“Lamento que nunca chegarei a conhece-lo, mas ele saberá por que morri, e espero que entenda. Estive tentando construir um mundo em que ele pudesse viver uma vida mais feliz.” — Remus Lupin, Harry Potter e as Relíquias da Morte

Quando Teddy era pequeno, ele não entendia.

Ouvia a sua avó lhe contar histórias sobre sua mãe, ouvia seu padrinho Harry lhe contar histórias sobre seu pai e ouvia os antigos membros da Ordem da Fênix lhe contarem histórias sobre ambos, mas o que o pequeno garoto de cabelos coloridos realmente queria saber ninguém nunca o contava.

“Quando é que eu vou conhecer eles?”

Ao ouvir isso, os olhos de Andrômeda se enchiam de lágrimas, o rosto de Harry adquiria uma expressão pesarosa e o sorriso dos membros da Ordem desapareciam no mesmo instante. “Eles se foram”, era o que todos respondiam. Mas foram pra onde? Fazer o que? E, o mais importante, quando iriam voltar? Porque tudo o que vai volta, certo? Ele queria conhecer a mulher divertida de cabelos rosa-chiclete e o lobisomem gentil de roupas surradas que todos diziam serem os seus pais.

Quando Teddy cresceu, ele sentiu raiva.

Não, raiva não. Dizer que ele sentia raiva era um eufemismo. Ele odiava seus pais! Ele os odiava mais do que tudo no mundo! Com todas as suas forças! Como eles puderam fazer isso com ele?! Como eles tiveram coragem?! Eles o abandonaram, abandonaram!, com sua avó quando ainda era um recém-nascido e foram lutar em uma batalha na qual sabiam que havia poucas chances de voltarem. Eles o deixaram quando apenas um pequeno bebê indefeso. Escolheram a guerra a ele, o trocaram por Lord Voldemort e seus Comensais, e Teddy os odiava por isso! Ele os odiava tanto que sempre que pensava no assunto lágrimas brotavam de seus olhos. Ele queria gritar aos quatro ventos o quanto odiava Remus Lupin e Nymphadora Tonks!

Quando ele amadureceu, se sentiu vazio.

Vazio pois nunca sentiria os braços de sua mãe lhe envolverem em um abraço caloroso. Vazio pois nunca poderia pedir conselhos sobre garotas ao seu pai. Vazio pois os dois nunca lhe deixariam na plataforma nove e meia no dia primeiro de setembro. Vazio pois nunca veriam os dois sorrir para ele. Vazio porque queria ouvir todas aquelas histórias contadas pela sua avó, pelo seu padrinho e por tantos outros conhecidos da boca deles. Vazio porque simplesmente nunca conheceria seus pais.

Quando Teddy quase morreu, ele achou que entendeu.

Tinha sido apenas mais uma tarde jogando Quadribol com os Weasleys e Potters na Toca quando ele caiu da vassoura a vários e vários metros de altura. Então ele finalmente entendeu: seus pais não tinham ido par a batalha com a certeza da morte pesando em suas costas. A morte é algo certo e imprevisível, nunca se sabe quando ela vai lhe alcançar nem como vai fazer isso. Talvez eles realmente achassem que iriam sobreviver àquilo, que iriam voltar para casa ao final de tudo para dar ao pequeno Teddy a notícia de que a guerra tinha acabado, Voldemort estava morto e agora ele poderia dormir seguro. Talvez eles realmente achassem que fossem ter a oportunidade de contá-lo como eles venceram a guerra, como eles lutaram bravamente contra os Comensais da Morte e sobreviveram.

Mas apenas quando Teddy foi pai que ele entendeu de verdade.

Foi apenas quando ele segurou aquela miniatura de gente, tão pequena, tão indefesa, que tentava agarrar seus dedos com as mãos gordinhas em seus braços pela primeira vez que compreendeu o que se passou pela cabeça de seu pais naquela noite. Eles não se importavam se morreriam ou não durante a batalha, desde que a guerra fosse ganha. Finalmente compreendeu o motivo que os levara a arriscar suas vidas daquele jeito. Não era simplesmente porque aquilo era o certo a se fazer, era muito mais que isso. Era por ele. Eles não o tinham a abandonado para lutar em uma guerra de incertezas, não, eles tinham salvo sua vida. Eles tinham lutado por ele e morrido por ele.

Porque não importava se voltariam para casa, se viveriam para contar suas histórias. Se Teddy estivesse vivo para ouvi-las ambos morreriam em paz.

E Teddy não poderia sentir mais orgulho de ser filho de Nymphadora Tonks e Remus Lupin.