POV Elijah

— Então, como ela é? - Rebekah perguntou enquanto levávamos suas malas para o quarto.

— Ela é... – Suspirei tentando achar uma palavra que pudesse descrever Bella, porem, falhei grandiosamente na tentativa.

— Espere, não me diga – Ela interrompeu meus devaneios – Vejamos qual será a primeira impressão que terei dela.

— Deveria ter me avisado de sua vinda.

— Pra você ter me dito para não vir? Não Elijah, agora eu tomo minhas próprias decisões.

— É maravilhoso saber disso – Sorri orgulhoso – Você merece viver irmã.

— Assim como você. Ok, já fomos suficientemente sentimentais para um século. Quero conhecer a tão famosa Bella.

— Eu tenho escolha?

— Não – Ela riu já no andar de baixo – Vamos ao Grill, vi Elena chegando lá enquanto dirigia até aqui, posso apostar que sua garota estará lá.

— Ela não é minha garota Rebekah – Disse enquanto ela revirava os olhos para mim – Eu dirijo.

Dirigimos em silencio até o Mystic Grill e assim que estacionamos vi Bella saindo de um Volvo prateado.

— Elijah, vamos. – Minha Irma me apressou.

— Espere. Olhe. – Apontei para a garota de cabelos chocolates.

— É ela? É bonita.

— É claro que é. É perfeita.

— Céus Elijah, esta parecendo um adolescente – Ela riu pendendo a cabeça para traz enquanto a figura de Bella sumia para dentro do restaurante. - Ok, vamos esperar um tempo e ai entramos.

— Como nosso irmão está? – Perguntei após alguns instantes.

— Paranoico. Como sempre. Completamente decidido a tomar de volta a cidade.  – Ela suspirou pesadamente. – Será que algum dia conseguiremos viver em paz, como uma família?

— Talvez não tenhamos sido feitos para isso. Mas eu ainda acredito que sim, contra todas as possibilidades. Sempre e para sempre – Apertei sua mão carinhosamente.

— Acho que já podemos ir. – Rebekah declarou após alguns segundos saindo do carro.

Entramos no Grill e vi Damon sentado no balcão do bar com seu costumeiro copo de whiski na mão. Meus olhos correram instantaneamente, quase desesperados, o lugar buscando por Bella. Ela estava sentada de costas numa mesa afastada, junto com Elena, Bonnie e Stefan. A Bruxa sorriu e acenou ao me ver mas seu sorriso morreu em seguida ao ver que eu estava acompanhado.

— Fala sério. – Ela murmurou enquanto me aproximava.

— Que foi? – Elena perguntou e a amiga simplesmente apontou em minha direção

— Olá. – Saudei cordialmente ao me aproximar.

— Oi gente! Quanto tempo... – Bekah cumprimentou todos mantendo seus olhos fixos em Bella, que sorria timidamente para a desconhecida.

— Rebekah! Que... surpresa – Elena sorriu falsamente – Achei que estava sozinho na cidade Elijah.

— Na verdade cheguei hoje pela manha, sabe, é sempre bom voltar, rever velhas amizades, conhecer novas pessoas... A propósito, sou Rebekah Mikaelson. – Ela estendeu a mão para Bella.

— Isabella Swan.– A morena apertou sua mão – Vocês são... parentes? – Ela perguntou enquanto nos sentávamos.

— Rebekah é minha irmã mais nova.

— Me pergunto se não estão pensando em fazer uma reunião de família aqui... – Stefan começou com a voz carregada de preocupação – Não acabou bem da ultima vez...

— Na verdade Steff, Nick esta muito empenhado em sua missão de retomar o trono de Nova Orleans, Kol esta trancado em um caixão e Finn está morto, mas vocês devem lembrar bem disso...

— O que Rebekah esta tentando dizer é não precisam se preocupar. Seremos apenas nós dois na cidade. E não queremos problemas tanto quanto vocês.

— Então Bella, como foi a noite? Algum sonho estranho ou algo assim? – Bonnie interrompeu encerrando o assunto.

— Na verdade eu tive um sonho... Uma lembrança, não sei.- A morena riu de si mesma – Eu estava num tipo de oficina, com mais quatro pessoas e estávamos combinando em ir a um show do Bon Jovi.

— Você faz alguma ideia de quando ou onde era o show? Podemos tentar rastrear a antiga você. – Elena sugeriu.

— Não sei quando era, mas era na Philadelphia. Só que... Não estávamos lá, estávamos em algum lugar a dois dias de distancia.

— Bom, podemos listar isso – Boniie puxou um pequeno caderno de dentro da balsa – E, você provavelmente vai ter sonhos assim, que vão ajudar na regressão. Então vamos ligar uma coisa a outra e descobrir o que realmente aconteceu com você.

— Isso vai ser ótimo! – Bella riu – Não sei como agradecer o que estão fazendo por mim.

— Somos da mesma espécie e você é da família agora. – Stefan sorriu reconfortante.

— Isso ai Bells, mesmo não sendo mais minha prima, você ainda é minha prima. Isso faz sentido? – Elena riu – Ah, é a Caroline. – Disse pegando o celular que havia tocado e afastando-se para atender.

Alguns assuntos aleatórios surgiram e, diferente do que eu pensei, o clima tenso causado pela presença de Rebekah não durou muito tempo.

— Ok, falei com a Car – Elena voltou à mesa – Ela quer conhecer a Bells, vai nos encontrar depois.

— Então é melhor irmos e começar – Stefan declarou levantando-se – Seu namorado vai se juntar a nós Bella?

— Apenas a tarde, tem sido... Bastante coisa para ele digerir também. – Ela se justificou num sorriso que não alcançou os olhos – Vocês vão com a gente? – A pergunta direcionada a mim e Rebekah soava como convite.

— Se não for incomodo para Elena e Stefan – Me surpreendi ao ver o mínimo de educação vindo da parte de minha irmã – Eu adoraria entender sua historia.

— Acho que tudo bem. – Elena ponderou por um instante trocando um olhar cúmplice com Stefan.

— Podem ir ascendendo o caldeirão que já chego lá – Damon ironizou assim que passamos por ele – Vai precisar de alguma coisa Bon Bon? Velas, erva daninha, incenso, sangue de chupa cabra... Posso levar pra você.

— Por que não leva um pouco de vai se ferrar? – E com essa frase de Bonnie deixamos o restaurante rumo a pensão Salvatore.

POV Isabella. 

Como da primeira vez em que o feitiço fora realizado, assim que a dor excruciante cedeu, minha mente foi tomada pela escuridão. Então o Sol raiou severo e a pino cegando-me a vista. Era tudo claro e quente. Eu ouvia musica e conversas animadas. Meus olhos acostumaram-se com a claridade e pude vir centenas de pontos coloridos pintando um céu completamente azul. Balões. Todos os tamanhos, formas e cores imagináveis. Arfei por um segundo, maravilhada com a vista. Senti quando minha mão foi tomada fazendo com que meu corpo fosse movido para frente.

— Vem Iz, vamos chegar mais perto – Olhei para o portador da voz que me guiava: Um rapaz de cerca de 25 anos, barba rala, cabelos bagunçados em cachos imperfeitos e os olhos de um azul que fez com que o céu se apagasse. – Vem – Ele se virou sorrindo com os dentes perfeitos, apressando os paços até que começássemos a correr em direção a pequena multidão.

Podia sentir o calor do sol sobre minha pele enquanto corria, o vento balançando meus cabelos revoltos e a pele quente daquele que me puxava. Então algo aconteceu. Um carinho que sempre esteve ali, aninhado no fundo do meu coração, revelou-se com um nome: Sam.

— Deveríamos comprar um. – Declarei assim que nos aproximamos dos grandes balões que ainda não haviam alçado voo.

— Se formos comprar tudo o que você propõe teremos que comprar o mundo! – Ele gargalhou passando o braço por minha cintura.

— Então vamos comprar o mundo. – Afirmei juntando meu riso ao dele.

— Pode se contentar com um hambúrguer? - Perguntou apontando para uma barraca próxima. 

— Cheddar duplo, por favor.

Então, como na cena em que a carruagem da Cinderela vira abobora outra vez, a escuridão apagou as cores e o frio substituiu o calor fazendo minha pele arrepiar. O silencio veio com a escuridão, mas logo foi preenchida pela voz rouca munida de intensidade de Elijah.

— Você é meu ponto fraco Isabella. – Eu podia sentir seu halito em meu pescoço enquanto falava, porem tudo o que eu via era a escuridão – Não tem ideia de como isso é perigoso, sendo eu quem sou.

A intensidade de suas palavras foi substituída pelo brilho fraco de uma luz e então pude ver os olhos castanhos do Original me fitando. Levei alguns segundo para perceber que estava consciente de novo.

— Quanto tempo fiquei apagada dessa vez? – Perguntei endireitando-me no sofá.

— Cerca de 40 minutos. – Elena informou ao meu lado. – Do que se lembra?

— Eu estava em uma espécie de festival de balões. Havia um cara comigo, – Contei e agradeci por Edward não estar ali – o nome dele era Sam.

— Mais algo importante? – Foi à vez de Bonnie perguntar.

— Era em alguma parte bem quente do país. Acho que só isso – Achei melhor ocultar a parte sobre Elijah até entender o que significava. Só então percebi a presença de uma figura loira desconhecida.

— Ah, essa é a Caroline – Elena apresentou ao perceber meu olhar.

— É um prazer – Disse me levantando e sorrindo enquanto era abraçada.

— O prazer é meu - Ela se sorriu abertamente – Sinto muito por... Tudo isso. Deve estar sendo horrível.

— É superável – Sorri. Caroline possuía um tipo de animação contagiante.

Uma conversa leve sobre a cidade, os amigos e a possibilidade de uma festa ou jantar se seguiu sem que eu desse muita atenção. Minha mente estava presa em uma coisa especifica, ou melhor, uma pessoa. Elijah havia me garantido que não nos conhecíamos, então por que diabos eu o ouvia em minhas lembranças?

— O que acha Bella? – Elena perguntou animada ao meu lado.

— Pode ser – Respondi sem fazer ideia de com o que havia concordado.

— Ok, então avise seu namorado e a família dele. – Ela bateu palmas e me dei conta que a tal festa não era mais apenas uma possibilidade. – Nos encontramos aqui, as nove.

— Acho que vamos deixa-las organizar tudo – Elijah declarou levantando-se.

— Rebekah pode ficar e ajudar... Se quiser – Elena propôs.

— Claro – A animação na voz da loira era palpável. – Eu adoraria.

— Certo, vou me encontrar com Edward e nos encontramos a noite. – Sorri me pondo de pé.

— Posso te dar uma carona – O moreno ofereceu e eu assenti, precisava fazer algumas perguntas – Acho que as meninas não vão querer minha ajuda.

— Com certeza não! – Caroline apressou-se em dizer arrancando risos pela sala. – Você tem algo que não seja um terno não é? Por que é um jantar informal.

— Acho que posso me sujeitar a malhas de algodão por uma noite – Ele sorriu de canto.

— Otimo, agora saiam para que possamos trabalhar. – A loira praticamente nos expulsou.

— Ela é sempre tão animada assim? – Perguntei enquanto nos aproximávamos do carro.

— Você ainda não viu nada.

O caminho foi silencioso e tenso. Sentia seu olhar arder sobre mim, mesmo quando ele estava com os olhos fixos na estrada. Ele estacionou em frente a grande casa e eu engoli todas as perguntas que tinha. Ele já tinha afirmado que não nos conhecíamos, não havia motivos para desconfiar.

— Obrigado pela carona – Sorri sincera me perdendo em seus olhos por um instante – Nos vemos a noite.

— Até a noite Bella – Ele tinha um sorriso doce nos lábios quando desci do carro.

Afastei todo e qualquer pensamento sobre o quão bonito Elijah era e como meu coração ficava aquecido em sua presença.

Sorri ao lembrar de Sam, mas afastei esse pensamento também. Não importa o que tenha acontecido em meu passado. Eu amava Edward.

 Entrei na casa com essa certeza e não demorou uma fração de segundo para que sentisse os lábios mármore dele namorado sobre os meus. E pela primeira vez, desde que havíamos nos conhecido, aquilo pareceu incrivelmente errado.