Garota Valente 3: Guerra Civil escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 17
Você tem a mim


Notas iniciais do capítulo

LADY LIV VOLTA AGORA E COMENTA O CAPÍTULO ANTERIOR
Pronto, agora podem continuar.



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No primeiro botão, alguém bateu na porta, desesperado.

— Lion, veste o Kilt. — Pedi.

— Vou pegar uma calça jeans. — Ele respondeu.

Ele foi se vestir enquanto eu fechava o botão do vestido, tirando a capa para ele ficar mais confortável. A porta continuava a ser esmurrada, mas esperei Lion terminar de se vestir. Caminhei rapidamente e a abri.

— Perdão a demora. Estávamos em um momento íntimo. O que aconteceu?

— É a sua mãe. — Ele respondeu.

— Ela piorou? — Perguntei, assustada.

— Pior...

Naquele momento, meu mundo caiu. Eu não queria acreditar. Não era possível. Lion ouviu e começou a caminhar em minha direção, mas empurrei o homem que veio dar a notícia e corri. Corri pelo castelo até o quarto dos meus pai. Eu negava verbalmente, dizendo que aquilo não havia acontecido. Meus olhos se encheram de lágrimas. Imaginei meus pais rindo da minha reação ao saber que caí na brincadeira, mas eles jamais brincariam com isso.

Quando estava perto do quarto, ouvi os soluços de meu pai. Parei e apertei o tecido do vestido à altura do peito, com o coração doendo. Segui com mais lentidão, e então olhei para trás e vi Lion, com a parte de cima de um terno e uma calça jeans. Continuei andando, sem olhar para trás. Entrei no quarto, meu pai estava sentado na cama segurando a mão dela. Seu rosto estava coberto e não tinha movimento de respiração. Ela realmente...

— Se foi... — Falei, com a voz falha, chamando a atenção de meu pai.

— Merida... Já sabíamos que isso iria acontecer.

— Em três meses! Não agora. — Falei — Por favor, não...

— Filha... — Ele falou, caminhando em minha direção para me abraçar.

— Se afasta! Fica longe!

Dei as costas e corri. Corri do local. Esbarrei em Lion, nem vi como ele estava. Eu apenas corri. Não queria mais perdas, não queria mais destruição. Minha família estava em ruínas. Minha mãe adotiva havia morrido, meus pais biológicos estavam se separando. Eu só queria o fim. Eu só queria que acabasse logo.

Eu corri pela vila. Algumas pessoas me olharam estranho, mas eu ignorei e continuei correndo. Lion ia atrás de mim, mas eu não quis saber. Eu só queria que acabasse logo. Depois de tanto correr, notei que já estava perto do porto, e apertei o passo. Naquele momento eu só desejei acabar com tudo, com a dor, com a destruição, com tudo. Quando Lion ia me segurar, me joguei na água fria.

E percebi que foi uma péssima ideia.

Eu poderia nadar para fora, mas a água estava tão fria que eu mal conseguia mexer o corpo. Mas enquanto afundava, senti alguém me puxar para fora. Lion me colocou no pier e eu o ajudei a subir novamente. Ele estava ofegante e assustado, pensando no que tinha acabado de acontecer. Então comecei a chorar. Chorar alto e de forma desesperada, e ele me abraçou.

— Por que fez aquilo, Meri?

— Por favor, Lion. — Pedi — Não me abandone.

— Nunca. — Ele respondeu, acariciando meus cabelos — Nunca.

Voltamos para o castelo. Nos enxugamos e nos trocamos. Dormimos abraçados, mas sem ter relações. Ele respeitou minha perda. Não precisamos conversar sobre isso, ele apenas sabia o que fazer. Foi uma noite fria, muitas vezes eu chorava durante o sono. Ficamos em silêncio, mas trocávamos afeto em alguns momentos. Naquele momento, eu senti algo que nunca havia notado que tinha. Carência.

Na manhã seguinte, começamos a preparar tudo para o velório. Foi uma manhã dolorosa. Acordei tarde. Lion estava sentado ao meu lado. Seu estômago roncava de fome, mas ele não me deixaria acordar sozinha. Ele segurou minha mão e a beijou, com um sorriso forçado, para me passar confiança. Da forma como acordei, fui à sala de jantar. Os trigêmeos estavam quietos, mal se olhavam. Meu pai não comia e eu apenas peguei algumas coisas e saí. Fui até a sala do trono e me sentei no que era de minha mãe. Fiquei ali por algum tempo enquanto comia. Então, um de meus irmãos apareceu. Ele comia algum doce e notei que era Hubert pelas laterais do cabelo raspados. Ele se aproximou e se sentou no trono do papai.

— Você tá péssima.

— Você também. — Respondi.

— Mas relaxa, vai se recuperar. — Ele falou, mordendo seu doce e falando de boca cheia — Você voltou dos mortos, irmãzinha, é difícil superar isso.

— Bem, Natasha disse que foi uma experiência bem desagradável.

— Imagino! É por isso que não tem na natureza. — Ele respondeu, engolindo o doce.

— Qual é o nome dela? Da sua namorada? — Perguntei.

— Gael. A mãe dela era uma viúva de outra vila que se casou com alguém daqui. Ela dança muito bem, e é uma piadista, chega a ser chata as vezes.

— Sabe que provavelmente vai ser rainha?

— Ela faz piadas com isso, mas leva a sério. Ela tem essa expectativa. — Contou.

— Entendo.

Então, ele se virou para mim e apoiou o pé no acento.

— Mas não vai ficar chateada se você tomar o que é seu por direito. Você passou a vida sendo treinada para ser rainha, nada mais justo do que você ser.

— Não é isso que eu sou.

— Então o que é? Uma heroína? Você mesma disse que os Vingadores tiveram que assinar uma regra que vai estragar tudo!

— Eles não estão tão errados. — Falei, me levantando — Na verdade, ninguém está! Assim como também não estão totalmente certos. Pare e pense: eu aceitei uma regulamentação, mas não um controle total.

— Não é só porque você acha uma coisa que é porque você tá certa!

— A Lei de Registro tem muitas falhas, mas em partes, tem um princípio correto. Eles só precisam... se ouvir.

Foi quando eu lembrei de quando minha mãe e eu brigamos porque eu não queria me casar, anos atrás. Hoje eu tinha as duas memórias, do que aconteceu e o que não aconteceu, e aquela briga aconteceu em algum momento. Ela tinha seus pensamentos e eu os meus, mas só sabíamos brigar uma com a outra.

— Merida está pensando em algo. — Constatou Hubert.

— Eles só sabem lutar. Talvez se houver uma negociação, tudo flua bem.

— É uma ideia meio utópica, mas se eles concordarem em abrir mão de algumas coisas, dê certo! — Ele falou.

Eu sorri. Caminhei um pouco e me virei para ele. Ele ainda estava sentado lá, no trono que um dia seria dele.

— Você vai ser um bom rei, Hubert. E tenho certeza que Gael foi uma boa escolha.

— Você não tá sozinha, Meri. — Ele falou, se levantando e caminhando até mim — Agora, você tem um marido, e esse cara nunca vai te abandonar. Dá pra ver nos olhos dele. Ele sabe que você está mau, mas que tal parar de correr dele? Ele disse que você fez muito isso ontem a noite.

Então abaixei a cabeça. De certa forma, era verdade. Eu havia corrido dele até me jogar no mar. Eu precisava parar de correr. Não podia deixar as águas frias da solidão me matarem. Lion estava lá anda. E eu poderia perder tudo, mas enquanto estivesse com ele, eu ao estava sozinha.

Deixei Hubert lá e fui até Lion, que estava no mesmo local. Agora a mesa estava vazia, não apenas de comidas, mas de pessoas. O velório da rainha estava começando a ser organizado, e todos estavam se preparando. Eu não perguntei, mas tinha certeza que Lion não usaria kilt. Ele estava de cabeça baixa na mesa, e quando me viu, ergueu a coluna e suspirou.

— Estava esperando você.

— Me desculpe por ontem. — Falei, me sentando com ele.

— Calma, eu estou aqui. — Ele falou, segurando minha mão.

— Mas ontem eu agi como se não estivesse. Você está aqui, comigo! Eu fiquei tão desesperada ontem que acreditei estar perdendo tudo. Mas eu não te perdi. É isso que importa.

— Você teve o privilégio de ter duas famílias, e usou isso como muleta por muito tempo. — Então, Lion beijou minha testa e falou — Precisa andar sozinha. Eu to aqui, mas e se eu não estivesse?

— Você está certo. — Contei — Achei que eu fosse a psicóloga.

— Bem, eu sou marido de uma psicóloga. Alguma coisa eu tenho que saber. — Então riu e apoiou a mão sobre sua perna. — Vamos?

Concordei com a cabeça. Não havia mais o que fazer, e eu precisava me reunir a algumas mulheres para colher as flores que estariam no barco de minha mãe. O corpo dela seria colocado em um barco e coberto com flores. Mas de certa forma foi bom ver Lion ajudando meu pai e meus irmãos a fazerem as coisas enquanto eu cuidava de Beatrice, que ainda não falava, mas mostrava em seu choro a saudade de sua mãe.

Naquela noite, foi o velório. Eles fizeram preces aos seus deuses e eu ao meu. Pensei em como conhecer Thor me fez desacreditar nele como uma divindade, o que foi estranho. Também pensei no conforto que o Deus de Lion me trouxe, e busquei isso. Após colocar o corpo no mar, atiramos flechas flamejantes até que o pequeno barco ficasse em chamas, e observamos por um bom tempo até se apagar. Por fim, fomos jantar.

Houve um jantar em memória dela. Melancólico e deprimente. Eu usava preto por costume americano, os outros estavam mais tradicionais. De qualquer forma a cerimônia não for tão dolorosa quanto pensei que seria. Eu estava ao lado de pessoas que me amavam. E no jantar, fui abordada por diversas pessoas que lamentavam a morte de minha mãe e a minha perda. É claro que essas pessoas não faziam ideia do que eu havia perdido. Então, algo estranho aconteceu. Uma mulher de cabelos curtos e loiros, parecendo ocidental, mas com trajes típicos do local, tocou meu ombro:

— Merida Barton?

— Sim, sou eu. — Respondi, com curiosidade. Todos lá estavam me chamando apenas de Princesa Merida, e ser chamada pelo meu nome americano naquele momento foi totalmente inesperado, principalmente por alguém que eu não fazia ideia de quem era. — Quem é você?

— Carol Danvers, e precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

SURPRESA!!!!

Desculpa a demora, eu estava com um pequeno bloqueio criativo. Meus planos acabaram de mudar um pouco, enquanto escrevia o final do capítulo. Sim! Isso foi repentino até pra mim e agora quero muito saber o que vocês vão achar.

Mortes importantes:
Rhodes
Happy
Elinor
*****



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