Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra escrita por Sah


Capítulo 24
Desastre




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676067/chapter/24

Riku

Estamos cercados, isso é óbvio. A nossa única saída está repleta de guardas, acho que é só questão de tempo para que o imbecil do Haru apareça.

Estou me contendo. Minha vontade é de explodir esse lugar. Fazer as minhas chamas lamberem o teto e as paredes e fazer todos desse lugar queimarem. Porém eu não faço. No fim algo moral me prende a essa situação. É quase como se eu estivesse sob o efeitos dos inibidores, porém, as vozes e a vontade não estão caladas, na verdade só está mais fácil ignora-las.

Sina está de prontidão, eu não consigo imaginar o que ele fez para chegar até aqui, não é do feitio dele usar os punhos para resolver os problemas, acho até que eu o contagiei com a minha loucura. 

—  Temos que encontrar outra saída. Eu acabei decorando todo o caminho ao vir para cá, há diversos corredores que podemos usar. – Diz Taey, o dobrador da escola de tecnologia.

Taey se mostrou muito inteligente, tão inteligente que chega a me irritar. Se bem que todos desse lugar estão me irritando.

Eu não falo, apenas aceno com a cabeça.

O primeiro grupo de soldados que avançam se afastam quando percebem a parede de fogo que eu criei, dois outros dobradores  ajudam  alimentando minha chamas. Tento não a manter erguida por muito tempo, só o suficiente para afastar os soldados. Taey me diz que o oxigênio daquele lugar pode ser limitado, e todo o meu esforço no fim só serviria para nos matar sem ar.

Vemos quando o vapor invade o corredor, tem dobradores de água aqui também, e eles estão tentando nos encurralar. Sei lidar com dobradores de água. No fim é só produzir mais chamas do que eles são capazes de apagar, mas não posso fazer isso. Me sinto frustrado, uma frustração que só aumenta conforme o tempo vai passando.

O Haru já está aqui. Posso ouvi-lo gritando ordem para alguém.

—  Temos que fazer outro curto circuito. – Taey me diz.

Isso é fácil. Tento me acalmar. Eu preciso me concentrar. Sinto a eletricidade se formar nas pontas dos meus dedos.

—  Você é louco? Não aponte isso para o chão. Há muita água. – Taey diz.

—  Talvez eu seja! Mas, que porcaria você quer que eu faça?

Assim ele aponta para o teto.

Sigo sua ordem. As poucas luzes explodem a nossa frente.

Me movo bem no escuro.  Posso ouvir a confusão dos nossos inimigos.

—  Riku, temos que fazê-lo pensar que escapamos. Não dobre fogo, ele não pode nos ver.

Taey cochicha para outras pessoas que estavam conosco.  E eu sinto uma briza vibrando sobre as nossas cabeças.

O que acontece a seguir me deixa confuso. Aos poucos sou puxado para trás por uma corrente de ar. E erguido levemente, suficiente para não tocar o chão.

E isso me deixa ao ponto de explodir. É difícil ignorar as vozes agora. Se existe uma coisa que me irrita é usar dobra em mim sem permissão, e sabe o que me irrita mais é agir como um covarde.

Assim eu ataco com força. Faço tudo se iluminar com o meu fogo. Haru cai de costa quebrando a parede a trás dele.

— Riku! – Sina grita, mas já é tarde.

Eu já senti todos os tipos de sensações. Já senti medo, raiva, ódio, tristeza, alegria e até amor, mas o que eu senti dessa vez era novo. Era uma angustia, misturada com medo, com ódio e frio. Era uma sensação ruim, muito ruim. Era muito maior que a loucura que rondava a minha mente.

As coisas ficaram lentas. Não era só eu que sentia aquilo. Eu podia sentir a pessoas tremendo ao meu lado, ou melhor, tudo estava tremento.

—  Tudo vai ruir. – Taey disse sussurrando.

E tudo estava se despedaçando.  Envolvi uma pequena chama na minha mão e clareei o havia a nossa frente. Por um segundo eu vi uma sombra negra correr para perto do Haru, mas assim que pisquei ela havia sumido.

Com ele caído, todos os dobradores que estavam ao lado dele pararam e assim Sina correu a nossa frente mostrando a escada que nos levaria para a saída. Apesar da escuridão, as fissuras que estavam se abrindo na parede iluminavam o caminho.   

Corri sem olhar para trás, diferente de todos os outros que tentaram tirar os soldados e outros dobradores. Acabei esbarrando em uma garota. Muito mais nova que  eu , ela parecia estática, não se mexia, apenas olhava para o Haru caído. Alguma coisa me fez ajudá-la.

A peguei com cuidado e a joguei em cima das minhas costas. Subi a escadas mais devagar do que eu gostaria.

Pedaços de concreto caiam a minha frente. E assim que cheguei ao topo da escada, eu vi o enorme labirinto de corredores que nos aguardavam.

Eu tremia. Não de medo, mas de nervoso. Uma aflição que corroia os ossos. O meu coração  estava acelerado.

Olhei para trás e vi que o restante dos prisioneiros havia conseguido retirar todas as pessoas que estavam lá.

Mas, cadê o Sina? Eu olhei para todos os outros, para todas as pessoas sendo carregadas ou arrastadas.

—  Ele está tentando trazer o avatar. – Taey me disse constatando minha confusão.

—  Ele é idiota? – Acabei dizendo.

—  Se você quer ir atrás dele. Pode deixar a garota comigo.

Ele não precisou dizer duas vezes, entreguei a menina para ele e desci as escadas novamente.

Sina estava lá, tentando arrastar Haru pelas escadas.

—  Você é mesmo muito imbecil não é? – Eu disse aos berros.

—   Eu também constatei isso. – Ele disse olhando para mim. – Mas, eu não seria justo se o deixasse aqui.

Me aproximei.

—  Ele está vivo?

—  Sim, está.

Me aproximei e ajudei Sina.  Quando eu toquei no Haru eu senti de novo aquele sentimento, porém agora eu estava totalmente cercado. Isso era mal, muito mal. O soltei.

—  O que foi? – Sina perguntou.

—  Você não sentiu?

—  Sentiu o que?

—  Essa sensação que vem dele.

—  Não vou nem perguntar se você está louco, pois já sei a resposta. Mas, se não vai me ajudar, então vai à frente. – Sina disse secamente.

Suspirei fundo. Tentando me acalmar. Contei alguns segundos para me restabelecer. 

—  Você precisa ser rápido. Não temos muito tempo.

Sina conseguiu arrastá-lo por mais alguns degrais até soltá-lo. Olhei para trás. Sina estava com o rosto impassível como sempre, porém tinha alguma coisa errada.

—  Eu ouvi uma voz.

—  O que?

Haru estava falando desacordado.  Coisas estranhas saiam da boca dele, sons que eu nunca havia ouvido. Depois disso o concreto que caia ao nosso redor parou em pleno o ar.

O ar ficou diferente.  Tentei produzir uma mísera chama, porém assim que eu fiz, ela voou e desapareceu perto do corpo do Haru.

—  Vamos para longe dele. – Eu disse.

A sombra que eu tinha visto antes reapereceu, ela começou a envolver o corpo do Haru. Até ele estar em cima de nós.

Depois daquilo tudo ficou escuro, maior que o breu das celas. E assim tudo, mas tudo mesmo desabou ao nosso redor.

Era como se todo o peso do mundo estivesse em cima de mim. Eu sinto que apaguei por um instante.   Eu não conseguia me mexer, e estava preso.  Só tinha uma coisa positiva, eu não sentia dor. 

—  Riku? – Eu ouvi a voz de Sina distante.

Mas, eu não conseguia nem abrir a boca.  

Patético.

A voz da minha cabeça dizia alto.

Patético.

Ela gritava cada vez mais. 

Patético

—  Eu não sou patético. – Eu finalmente consegui dizer.

—  Ele está aqui! – Alguém disse em cima de mim.

Não demorou muito para que eu conseguisse me mexer novamente. Dobradores de terra são muito úteis em situações assim, eu tenho que admitir. O concreto foi tirado de cima de mim rapidamente.

Eu estava sujo, meu corpo inteiro estava coberto de poeira e percebi pequenos ferimentos  em meus braços e pernas.

Sina foi o primeiro a falar comigo. Ele parecia melhor que eu, como se ele não tivesse sido atingido.

—  O que aconteceu? – Eu perguntei.

—  Tudo foi abaixo. O palácio presidencial caiu.

Eu olhei finalmente ao redor. O céu já estava claro, porém coberto por uma fumaça escura. Ao redor havia pilhas e pilhas de entulho, o imponente palácio presidência havia caído tal, como o presidente.

Me perguntei quanto tempo eu havia ficado soterrado.

—  Tivemos sorte. – Sina me disse. – Uma das vigas da escadaria segurou grande parte da estrutura acima de nós. Porém você caiu um pouco mais afastado de mim e uma das paredes caiu diretamente sobre você. Foi muita sorte. Muita sorte.

Sina estava abalado, e eu percebi que não era apenas pelo desabamento. Olhei ao redor e vi a quantidade de pessoas caídas no chão.

—  Quantos mortos já foram contabilizados? – Eu perguntei.

—  Cerca de 30, porém há pelo menos 80 pessoas desaparecidas embaixo de todo esse desastre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá pessoal. E estamos chegando ao fim do livro três. Creio que faltam apenas dois capítulos para encerrar esse livro. As coisa estão aos pouco tomando os rumos necessário para o livro 4, que será o ultimo dessa fic.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.