Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra escrita por Sah


Capítulo 8
Confiança


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, a quanto tempo! Vou voltar! Estou tão feliz com isso! Agora tenho um computador para escrever! Que saudades que eu estava dessa história!



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Mira

Eu deveria assistir ao julgamento, porém não quero ver Unac tão cedo. Estou em casa, somente esperando Suni. Ela irá me ensinar hoje. Por algum motivo estou ansiosa. Terra é um elemento poderoso, seria minha segunda opção, perdendo somente para o fogo.

A campainha toca e antes mesmo de me aproximar da porta, a parede cede para os lados, e eu vejo aquela típica menina sorridente, suja dos pés a cabeça.   Penso em ficar brava pela parede, mas estou feliz em vê-la.

— Suni! – Falo alto

— Calma, Mira. Já arrumo a sua parede.

— Não estou brava.

— Não está? Achei que você iria estar tensa, por causa do julgamento.

Coloco as mãos em meus ouvidos.

— Lalala, não quero ouvir nada sobre isso.

Ela ri.

— Já que você faz questão. Não vamos pensar nisso hoje.

— Ótimo! – Concordo.

Suni diz que vai me levar em um local especial de treinamento. Pensei que iríamos para a arena da praça, mas ela me diz que há curiosos demais lá hoje. Passando pelas ruas, vejo que há curiosos demais por toda a parte. A cidade está fervorosa.

Passamos por uma loja de eletrônicos, todas as televisões estão sintonizadas no julgamento. Tento ignorar ao máximo, mas Suni para quando vê Meelo depondo, assim eu também não consigo evitar.

Meelo está abatido. Com o rosto vermelho e pingando de suor, não sei se é nervosismo, mas eu nunca o vi dessa forma. O advogado de Unac era uma figura desconcertante, com um tapa olho e cabelos desgrenhados, ele não parecia realmente um advogado, ainda mais quando falava.

Suni não demonstra preocupação.

— Está tudo bem? – Eu pergunto para ela.

— Sim está. Meelo está fazendo a parte dele, agora temos que fazer a nossa.

Nossa parte? Ah sim! Eu tenho que aprender a dominar a terra, ou pelo menos aprender a  senti-la.

Saímos rapidamente da multidão que estava se formando em frente à loja, todo mundo está tão eufórico com esse julgamento, que a única coisa que escutamos pelo caminho são comentários.

— Aquele advogado está fazendo todos caírem. – Ouvi um homem dizer.

— O avatar vai depor por último, estou louca para ver como ele vai se livrar daquele advogado. – Uma moça disse para a outra.

Aonde quer que eu vá esse julgamento me persegue. As coisas mudam quando eu noto o caminho que estamos tomando.

— Aonde estamos indo de verdade? –Pergunto para a Suni.

— Ah Mira, isso é segredo. É o meu lugar secreto, não posso dizer para todo mundo!

Eu sou todo mundo? Fico tentada em perguntar, mas acho que receberei uma resposta irônica.

Os prédios do centro deram lugar a enormes galpões, os carros foram substituídos por enormes caminhões, as pessoas foram sumindo da nossa vista.  Lembro-me da cidade da fuligem, esse lugar se parece com ela na sua essência, porém apesar do abandono aparente nenhum lugar de Republic City poderá competir com a degradação daquele lugar, isso se nota até pelo cheiro do ar.

Finalmente paramos.

— É aqui! – Suni diz com satisfação.

Estamos em frente a um grande galpão abandonado. Havia um letreiro pendurado na entrada, porém só algumas letras permaneceram: P_ó _ob__

— Póob? – Fico tentando identificar.

— É Pró-dobra Mira. Isso aqui era uma arena de pró-dobra.

Pró-dobra é um esporte de dobradores. Isso eu sei. Sei também que se tornou obsoleto com a diminuição significativa de dobradores. Era bastante popular no passado. Não sei por que estamos aqui.

— Mas, viemos aqui para jogar? Espero que tenha percebido Suni, falta muito para termos uma equipe para esse esporte.

Ela pareceu irritada.

—Claro que não. Mira pense um pouco. Aqui é o melhor lugar para que possamos fazer isso. Ninguém vai nos incomodar.

Isso era verdade, mas será que o lugar estaria em boas condições? Pelo jeito da estrutura isso aqui foi abandonado há pelo menos 30 anos. 

A porta se abriu com a nossa aproximação, e receio que isso tem haver com a Suni, apesar de não comentar nada disso conosco, acho incrível que ela saiba dobrar metal.

O lugar está escuro, mas quando meus olhos se acostumam com aquele local eu fico impressionada. O teto é alto, mas o que realmente me chama atenção é o subsolo do lugar, a arena fica abaixo do nível do chão, e aonde estamos, até o teto, á diversas arquibancadas. Imagino que em seus dias de gloria esse lugar ficava lotado

—Vamos Mira. – Suni me diz e pula em direção a arena.

Não tenho tempo nem de impedi-la, ela aterrissa com firmeza no chão.

— Venha! --- Ela me diz lá de baixo.

E como ela quer que eu faça isso? Isso aqui tem pelo menos 30 metros, se eu pular, será um pula para outra vida.

— Como? Existe alguma escada? Ou algo assim?

Um sorriso de abre em seu rosto.

— Ah, Mira achei que como avatar, você saberia lidar com coisas assim.

E eu acho que meu treinamento começou. Ela quer ver o que eu irei fazer nessa situação.

Olho ao redor, no primeiro momento não percebo água no local, mas depois eu me dou conta de que a arena é cercada por fossos, tal como uma ilha no meio de um lago. Porem eles estão secos. Concentro-me mais e vejo que há um pouco de água, só que ela está muito profunda. Desisto de dobrar água. O ar é fácil, todo o lugar está cercado dele, mas eu nunca tentei fazer um pouso em um lugar tão distante, não sei se terei tempo de raciocinar e apartar a minha queda quando eu pular.  Sinto medo e receio de não conseguir, um sentimento que tem me acompanhado desde o grande deserto.  

—-- Você está com medo?  -- Suni zomba de mim.

Na verdade estou, mas finjo que não. Não posso demonstrar medo.

—  Estou pensando na melhor opção. – Respondo a ela.

— Não pense demais Mira.

Respiro fundo. Já sei o que fazer. Vou fazer isso do modo antigo. Me curvo sobre a grade da arquibancada e tento medir a distância. Pulo a grade e fico a centímetros de uma queda. Olho para a Suni, ela se sentou no chão e me observa com olhos atentos.

O primeiro passo é difícil, me viro e tento alcançar a grade de baixo. Olho para a Suni de novo, ela não se moveu, seu olhar continua em mim.  Me jogo sobre a arquibancada debaixo e caio com força sobre o concreto. Um andar já foi.  Sinto dor no meu joelho e vejo como eu fui burra, posso pelo menos suavizar essas quedas. No próximo andar me concentro e tento dobrar o ar em meus pés, porem me desconcentro e quase perco a grade de baixo. Sinto meu coração pular.

Suni se levantou dessa vez, acho que ela estava pronta para me ajudar. Sorrio ao constatar isso.

É melhor fazer tudo do modo antigo mesmo.  

Quantos andares de arquibancadas eram? Eu não tenho ideia, mas eu vejo que só falta uma queda, direto para a arena. Eu fico feliz em ter conseguido chegar até aqui, mas falta a pior parte, apesar de não ser tão distante, os fossos arredores ainda são perigosos, vou precisar pular de outro ângulo.  Suspiro e pulo, dessa vez terei que usar o ar, a queda não é tão grande, vai dar tudo certo.

Justo no momento que eu vou atingir o chão a minha dobra não funciona, sinto o formigamento, mas o ar não coopera. Ao atingir o chão sou engolida por uma terra fofa que levanta poeira para todos os lados. Estou suja dos pés a cabeça.  Quando a poeira cessa eu olho para a Suni, que está feliz.

— Ainda bem que você confiou em mim. Pelo menos no final.

—  Sim confiei. – Não digo a ela que minha dobra não funcionou, fico quieta.

—  Mira, esse exercício, foi um teste de confiança. – Ela diz como uma professora. – Fiquei esperando que você pulasse ,tal como eu. Eu iria te ajudar no pouso, mas você é teimosa, já perdemos quase uma hora com você brincando de trapezista, mas no fim você entendeu.

— Claro, eu entendi. – Minto.

—  Assim podemos ver que a primeira coisa que devemos sentir ao dobrar a terra é confiança. Você precisa confiar no que está aos seus pés.  Confiar de que ela sempre virá ao seu socorro.  

Tento segurar o riso , ela está tentando imitar o Meelo, porém seus olhos mostram que ela quer jogar todo esse ensinamento para o alto e ir para o que interessa.

—  Eu entendi Suni, mas podemos ir logo ao que interessa?

—  Achei que você não ia dizer.—Ela diz ao me derrubar em um buraco que se formou aos meus pés.

 Fiquei presa, somente com a cabeça fora da terra.

— Agora, Mira. Tente sair daí sozinha. - Ela me diz sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Uhull, estou tão animada agora que o próximo capítulo já estará disponível amanhã.
Obrigada a todos que acompanham!