Don't Lie To Me escrita por MamaRamona


Capítulo 10
Capítulo 10 - ELENA




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Ele lembrou-se de Derek correndo até ele com uma estaca em mão. Ele o atingiu próximo ao coração, exatamente onde marcava em sua blusa. Stefan lembrou-se da dor e da fome, e sentiu o coração acelerar, acompanhado agora de novas emoções. Ódio, raiva e fúria.

— Você está viva, vadia. _ele trincou o maxilar olhando para a blusa.

    Stefan caminhou até seu quarto, sua mente nublada pelos piores pensamentos. Pegou uma jaqueta preta, olhou-se pelo espelho e encarou seu reflexo por mais de cinco minutos. Estudando cada espaço de seu rosto. Hoje, segunda-feira, ele iria mais uma ver fingir ser uma pessoa normal, um adolescente normal, com uma vida normal, que estudava em uma escola normal. Ele pegou sua mochila.

    Stefan estava indo para Mystic Falls High School.

Segunda, 27, Janeiro, 2014. Mystic Falls
Elena Gilbert

    Levantei-me rapidamente quando o rádio tocou às 6:30 da manhã, era um ótimo despertador e sincronizá-lo para começar as 6:30 foi a melhor coisa que poderia ter feito. Minha musica preferida tocava, sorri para mim mesma e corri até o banheiro. Cantando em voz alta enquanto a água do chuveiro caia em meu rosto. Alguns minutos depois sai enrolada na toalha, olhei-me no espelho e comecei a me arrumar.

    Terminei com tempo o suficiente para tomar café da manhã. Passei pelo corredor e estranhei a porta de Crys fechada.

— Crys? _dei batidas leves na porta_ Já acordou, querida? _perguntei franzido a testa e encostando o ouvido na porta.

    Ela não respondeu.

— Crys? _perguntei abrindo a porta e colocando minha cabeça para dentro._ Crys? _passei rapidamente meu olhar pelo quarto. Crys não estava ali.

    Abri mais a porta e dei alguns passos para frente, agora dentro do quarto.

— Crys? _perguntei indo até a porta do banheiro, agora dando algumas batidinhas tímidas_ Crystal? _chamei-a em voz alta.

    Nada.

— Você está bem, querida? _perguntei abrindo a porta do banheiro.

    Estava vazio.

— Crys? _olhei em volta, sentindo-me terrivelmente sozinha.

Segunda, 27, Janeiro, 2014. Mystic Falls
Crystal Reed

    Acordo sentindo a brisa gelada no rosto. Mexo-me um pouco a escuto algo mexer-se embaixo de mim, algo forte e claro atinge meus olhos e isso faz com que eu os abra. Arregalo os olhos e olho em volta.

— Onde estou? _pergunto-me.

    Muitas árvores e um filete do Sol batendo em meus olhos. Sinto cheiro de podre e levanto minha mão para fazer uma pequena cobertura e impedir os raios do Sol, agora olhando em volta com quase total clareza. Abaixo meu olhar para o chão, em seguida grito. Desesperada e com medo. Sangue. Muito sangue. Por todo lugar tem sangue. Alguns animais estão totalmente desfigurados no chão, a maioria, se não quase todos, sem cabeça. Grito ainda mais, olhando em volta e sentindo ânsia de vomito. Viro-me para o lado e não consigo conter-me.

    Adeus jantar da noite passada.

    Passo as costas da mão na boca, levanto-me depressa. Como cheguei aqui? Quem fez isso? Um animal, talvez? Minhas roupas estão cheias de sangue. Sinto lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas com facilidade e não ligo para isso. Dou alguns passos para frente. Estou com medo de fazer muito barulho. Penso em correr, mas para que direção? Olho em volta mais uma vez, não faço ideia em que lugar estou. Tento ignorar todo o sangue e o todo o massacre, mas é quase impossível se ele esta em todo lugar. Caminho para fora daquela região.

    Espera, conheço esse lugar. Uma vez Elena, eu e alguns colegas do primeiro ano do ensino médio acampamos por aqui, fizemos trilha e nadamos na cachoeira. Sei que já passei por aqui, não posso estar tão errada.

    Caminhei alguns minutos até finalmente reconhecer o lugar inteiro. A floresta estava gelada, mas ainda tinha Sol. Tudo estava extraordinariamente silencioso e vazio. Alguns minutos a mais e cheguei na estrada.

    Finalmente!

    As ruas estão vazias, sem carros, pessoas ou animais. Nem mesmo o céu tem sinal de vida. Nessa hora, normalmente, alguns pássaros já estavam voando em busca de seus afazeres, mas hoje, agora, nada. Estou a mais ou menos meia hora de casa. Será uma longa caminhada.

    Pergunto-me como cheguei à floresta e em seguida por que minhas roupas estão com sangue. Não sei o que aconteceu. Tento refazer a noite anterior na cabeça, mas ainda não tenho explicações sobre como cheguei à reserva. Depois de Stefan ir à procura da gata, Elena consolou-me, eu jantei, fiz toda a minha higiene e fui dormir. Elena tinha falado-me que quando Stefan chegasse ela iria me acordar. Aparentemente não aconteceu. Sinto-me cansada e meus pés doem. Hoje é o primeiro dia de aula, mas não sei se irei conseguir ir. Elena e eu estamos juntas em quase todas as turmas, o que é um ponto positivo.

    Alguns minutos depois encontro-me perguntando sobre tudo o que aconteceu em tão pouco tempo. Em três dias minha vida mudou de maneira drástica. Sinto meu coração doer, as lembranças chegam à tona.

— Flashback 2012 - Continuação do flashback do capítulo 6

    Ouvi alguns passos, mas não desgrudei os da mamãe. Eu ainda estava segurando a faca no alto, atenta a qualquer movimento dela.
    Então o barulho da arma destravando fez com que eu levantasse minha cabeça e olhasse para o lado.

— Pai? _sussurrei enquanto olhava ele apontando a arma para mim.

    Ele atirou

    Mas errou.

— PAI? _grito sem reação soltando a faca no chão. O que está acontecendo?

— O QUE VOCÊ FEZ? _ele gritou apontando a arma para mim.

— Pai, não é o que você esta pensando. _digo aos prantos enquanto nego com a cabeça_ Pai, eu juro, não foi eu. _minhas mãos estão no alto. Sinto-me como uma bandida.

    Ele ainda apontava a arma para mim, estava tremendo, chorando e soando. Parecia um louco, mas quem estava cheia de sangue era eu. A cada um passo que dava para frente, eram dois para trás meus. Ele já estava próximo ao corpo de mamãe.

— Papai, mamãe precisa de ajuda. _olho para seu corpo paralisado no chão.

    Ele olha para ela e abaixa um pouco a mão, fazendo com que a arma desviasse do meu rosto para o peito. Papai devolve seu olhar para mim, voltando a altura da arma para a antiga posição.

— Você fez isso. _ele sussurrou_ VOCÊ FEZ ISSO. _gritou, dando-me um susto.

— Não, papai, eu não fiz! _neguei com a cabeça, meus olhos vazando cada vez mais lágrimas.

— É TUDO CULPA SUA! _ele gritou e atirou.

    O barulho estrondoso ecoou pela casa. Gritei, abaixando-me em seguida. Ele errou o tiro mais uma vez. Papai, diferente de muitos americanos, nunca tinha pegado em uma arma, e eu não entendia o que ele fazia com uma, e além do mais, ele parecia bêbado, muito bêbado.

    O rosto de papai encheu-se de fúria e ódio, ele correu até a mim, mas escorreu, infelizmente, no sangue de mamãe.

    Gritei assustada quando ele caiu e a arma foi lançada para perto do meu pé, chutei para longe e corri para perto de papai. A cozinha tinha apenas uma única entrada e papai estava caído na frente dela. O rosto dele estava colado com o chão e ele parecia inativo. Passei por ele, quando já estava na porta senti seus dedos em volta do meu tornozelo. Ele puxou-me para si, cai, bati com o queixo no chão e senti toda a dor, física e emocional.

— EU VOU MATAR VOCÊ SUA VAGABUNDINHA! _ele gritava fervendo em ódio.

    Eu nunca pensei que fosse ouvir isso do meu pai, meu amado e querido pai, mas também nunca pensei que mamãe iria enfiar uma faca em si própria e que eu iria chutar o rosto do meu pai.

    Quando olhei para trás e percebi que, com a mão vaga, ele procurava algo para me machucar, chutei a lateral de seu rosto com toda a minha força. Ele soltou meu tornozelo e gritou de dor. Levantei-me mais rápido do que poderia imaginar conseguir e corri até a porta.

    Estava trancada.

    Amaldiçoei-me e senti o desespero atingir-me com força. Papai já estava recompondo-se. Corri até as escadas e com mais velocidade ainda pelo corredor ao ouvir papai na metade da escadaria. Entrei no meu quarto e tranquei a porta.

    Encostei-me na porta e escorri até o chão. Fechei meus olhos enquanto ele batia na madeira. Gritava, amaldiçoava-me e dizia que iria me procurar até no inferno se eu tentasse fugir. Coloquei a mão nos ouvidos e balancei-me para frente e para trás, enquanto muitas lágrimas caiam e minha mente fervia. Não sei como foi que meu querido paraíso transformou-se nesse maldito inferno. Só quero acordar desse pesadelo.

    Isso não é real.

    Tire-me daqui.

    Ajude-me.

    Acorde Crystal.

    Abra os olhos é apenas um sonho ruim.

    Vamos, acorde.

    Sua família ainda é a mesma, apenas abra os olhos.

    Tudo fica em silêncio. Papai parou de bater na porta e de gritar. Sinto-me vazia.

    Abro os olhos e meu quarto está queimando em chamas. Encaro-as, deslumbrando-me com toda sua grandiosidade. Parecem tão vivas e lindas misturadas em tons de vermelho e amarelo. Sorrio, sinto-me bem, sinto paz. As coisas estão sendo destruídas, mas não me importo, no quarto as temperaturas estão altíssimas, mas não sinto calor, nem qualquer coisa próximo a isso. O fogo não me queima, não mesmo, parece respeitar-me.

    Saio do transe ao ouvir gritos e sirenes tocando ao lado de fora. Levanto-me e toco a maçaneta.

    Tem fogo em todos os lugares, passo pelo corredor, o fogo dando-me passagem a cada passo. Desço as escadas. Ao chegar ao primeiro piso o fogo retorna para a escada, descendo rapidamente e queimando tudo. Caminho até a cozinha, e congelo em seguida.

    Um homem encara o corpo em chamas de mamãe, e quando ele percebe que não está sozinho vira-se para mim, ele parece desesperado, não o conheço. Seus olhos estão arregalados, ele parece desnorteado e confuso, usa uma blusa cinza, seu cabelo está uma bagunça.

    O homem encara-me surpresa e ficamos assim alguns segundos. Ele diz alguma coisa, gritando provavelmente, mas não consigo escutá-lo. Ele continua, mas tudo está em silencio. Desde que abri os olhos no quarto a única coisa que escutei foram os gritos e as sirenes. Nenhum barulho das chamas queimando os móveis, mais nenhum grito, nem sirenes. Apenas aquilo e só daquela vez.

    Os olhos do homem mudam de cor, aquilo chama minha atenção. Hipnotizo-me por seus lindos olhos. Tão lindos, vermelhos e...

— CORRA! _ele grita, tirando-me do transe, meus ouvidos estão liberados.

    Fecho os olhos com o impacto que meus ouvidos recebem, prendo a respiração por alguns segundos, abro os olhos e solto a respiração como quem estivesse em uma maratona. Meus olhos estão arregalados. Grito em desespero. Minha casa está pegando fogo, o fogo se aproxima, olho para o homem e ele não está mais ali, dou alguns passos para trás e caio no chão. As chamas estão próximas, sei que vai queimar porque sinto seu calor. Fecho os olhos.

    A destruição está próxima.

    Vou morrer.

— Peguei você. _O bombeiro grita pegando-me no colo. Ele me tira de casa e grita para os médicos me examinarem, ele diz que meu corpo está quente demais, ainda que eu não sinta o calor, que provavelmente inalei muita fumaça, ainda que eu não sinta principio de asfixia.  

    É por pouco que consigo manter os olhos aberto, então eles captam uma mulher. Jovem, alta, em forma, cabelos cacheados e desesperada, ela tenta enxergar pela multidão. Seus olhos encontram-se com os meus. Ela mexe os lábios e parece dizer “Tudo ficará bem, eu estou com você, não se preocupe”

    Então, tudo fica quieto e escuro.

    Acho que desmaiei.

— Flashback 2012 - Continuação do flashback do capítulo 6 –

    Lembro-me que quando olhei para Elena pela primeira vez perguntei-a se naquele dia era ela, mas ela respondeu que não. Assustei-me com a semelhança e percebi que talvez Elena fosse como meu anjinho da guardar, pois daquele dia em diante senti estranhamente que não estava mais sozinha. Mas, ter essas lembranças deixavam-me mal. Sinto o peso no coração, sinto vontade de chorar e desmoronar. Nunca soube o que realmente aconteceu naquele dia, e hoje...

    Hoje foi igual.

    Minha nuca arrepia-se, a morte me abraça, pressiono meus olhos com força enquanto todo o resto do meu corpo arrepia-se junto. Abro os olhos.

— Crystal? _escuto sua voz tremula atrás de mim, viro-me assustada.

    Meus olhos arregalam-se.

— Elena? _sussurro.

    Ela me encara, seu semblante triste, assustado e melancólico.

— Elena, precisamos sair daqui, algo de errado está acontecendo! _disse tentando falar o mais baixo possível, mas Elena não se mexia._ Elena! _ sussurrei.

    Corri até ela e segurei seus ombros com as mãos.

— Querida, precisamos sair daqui. _falei olhando em seus olhos. Elena estava como uma estatua.

    Seus olhos não estavam com os meus, seu corpo parecia não estar ali.

— Elena. _balancei-a com força._ Elena. _minha voz saiu mais alta do que realmente gostaria. _ Elen..._interrompi-me.

    Um medo sufocante atingiu-me e eu senti o desespero dentro de mim. Lembrei-me da primeira vez que vi Stefan, do homem nas chamas que gritou comigo e de como sumiu misteriosamente, dos bichos mortos na floresta e do suicídio da mamãe. Meu coro cabeludo arrepiou-se, senti o chão sumir em baixo dos meus pés.

    Elena parecia sem emoção, sem nada por dentro, como quem estivesse no automático. Os olhos dela finalmente encontraram-se com os meus depois de algumas súplicas.

— Eu irei morrer esta noite. _ela sussurrou.


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Notas finais do capítulo

Olá amiguinhas, como estão?
Acho que por hoje é só.
Um beijo ♥

ps:O que Crystal estava fazendo no local de guerra entre Stefan, Katherine e Derek? Stefan vai matar Elena ou Katherine? Quem era o homem misterioso que apareceu para Crystal no dia do acidente? E por que o fogo não queimou-a?

ps: Eu não tenho medo de matar personagens (música de terror, por favor) e eu sei ser bem cruel hihihi.



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