Daisuki, Momo-chan! escrita por Liran Rabbit


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Edit.: Olha quem apareceu pra corrigir alguns erros



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676323/chapter/1

A pele corada dela me fazia pensar o quão pervertida estava sendo, culpa dos shonen-ai's que lia ou assistia, pois por melhores que fossem de ler, não sabia se estavam me influenciando com a minha linha de raciocínio. Chamo-me Akemi Chiharu e sou uma fujoshi terrível ao nível supremo.

Depois de acabar de ler isso podem pensar que sim, sou influenciável e não, não pela lábia das pessoas. Sou um ser teimoso quando se trata de ouvir outras pessoas e ainda por cima ver pelo lado delas.

Haruka Momoko era minha amiga e eu sempre a ouvia, diferente das garotas chatas que sempre a rondavam e faziam perguntas fúteis de menininhas do início do ensino médio. Como ela aguenta? Eu não suportaria nem cinco segundos!

— Tadaima! 

Acabando de chegar em casa, tirei meus sapatos de colegial e de meia, adentrei em casa. Iluminando o cômodo escuro, olhava desconfiada para os cantos, tentando notar se meu pai iria aparecer assustando-me como sempre fazia.

Como se não tivesse nada suspeito, dei de ombros e caminhei até a cozinha, abrindo a torneira e lavando minhas mãos, para assim pegar algum  petisco na geladeira. Não tinha muita coisa, mas depois lá pra tarde poderia fazer uma pequena compra já que a doida da minha mãe sempre esquecia de fazer a maldita compra... E era apenas algumas coisas, como ela poderia esquecer?

Com um leite de soja, foi ao armário e peguei um copo e servindo o conteúdo no mesmo. Já que não tinha ninguém em casa mesmo, poderia ler os meus mangás que chegaram por encomenda.

— Yo Akemi-chwan! — Cuspi o leite de soja com o susto repentino e olhei com raiva para o indivíduo que tinha gritado meu nome justo quando eu pensei que estava sozinha em casa.

— Mas que diabos...? Pai? Seu infeliz! — Com a veia saltada da testa, joguei o copo nele, mas o mesmo desviou com facilidade — Quem você pensa que é para me assustar desse jeito?

— Sou seu papai, pequena! — Cruzou os braços, rindo como um personagem de anime. 

— Seu velhote... — Massageei a têmpora — Obrigado por me assustar, agora terei a cozinha e o meu próprio quarto para deixar organizado.

— De nada, filhinha! — E saiu dali, quase saltitando. Ele é mesmo meu pai? Ou eu que fui trocada na maternidade?

Dando de ombros, arrumei a pequena bagunça rapidamente e parti para meu quarto, trancando até a porta para não sofrer futuros sustos.

Em cima de minha cama havia a caixa da encomenda de mangás que eu tinha feito, gastei metade de meu dinheiro com aquilo... Eu vou a falência e o mangá é o primeiro passo. Pelo menos minha mãe tinha deixado a caixa ali e não na sala onde o meu pai poderia abrir e sangrar com os olhos. 

Olhei em volta do quarto e arrumei-o também, deixando as coisas em seu lugar para assim ler o conteúdo do mangá e ter reações estúpidas de uma fujoshi. Até quando estava chegando na melhor parte meu celular toca, tirando toda a emoção do capítulo.

— Alô? 

Akemi-san? Sou eu, Momo... — Não precisava ter se identificado Haruka, eu conheço bem sua voz e tenho o seu número — Atrapalho?

— Haruka-senpai! Não, na verdade estava lendo, mas você nunca me atrapalha? Aconteceu algo? 

Quantas vezes eu já lhe pedi para que não me chame de senpai? — Esbravejou, mas se recompôs, tossindo — Queria saber se estará livre esta noite...

Espere só um instante... Haruka estava me chamando para sair com ela? Mas ela sempre sai com as garotas de sua sala... O que deu nela para ter feito esse convite?

— Vejamos... Bem, na verdade não farei nada. Aconteceu alguma coisa? — Voltei a repetir a pergunta.

Nada... Mas é que eu queria conversar com você, mas tem que ser hoje! — Falou autoritária, com aquela voz de menininha. 

— Ok ok! Onde posso encontrá-la e o que você quer conversar? Não poderia ser pelo telefone mesmo? — Indaguei, curiosa.

Não, tem que ser hoje. Amanhã irei sair com minha mãe para Tóquio — Sortuda, iria para o centro e nem me levaria — Você pode me encontrar na saída da estação? Quando terminar de falar o que quero, vou ao trabalho de meu pai.

— Tá bom... Mas eu quero saber o assunto — Falei manhosa, mas recebi o silencio como resposta — Haruka-senpai?

Sim? Vou desligar, lhe vejo daqui duas horas Akemi-san? — Respondeu rapidamente.

Não me dando tempo pra argumentar, ela já tinha desligado mesmo! E na minha cara!

Às vezes o temperamento dela é pior que o meu, mas mesmo assim não falto com respeito com ela, nunca que eu levantaria a voz contra alguém tão amável quanto ela, a mesma não se afasta de mim e isso faz com que eu a admire.. Não liga para opinião alheia. São essas pessoas que faltam tanto no nosso cotidiano.

Suspirei longamente e olhei com pena para os mangás que eu nem comecei a ler, dei de ombros e comecei a arruma-los em um canto da prateleira.

Direcionei-me para o armário pegando uma muda de roupas e indo ao banheiro do corredor, tomando uma ducha rápida e arrumando-me da melhor forma. Meus cabelos platinados ficaram presos em uma elástico e a roupa pouco casual, para falar a verdade estava mais arrumada do que eu aparentava ai sair de casa.

Suspirei comigo e desci as escadas, ficando novamente na cozinha e com uma agendinha ali, peguei uma caneta e anotei o que era preciso para comprar, já que antes eu reclamara que não tinha quase nada na geladeira ou muito menos nos armários.

Vou aproveitar e comprar tudo no meio do caminho e ir falar com Haruka-senpai, talvez ela me ajude com algumas sacolas... Ou eu estou sendo muito folgada e abusando da boa vontade que ela tem com quase todo mundo.

Avisei meu pai que iria sair, encontrar uma amiga e fazer uma pequena compra, pedi um pouco de dinheiro e com o olhar focado no trabalho, ergueu a carteira e falou parar eu pegar apenas uma quantia necessária. Acenei positivamente com a cabeça e peguei o necessário, despedindo-me dele e saindo de casa.

O caminho para um mercado aberto não era tão longe e o centro da cidade era um pouco longe do mesmo.

Apenas a quatro quarteirões eu só pude lembrar e bater contra a testa que por incrível que seja, tinha esquecido a porcaria da lista!  Droga...! Agora é só lembrar do que é preciso mesmo...

Com a cara de pura frustração, entrei no mercado e com uma cesta, fui pegando ao dobro os alimentos que eu apenas recordava no momento e na hora de pagar, só tinha uma pilha de sacolas para eu levar e quando fui olhar para o relógio pendurado na parede dali, tinham se passado uma hora. Apressada, calculei que não daria para levar tudo e ir me encontrar com Haruka.

Corri de volta para casa e deixei tudo no chão da cozinha, recebendo um breve oi de minha mãe e falei rapidamente que iria encontrar uma amiga. Só ouvi ela falar para eu não chegar tão tarde.

Corria como se estivesse em perseguição, mas na realidade eu corria para não decepcionar uma pessoa. Haruka é tão boa que só de ver uma careta ou tristeza em seu olhar eu já me sentia a pior das pessoas.

Quando cheguei — finalmente, na estação, descia as escadas e passei o meu cartão de aluno na catraca, correndo novamente para o ponto de embarque. Olhava a minha volta, e não encontrava a dona daqueles cabelos avermelhados.

— Akemi-chan? — Virei-me para a pessoa que chamou meu nome, só assim eu perdi um pouco do meu ar.

— Haruka-senpai, olá... — Respondi em um tom baixo, minha respiração estava saindo um pouco que rápida por ter corrido muito, mas ao vê-la ali eu sentia que a expressão de "ficar sem ar" ganhará novos sentidos.

— Já pedi para não me chamar de "senpai", é muito formal! — Esbravejou, estufando as bochechas em sinal de raiva.

— Desculpa, mas é que você fica fofa quando lhe chamo assim — Segurei uma risada, não resistindo apertei sua bochecha — Mas então, o que você queria falar comigo?

— Então...  — Seu olhar passava para cada canto, parecia ver se tinha alguém que a atrapalha-se — É um assunto serio, Akemi-chan! Nada de rir.

— Esta bem, fale o que é.

Receosa, seu rosto começou a ficar vermelho, mas as palavras que ela disse a seguir causou um certo espanto em mim.

— É verdade que você esta namorando, Akemi-chan? — Seus olhos mostravam uma ponta de tristeza e um tipo de brilho, era estranho, mas senti um rubor em meu rosto.

— Eh?

— Não fale "eh" como se não soube-se responder! - Bateu o pé no chão, mostrando o seu nervosismo. Ela me lembrava as personagens de romance em mangás - Apenas responda...

— Primeiro é que eu não namoro ninguém e segundo, quem lhe falou isso? Era apenas isso que queria falar comigo? - Cruzei os braços, mas não deixei minha reação de espanto para trás.

— Shizumi-chan falou comigo que você estava namorando um veterano de outra sala... E eu temi que se fosse verdade, você começasse a se afastar de mim e ficasse se agarrando a um desconhecido, sendo que eu sou sua amiga! - A cada palavra dita pela mesma, ela tremia e seu rosto além do meu ficava vermelho.

— Shizumi é uma sem sal e idiota, quem se importa com o que ela diz? - Dei uma risada, tentando aliviar o clima.

— Eu me importo! Você é minha amiga, mais do que uma e não pode me deixar, entendeu? - No final da sentença, sua mão puxou meu queixo para olha-la a fundo, causando arrepios em minha espinha.

— Mais do que uma amiga...? - Pisquei os olhos uma, duas e três vezes, a fim de processar o que ela disse - Você tem sua vida Haruka-senpai, não precisa ficar ligando com quem eu não ando e por rumores de suas "amigas" - Fiz aspas com os dedos, deixando-a pelo visto um pouco confusa.

— Mas...

— Nada de mais, Haruka-senpai... Para uma pessoa baixinha, até que você se preocupa com muitos problemas e boatos maiores que você - Fiz graça do tamanho dela, batendo de leve em sua cabeça.

— Já pedi com gentileza e grosseria para que não me chama-se de "senpai" Akemi-chan! - Tentou me estapear, mas segurei sua cabeça, afastando-a.

— Não mudou em nada, você adora seguir os conselhos dessas suas amigas fúteis, é incrível como você não notou o quão chata elas são! - Resmunguei, mudando rapidamente de assunto.

— Elas não são chatas, você que é Akemi! - Esbravejou, dando-me um soquinho no ombro - É teimosa e parece uma moleca, nunca vi alguém como você...!

— Isso porque você deve ter sorte então... - Dei de ombros - Não é todo dia que se encontra alguém sincera como eu, pelo menos é isso que eu acho...

Alias, me chamar de teimosa era quase como um segundo nome, não que eu tenha deixado com que isso passasse, mas ser chamada assim num impasse de raiva passageira de Haruka é um tiro no peito, não gosto... 

— Se era apenas isso que tinha a tratar comigo, vou indo... - Dava passos para a saída de lá, sendo seguida por Haruka-chan.

— Oe...! Espera um pouco, eu falei de novo? Desculpe, não queria magoa-la e nem deixar com que pensasse algo ruim de mim... Você é teimosa sim, mas é uma boa pessoa. Sei que você não se importa para ter namorados, mas eu queria saber, sempre sou a primeira e única que sabe seus segredos... - Virei-me para ela, um pouco desconfiada com seu discurso.

— Eu tenho segredos, mas nem por isso eu tenho que lhe contar todos Haru-chan... - Coçava a nuca, nervosa.

— Me conte algum... Já pedi desculpas, e sei que você só veio até aqui porque eu pedi... Se eu não tivesse falado que era importante, talvez você não teria vindo... 

— Está errada... 

— Eh? - Picava os olhos, descrentes.

— Na verdade, eu teria vindo de qualquer maneira... Você sempre vem ao meu socorro, por que eu não iria ao seu? Por mais besta que foi o motivo, desta vez eu lhe falo, não teria faltado, mesmo eu tendo chegado um pouco atrasada para encontrá-la - Sentia minha mão um pouco suada, o nervoso de agora fazia minhas pernas tremularem.

— Que romântico, Akemi-chan! - Sorria abertamente. 

Tinha que me segurar... Não posso fazer isso, estamos em publico... Em uma estação de metrô.... Foda-se!

— Você falou que sente algo a mais que uma amizade, é sobre me considerar uma irmã mais velha, Haru-chan? - Perguntei, coçando o rosto um pouco nervosa.

— Eh? É como irmã também, mas você é especial Akemi. Desajeitada e lerda, viciada em quadrinhos e protetora, eu lhe adoro de várias maneiras - Sorriu, o seu rosto corado e as palavras saiam em um tom fraco, quase como um sussurro para que as poucas pessoas que passassem não ouvissem - Daisuki, Akemi-chan.

A frase final ecoou em minha cabeça, a estação de metro parecia como um lugar vazio e sem sentido.

Era realmente aquilo que eu tinha ouvido? Não devia ser uma brincadeira, Haruka-senpai nunca brincaria com uma coisa dessas, ou será que seria brincadeira?

— Não devia ter falado uma coisa dessas! D-desculpa, desculpa... - Sai do devaneio e olhei para a garota a minha frente, ela tremia um pouco - Você me odeia... É isso, desculpe... Eu achava que você gosta-se de garotos, mas mesmo assim eu fico com esse pensamento na cabeça...

— Haru-cha! Acalme-se! - Segurei fortemente seus ombros, levantando seu rosto para que seus olhos encontrassem com os meus - Do que você esta falando?

— Você tem raiva de mim não é? - Espera, ela tinha confessado seus sentimentos e esta com medo que eu a julgue? É isso mesmo?

— Tenho que ter um motivo para ter raiva de alguém, e nesse caso Haru-chan, eu não tenho raiva de você - Sorriu singelamente e acariciei seu rosto pálido.

— Não minta para mim! - Tremia mais, deixando lágrimas solitárias escaparem pelos cantos dos olhos.

— ... - Levantei novamente o seu rosto e como carinho, beijei os olhos dela e sequei cada lágrima - Daisuki, Momo-chan...

— Eh? - Afastou-se um pouco com o carinho e com as palavras que eu tinha pronunciado - Nani?

— Daisuki, Momo-chan... - Repeti, aproximando-me dela e envolvendo-a em meu abraço - Daisuki... - E selei rapidamente meus lábios nos dela.

— Faz de novo? - pediu, com os olhos fechados.

Sorri fracamente e beijei sua boca com um pouco mais de sentimentos.

— Você me chamou de Momo-chan... Eu gostei...

— Eu também... Daisuki, Momo-chan


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

One também pode ser encontrada no meu perfil do Social Spirit. (https://socialspirit.com.br/perfil/lirilinda)

Tradução de algumas palavras na one:

Tadaima: estou em casa/cheguei;
Shonen-ai: romance gay;
Senpai: usada para se referir com respeito a uma pessoa mais velha ou mais experiente;
Daisuki: Eu gosto de você.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Daisuki, Momo-chan!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.