Caderno de ideias escrita por Benihime


Capítulo 15
Maybe




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PDV Regina

Mamãe abriu intempestivamente as portas do estábulo, fazendo Daniel e eu nos separarmos bruscamente. O olhar dela era frio, mas eu podia ver algo queimando bem lá no fundo. Aquele olhar prometia morte.

Sem dizer uma palavra, ela arrancou o coração de Daniel e o esmagou. Foi tão rápida que eu não pude fazer nada, apenas observá-la matar meu verdadeiro amor diante de meus olhos.

Acordei com um grito de terror, sentindo as lágrimas correrem por meu rosto. Enterrei o rosto no travesseiro e chorei.

Quando finalmente consegui parar de chorar, sentia um vazio terrível no peito, uma vontade de ficar sozinha e, ao mesmo tempo, de ter alguém ao meu lado. Não exatamente alguém, mas ela. Eu sabia que ela seria a única pessoa capaz de me compreender naquela noite.

Peguei meu celular e disquei seu número, sabendo que ela atenderia. Ela sempre estava ao meu lado quando eu precisava, mesmo que brigássemos como cão e gato.

PDV Emma

O toque de meu celular me arrancou de um devaneio. Olhei rapidamente o número antes de atender.

— Emma, eu sei que é tarde mas ... Será que você pode vir aqui? Por favor?

Fiquei surpresa por seu tom de voz e pelo pedido.

— O que aconteceu? Esteve chorando? Tem algo errado com o Henry?

— Não, ele está bem. Depois eu explico. Apenas venha, por favor.

Eu sabia que Mary Margareth me mataria se descobrisse o que eu estava fazendo. Ela odiava Regina, e com motivos. Suspirei, me pondo de pé. Aquilo não importava nem um pouco.

— Estou indo. Chego aí em cinco minutos.

— Quando chegar, entre. Vou deixar a porta aberta. Até mais, Emma.

— Até mais.

Desliguei o telefone, me vesti à jato e entrei em meu carro. Quando cheguei Regina saiu de seu escritório vestindo apenas um robe de seda vermelha quase transparente sobre uma camisola de cetim negra. Era uma combinação tentadora.

A segunda coisa que reparei foi que ela estava descalça, porém não parecia se importar com esse fato. O alívio estava claramente estampado em seu rosto, e eu jamais a vira parecendo tão cansada, fato evidenciado pelas olheiras sob seus olhos.

O que aconteceu com ela?, pensei, surpresa.

PDV Regina

Sentei-me com Emma no meu escritório, em frente à lareira. Servi dois copos de uísque e entreguei-lhe um.

— E então, Prefeita Mills, por que me chamou aqui? — Ela perguntou, inclinando a cabeça de lado com curiosidade.

Eu me perguntei se ela sabia o quão adorável ficava daquele jeito, especialmente com os pequenos cachos loiros que caíam desordenadamente e emolduravam seu rosto.

— Eu não aguentaria ficar sozinha esta noite. Não depois ... Do pesadelo que tive.

Seu olhar recaiu no anel de noivado que Daniel me dera, e que eu ainda usava. Ela já conhecia a história daquela joia.

— Sonhando com Daniel novamente?

— Isso nunca para. Não consigo esquecê-lo. — Confessei.

Ela se inclinou e colocou a mão sobre a minha. Uma onda de energia, mil vezes mais poderosa do que qualquer choque elétrico, percorreu meu corpo com aquele mero toque.

PDV Emma

Sem pensar, inclinei-me e coloquei a mão sobre a de Regina. Ela se retesou e eu rapidamente tentei recolher minha mão, mas ela entrelaçou os dedos nos meus. Um longo silêncio se seguiu e então, para minha surpresa, Regina estava chorando.

A meia luz do escritório dela tornava aquele momento tão surreal que até pareceu certo levantar para abraça-la. Regina escondeu o rosto em meu ombro e chorou por um longo tempo. Quando se acalmou ela não se afastou, o que me surpreendeu.

— Um pouco melhor? — Perguntei.

— Um pouco. — Admitiu — Obrigada, Swan.

Revirei os olhos. Regina quase sempre me chamava pelo meu sobrenome, o que eu odiava.

Uma única olhada para ela acabou com qualquer comentário irônico em que eu pudesse ter pensado. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, seu cabelo estava uma bagunça e ela estava muito pálida. Sem pensar, estendi uma das mãos para afastar uma mecha rebelde de seu rosto.

— Regina ...

— Fique quieta, Emma.

Eu ia protestar, mas fui interrompida por seu beijo. Ela foi surpreendentemente gentil, tão carinhosa que entreabri os lábios e permiti o beijo. Quando ela se afastou, não tirou os olhos de mim.

— Preciso ir.

Eu sentia minha cabeça girar. Não gostava dela, mas, naquela noite, meus sentimentos deram uma guinada. A pior parte era que eu tinha gostado mesmo do beijo.

— Não, Emma, por favor. Eu sinto muito.

Já na porta eu me virei para ela, erguendo uma sobrancelha.

— Sente mesmo?

Seus lábios ser ergueram no sorriso irônico que eu já conhecia tão bem, o sorriso que podia competir com o do próprio diabo em matéria de sensualidade.

— Por ter te assustado. Não pelo beijo.

Acabei devolvendo o sorriso, sem conseguir resistir.

PDV Regina

Emma deu mais um passo em direção à porta. Minha mente começou a trabalhar freneticamente, procurando um modo de fazê-la ficar. Eu não queria deixa-la ir. Imediatamente senti raiva de mim mesma. Eu não iria implorar. Não a ela, nem a ninguém.

Desabei novamente na poltrona, dando o meu melhor para parecer completamente indiferente. Emma saiu sem pestanejar, e senti as lágrimas ardendo em meus olhos.

Pulei de susto quando um par de braços me abraçou por trás, mas uma olhada me revelou a própria filha da Branca de Neve empoleirada ao meu lado no braço da poltrona.

PDV Emma

Regina relaxou, apoiando a cabeça em meu peito. Eu me curvei, apoiando o queixo no alto de sua cabeça. Nunca havia percebido o quão macios eram seus cabelos. Agora comparava-os a veludo negro, deliciosamente sedosos.

— Quer que eu fique esta noite?

Um pequeno sorriso curvou seus lábios. Dessa vez não foi um sorriso irônico como eu estava acostumada. Foi um sorriso sincero, quase feliz.

— Quero, sim.

Virei-me para olhá-la nos olhos e vi não a Rainha Má, mas a verdadeira Regina, aquela que hesitara em usar magia, porque tinha medo de tornar-se como a mãe. Ela achava que seu maior medo se realizara, mas eu podia ver que ainda havia alguma coisa boa nela. E talvez, só talvez, isso fosse o sinal que eu tanto esperava.


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