Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 3
Capítulo dois




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O clima de janeiro era tipicamente cinzento, principalmente nas primeiras semanas. Mas naquele dia, o céu abriu-se em exceção, e um sol fraco apareceu por entre as nuvens densas, atravessando a janela e iluminando o quarto. Hermione acordara, pela primeira vez em dias, um pouco mais animada. A poltrona do hospital era de longe a mais desconfortável que já usara, somente permitia uma breve inclinação e o estofado gasto não lhe acomodava como deveria, mas seu bom humor viera junto dos girassóis que buscavam a luz.

Sorria.

— Parece que temos alguém de bom humor hoje! — Ethan entrou no quarto com uma prancheta a tiracolo. — O que a faz tão feliz, Hermione? Tenho certeza de que não é a comida do hospital.

— Oh, com certeza não. — Concordou, passando uma mecha que lhe caía no rosto para trás de sua orelha. — O sol é... Como se algo bom fosse acontecer hoje. E quanto à comida, vou tomar café na cantina!

Deixou o vaso com os girassóis em frente à janela, beijou a testa de Draco e saiu pelo corredor.

Fizera amizade com vários funcionários do hospital, cumprimentava a todos e era bem tratada, principalmente por Ethan, que além de medibruxo era como um amigo. Sempre lhe informava sobre tudo o que estava acontecendo com Draco, não omitia informações.

A cantina ficava no quinto e último andar do prédio, as paredes todas com vidro davam a visão do céu nublado, mas também deixavam a luz fraca do sol entrar e aquecer quem quer que estivesse iniciando a manhã com o suco de abóbora. Hermione sentou-se numa das pontas, onde tinha melhor visibilidade do céu.

O hospital, diferente do Ministério da Magia, ficava localizado em uma região externa, mas disfarçado sob a vitrine de uma loja antiga para não atrair a atenção de trouxas. Portanto, as janelas exibiam o clima de Londres como realmente era.

— Como vai, Hermione? — Theodore carregava um copo, e não esperou resposta, sentou-se sem demora.

— Bem, e a sua perna? Quando vai tirar o gesso? — Perguntou amistosa, não entendia o motivo de o rapaz usar aquilo quando existiam feitiços de cura.

— Assim que eu conseguir marcar um encontro com a minha medibruxa! — Respondeu como se fosse algo sem importância.

Hermione riu. Era esse o motivo de estar usando aquilo sem necessidade.

— Com essa coisa trouxa eu fico mais tempo em observação, sendo assim, mais chances de conseguir o que quero! — Deu de ombros ao notar a expressão no rosto de Hermione. — Mas você sabe o que dizem sobre o sol... Faz milagres!

Levantou-se agitado, arrastando o pé e seguiu em direção ao elevador. Aparentemente o dia havia começado bem para outras pessoas. E desejou que Draco acordasse, deixara as cortinas abertas propositalmente, esperava que a claridade o despertasse como acontecia em casa. Não ficaria brava se ele reclamasse como sempre fazia.

Terminou seu café da manhã sem mais interrupções, juntou os resquícios de sujeira e despejou-os na lixeira mais próxima que incinerou tudo num piscar de olhos. Entrou no elevador e aguardou.

Mais um dia, pensou.

Não saíra do hospital desde que ocorrera a tragédia, conseguiu com a equipe administrativa um quarto com banheiro, e agradeceu às vantagens de ser heroína de guerra. Portanto, passava o dia dentro do hospital, cuidando das necessidades de Draco, como limpá-lo vez ou outra. Ou a simples tarefa de velar o sono contínuo. Mas não aguentava mais aquela rotina maçante, queria sua liberdade e o marido de volta.

Chorar não adiantava, descobriu isso ainda muito jovem, mas não conseguia controlar as lágrimas. Já recebera tantos abraços e palavras amigas quanto Draco, inconsciente.

Ao contrário do que Hermione esperava, Draco não acordou para aproveitar aquele dia de sol e muito menos para observar o pôr-do-sol espetacular que iniciava do seu lado. Continuou deitado, pálido e inconsciente na cama desconfortável.

— Como seu marido gostoso está? — Gina entrou no quarto, e pelo modo que iniciou a conversa, sozinha.

— De acordo com o médico pronto para acordar a qualquer momento! — Sorriu e abraçou a amiga grávida de seu primeiro filho, a barriga saliente de seus seis meses fora escondida pela roupa escura. — Senti sua falta.

— Você não aparece mais, não quer abandonar o senhor perfeição por nada. — Reclamou com um sorriso brincalhão nos lábios, entendia Hermione, se fosse Harry no lugar de Draco, faria o mesmo. — E você, como está? Molly Weasley diria que está magra.

Hermione riu.

— Estou bem, a comida do hospital não é tão ruim quando parece.

Gina sorriu. — Fico feliz, estava preocupada com você. Tinha certeza de que não tiraria os olhos do seu marido, demorou a consegui-lo, afinal!

Hermione não tivera muitos namorados, mas o suficiente para pensar em desistir de relacionamentos. Todos acabavam por razões infantis ou porque simplesmente não havia sentimentos o suficiente para mantê-los. Já havia passado por momentos que considerava “desconfortáveis” ao lado de Draco, seu coração palpitava com força, mas julgava ser pela proximidade que ele sempre os impunha repentinamente. E de repente estavam casados.

— Hey, já faz dois anos, não é? — Gina perguntou num sobressalto.

— É, já faz sim. — Queria ter podido comemorar aquela data com Draco, mas ao mesmo tempo sentia-se egoísta em pensar daquele jeito. E de qualquer forma, não precisava explicar para Gina como sentia-se.

Desviou o olhar para a amiga e abriu um sorriso.

— Como está Harry? Aposto que o Ministério está uma loucura. — Comentou, buscando um assunto mais trivial do que seu marido em coma.

Gina pareceu entender e desenrolou a falar sobre o marido, os problemas no Ministério e sobre a nova temporada de Quadribol que estava prestes a começar. Parecia tão animada e comprimia os lábios constantemente.

— O que está escondendo, senhora Potter?

— Eu estou grávida de um menino, acabei de sair de uma consulta e a medibruxa confirmou. — Sorria, mas ao mesmo tempo repreendia-se. Queria fazer surpresa e contar para todos os seus familiares juntos. — Queria que fosse surpresa, mas eu preciso comprar as roupinhas e brinquedos...

— Gina, isso é... Maravilhoso. — Hermione apenas sorria, não conseguia sequer formular uma frase.

Gina se despediu quando a lua já tomara seu lugar no céu. Hermione estava feliz pela a amiga, mas não conseguia tirar da cabeça a ideia de que poderia ser ela e Draco, e convenceu-se, antes que começasse a chorar, que não estavam preparados para um filho.

Naquela noite, escorada na poltrona velha, sonhou que estava novamente na estação 9 ¾, mas dessa vez ao lado de Draco que abraçava-a e sorria, fazendo comentários sobre a ansiedade do filho. Mais à frente um garotinho de cabelos louros corria empurrando o carrinho com suas malas e a gaiola com uma coruja.

— Você vai ver, ele será o próximo apanhador da Sonserina! — Draco sorria olhando para o filho.

Hermione apenas sorria, mas conseguia visualizar o garoto com um cachecol vermelho e dourado no pescoço. Não importava-se para qual casa o garoto seria escolhido, Sonserino ou não, ficaria orgulhosa e Draco também, por mais que insistisse na antiga casa.


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Notas finais do capítulo

Conseguiram imaginar o Mini-Malfoy??
Quanto tempo mais será que a Hermione vai ter que esperar??
Até a próximo quarta!