Marinette:

Meus olhos estavam semiabertos e pude ouvir uma voz conhecida chamando por mim. Pela pouca iluminação do lugar onde estava não pude ver quem era. 

A pessoa começou a me balançar com força e passou a gritar meu nome, passei a mão pelos olhos abrindo-os lentamente. Estreitei meus olhos e vi um semblante feminino com as mãos posicionadas na cintura. 

Sem tirar os olhos da figura que cismava em me encarar, liguei o abajur do lado de minha cama. Senti uma ardência em meus olhos, mas me forcei para abri-los. 

Encarei Alya com duvida e joguei um travesseiro em seu rosto, me sentindo brava, confusa, irritada e sonolenta.

—Alya!- Bufei afundando o rosto no colchão- O que diabos você faz na minha casa a essa hora da madrugada? Perdeu a noção?

Ele revirou os olhos e saiu de meu quarto. Ótimo, poderia dormir mais. Mesmo com minhas dúvidas não questionei mais nada e nem a impedi de ir embora, estava tão cansada que mesmo se fosse Adrien aq... ADRIEN!

Me debulhei em lágrimas novamente, senti meu rosto arder e um vontade incontrolável de implorar para a ruiva voltar e me consolar.

Por sorte, ela voltou segurando seu celular e o esfregando bem na frente de meus olhos. Mesmo pela proximidade pude ver as horas: 17h10min.

A principio achei que o relógio dela estava errado, mas quando ela abriu as cortinas e a luz invadiu meu quarto, percebi que ele estava certo.

—Já deu né?- Ela tirou um vestido branco do meu armário e o jogou em cima de mim- Cinco dias nessa “sofrência” não é o bastante?- Dialogou- No começo eu até te apoiei e tudo mais, mas, agora, isso já esta virando doença, Marinette! Nós vamos sair e vai ser A-G-O-R-A. - A morena atirou minhas roupas intimas para cima de mim e jogou meu cachecol preto em meus pés. Logo em seguida, me olhou como se eu fosse uma criança teimosa- Vai tomar um banho. Você parece um zumbie! - Ordenou, cheia de autoridade.

Nada disse, apenas rolei para o outro lado da cama, colocando um travesseiro cobrindo minhas orelhas e puxando a cordinha de metal do abajur, para desliga-lo.

Minha querida melhor amiga me jogou pra fora da cama e me arrastou até o banheiro:

—Chega Marinette Dupain Cheng! Você não pode ficar sofrendo pelo Adrien para sempre- Ela suspirou e colocou as mãos na cintura

—Alya, muito legal da sua parte vir aqui e tal...- Disse, já voltando pra cama- Mas eu não quero sair. Amanhã talv...

—Você disse isso ontem! “Amanhã talvez...” Serio isso?- A ruiva bufou, me puxando de volta para o banheiro e ligando a água do chuveiro. Ela torceu o nariz e me olhou de baixo para cima, como se eu fosse um saco de lixo e me empurrou para o box.- Agora vai, logo.

Entre sair de casa e ouvi-la tagarelando a noite toda na minha cabeça... Eu prefiro sair de casa.

Tomei um banho demorado, só sentindo a água quentinha batendo contra minhas costas. Depois disso arrumei meus cabelos, (o que foi uma tarefa extremamente difícil, afinal, ficar cinco dias sem arrumar cabelo dá nisso...) vesti o vestido branco que a morena havia jogado em cima de mim, coloquei um cachecol preto e botas brancas.

Sai do banheiro estreitando os olhos, não via a claridade do sol há quase uma semana, meus olhos já estavam desacostumados.

—Vamos?- Soltou um sorriso, percebendo que eu estava “apresentável”.

—Precisamos sair mesmo?

—Sim!- Exclamou Alya, sem mais paciência.

Saímos de minha casa e ela me levou em uma Starbucks que ficava perto da escola. Não havia comido nada ainda, porque a fome ainda não tinha chegado, porém, ao sentir aquele cheiro delicioso, minha fome automaticamente voltou.

O garçom chegou até nossa mesa com seu bloquinho e com um sorriso amarelo em seus lábios:

—Boa tarde, senhoritas. – Cumprimentou- Já estão prontas para pedir?

—Dois sucos de laranja e dois sanduíches de peito de peru e queijo. – Ela respondeu, passando o olho pelo cardápio.

Assim que terminou de anotar nossos pedidos ele foi embora, bati a cabeça na mesa e comecei a choramingar:

—Adrien gostava de suco de laranja...

—Bom eu sei, mas...

—Ele já veio nessa Starbucks- Cortei-a

—Olha quem não veio...

—Ele estuda na nossa escola- A cortei novamente e apontei para a escola

Ela bateu as mãos na mesa e se levantou, parecendo brava:

—Chega Marinette! Já vai fazer uma semana que o cara te deu um fora e você ainda não superou? Eu sei que é difícil, e no começo eu e o Nino dávamos a maior força para vocês dois ficarem juntos, mas depois de ver o estado em que ele te deixou eu nem sei se quero mais ver o Adrien na minha frente de novo. – Alya apontou para mim e pude ver o quão irritada ela estava. – Mas ficar com essa idiotice de a cada dez segundos fazer essa cara de morta e começar a dizer coisas do tipo: Adrien respirava ar, Adrien tinha olhos, Adrien bebia água... Poxa assim não dá. - A morena cruzou os braços e sentou- se novamente, franzindo as sobrancelhas e soltando um suspiro frustrado.

Comecei a passar o cabo de minha colher sobre a mesa e levantei o olhar para ela, que fitava a janela de forma irritada.

—Alya...- Chamei- Eu sinto muito mesmo, eu não queria te deixar brava.

A ruiva desviou seu olhar para mim e segurou minha mão, meus lábios projetaram um pequeno sorriso:

—Desculpa por ter explodido, sinto falta da minha melhor amiga, não dessa garota deprimida... - Ela apertou minhas mãos e tirou o cabelo que caia sobre seus óculos

O garçom chegou nossos sanduíches e nossos sucos. Começamos a botar o assunto em dia, sem falar em Adrien, claro.

Quando nos demos conta já era noite, estava me sentindo cansada, porém, ao mesmo tempo feliz... Já estava começando a me despedir dela quando senti um puxão em meu braço:

—Onde pensa que vai? – A ruiva me olhou com desaprovação- A noite mal começou.

Minha amiga começou a me puxar para algum lugar, que não fazia ideia de onde era. Já ia começar a protestar, mas ela continuou tagarelando:

—Seus pais estão viajando, aproveite. – Ainda tagarelando, abriu a bolsa e pegou o celular que tocava dentro da mesma. Ela olhou no visor e viu o nome do Nino. - Oi Nino!- Ela sorriu- Hoje? Olha, eu estou com a Mari... A gente podia sair outro dia, que tal?- Alya esboçou um sorriso em seus lábios e balançou a cabeça para cima e para baixo- Também já estou com saudade. - E em seguida desligou e soltou um suspiro apaixonado fitando o céu.

Sem conseguir me conter, soltei uma gargalhada, colocando uma mão na barriga e outra em frente à boca. Minha amiga ficava totalmente diferente quando conversava com o namorado. A mesma cruzou os braços e revirou os olhos, bufando:

— Rá rá rá, que engraçado. Muito maduro da sua parte. – Ignorei-a e coloquei a mão em seu ombro, quase chorando de tanto rir. Ela parou repentinamente e direcionar seu olhar para uma casa azul, de dois andares. – Chegamos!- Cantarolou.

Antes que pudesse fazer qualquer pergunta, ela já havia tocado a campainha da casa. Podia se ouvir uma música alta e conversas animadas de pessoas do lado de dentro. Meus devaneios foram interrompidos por uma voz masculina:

—Quem são vocês?- Ele perguntou, com um copo de cerveja na mão.

Olhei para Alya, exigindo explicações, mas ela não me deu ouvidos e soltou:

—Eu sou a Mailey e ela é a Louise. – Ela apontou para mim.

—Na verdade meu nome é... - Fui cortada por Alya que tampou minha boca rapidamente e soltou um sorriso amarelo para o moço que estava parado a porta.

Ele olhou para uma lista que estava em suas mãos e nos deu passagem para entrar, e assim fizemos. Assim que entramos puxei-a para um canto e comecei a sussurrar, quase gritando:

—Mailey? Louise? Quem era aquele cara? Porque diabos estamos em uma festa que só tem gente de 18 pra cima?

—Calma! Mailey e Louise são nomes das minhas irmãs mais velhas. Elas foram convidadas para a festa, mas não puderam vir. Aquele cara é um amigo do amigo delas.  E eu te trouxe aqui,porque... Bem... Você estava toda triste, pensei que isso ia te fazer bem. – Explicou, balançando a cabeça de um lado para o outro.

Já ia começar a discutir quando um garoto atrás dela a chamou:

—Alya?- Ele coçou a cabeça e olhou dos pés a cabeça

A morena pareceu surpresa ao vê-lo, porém, logo correu para abraça-lo:

— O que faz aqui? Pensei que não gostasse desse tipo desse tipo de festa... – Comentou, bagunçando seus cabelos loiros.

— Meu amigo é quem está dando a festa. - Ele apontou para um cara de cabelos castanhos e encaracolados, que estava rindo de alguma piada que não consegui ouvir. -Não sabia que crianças podiam vir a festas- Provocou, arrumando seus cabelos e limpando a garganta.

Quando ela ia revidar seu celular tocou e ela fez um sinal para que ele esperasse e que voltaria rápido, e então saiu, nos deixando sós.

Ele se virou para mim e começou a me encarar da cabeça aos pés, senti meu rosto pegando fogo e olhei para ele:

—Ahm... Eu sou a Marinette.- Sorri e estendi a mão para ele- Sou amiga da Alya.- Soltei uma risada e passei a mão pela nuca

—Prazer, Felix. – Ele apertou minha mão e soltou um sorriso.

Coninua...?