Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 22
Capítulo vinte e um




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Draco acordou e respirou fundo, Hermione estava deitada de costas e tinha o quadril colado ao dele de forma displicente. Aquilo não ajudava em nada. Tentou afastar-se, mas ela colou ainda mais seus corpos e soltou um suspiro que o fez tremer em êxtase, estava tão anestesiado quanto da primeira vez que haviam feito sexo.

 

Havia convidado Hermione para jantar, fora duas semanas depois que voltara da entediante palestra sobre varíola de dragão e agora já considerava-se num relacionamento, mesmo que não tivessem conversado sobre. Ainda trabalhava no Ministério e sempre que tinha a oportunidade beijava-a escondido. Naquele dia puxara-a para dentro de uma sala vazia, e a convidara para sair.

— Claro, me pegue às oito. — Aceitara com um sorriso e depois saíra da sala sem ser vista por ninguém, sabia disfarçar.

Queria que aquela noite fosse perfeita, tentaria entender junto de Hermione em que tipo de relacionamento estavam, já que sozinho não conseguia se decidir. Não fizera um pedido formal e sabia que Hermione era diferente de qualquer outra mulher, dispensava formalidades. Quando aproximou-se do horário de busca-la, ajeitou o cabelo na frente do espelho e bagunçou alguns fios propositalmente, sabia que ela adorava-os revoltos e naturais.

O restaurante italiano era pequeno e bastante aconchegante, o calor que vinha da cozinha deixara as bochechas de Hermione ruborizadas durante toda a refeição, fato o qual Draco achou extremamente atraente.

— Você ficava bem naquela roupa de apanhador, mas não é como se eu fosse a primeira a dizer isso! — Falava e gesticulava, o garfo em sua mão parecia bastante perigoso. — Havia dezenas de garotas correndo atrás do Draco Malfoy naquela época.

— E você jamais faria isso, mesmo que não fossemos inimigos... — Deixou a afirmação no ar e bebericou o vinho tinto.

— Exato! — Piscou e imitou-o.

Draco sacudiu a cabeça, entendera o ponto de vista que Hermione queria chegar. E fazia bastante sentindo.

— Mas você me achava atraente!

— Ainda acho! — Corrigiu-o e por baixo da mesa, sem querer, passou o pé pela perna de Draco que baixou o rosto, reprimindo um sorrisinho. — Desculpe. Onde estávamos...?

— Você dizia o quão atraente me acha e que está louca para me beijar... — Parou quando ouviu a risada de Hermione, jovial e altiva, gargalhava sem se importar com quem quer que os olhasse. — Admita, Hermione, está morrendo de vontade de pular a sobremesa e aparatar para qualquer lugar onde possamos ficar sozinhos!

Hermione não desviou o olhar penetrante e sugestivo de Draco, apenas abriu um comedido sorriso lateral, insinuando milhões de coisas, deixando-o entender aquilo como quisesse. Esvaziou a taça de vinho sem cortar o contato visual, esperando algum movimento, alguma palavra ou talvez um beijo. Mas Draco fechou os olhos e sacudiu a cabeça, levantou a mão e pagou ao garçom pelo jantar. Ajudou-a a levantar-se, ainda sem dizer uma palavra, e depois de caminharem alguma quadras pelas ruas vazias empurrou-a para trás de uma cabine telefônica onde beijou-a intensamente. As unhas de Hermione riscavam seu pescoço causando arrepios por todo seu corpo, e sabia, somente pela corrente elétrica que transpassava sua pele que não conseguiria parar.

— Acho me-melhor... Sairmos daqui logo. — Balbuciou em meio a um suspiro longo e sôfrego. — Draco!

Ele levantou o rosto somente o necessário para encará-la, e sorriu com a visão que teve. Hermione tinha o cabelo bagunçado, o rosto afogueado, os lábios vermelhos e as pupilas escuras de tão dilatadas que estavam.

— Sua casa ou a minha? — Perguntou com um sorriso ainda maior. Se ela negasse não saberia o que fazer para acalmar sua excitação.

Hermione riu e conduziu a aparatação diretamente para o seu quarto. Não queria perder tempo e sentia que Draco compartilhava da mesma ideia, ansiava por tocá-lo e descobri-lo por baixo das camadas de roupa o mais rápido possível. Passou as mãos ágeis pelos ombros dele até que o blazer estivesse caído no chão, os botões da camisa pediam mais paciência, mas em poucos segundos já estavam todos abertos e sob os pés de Hermione que procurava a fivela do cinto.

— Hey, apressadinha... — Draco segurou-lhe as mãos e as colocou envolvendo seu pescoço. Beijou-a com mais calma, puxando-a para cima até que ela estivesse em seus braços.

Levou Hermione até a cama e preocupou-se em tirar-lhe o sapato, subiu os beijos por toda a panturrilha até chegar na barra do vestido, que lentamente foi puxando para cima até livrar-se da peça. Voltou a beijá-la e intercalar o movimento das suas mãos por todo o corpo de Hermione, que parecia bastante a vontade com a situação, e o estava surpreendendo cada vez mais.

Fora o melhor sexo de toda a sua vida.

 

— Draco? — Hermione chamou-lhe com a voz arrastada, tirando-o do devaneio. Com um abraço apertou-a contra seu peito. — Bom dia.

— Bom dia. — Beijou-a na curva do pescoço, inalando o perfume natural dos cabelos da esposa. — Dormiu bem?

— Nunca imaginei que sentiria tanta falta dessa cama. — Murmurou com um “quê” de diversão, virou-se para olhá-lo e sorriu. — Oh, e do travesseiro!

Draco gargalhou e virou-a bruscamente, deixando-a em baixo do seu corpo.

— Então é assim? — Distribuiu vários beijos pelo rosto e pescoço de Hermione que gargalhava sob seu corpo. — Admita, Granger, você sentiu falta de mim!

— Não faz ideia do quanto! — Inclinou-se, usando os cotovelos como apoio, para beijá-lo. — Infelizmente teremos que deixar isso para outra hora, preciso ir para o trabalho.

Draco bufou, e tentou de novo:

— Mas o despertador nem... — E então o aparelho sacudiu no criado-mudo e tocou irritantemente alto, Draco rolou e desligou-o. — Mas que droga, Hermione.

Mas a esposa já estava de pé, a caminho do banheiro onde ficaria pelos próximos minutos. Derrotado, levantou-se e começou a vestir-se, também tinha que ir para o trabalho e só de pensar nisso sua cabeça já doía.

A lembrança bateu em seu rosto como um tapa, forte e certeiro. Férias!

Lembrava-se de Hermione comentando que estavam prontos para tirarem férias pouco antes do acidente que desmemoriou Draco, então, ainda teria a oportunidade de descansar e claro, aproveitar o que não puderam.

— Que tal férias? — Sugeriu no café da manhã que preparara, já que era a única coisa que conseguia fazer sem estragar ou queimar. — Você desmarcou porque sofri o acidente e posso pedir no hospital, aposto que Potter consegue te liberar por algumas semanas...

Hermione levantou o rosto e torceu os lábios, Draco não sabia o motivo, mas não gostara daquele gesto. Havia algo errado que não estava sabendo.

— Eu queria tanto, Draco. — O tom de voz que usara dizia tudo. — Mas não posso, eu fiquei aquelas semanas afastadas e o Ministério está com falta de pessoal... No final do ano, eu juro, podemos viajar pra onde você quiser!

— Não, tudo bem. Eu entendo! — Forçou um sorriso e ergueu o Profeta Diário como uma parede que impedisse-a de ver a frustração estampada no seu rosto.

Já eram casados há dois anos e Hermione o vira daquele jeito poucas vezes, e odiava todas elas, pois sempre acabavam brigando e naquele momento, era a última coisa que queria fazer. Recém haviam se reconciliado e entrar numa discussão faria tudo ir por água abaixo, portanto, respirou fundo e terminou seu café em silêncio. Quando acabou, levantou-se com uma expressão impassível e deixou-o na cozinha com o maldito jornal.

***

Diferente do que imaginou, aquela reunião conseguira deixar-lhe entediada. Já havia rabiscado o pergaminho na sua frente até a tinta da pena terminar e não conseguia manter-se focada no assunto por muito tempo, Rony nem sequer tentava disfarçar, estava dormindo escorado num pilar ao lado de Harry que se pronunciava sempre que necessário, enquanto um bruxo — o qual ninguém conhecia e sabia-se apenas que mostraria as porcentagens sobre o trabalho dos aurors — falava e falava sem parar.

— Senhora Malfoy?

Hermione riscava a pena no pergaminho, mesmo que não houvesse mais tinta, observando as linhas finas e superficiais que a ponta deixava. Aquilo era muito mais divertido do que o número de aurors feridos em brincadeiras com a varinha, sentiu-se ruborizar quando notou tantos olhares pousados em si. Ergueu a cabeça no exato momento em que o bruxo lhe chamou:

— Senhora Malfoy? — O homem tinha a face num tom assustador de vermelho, como se fosse explodir a qualquer segundo.

— Sim? — Queria soar prestativa, quando na verdade tentava não rir com alguns de seus colegas que não contiveram os risinhos de deboche.

— Poderia escolher seu parceiro para darmos continuidade nessa reunião? — Apontou para dois homens e uma mulher que Hermione nunca tinha visto na vida, vestiam o uniforme de auror, então, era o que deviam ser.

“Novatos”, Harry disse discretamente sem emitir som algum diante da expressão confusa no rosto da amiga.

— Theodore Nott. — Respondeu sem dar muito atenção ao trio encolhido no canto.

— Não pode, senhora Malfoy, ele nem sequer está presente e creio que o senhor Nott está alguns níveis abaixo da senhora. Veja bem, não sei se essa é a melhor opção! — O bruxo disse com total descrença naquela escolha. — Entendo que tenha estima por ele, mas quando se tem um parceiro deve haver harmonia e confiança. Conhecê-lo por ser amigo de infância do seu marido não o faz uma opção!

A sala ficou em silêncio e os olhares voltaram-se para Hermione que elegantemente bateu a ponta metálica daquela pena cara contra o papel e mostrou um sorrisinho. Harry cutucou Rony para que acordasse.

— Creio que o senhor é quem não está entendendo a situação. — Voltou o olhar para o bruxo tão vermelho e redondo quanto um tomate. — Me perguntou quem eu gostaria de ter como parceiro e respondi, no entanto, negou e não apresentou nenhuma justificativa que eu ache plausível. Se Theodore tivesse recusado ou já tivesse um parceiro, eu adiaria a decisão até encontrar alguém que julgue confiável.

O bruxo agora parecia estar ficando arroxeado, provavelmente fosse de raiva.

— Sendo assim, quero Theodore Nott!

A porta se abriu e o próprio Theodore entrou, exibia um sorriso largo e satisfeito.

— Quero Hermione Gran... Malfoy! — Mandou uma piscadela nada discreta para Hermione que riu.

— Não podem, você está três níveis abaixo da senhora Malfoy. — Apontou para Theodore que não pensou duas vezes antes de reclamar dramaticamente.

— Eu protesto. — Se enfiou entre duas cadeiras e bateu com o punho na mesa.

— O senhor não pode protestar. — Exclamou o bruxo, seu rosto agora ficara num tom entre o roxo e o vermelho.

— Mas eu posso. — Hermione levantou-se com a postura intacta, o olhar altivo de uma dama da realeza. Não herdara apenas o sobrenome Malfoy. — Disse que Theodore está três níveis abaixo do meu, os aurors que me mostrou saíram agora da academia. Confio minha vida a Theodore.

O bruxo pigarreou, fora contrariado e derrotado numa discussão na frente de todos ao aurors mais influentes do departamento, ofendido remexeu em seus pergaminhos como se a solução estivesse em um deles.

— Ele é amigo do seu marido... — tentou uma última vez.

— Engana-se quando diz que escolho o amigo do meu marido, jamais devia ter sequer usado isso para tentar mudar minha escolha. — Hermione exaltou-se o mínimo para assustá-lo e dar o assunto como terminado. — Theodore Nott me ajudou durante um momento decisivo na batalha de Hogwarts, e éramos rivais. Não vejo outra pessoa melhor para ser meu parceiro.

O olhar de todos na mesa voltaram-se para o bruxo baixinho, que ruborizou ainda mais, se é que era possível. Bufando, concordou e finalizou a reunião, saiu batendo os pés enquanto alguns parabenizavam Hermione pelo empenho antes de deixar a sala.

— Hermione, senhoras e senhores! — Harry exclamou e Hermione agradeceu com uma reverência exagerada, tal como Theodore que aplaudiu com entusiasmo.

— Então é isso, finalmente vou ter uma parceira. — Theo sorriu e abraçou Hermione lateral e rapidamente. — Posso te chamar de Granger? Ainda acho um pouco estranho “Hermione Malfoy”.

— Como preferir, Nott. — Acenou para o rapaz que saiu da sala e passou os braços pelos ombros dos amigos, ficando no meio deles. — Nem acredito que aquela reunião terminou, preciso de Hidromel ou Uísque de Fogo, agora!

Os três riram e seguiram para a sala de Harry, onde Rony guardava uma garrava de conhaque numa gaveta da sua escrivaninha. Claramente, apenas eles sabiam disso e bebiam apenas em ocasiões especiais, ou em casos urgentes como aquele.

— Pelo o menos o seu discurso nos liberou antes do esperado, meu pescoço ia ficar dolorido dormindo naquela pilastra. Valeu, Mione. — O ruivo levantou o copo e piscou, entornando todo o líquido num gole só.

Hermione e Harry apenas riam.

— Mamãe convidou vocês para um almoço no domingo, a neve já vai ter baixado e podemos jogar quadribol!

— Vai ser ótimo! — Hermione disse, realmente empolgada.

***

Quando Hermione entrou em casa sentiu o cheiro de pizza, seu estômago roncou em resposta, mas as luzes apagadas queriam dizer que Draco não estava. Jogou a bolsa no sofá e segui para a cozinha, o único cômodo em que a luz estava acesa, e encontrou em cima do balcão uma caixa de pizza ainda aquecida por algum feitiço e um bilhete.

“Cerveja amanteigada com Blásio e Theodore, não me espere acordada.”


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas. Como estão todos vocês?? Espero que tenham gostado do capítulo. Vejo vocês na próxima quarta, até lá!



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