Caderno de ideias escrita por Benihime


Capítulo 9
Mein Saumensch




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— Ei, Saumensch!

Liesel Meminger virou-se ao ouvir a voz de seu melhor amigo chamá-la. Depois de tanto tempo, ele não perdera a mania de usar aquele apelido idiota.

— O que você quer, Saulker? — Perguntou, tentando soar ríspida, mas sendo delatada pelo sorriso que não conseguiu conter.

Ela nunca conseguia ficar zangada com Rudy Steiner. Não por muito tempo, pelo menos. Depois de terem sobrevivido aos horrores da guerra, os dois haviam se tornado ainda mais unidos, inseparáveis mesmo.

— Vem comigo. — Ele disse simplesmente, pegando sua mão e conduzindo-a pela cidade.

Sem muitas opções, Liesel deixou-se conduzir até o rio Amper, onde o rapaz finalmente parou e desabou na grama, cruzando os braços sob a cabeça numa atitude de completo relaxamento.

— Por que me trouxe aqui? — A menina perguntou, sentando-se ao lado dele.

— Por nada.

Ela fulminou-o com o olhar por essa resposta, mas depois deitou-se ao lado dele e ficaram observando as nuvens. Desde crianças faziam isso. A menina se distraiu pensando em como as coisas mudaram depois da guerra. Rudy mudara, tornara-se um belo rapaz, e amadurecera. Não o suficiente para deixar de ser um saulker irritante, é claro.

Liesel não sabia, mas ele secretamente também admirava a transformação pela qual sua vizinha passara. Sempre fora uma garota bonita, pelo menos aos olhos de Rudy, e agora aos dezessete anos ele a considerava a jovem mais bonita que já havia visto.

— Ei, Saulker, vamos dar um mergulho?

Ele sorriu como se esperasse que ela dissesse isso e respondeu apenas quatro palavras:

— Vou ganhar de você.

Ambos pularam de pé e correram para o rio. Liesel nadava razoavelmente bem, e, ao entrar na água, lembrou-se de que fora Rudy quem lhe ensinara a nadar. A memória a fez sorrir, lembrando-se do quanto ficara irritada na ocasião.

Mergulharam em sincronia e ficaram o maior tempo possível debaixo da água. Quando emergiram, os pulmões de ambos pareciam a ponto de explodir.

— Fiquei mais do que você. — Disse ela quando estavam em terra novamente, deitados na margem.

— Não mesmo. Foi empate.

Liesel riu da insistência do garoto. Rudy e ela tinham essa mesma discussão todos os verões desde que os Hubberman a adotaram. Na verdade, discutiam sobre tudo o tempo todo, estavam sempre encontrando algum pretexto para uma altercação.

— Não foi, não.

Ele mostrou-lhe a língua.

Muito maduro, Rudy, a menina pensou, embora ligeiramente divertida pela situação.

— E que tal aquele beijo, Saumensch?

Ela simplesmente revirou os olhos ante a pergunta já familiar, feita milhares de vezes ao longo de todos aqueles anos.

Rudy Steiner hesitou apenas por um momento antes de finalmente tomar coragem. Ficando por cima de sua vizinha, ele prendeu o corpo dela com o seu, apoiando-se nos cotovelos para que seu peso não a machucasse.

— Rudy, o que você está fazendo?!

A única resposta do jovem foi cobrir os lábios de Liesel com um beijo. A menina viu-se retribuindo depois de um segundo, satisfeita por ele finalmente ter criado coragem para tomar a iniciativa depois de tanto tempo de espera.

— Minha Saumensch. — Ele disse, separando seus lábios por um momento, apenas para voltar a beijá-la logo depois. E os dois se perderam nos beijos um do outro naquela tarde quente de julho.


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