Do lado de fora uma chuva fina caía com força há mais de duas horas, a lareira crepitava e Draco alisava o braço de Hermione, deitada em seu peito. Deitados no sofá da Mansão Malfoy conversavam sobre futilidades, estavam cobertos por uma manta cinza, e sobre o tapete, um pote de pipocas repousava, quase vazio.

— Eu sei que são seus amigos, mas precisam estar sempre tocando em você? — Draco comentou com divertimento, sabendo que Hermione daria uma resposta longa sobre a amizade, a qual já havia escutado uma dezena de vezes. — Aquele ruivo da loja de logros...

— George? Ah, por favor. Você não pode estar falando sério! — Hermione apoiou-se nos cotovelos para poder olhar nos olhos de Draco. — Ele é como um irmão mais velho. Por Mérlin!

Ela então sorriu graciosamente.

— Só esqueceu de que eu não os conheço, por isso, consigo reparar nos olhares que você recebe! — Resmungou levantando a cabeça rapidamente e voltar a recosta-la no sofá.

— E que tipo de olhares eu recebo?

Draco suspirou longamente e então, confessou:

— Os homens te olham da mesma forma que eu te vejo, uma mulher linda, corajosa, teimosa...

— O único detalhe é que nenhum deles é meu namorado, você é! — Beijou-o rapidamente e sorriu, apoiando-se no peito de Draco. — Agora, vamos para a cama? Estou cansada.

Draco sorriu, segurou-a pela cintura e girou seus corpos, prendendo-a embaixo de si.

— Cama? Não precisamos ir tão longe. — Juntou seus lábios num beijo demorado, que explorava cada canto dos lábios um do outro. — Além do mais, nunca usei o sofá...

— Sua mãe pode chegar a qualquer momento! — Empurrou-o rapidamente, somente o necessário para completar a frase, e então, voltou a beijá-lo.

— Então eu já sei para onde vamos. — Apoiou um pé no chão e levantou-se, levantando Hermione consigo. — Biblioteca!

Hermione sorriu sedutoramente, mordeu o lábio e puxou-o com força para um beijo rápido, enquanto empurrava-o em direção à porta-dupla da biblioteca. Com toda a força jogou-o para dentro da sala escura, iluminada apenas pelo abajur na escrivaninha, e fechou a porta, girando a chave.

— Adoro quando toma o controle. — Draco sorriu para a Hermione que segurou-lhe a camisa azul e foi lentamente desabotoando-a. Beijou-lhe então os ombros, o peito e a barriga. — Eu acho que te amo.

— Acha? — Riu divertidamente e voltou a beijá-lo.

***

— Onde o Draco está? — Hermione irrompeu pela porta do elevador com a voz elevada, procurando por alguém que pudesse ajudá-la.

Ethan apareceu no momento que Harry segurou-a pelo ombro e apontou para o final do corredor.

— Ethan? — Não precisou pronunciar mais nenhuma palavra, era claro o que queria saber.

— Ele está bem, Hermione. Inconsciente. — Suspirou. — O impacto rachou o crânio, mas já ministramos poções e em alguns dias estará novo em folha!

Hermione abraçou Ethan com força e por um breve período, mas o suficiente para deixa-lo desconfortável com a situação. Conhecia o amigo e sabia que Draco odiaria vê-lo abraçando sua esposa, por isso, tossiu constrangido e se retirou.

— Vamos vê-lo. — Harry apoiou a mão na cintura da amiga e encaminhou-a até o quarto onde Draco estava.

Entrou no quarto sozinha — depois de muito insistir para que o amigo esperasse do lado de fora — mas manteve os olhos fechados. Inspirava fundo, criando coragem para encarar Draco, mas seu coração se comprimira dentro do peito quando soube do que acontecera.

Theodore Nott estava fazendo um curativo em sua testa quando Harry chegou atordoado com a informação. Levantou-se num movimento tão brusco que Theodore caiu sentado, deixando que o esparadrapo rolasse para longe.

E naquele momento brigava consigo mesma por estar sendo tão medrosa. E então, expirou todo o ar de seus pulmões e abriu os olhos, dando lugares à algumas lágrimas que estavam guardadas.

Deixe de ser chorona, ele está bem!                      

Repetia mentalmente enquanto acariciava o rosto marcado de Draco.

***

No inicio da noite, quando Ethan entrou no quarto, Hermione estava empoleirada na poltrona desconfortável, ao lado da maca em que Draco ressonava baixinho. Segurava-lhe a mão, mas parecia distante. Como se sua mente vagasse por qualquer lugar que não ali.

— Você comeu? — Ethan arrastou uma cadeira de madeira até Hermione, tirando-a do torpor. — Precisa se alimentar, Hermione.

— Eu sei. — Esfregou uma mão no rosto. — Harry me trouxe o jantar, estou bem.

— Você tinha que ir para casa. Tomar um banho e dormir numa cama, confortável! — Hermione negou com a cabeça. — Você está grávida, Hermione. Não vai querer que aconteça o mesmo com esse...

Hermione fungou e sacudiu a cabeça, deixando uma lágrima solitária rolar pela sua bochecha. Levantou-se com ajuda de Ethan e soltou a mão de Draco com muito esforço, era uma das coisas mais difíceis que fazia.

— Se ele acordar...

— Será a primeira a saber. — Ethan completou. — Pode usar a lareira do meu escritório, não quero que aparate até termos certeza de que tudo está estabilizado. A propósito, já contou ao Draco?

Hermione sentiu um rubor subir pelo seu rosto e baixou o olhar para suas mãos unidas.

— Ele merecia saber!

— Eu sei, Ethan. Mas quero ter certeza, sei que você entende. — Ele apenas concordou em resposta e sinalizou a porta. — Até amanhã.

— Alimente-se bem, depois do ataque de hoje preciso que este garotão fique forte.

— Garotão? — Perguntou, segurando a maçaneta com certo entusiasmo.

— Apenas um palpite, Malfoy. Vá para casa!

Hermione sorriu e sacudiu a cabeça, olhou uma última vez para Draco e despediu-se com o desejo de que ele despertasse logo para que soubesse sobre a gravidez e ficasse tão feliz quanto se sentia naquele momento.