Takeda se pegou suspirando ao lembrar daquela voz. Era algo como puro magnetismo, bastava Ukai abrir a boca e os olhos do sensei iriam automaticamente pairar sobre os lábios do treinador.

Ittetsu acreditava realmente gostar muito da voz de Ukai Kenshin... Qual mais seria a explicação? As palavras do treinador, por mais que não fossem direcionadas a ele, pesavam, elas o faziam abrir os maiores sorrisos e despejar as mais finas lágrimas, elas o faziam amar aquele esporte que nunca arriscaria jogar e amar aquelas crianças que ele tratava como filhos. Aquela voz o fazia feliz.

“Não se atrevam a olhar para o chão! Vôlei é um esporte em que se olha para cima.”

De fato Takeda estava olhando para cima, mas de maneira alguma estava dentro da quadra. Seus olhos acompanhavam a figura de Ukai Kenshin mais uma vez.  Conforme todos os jogadores do Karasuno ergueram seus rostos e sorriram para a partida que os esperava, Takeda sorria ao se dar conta de que não era só da voz de Ukai que ele gostava.

Ele também gostava de como a tiara estava torta sobre os cabelos despenteados e tingidos. Imaginou-se endireitando-a e alisando as madeixas descoloridas.

Ele gostava de como Ukai não parava quieto com toda aquela euforia, ora sentado no banco, ora esticando as pernas, ora tremendo... Ittetsu até cogitou estender sua própria mão e entrelaça-la a mão áspera e tremula do treinador.

Enquanto a quadra gritava para todos ouvirem, Takeda sussurrou para si mesmo o que acabara de descobrir.

“Eu não gosto só da voz, nem só da aparência e muito menos apenas das manias, eu gosto de Ukai Kenshin. Como não percebi antes?!”

Mas ainda haviam três coisas que ele não tinha percebido,  a primeira era que Ukai tinha uma audição muito boa, a segunda era o fato do treinador estar extremamente corado por ouvir o que não devia e a terceira, era que Ukai também gostava dele.