O Presidiário escrita por Gewkordeiro Silva


Capítulo 1
Presos: Mundos em Constantes Conflitos


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo se inicia com a chegada do nosso protagonista ao presídio onde toda problemática tem desenvolvimento, a partir de sua acolhida que é muito controversa.



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O homem chegou algemado à ala de celas escoltado por três policiais e um deles foi abrindo a grade de uma das celas fazendo o preso novato entrar e foi advertindo:
— Olha cambada, esse é Nailton, vai ficar uns dias com vocês até sair a papelada de transferência, mas enquanto isso, comportem-se, ele é um preso muito, muito perigoso! Se não mexerem com ele, ele não mexerá com .ninguém! Ouviram?
— sim!
— Ouvimos, cabo Nelsinho! Pode deixar, vamos nos dar muito bem! - Respondiam os ocupantes da cela.
— Eu estou falando sério! Não se metam com ele! Estão avisados! Deixem o cara em paz!

Os presos davam umas risadas como se o novato não tivesse tanta importância e oferecesse alguma ameaça. Quando os policiais saíram e foram embora, deixando tudo sob responsabilidade dos carcereiros, um dos presos falou:
— Até que enfim, mandaram uma fêmea para nos divertir! - Dando uma risada bem pretensiosa.

Esse chamava-se Sandrão, era um homem alto, forte tava cumprindo pena por estrupo e tráfico de drogas, ele era. violento tinha uma porção de tatuagem por todo corpo, eram caveiras, fuzis, cavalos, e muitas outras demonstrando um indivíduo terrivelmente inescrupuloso e era quem comandava a cela. Além dele, haviam mais quatro presos, todos bandidos perigosos. Nailton era o preso novato aparentemente mais fraco. Não queria encrenca com ninguém, somente passar por ali e ir embora e cumprir pena numa unidade de segurança máxima. Entrou calado na cela, não deu um pio. Estava calado o tempo todo em seu canto.

A cela era ampla, havia espaço suficiente. Haviam umas quatros beliches. Havia também três câmeras monitorando os movimentos dos homens.
Numa sala equipada com muitas câmeras todo presídio era totalmente monitorado. Dificilmente ocorria confusões entre os presos e quando ocorriam eram rapidamente controladas e os responsáveis era trancafiados numa sala chamada solitária.

A rotina em um presídio é terrível. Bastante tediosa. A única diversão é quando começam um briguinha dentro da cela e os carcereiro veem pelas câmeras e somente quando a coisa fica séria é que eles interferem. Na sala de câmeras eles comentavam:
— Olha lá! Os caras já estão de olho nesse tal de Nailton! Daqui a pouco vão começar perturbá-lo! De onde surgiu esse cara?
— Sei lá! Dizem que ele não é mole, não! Mas não vejo nada demais nesse tal de Nailton, que ameace ninguém!

Eram três homens monitorando os presos. Um se chamava Edmundo, outro Mauro e o outro Cristiano. Eles sempre ficavam de olho quando surgia preso novo. Eles percebiam que os ânimos começaram se acirrar lá na cela do novato Nailton
— Timóteo! Vai lá e vê qual é a desse otário aí!
Sussurrava o Sandrão ao ouvido do colega de cela. Timóteo disfarçando-se aproximou do Nailton e disse:
— Olhe! Aqui quem manda somos nós, Tá ligado? Temos mais tempo de casa! E cabra novato aqui só serve para ser nossa``mulherzinha`` Entendeu? Não vai ser um magricela amarelo como você que vai nos intimidar! Vai falar nada não? Cortaram a sua língua?

Nailton estava calado e continuou calado deixando o tal Timóteo falando sozinho que o deixou mais irritado ainda. O perturbador de Nailton era mais alto e mais forte e isso o fazia com que ele se sentisse superior. E continuou a amolação:
— Vá tirando a roupa que estou necessitado de uma mulher agora, vá?! - E empurrava, gritava e batia forte no ombro de Nailton que já estava irritado, mas continuava suportando e calado.

Na sala de monitoramentos, os carcereiros assistiam atentamente a tudo. Nailton olhou bem na cara do agressor e foi tirando a calça.
— Olha lá! O novato vai tirar a roupa! Não disseram que ele era perigoso? Ele é muito mulherzinha de outras unidades! - Dizia o Edmundo.

Nailton tirou a calça ficou de cueca esperando o Timóteo se aproximar. Timóteo o agarrou por trás e disse:
— Fica de quatro seu babaca é para você aprender que quem manda aqui sou eu!
Sandrão olhava tudo orgulhoso como se o Tmóteo tivesse aprendido com ele e fosse seu aluno.

Nesse momento Nailton numa fração de segundos se agachou rapidamente puxando o Timóteo sobre si fazendo com que seu agressor perdesse o equilíbrio pra frente dando-lhe um golpe de kung fu que caiu batendo a cara no chão quase desacordado e quando ele se levantou desnorteado e desajeitado para atacar, Nailton deu-lhe outro golpe agora de capoeira que cambaleou e caiu, nesse momento Nailton pegou a calça envolveu-a em seu pescoço e o amarrou na grade da cela e desferiu-lhe mais uns dois golpes em seu rosto deixando-o desacordado e fora de ação. O sangue começou surgir na face do Timóteo.

Toda essa ação não demorou mais que dois minutos.
— Vocês virão isso, rapazes? Nunca vi uma coisa medonha dessa em minha vida! Vocês estão gravando hoje? A gente vai ver de novo essa cena! Vamos logo lá pra cela rapidamente antes que morra alguém!

Assim os carcereiros correram para a cela do novato.
Tudo aconteceu sob os olhares dos outros presos que irritados se preparavam para atacar Nailton, mas os carcereiros chegaram na hora exata:
— Vamos parar agora?! Já chega! Vimos tudo! O cara tava quieto e esse banana foi quem começou tudo!
Os carcereiros invadindo a sela desamarraram o Timóteo das grades e devolveram a calça de Nailton que ficou em seu canto calado. E eles disseram:
—É bom pra aprender não mexer com quem tá quieto! Agora vamos levar esse otário para enfermaria e depois, a solitária será seu lar por um bom tempo!
E saíram arrastando o cara desacordado sob os olhares de Sandrão e os colegas de cela e sob os olhares dos presos das outras celas, que ficaram sem saber o que estava acontecendo.

Esses acontecimentos não aconteciam regularmente.
Nailton já tinha vestido a calça e recolheu-se para o seu canto e calado ficou num mundo só seu. Os presos amigos de Sandrão estavam de olho planejando algo contra Nailton.
Lá na sala de monitoramento os carcereiros viam novamente a cena. Quanto mais viam mais queriam ver. A cena parecia coisa de cinema. Os golpes aplicados pareciam coisa de profissional.

Nailton sabia exatamente onde bater para deixar qualquer um desacordado.
Perguntas começaram a surgir. Afinal, quem é mesmo esse tal de Nailton? Como e porque veio parar aqui? Justamente na cela do Sandrão? Quem está por trás disso tudo?

Nailton é um jovem dado as artes marciais que por força do destino ou outra força qualquer, foi obrigado a dar cabo de um filho de papai e as consequências foram terríveis. Ele não consegue se adaptar a presídio nenhum. Sempre tem alguém querendo importuná-lo.

O clima na cela estava cada vez pior. Os presos.analisavam como agredir o Nailton, mas já sentiram que não ia ser nada fácil. O cara só mostrava ser idiota, mas não era nada disso. O que ele fez ao Timóteo em poucos minutos era de impressionar, como um cara tão forte foi derrotado daquela maneira?

Três dias depois o Nailton estava deitado em sua cama tirando um cochilo, era o máximo que se podia fazer quando se está preso. Comer, descansar e quando muito, ler alguma coisa, o resto é puro tédio.

Os quatro homens olhava pra Nailton que estava relaxado em sua cama. Tinham que fazer algo para mandá-lo para a solitária igual a Timóteo. Mas o quê? o que quer que fizessem ele sairia como vítima e com certeza outro preso dessa cela iria ser trancafiado na solitária. Eles estavam fundindo os miolos a procura de algo para detonar com o Nailton, mas até o momento nada em vista.

Essa noite prometia, Nailton não pregou o olho, pois sabia que seus ``amigos`` de cela iam aprontar alguma coisa quando ele estivesse em sono profundo. A noite passou sem muitas novidades, e pela manhã na hora do café, na ala de refeições todos olhavam com muita cisma para Nailton que como sempre, estava sossegado em seu canto sem querer importunar ninguém.

Agora, depois da refeição, todos já voltaram a suas celas e a ansiedade e o tédio tomavam conta do ambiente. Não demorou trinta minutos, os carcereiros invadiram abruptamente a cela com armas em punho:
— Atenção! Encostem na parede e abram as pernas. -Revistando a todos.
— Recebemos uma denúncia que alguém tá usando armas nessa cela e vamos agora fazer uma vistoria!

Os presos foram totalmente revistados e nada de armas e depois passaram a revistar os colchões. Após alguns minutos de revista encontraram um revolver 38 carregado debaixo do colchão de Lácio que ficou maluco sem entender como aquilo tinha surgido debaixo do seu colchão:
— Essa arma não é minha! Acreditem, eu não sei como isso foi parar aí! Não fui eu que arrumei essa porcaria! Vocês sabem que tenho bom comportamento!
— Guarde suas explicações para o diretor geral! No momento você ficará no seu novo lar até que tudo seja esclarecido! Vamos logo! E que ninguém apronte mais uma dessas, estão ouvindo? O que você pretendia com essa arma?
— Por favor acreditem!
— Vamos logo! Não temos o dia todo e o diretor está muito querendo te ver! Vamos!

Os homens levaram o preso algemado acusado de porte ilegal de arma e para piorar, dentro da cela. Como aquela arma foi parar ali? Alguém a colocou.

Na noite anterior uma vulto caminhou dentro da cela e Nailton estava fingindo dormir e sentiu alguém mexendo em seu colchão e ele percebeu que essa pessoa colocou algo debaixo do seu colchão, ele esperou um momento que todos estavam dormindo e pegou o bagulho e colocou debaixo do primeiro colchão que topou livrando-se desse fragrante de porte ilegal de armas. Quem se deu mal foi o preso Lácio que não tinha nada a ver com o B.o.

O clima ficou insuportável na cela. Todos os outros fingiam que não sabiam de nada, mas notava-se um esquema dentro do próprio presídio de que os diretores seriam condizente com certas irregularidade dentro da unidade, e esse fato era com certeza em troca de algum benefício. E todos faziam vista grossa. Era a corrupção que chegava com força à todos segmentos sociais, inclusive aos presídios

Essa unidade era coordenada por muitas pessoas. Primeiro, tinha o diretor Antonio Botelho que estava em viagem e que era uma pessoa muito séria. Depois o vice-diretor Lauro Mascarenhas que, às escondidas, aprontava das suas, quatro carcereiro, muitos policiais para resguardar as tentativas de fugas e algumas policias femininas. Nailton veio parar exatamente em um local terrível cheio de presos e policiais inescrupulosos.

O banho de sol é uma prática salutar nos presídios em geral. E, nesse presídio não era diferente. Um dia, quando todos tomavam o costumeiro banho de sol, Nailton como sempre, estava em seu canto sossegado, sentado num banco de cimento, mas a sua fama de valentão já estava correndo solta por todo presídio.

Tinha um tal de Netão que era um preso arrogante, altivo e temido por todos e que também estava tomando banho de sol, ele ia se aproximando e outro preso, piscou o olho na direção do Nailton como se quisesse dizer: É esse aí o valentão!

Netão como o nome dizia era grande mesmo, tinha aproximadamente uns dois metros de altura e chegou perto de Nailton e indagou:
— É você que tá botando pânico e terror aqui no presídio, né? Nailton estava calado e calado ficou. Irritado, Netão pegou o Nailton que estava sentado no banco de cimento, pelo colarinho e o levantou. Ele ficou suspenso do chão uns cinquenta centímetros balançando as pernas:
— Você já viu que quem manda nesse terreiro sou eu né?- Nailton olhava pro rosto do valentão sem demonstrar nenhum vestígio de medo e resolveu agir.

Todos os presos assistiam ao acontecimento esperando a reação do Nailton que não tardou. Nailton ainda suspenso pelo colarinho, pegou nos dois lados da calça do Netão e se impulsionou para baixo tão violentamente, atingindo em cheio o pé do Netão com o seu ,calcanhar que o quebrou, fazendo com que ele sentisse grande dor ficando de joelho sendo em seguida esmurrado por Nailton e caindo aos gritos.

Os carcereiros já acompanhavam tudo e chegaram rapidamente pra evitar coisa pior:
— A gente já cansou de pedir pra vocês deixarem o cara em paz! Vocês são surdos? Esse cara é extremamente perigoso! Será que vocês não entenderam ainda?

Depois disso levaram o Netão para enfermaria que chamava o Nailton de ``desgraçado`` ele que com um olhar muito frio e calculista, se comportava como se nada tivesse acontecido. E meteu a mão no bolso e tirou um cortador de unhas, e tranquilamente estava aparando suas unhas com esse simples cortador de unhas.


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Notas finais do capítulo

Espero que quem leu esse primeiro capítulo tenha gostado, até por que, será toda uma prévia do que virá.



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