Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra escrita por Sah


Capítulo 10
Escondidos


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo ^^



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Mira.

Não consegui mover nenhum músculo. A terra estava por toda a parte. Eu olhei para a Suni e só conseguia ver os seus pés, ela se inclinou sobre mim e me olhou de cima.

— Mira, você tem 20 minutos para sair daí.

—20 minutos?

—Sim, acho que é o suficiente. Quando me ensinaram a dobrar corretamente eu levei apenas 2 minutos para me soltar.

Isso é o esperado de um prodígio da dobra de terra, mas eu nunca tive nenhuma experiência assim. Com as outras dobras foi diferente. A água me salvou e o ar apenas apareceu, como se sempre estivesse comigo.  Eu sinto a água nos fossos abaixo de nós, e eu sinto o ar ao redor da minha cabeça, mas a terra, mesmo estando em toda a parte, ela é estática, imóvel, pesada.

— Estou esperando Mira, já se passaram 5 minutos.

5 minutos? O tempo está passando depressa. Tento me concentrar, sentir a terra. Eu a sinto, me sufocando cedendo aos poucos debaixo dos meus pés. 

É quase tão sufocante como a água, mas menos volúvel, imutável. Não sinto a mobilidade da água e nem o formigamento do ar, e como seu eu fosse uma estátua, e como se a terra fizesse parte do meu corpo.

Fazer parte do meu corpo?  Uma extensão dos meus braços, dos meus pés e da minha mente! É isso, eu não tenho que pensar na terra como uma coisa separada, distante. Eu preciso confiar nela como se fosse qualquer outro membro do meu corpo.

— Mira 15 minutos já se passou!

Eu não sei como ela está vendo ás horas, mas receio que isso só seja uma coisa para me deixar mais nervosa.  Suni é uma professora durona, mas eu acho que isso acabe sendo uma característica dos dobradores de terra, apesar de não demonstrarem ,são duros e firmes por dentro tal como o elemento.

Movo os meus dedos devagar e sinto um pequeno bolsão de ar entre eles. Me concentro e tento mover a terra ao redor deles. Mas nada acontece. Tento novamente, pensando com mais força. Mas só consigo ficar com dor de cabeça.  

Fico emburrada e decepcionada. Eu realmente achei que seria bem mais fácil.

— Está pronta para desistir? – Suni me pergunta.

—Eu não desisto. 

Eu falo irritada.  

Suni apenas ri.  E isso me deixa mais furiosa. As coisas sempre ficam assim. Tudo começa com esse sentimento. Tudo fica vermelho aos poucos e eu consigo sentir o meu coração saltar do peito. Uma sensação de calor me invade e  isso faz toda aquela situação ficar insuportável.

Estou quase mudando de opinião, água não é o pior elemento. O pior é a terra! Ela é inútil! Não me ajuda em nada!

—Mira. Você está ficando brava não é? Estou sentido o seu coração ficar cada vez mais acelerado.

—Eu não estou brava – Falo irritada.

Ela apenas ri de novo.

—É por isso que eu te adoro Mira. Sempre a ponto de matar alguém.

Ela continua sorrindo, mas para e olha para mim.

—Vamos fazer isso ficar mais divertido.

E quando ela diz isso eu sinto a terra ceder em baixo de mim. Sinto me afundar cada vez mais. Minha boca, meu nariz estão todos submersos na terra. O desespero começa a tomar conta. Eu não consigo ver as coisas com clareza. Só o calor ainda me deixa consciente, mas ele começa a se perder.

— Suni, por favor. – Tento dizer, mas as palavras não saem da minha boca.

Aquele sentimento vem de novo, estou tendo um dejavú, a mesma sensação do primeiro dia, o fatídico dia em que minha vida mudou. Mas, acho que a terra não irá me salvar agora. Minha consciência está se esvaindo, estou lutando para sair daqui, mas o meu corpo não se mexe.

Quando eu achei que tudo estava sumindo, eu me sinto aérea, é aquela mesma sensação, meu espírito lutando para manter o meu corpo.

Posso somente olhar para os olhos de Suni assustada enquanto eu olho para ela lá em  baixo, eu não estou mais no buraco, eu estou quase voando. 

Eu não quero fazer mal a ela, sei que ela queria somente me ajudar, mas tudo isso está em segundo plano agora. Ela tentou me matar.

Tento tirar esse pensamento da cabeça a todo o custo, ela não faria isso.

— Mira! – Ouço ela me chamar.

A água dos poços já estão ao meu redor, o ar rodopia ao meu lado, e a terra está la em baixo, inacessível.

Tento me manter sóbria, mas o poder é inebriante. Luto contra mim mesmo. Eu preciso fazer isso, não posso deixar isso me cegar, mas tudo fica cada vez mais distante.

— Suni. Fuja. – É a única coisa que consigo dizer.

Mas seus olhos de súplica me atingem como uma pedra. O que eu estou fazendo? Eu sou a Avatar! Meu papel aqui é salvar esse mundo! Ela é minha amiga.

A água que estava ao meu redor se junta ao meu corpo. Ela me imobiliza e me deixa confusa. quem está fazendo isso?  Olho ao redor procurando por toda a parte. Suni não parece mais assustada, agora ela está aliviada. Olha para a direita contente.

— Achei que você não viria. – Ela diz para alguém.

Tento me soltar, a água ao meu redor não me obedece. E aos poucos eu sinto minha força sendo drenada .

Estou abaixando, o ar sobre os meus pés está me trazendo para baixo. Tudo ainda está distante, mas agora a raiva também está.

Chego bruscamente no chão e Suni vem ao meu alcance.

Seus olhos estão marejados.

— Me perdoe Mira, eu realmente achei que você estava pronta. Eu não queria que isso acontecesse! – Ela está arrependida.

Eu me sinto pior que ela, eu realmente estive perto de machuca-la, mas alguém me impediu, olho ao redor procurando de novo.

— Você é muito forte para apenas uma garotinha, não é mesmo? – Uma voz masculina diz ao meu lado.

Eu não havia percebido aquele rapaz. Ele tem o cabelo escuro, olhos azuis escuros e pele em um tom de canela, ele parece um pouco mais velho que eu.

— Eu disse Fei, ela é o Avatar!

— Eu realmente achei que você estava mentindo. Bem , não seria a primeira vez.

Suni suspira e faz biquinho.

— Eu não minto! Eu apenas deixo a verdade mais divertida.

Eles pareciam amigos. Mas, por que eu nunca o vi antes?

— Quem é ele?

— Ele? Ele é o Fei. – Suni diz

— E quem é Fei?

O garoto se levanta.

— Deixe que eu me apresente senhorita. Fei Wal Ira a seu dispor.

Eu o ignoro.

— Suni, quem é ele?

— É um amigo Mira, um dobrador de água que eu conheço a algum tempo.

Dobrador de água? Então era ele que me imobilizou! Mas, por que eu nunca o vi antes? Será que ele é da escola de Medicina?

— Ele é da escola de cura?

— Não Mira, ele não é de nenhuma escola. Ele é um dos escondidos!

— Escondidos? O que você quer dizer com isso?

— Mira, você acha que o governo tem todos os dobradores a sua disposição? Existem dobradores não cadastrados, que descobriram a sua dobra e foram discretos quanto a isso.

Eu nunca parei para pensar nisso, e realmente faz sentido. Se eu parar para pensar todos os dobradores da escola de combate tem alguma ligação prévia com o governo, normalmente são filhos de soldados ou de autoridades, alguns chamaram atenção sem querer como no meu caso ou eu imagino que no de Riku. E o restante?  Acho que agora sei a resposta.

— Me deixe falar! – O garoto diz chateado. – Sou Fei, amigo dessa fuinha aqui, não tivemos oportunidades de nos conhecer antes, mas eu já ouvi falar de você.

O ignoro novamente — E o que ele está fazendo aqui?

— Eu disse para a Suni que iria ficar de olho no julgamento e quando surgisse algo realmente importante iria vir aqui dizer a ela. Já que esse é um dos campos de treinamento dos escondidos, mas eu não imaginava chegar aqui e ver você quase a atacando. Suni é uma das dobradoras mais fortes que eu conheço. Vê-la naquela situação me deixou nervoso, por isso eu tive que intervir.

— O que aconteceu Fei? - Ela pergunta para ele. 

— Suni, temos grandes problemas!

Ele nos contou o que aconteceu no julgamento. E isso me deixou aflita, nervosa e com um buraco enorme no peito.  E um pressentimento muito ruim.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando, semana que vem tem mais.



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