Caderno de ideias escrita por Benihime


Capítulo 31
Libertação




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Flocos de neve prateados flutuavam em direção ao chão, brilhando na luz intensa da Lua da Colheita. Quase oculto no céu noturno, o pássaro negro planava.

Não. A pequena boneca de porcelana pensou. Por favor, de novo não!

Com seus olhos azul-pálidos perdidos no céu acima, ela se perguntava. Por que todas elas tiveram que morrer? Por que teria sido amaldiçoada com um destino tão horrendo?

A ave voou mais baixo, o som de suas enormes asas soando alto na noite silenciosa. A boneca sabia que seu tempo estava quase acabando. Logo, seria engolfada por aquelas asas, desaparecendo até que outra vítima fosse encontrada.

Ela fechou os olhos, se preparando para a escuridão iminente, mas algo havia mudado. As memórias se recusavam a desaparecer e, por sob suas pálpebras, a boneca viu todas as garotas que haviam morrido por causa de sua maldição.  Vidas inocentes perdidas por sua causa.

Subitamente, lembrou-se de algo mais: um nome. Seu nome. Agatha. Com o nome, as memórias de sua vida anterior a invadiram. Reviu o rosto saudoso de sua mãe, o rosto do homem que se apaixonara perdidamente por ela, amaldiçoando-a no final por, em seu orgulho infantil, brincar com seus sentimentos.

Agatha sentiu algo se agitar dentro de si, uma chama que ela considerava extinta. Agora, tal chama era clara em seus olhos. Ela sabia o que fazer.

Pela primeira vez em quase um século, Agatha podia mover aquela prisão de porcelana por conta própria. A ave acima gritou ameaçadoramente, mas ela a ignorou, seus olhos procurando no chão até encontrar o que procurar: uma pedra. Não particularmente grande, mas ainda o bastante.

A boneca pegou a pedra com suas duas mãos diminutas. A ave desceu em rasante com um grito ameaçador, finalmente entendendo o que ela pretendia fazer. Tarde demais.

Um choramingo escapou de seus lábios avermelhados em forma de coração quando a pedra lhe atingiu o rosto, trincado suas delicadas feições de porcelana. Ela então olhou mais uma vez para cima, finalmente se permitindo um sorriso. Sua beleza nunca mais seria sua maldição. Agatha estava livre.


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