Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 4
Capítulo três




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Hermione saía do elevador, recém tomara seu café da manhã: suco de abóbora e um bolinho recheado, quando Harry e Theodore a encontraram. Após os cumprimentos habituais, dirigiram-se para o quarto, onde Draco continuava adormecido e assim que Hermione fechou a porta, Harry começou:

— Estamos com problemas.

Harry explicava para Hermione e Theodore sobre o que estava acontecendo no Departamento com seu tom mais sério, e ressaltava os pontos fortes do julgamento dos lobisomens. Seu olhar era cansado, os dias árduos no Ministério eram a razão dos ombros caídos e o estresse que aparentava, mas Hermione esqueceu-se do amigo assim que Theodore arregalou os olhos. Parecia ter visto um fantasma.

E de fato o vira.

— O que...?

Draco estava sentado, piscando incansavelmente lutava contra a luz e tentava afastá-la com a mão. Seus olhos ressecados ardiam e começavam a lacrimejar, tateou o colchão e ajeitou-se com dificuldade. Enxergava três silhuetas no canto esquerdo do cômodo.

— Será que alguém pode fechar a cortina? — Exigiu, a voz rouca e arrastada saiu como se lhe arranhasse a garganta.

Hermione permaneceu imóvel, a expressão em seu rosto era indecifrável. Harry fora quem fechara as cortinas e gritara, chamando o medibruxo.

— Como se sente? — Theodore perguntou no exato momento em que Ethan entrou com a prancheta metálica nas mãos.

Draco movia-se hesitante, com uma tranquilidade absurda, sentindo os músculos enrijecidos retomarem suas funções com dificuldade. Moveu a cabeça em direção à Ethan, piscou para focar a imagem embaçada do colega de trabalho.

— Ethan, o que aconteceu comigo?

O medibruxo explicou resumidamente os acontecimentos enquanto realizava breves exames para confirmar que tudo estava bem, e os resultados foram positivos.

— Tem sorte, Malfoy. Sua esposa não saiu do seu lado um segundo sequer! — Comentou com divertimento e sinalizou para Hermione, emocionada, se aproximar.

Mas para surpresa de todos, Draco riu.

— Que esposa? — Perguntou com divertimento, a voz ainda não voltara ao normal. — Eu entro em coma e é você que enlouquece!?

O silêncio tomou conta do quarto inesperadamente, e o grupo buscava em Draco qualquer sinal de que aquilo fosse uma piada de mau gosto. E se fosse, não estava conseguindo ser engraçado.

— Draco, você... — Hermione tentou falar, mas sentiu-se tonta e prestes a desabar.

— Granger? Potter? O que estão fazendo aqui? — Parecia realmente surpreso, e não notara os dois ali até aquele momento.

Theodore observava tudo de longe, não estava gostando de como as coisas estavam acontecendo, Hermione parecia prestes a chorar e não sabia o que fazer se fosse o caso. Preferiu, portanto, continuar em silêncio, porque já não lhe parecia brincadeira.

— Malfoy. — Harry cortou-o. — Se puder parar com a brincadeira, agradeceríamos muito!

— Não estou brincando, Potter. — Respondeu com ênfase, e pareceu sincero no que disse. Buscou o olhar de Ethan para pedir ajuda e respostas, mas viu apenas apreensão.

— Hermione é sua esposa, Draco. — Theodore disse, tentando amenizar os ânimos, mas prendeu a atenção de todos em si. — Potter é o padrinho do casamento de vocês. Realmente não se lembra?

Hermione deu apenas um passo para frente, o movimento parecia chamar Draco. Insistiu, na esperança de que ele se lembrasse. Estava a beira das lágrimas.

— Sinto muito, Granger. Não me lembro de nada disso!

Hermione sacudiu a cabeça e pediu licença, e foi com pressa que atravessou o quarto e saiu. Harry foi logo atrás da amiga, alguém teria que fazê-lo, melhor que fosse ele. Não afastaram-se muito, pois de dentro do quarto podiam ouvir Harry falando e viram também quando abraçaram-se, a sombra nítida mostrava Hermione soluçando contra o corpo do amigo.

— Que foi? — Draco perguntou aos homens que lhe encaravam.

— Ela é sua esposa, não saiu do hospital pra nada. — Disse Ethan, que passara longas tardes conversando com Hermione.

— Hermione não apareceu no Ministério desde que você se feriu. Ela recebeu intimações por faltar aos julgamentos! — Completou Theodore. — Sabe o que significa? Ela pode ser expulsa do cargo.

Draco jogou as pernas para fora da cama, mas Ethan o segurou, colocando-o de volta. E deixou bastante claro que precisava manter-se deitado apenas com um olhar.

— Me desculpem, mas não me lembro.

Jogou a cabeça para trás, que belo começo para alguém que não sabia se era dia ou noite, dezembro ou janeiro... Ver Hermione chorando lhe trouxera o impulso de abraça-la. Será que era isso que fazia? E se perguntou quantas vezes já a abraçara depois de ter feito alguma besteira.

— Qual a última coisa de que se lembra?

Acessou suas memórias, mas doía, como se estivessem por trás de uma grande parede de tijolos. Provavelmente teria que ultrapassá-la para lembrar-se e não tinha certeza de que queria fazer aquilo.

— Não sei ao certo, está tudo muito confuso.

Harry abriu a porta e colocou parte de seu corpo para dentro.

— Hermione está na cantina, tente ser legal quando ela voltar. Já chega de fazê-la chorar, Malfoy! — Foi firme, mesmo sabendo que a amiga reprovaria aquela atitude. — Nos vemos amanhã, Nott. Ethan.

Ambos movimentaram a cabeça, sem desviar os olhos de Draco.

— Não pode me dar nada? Uma poção da memória, talvez. — Dirigia-se à Ethan, estava desesperado e não tinha ideia de como lembraria de seu casamento, sua esposa. Será que tinham filhos?

— Sabe tão bem quanto eu que não posso, não existe nada assim. Sinto muito, Draco.

E então ficou sozinho no quarto, mas era como se um batalhão estivesse conversando. Sua mente estava perturbada, lembranças antigas lhe passavam pelos olhos e sentia-se a cada segundo mais confuso, a cabeça já não doía tanto, mas ainda sim queria alguma poção para aquela pontada incessante.

Depois do que lhe pareceram horas, Hermione voltou ao quarto, os olhos inchados denunciavam o choro. Assim que entrou apenas lançou à Draco um olhar, o qual não soube identificar o significado.

Ficou analisando-a, todos os movimentos pareciam delicados e firmes, as mãos estavam trêmulas e notou então no dedo anelar a aliança dourada. Era fina e quase invisível, ergueu as mãos e surpreendeu-se ao ver que usava uma igual. Eram casados.

— Hermione? — Chamou-a, levantando o rosto para poder vê-la. Mas ela havia entrado no banheiro, o som do chuveiro ecoou fraco e apenas repousou a cabeça no travesseiro.

Conversariam mais tarde.


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Notas finais do capítulo

E enfim o Draco acordou, o que esperam para o próximo?
Até