meu pai apresentou orgulhosamente.

Erin colocou a mão no meu rosto com delicadeza e fez um carinho na minha bochecha.

—Está uma mulher. –Ela falou. –Eu senti tanto sua falta.

Ela tomou meu rosto com as duas mãos e me deu um beijo na testa, fechei os olhos sentindo seus lábios tocarem minha fronte de leve.

—Oi mamãe. –Falei baixinho.

Pude sentir seu sorriso na minha testa.

—Oi meu peixinho. –Ela respondeu.

Eu sorri sem jeito, era uma situação tensa. A chuva havia começado novamente, olhei para o meu pai, ele tinha os braços arrepiados e seus lábios estavam ficando roxos.

—Pai! Vai morrer congelado. –Falei preocupada colocando a mão em seu rosto.

Ele estava tremendo.

—Oh! Sinto muito Dandelion. Esqueci que você é mais sensível a temperatura que eu. Vamos para fora! Vamos! –Minha mãe disse mexendo a cauda com ansiedade. –Vamos Rock! Ah, espere, você me disse que humanos são sensíveis a nudez, isso já mudou?

Meu pai riu.

—Não, ainda somos sensíveis a nudez. –Ele respondeu.

—Ah, Carter falou para trazer isso. –mostrei as roupas na minha mão.

—Carter é realmente um garoto esperto. –Papai falou.

—E como eu vou sair? Não sei criar pernas ainda! –Rock reclamou.

—Erika pode ajudar. Vamos, vista essa blusa Erin, vou levar você para fora. –Meu pai falou virando as costas e saindo do mar com minha mãe nos braços.

Olhei para o garoto, ele me encarou de volta sem saber exatamente o que dizer.

—Então...

—Então...

Falamos ao mesmo tempo e em seguida rimos.

—O meu nome é Shamrock, mas todo mundo me chama de Rock lá em baixo. –Ele disse.

—Erika. –Falei. –Meu nome é Erika. Como vocês sabiam que estava na hora de vir encontrar a gente?

—Há um tempo atrás eu criei pernas de repente. –Ele disse. –Então mamãe decidiu procurar vocês. Mas desde então não consegui mais, não sei como fazer.

Eu sorri.

—Você precisa ficar seco. –Falei. –Elas vão aparecer se você sair do mar.

—Ah! –Ele pareceu envergonhado. –Faz sentido. Me ajuda?

Eu acenei que sim com a cabeça.

Coloquei seu braço ao redor dos meus ombros e fui puxando-o para a praia, Carter veio ajudar quando ficou seco demais para eu conseguir sozinha.

—É o seu irmão? –Ele perguntou se aproximando.

Acenei que sim com a cabeça.

—O nome dele é Rock.

—Oi. –Rock falou se concentrando em sair do mar.

Mas antes que um de nós dois pudesse notar o que estava acontecendo Carter já estava no seu modo surfista prateado e carregava Rock para fora do mar nos ombros, como um saco de batatas.

—Ei! –Rock gritou

—Carter! –Reclamei.

—Desculpem, mas esse é o modo mais rápido. –Ele respondeu.

Não podíamos negar aquilo, em trinta segundos Rock estava na areia da praia com a mão em frente ao rosto e uma expressão de impaciência.

—Me ensina logo a fazer isso para eu nunca mais passar por essa situação de novo. –Ele disse.

Carter riu e ficou de cócoras em frente ao tritão.

—Muito prazer Rock, sou o Carter, seu primo e protetor da Erika.

—A gente é parente?! –Ele falou. –Ótimo, agora eu não posso mais te afogar.

Carter riu mais um pouco.

—Ele parece legal. –Ele disse olhando para mim.

—Certo Carter, pare de implicar com ele. –Falei rindo.

Me ajoelhei do seu lado e joguei a bermuda de Carter na cintura dele, em seguida usei meus poderes para secá-lo. Não demorou muito para que a sua cauda começasse a sumir como se estivesse evaporando, fiz bem em colocar a bermuda em cima dele ou teria que ver mais do corpo do meu irmão do que gostaria.

—Merda! –Rock falou olhando para as próprias pernas e gemendo. –Minha cauda vai voltar, né?

—Com toda certeza.

—Certo então.

Me afastei e virei de costas para que ele pudesse colocar a bermuda e Carter ficou na frente dele explicando como colocar a roupa. Era uma situação estranha.

Meu pai estava sentado no tronco onde eu estivera com algumas toalhas ao seu redor para esquentá-lo e um guarda-chuva que Tia Jasmine segurava logo acima dele, mamãe estava no seu colo conversando animada com minha tia movendo a cauda levemente. Os lobos estavam ali por perto observando minha mãe com curiosidade, não era sempre que eles viam uma sereia.

Era definitivamente uma situação estranha.

—--

Papai e mamãe não paravam de se beijar.

Rock e eu levantamos o rosto ao mesmo tempo e olhamos para ele, queríamos deixar que os dois matassem as saudades, por isso nos mantivemos afastados. Não que tivéssemos combinado algo, mas sabíamos o que devia ser feito, assim como todo o resto do pessoal.

A matilha se despediu logo que descobrimos que minha mãe e meu irmão não eram inimigos, apenas Embry ficou, ele estava conversando com Carter e Tio Connor um pouco distante de onde meu pai e Tia Jasmine estavam com minha mãe.

Eu estava com Rock na areia, ele estava aprendendo a usar suas pernas e eu o ajudava, mas nós não conversávamos muito, eu só o ensinava como andar e ele seguia meu conselho. Estava uma situação meio esquisita por que sabíamos que éramos irmãos e tínhamos o mesmo sangue, mas éramos também desconhecidos...

Ele virou o rosto para mim, abriu a boca como se fosse falar alguma coisa, mas desistiu e suspirou.

—Acho que eu já sei o que fazer, obrigado. –Ele disse.

Acenei que sim com a cabeça.

—Eu tenho que voltar ao mar. –Minha mãe falou chamando nossa atenção. –Estou começando a me sentir sem água.

Meu pai soltou um gemido decepcionado, mas era notável que já estava muito frio para ele.  Era por isso que minha mãe queria ir, ela sabia que ele não a soltaria se ela quisesse ficar, mas o corpo dela era frio e ele era humano.

Aquilo estranhamente me lembrava Bella e Edward.

—Shamrock? –A sereia chamou.

O garoto foi andando em direção a ela e eu o acompanhei, ela levantou os braços quando ele estava próximo e Rock colocou o braço dela em seu pescoço, passou seus braços um pelas costas e outro pela cauda dela a tomando nos braços.

Meu pai baixou os braços dele, derrotado.

—Não precisa ir agora. -Ele falou levantando.

—Sua temperatura está caindo. –Ela disse num tom de voz preocupado. –Vai anoitecer logo, vai ficar mais frio para você.

Ele negou com a cabeça.

—Eu aguento. –Falou.

—Não aguenta não. –Reclamei. –O senhor vai agora mesmo entrar naquele carro e vai tomar um banho quente quando chegar em casa.

Os três olharam em minha direção.

Mamãe sorriu.

—Ela se parece com você Rock. –Ela disse tocando o rosto do menino com carinho.

Ele pareceu ficar envergonhado e virou o rosto.

—Talvez um pouco. –Ele respondeu.

—Seria bom se você ficasse com a sua irmã e seu pai por hoje, para se conhecerem melhor, amanhã venha me ver com eles. –Ela disse.

Rock pareceu horrorizado com a ideia.

—Mas quem vai ficar com você?! –Ele questionou. -Definitivamente não. Vamos voltar os dois para a água, eu ficaria preocupado e não conseguiria descansar direito.

Erin sorriu e virou o rosto para mim.

—Viu sobre o que eu disse? Vocês se parecem. Mas eu ainda sou a mais velha aqui, então... –Virou para ele novamente. –Você vai ficar com o seu pai. Sem discussão.

—Mãe! –Ele reclamou.

E assim ficou acertado o acordo.

—--

Quando mamãe entrou no mar ficou decidido que voltaríamos todos para casa, papai ficou olhando ainda por um tempo para as ondas como se a procurasse, mas ela estava certa quando disse que já estava para anoitecer e ficando mais frio. Rock não gostou nada de ter que ficar em terra, ele havia sido praticamente abandonado num ambiente desconhecido e até aquele momento hostil.

Mamãe não parece ser uma sereia legal.

—Acha que ele vai ficar bem? –Embry perguntou se aproximando de mim e indicando Rock com a cabeça.

O garoto olhava desnorteado para o carro do tio Connor.

—Ele vai sim. Eu e papai vamos ajuda-lo. –Respondi.

—Acho que não vai dar para nos vermos hoje, então. –Ele disse.

Eu sorri.

—Sinto muito.

Embry negou com a cabeça num movimento de desdém.

—Não tem problema, a gente tem o resto da vida juntos.

Ele me deu um leve beijo nos lábios e naquele momento um uivo tomou o céu da noite vindo da floresta.

—Sam tá chamando. –Embry respondeu olhando para cima.

Eu o abracei rapidamente e ele correu para a floresta, pulou por entre as árvores e em seguida ouvi o barulho de suas patas correndo.

—Erika! –Carter gritou no carro.

Eu corri na direção em que minha família estava toda reunida do lado do carro, parecia que Shamrock estava dando chilique por causa do automóvel.

—Eu não vou entrar aí dentro! –Ele falou batendo o pé no chão quando me aproximei.

—Mas por que? –Tia Jasmine perguntou.

—É apertado e estranho. Não quero! –Ele reclamou. –Me parece aquelas latas onde os pescadores tiram peixes mortos.

—Você deve estar falando de sardinhas. –Carter explicou rindo.

Rock tremeu.

—Sim, essas mesmo. –Respondeu ele.

—Você pode ir comigo de moto. Deixei a moto do Carter em frente à casa dos Black. –Avisei.

—Pronto! –Meu pai disse animado. –Está decidido então. Nos vemos em casa.

Em seguida Tia Jasmine, Tio Connor, Carter e papai estavam no carro. Eu olhei chocada quando eles acenaram em despedida e foram embora pela estrada de barro. Rock se aproximou de mim envergonhado e perguntou:

—O que é moto?

Fechei os olhos, cansada.

—No caminho eu explico.

—--

Rock não era de falar muito, mas ele gostava de me ouvir falando, parecia curioso com as coisas ao redor, as plantas, a lama, as casas, estava sempre com aquele olhar surpreso como se tudo fosse a sétima maravilha. Durante o caminho ele me fazia perguntas “o que é aquilo, Erika?” “Como faz isso, Erika?” era até um pouco engraçado, eu tentava explicar de forma mais simples possível, mas fica meio difícil quando eu não sabia por que as folhas têm o formato que tem, por exemplo.

Mas era divertido tentar explicar.

Quando chegamos na casa de Jacob já estava bem escuro e a moto ainda estava em frente a sua oficina improvisada, a chuva tinha dado uma trégua e Jake havia deixado minha mochila no guidão da moto. Quando expliquei ao Rock como funcionava a moto ele deu um suspiro resignado.

—Não acredito que a mamãe me abandonou aqui. –Ele disse olhando melancolicamente para a moto.

—Acho que ela quer que a gente se conheça, ou algo assim. –Dei de ombros enxugando o banco da moto.

—Você sabia sobre mim? Digo, sobre sermos irmãos? –Ele perguntou.

—Não. –Respondi. –Descobri não tem muito tempo. Eu nem sabia que a minha mãe era uma sereia. E você?

—Eu sabia que meu pai era humano, mas não sabia que tinha uma irmã. –Ele explicou. –Ela me contou quando criei pernas pela primeira vez na lua azul. Ela explicou que como meu pai tinha sangue de sereia isso me fez ser capaz de criar pernas, como ele.

Aquela informação me surpreendeu.

—Foi na lua azul? –Perguntei chocada, ele acenou que sim. –Que estranho.

—Por que?

—Foi na lua azul que me transformei também. –Expliquei. –Enquanto eu estava aqui criando uma cauda, você estava em algum lugar dos sete mares passando pelo processo inverso.

Ele pareceu ficar angustiado por um instante, como se lembrar daquela noite não fosse uma boa ideia.

—Quase morri afogado. –Ele contou. –Faz ideia do quão estranho é você passar a sua vida inteira embaixo da água e então de uma hora para outra ser expulso dela? Eu vivi como um peixe e então estava me afogando.

Dei de ombros.

—Passei por algo parecido naquele dia. Eu vivi como humana sempre, então apareceu a lua azul e eu comecei a criar cauda, e eu tinha que ir para o mar... Naquela noite eu tive que me afogar para me tornar o que você sempre foi.

Ficamos em silêncio por um tempo, como se lembrássemos de tudo o que aconteceu.

—Eu tive tanto medo de morrer.

—Eu tive tanto medo de morrer.

Falamos ao mesmo tempo.

Nossos olhares se cruzaram e rimos nervosamente.

—Você é bem legal Rock. –Falei.

Ele pareceu confuso.

—O que isso quer dizer?

Eu soltei uma gargalhada e bati no banco da moto.

—Vamos, vamos para casa. Eu tenho tanta coisa para te mostrar sobre a humanidade. –Respondi.

Então subi na moto e liguei, o motor rugiu e Rock deu um pulo, ele gemeu ao perceber que teria que subir também.

—Grande Netuno! Como eu odeio a terra. –Ele falou.

Eu sorri.

—--

PS: Irmão da Erika, Rock seu lindo ♥


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Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA!
Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
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