O Presidiário escrita por Gewkordeiro Silva


Capítulo 4
Nailton x Gioconda


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo expressa uma relação tumultuada entre o Nailton e a Gioconda. Existe entre os dois atração e repulsão ao mesmo tempo. Dosados com muito preconceito e incompreensões. Espero que gostem.



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Depois dos acontecimentos com os marginais dominados pelo simples jardineiro, Gioconda se concentrava no aniversario de seu amor Lênin, ela imobilizou muita gente pra que tudo saísse exatamente como ela queria. Muitas pessoas importantes foram convidadas, muita comida, bebidas, banda de rock pra tocar e cantar ao vivo. Era realmente o evento do ano. Afinal o aniversariante era o filho do Dr. Plínio, o médico mais rico e mais famoso da região. Nada podia sair errado. Quando Lênin chegasse de viagem juntamente com seu pai e sua mãe, seria efetivado o aniversário do ano.

Nailton não estava gostando nada daquilo, o clima entre ele e a Gioconda era terrível. Ele ia fazer de tudo pra estragar essa festa. Esperava-se apenas contratar o buffet e o regresso da família, para o evento do ano.

Gioconda estava com um problema na instalação de uma cortina, ela não estava conseguindo dormir com a claridade no seu quarto. O caseiro procurou o Nailton para ver se ele poderia fazer algo. Ele estava cuidando de um local onde ia plantar novas mudas de orquídea, quando o caseiro chegou:
— Bom dia, Nailton! A loira está querendo falar com você. Ela quer saber se você entende de cortinas! Ela está com um problema com uma cortina lá!
— Não é minha área, mas Posso dar uma olhada!
— Então vamos lá comigo agora! Para resolver essa peleja, depois você continua fazendo o que estava fazendo.
— Ta bom. Agora vou te dizer, se ela começar com aquela bestajada de gente rica eu a deixo falando sozinha! - Zé Honório deu uma risada. E completou:
— Aquela moleca é tantan mesmo. Deve ser porque é filha de um empresário figurão dessa cidade! E continuava sorrindo.

Nailton foi ver a bendita cortina e estava esperando a loira aparecer na sala para mostrar do que se tratava. Ela apareceu muito a vontade. Estava trajando um short curto, uma blusa apertada mostrando a barriga e a cabelo loiro amarrado. Ela estava linda. Mas Nailton fingiu que não estava vendo coisa nenhuma. Ela disse com a cara fechada:
— Bom dia, seu Nailton!
— Bom dia, dona Gioconda! Do que se trata?
— Primeiro não sou velha pra ser chamado de ``dona!`` me chame de ``você`` ou pelo meu nome! Ta?
— Desculpe-me! É que gosto de respeitar as pessoas! Nailton estava pensando ``começamos mal`` E do que se trata?
— É que esse quarto está com muita claridade e eu não estou conseguindo dormir, e comprei essa cortina e gostaria de saber se você sabe instalar? - Nailton nem olhou a cortina e disse:
— Eu sei! Já instalei uma dessas! Vou providenciar as ferramentas para fazer a instalação, demora apenas uns minutos!
— Está bem pode ficar à vontade!

Era muita covardia o que Gioconda estava fazendo com Nailton. Ela precisava realmente de alguém que instalasse a cortina, mas no fundo, queria se insinuar para cima dele. E depois dar um não com tentativa de humilha-lo. No momento da instalação da cortina, ela se achegava próximo a ele com as pernas lindas de fora vestida no shortinho curto, uma blusinha que exibia uma barriguinha sarada e com pelinhos abaixo do umbigo e um perfume feminino maravilhoso, com certeza direta ou indiretamente, os beijos que Nailton lhe deu quando estava amarrada, a deixou muito perturbada. E é claro que essa garota havia mexido também com ele, no entanto, não poderia deixar isso transparecer de forma alguma até por que ela era inconstante com uma personalidade determinada por princípios que iam de encontro as suas crenças.

Mas Nailton resistiu a essa insinuação, terminou seu trabalho, arrumou suas ferramentas e foi cuidar de suas outras obrigações sem dar a mínima para a garota, pois sabia que ela era nada mais nada menos mais uma pessoa fabricada por uma sociedade arraigada pelos frutos do capitalismo exacerbado.
Mais tarde Nailton foi procurado por uma das arrumadeiras para uns esclarecimentos:
— Boa tarde, Nailton!
— Boa tarde, Tereza!
— Sabe o que é? Eu tenho uma planta que ganhei de uma amiga e essa planta esta com aparência de que vai secar e morrer! O que a gente pode fazer para socorrê-la?
— Olha Tereza, dependendo da planta você tem que adubá-la, colocar no sol um tempo, depois colocar na sombra molhar normalmente duas vezes ao dia e ter o cuidado de não encharcá-la, entendeu? Assim pode ser que ela se revitalize! E que planta é?

— Eu não sei, só sei que é bonita! - Se for uma orquídea os cuidados devem ser redobrados! - Ta bom Nailton, valeu pelas dicas, agora sei como cuidar de minha plantinha! Até logo!
— Até logo Tereza! Boa sorte com a sua planta! Depois disso a mulher ficou cheia de esperanças e se foi.

Nailton estava vivendo uma vida muito tumultuada. Teve que pedir demissão do seu outro emprego para se dedicar exclusivamente na arte de ser jardineiro, que por sinal, estava se identificando.Nesse dia não iria para casa decidiu dormir no trabalho. O dia passou e a noite chegou e ele estava relaxado num simples sofá, depois de tomar banho e se alimentar, assistindo um documentário numa pequena TV.

Já passava das onze horas quando alguém bateu em sua porta, ele ficou apreensivo e pensou:
— Deve ser ou o Zé ou alguma das mulheres querendo algum favor. Mas a essa hora? Quando abriu a porta era nada mais nada menos que a loira:
— Boa noite! Posso entrar? Ele muito sério falou:
— Claro! Pode sentar! Nailton pensou: o que será que essa loira quer a essa hora da noite? Confusão a vista!
— olha... a demora é pouca. Vim te informar que um oficial de justiça deixou um ofício para irmos amanhã pela manhã, dar depoimento sobre a invasão dos marginais, ta lembrado?
— Eu já estava esperando por isso! Obrigado por me avisar! Ela levantou-se e ia saindo. E Nailton estava ao seu lado esperando para fechar a porta.
— Tem mais uma coisa que acabo de lembrar! Quero te pedir uma coisa...
— Pode falar!
Gioconda estava muito nervosa e suando as mãos. Nunca faria o ia fazer agora. Mas mesmo assim falou:
— Me beija de novo?!- Ele esperava tudo, menos esse pedido:
— Você ta louca?! Você não me disse que era quase noiva?
— Foi! Mas é mais forte do que eu! Me beija por favor?
— Está pedindo errado!
— A tá! Beije-me por favor?!
— Não posso negar um favor a uma dama!

Dessa vez Nailton não resistiu. Olha na parte de fora pra ver se havia alguém olhando, não havia ninguém, fechou a porta e abraçou e beijou Gioconda com muito ardor. Ela se entregou ao beijo totalmente. Foi um beijo ardente e demorado como ela nunca havia experimentado nada igual em sua vida. Seus corpos se acenderam para o desejo. E o inevitável estava pra acontecer.
Gioconda trajava-se irresistivelmente. Estava com uma linda saia semi colada ao corpo. Uma blusa de uma malha especial mostrando o contorno do seus seios e corpo, calçava um tênis preto em couro e sua altura era compatível com a altura de Nailton. Os dois se transformaram em um só.

Quando a coisa inflamou, ele começou acariciar as coxas dela que a deixava louca de desejo. Depois a abraçou por trás e agora eles perderiam o juízo. Ele cheirava seu pescoço, uma mão acariciava seus seios por debaixo da blusa, e outra acariciava suas coxas e de vez em quando, entrava em sua calcinha e acariciava o seu órgão genital que gemia loucamente e ela fazia o mesmo, pois já tinha aberto o ecler de Nailton e acariciava também seu órgão com loucura sentindo seu membro duro e espesso e pedindo para ir para cama:
— Ai Nailton! Não aguento mais! Possua-me! Quero ser sua!

Porém, ele sabia que se fosse além de onde já haviam chegado, poderia se desviar dos seus propósitos e isso não poderia acontecer. No momento não poderia dar vasão as coisas do coração que me perdoe a loira linda, mas a razão tinha que imperar e não o coração! Alguém tinha que tomar as rédeas da situação e com certeza não era ela. E pensando assim falou:
— Acho que é bom irmos mais devagar! - se afastando um pouco dela que estranhou, homem nenhum no planeta resistiria a ela, mas Nailton resistiu e ela indagou:
— O que houve?
— Nada! Acho que estamos indo com muita sede ao pote! E não pode ser assim!
— Você quer e eu quero! Qual o problema?
— Você tem alguém e isso conta e muito pra mim!
— Você é um chato! Não sei o que estou fazendo aqui?! Vou embora! Seu mole! Não posso perder meu tempo com alguém como você! Passar bem!
— As coisas não podem ser assim dessa maneira! Não sou um objeto descartável!

Assim Gioconda foi embora muito aborrecida, por que foi esnobada por um jardineiro de quinta, segundo sua forma de pensar, ela não perdia por esperar. ``Vou infernizar sua vida!`` Recolhida e seu aposento ela demorou dormir, até chorou decepcionada com o acontecido. Pela manhã acordou-se com alguém chamando-a que, que seu Nailton estava a sua procura:
— O que é que esse chato está querendo tão cedo?
— Ele está perguntando onde é o tal depoimento e a que horas!
— Ô pai! Eu esqueci completamente, essa droga de depoimento! Tereza! fala com ele que espera que já vou descer! Ela se arrumou rapidamente, desceu pelas escadas e Nailton a esperava sentado num sofá, ela falou com ele como se nada houvesse acontecido na noite anterior:
— Você quer tomar cafe? Um suco?
— Não! eu estou bem!
— Então espera um pouco, a gente vai junto!
Gioconda fez um lanche rápido e chamou Nailton:
— Agora podemos ir! De carro vamos mais rápido! O distrito fica lá no centrão!

Entraram no seu carro, um Volvo, passaram pelo portão enorme onde estavam os seguranças que foram dominados e se dirigiram para o centro. Durante o trajeto, o silêncio tomou conta dos dois. Eles não tinham motivos aparentes para conversar, mas a loira puxou conversa:
— Sobre ontem a noite, é bom esquecermos, tá? Você tem razão em não querer! Não temos nada a ver um com o outro! Eu sou de um nível superior a você! E existe muita diferença entre nós, inclusive cultural! E outro fator muito importante acima de tudo, não vou deixar meu amor por um outro que não seja melhor que ele. Além de rico e inteligente, Lênin é lindo! Só aqueles olhos azuis me matam! Não existe homem a sua altura ou melhor que ele!
Nailton estava calado e calado ficou! Gioconda olhava em seus olhos enquanto dirigia, mas não via mudança nenhuma em seu olhar e perguntou:
— Você não vai falar nada não? Nailton demorou em responder com um olhar frio e falou:
— Não!
Porém, o seu interior era consumido por um ódio de toda essa família! E agora muito mais dessa loira, que o tinha desprezado com palavras que tanto o humilhava. Ela não perdia por esperar. De repente ele decidiu falar:
— Talvez um dia a gente se encontre e realizaremos o que apenas começamos!
— Se você tem esse sonho, esqueça! Jamais vai acontecer de novo!
— Não estou falando sério! Apenas me refiro a uma provável despedida de solteira! - Agora era ela que fazia silêncio muito irritada e ofendida com o que ouvira.

Finalmente, estavam diante do investigador renomado Delcídio Castanheira para prestarem o bendito depoimento. Ele fez uma porção de perguntas de praxe e elogiou muito a intervenção de Nailton:
— Parabéns pelo serviço prestado à sociedade, com a sua contribuição conseguimos botar as mãos nesses facínoras que tanto trabalho estava nos dando! E outra coisa: você pode ser tudo menos jardineiro! E o investigador ria dessa realidade!

Gioconda ficava muito irritada com esses elogios. Não aceitava que um reles jardineiro tinha tantas qualidades muito além que se supunha e que tinha condições de ensinar boas coisas.

Assim foram embora e ficaram irritados um com o outro e o desprezo dela para com o Nailton ficou muito mais evidente se tornaram amigos insuportáveis aparentemente. O carro parou já dentro da mansão e sem se despedirem cada um foi pro seu lado sem ao menos trocarem um simples ``até logo!``


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Notas finais do capítulo

Quem conseguiu ler na íntegra esse capítulo, percebeu a forma dramática com que ele se desenrola, e como os personagens se mostram autênticos em suas ansiedades.



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