Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 20
Capítulo dezenove




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O atendente da loja de tintas parecia bastante incomodado por ter que trabalhar em um domingo, entregou a nota fiscal da troca para Hermione com desinteresse e continuou mastigando o chiclete que tinha dentro da boca. Harry carregava as latas de tinta e comentava sobre a cor que parecia idêntica a que ele havia comprado no meio da semana.

— Gina vai almoçar com Fleur e Gui, enquanto eu pinto o quarto. — Resmungou. — Tinha planos para hoje a tarde?

— Se eu tinha? Agora eu tenho? — Virou-se para o amigo que sorria. —Vamos logo, Potter.

No estacionamento vazio da loja, segurou a mão do amigo e aparataram sem que ninguém percebesse. Era domingo, afinal.

Depois de pintarem o quarto e parte das suas roupas, Harry e Hermione desceram e sentaram-se na cozinha para um copo de suco. Não haviam almoçado e Gina mandara um patrono avisando de que não demoraria muito mais para chegar.

— Vou voltar para casa, não quero ouvir Gina gritar com você se a cor do quarto estiver errada de novo. — Produziu uma careta. — Posso usar sua lareira?

Harry ainda bebendo sinalizou positivamente e acenou, as chamas verdes iluminaram sua visão e no segundo seguinte Hermione já não estava mais lá.

***

Draco reconheceu o som vindo da lareira, imaginou que talvez fosse a sua mãe, mas sorriu para Hermione que batia a poeira dos ombros. Reparou na roupa manchada, de tinta azul, da esposa, mas decidiu não perguntar nada, ainda estava na defensiva depois de ser ignorado no casamento de Blásio.

A barriga de Hermione roncou furiosamente e Draco ouviu sua risada contagiante. Não entendia o que havia de cômico num ronco de fome, mas não conseguiu ignorar o sorriso que brotou em seus lábios, aquele som era encantador.

Um toc toc incessante prendeu a atenção dos dois, e Draco que estava mais próximo da porta envidraçada, apanhou a carta com o símbolo em roxo. Era do Ministério, estendeu rapidamente o envelope para Hermione.

— É para você e parece importante.

Ignorando o orgulho atravessou a sala e aproximou-se de Draco, analisou a letra “W” estampada e rasgou o papel, percorreu os olhos rapidamente pelas palavras e abriu um sorriso empolgado. Esperava que demorasse mais.

— Posso? — Indicou o papel e Hermione entregou, subindo as escadas apressada.

O processo havia sido finalizado e Hermione poderia voltar a trabalhar nas missões, desde que fosse com um parceiro escolhido pelo Auror chefe do departamento. Harry Potter. O qual, com certeza, deixaria a amiga escolher.

Draco soltou um suspiro aliviado, jamais se perdoaria se Hermione tivesse de ficar trancada o resto da vida com documentos quando a sua vocação era na verdade duelar e deixar o mundo bruxo mais seguro. E talvez agora conseguisse ter uma conversa civilizada para se desculpar e explicar toda a situação. Voltou para seu escritório onde testava algumas poções curativas, experimentos e criações próprias.

Hermione havia preparado o jantar e posto a mesa para os dois, o que não significava nada, já que manteve-se em silêncio durante a refeição toda.

— Fiquei feliz pelo fim do processo. — Disse com calma, explorando se podia continuar o assunto ou se devia ficar quieto. — Vai deixar Potter escolher seu parceiro?

— Como estava a comida? — Desviou do assunto rapidamente, levantando-se em silencio e deixando a cozinha num aviso silencioso de que não queria conversar. Mas Draco irritado com a situação levantou-se e segurou-a pelo pulso.

— Precisamos conversar. — Insistiu.

— Não, nós não temos. — Elevou a voz até quase chegar em um grito, arrependeu-se imediatamente. Baixou a cabeça e constrangida com a perda de controle movimentou a mão, que foi solta do aperto instantaneamente. Levantou o olhar novamente e com mais calma continuou: — Ainda estou magoada, não vou conseguir ter uma conversa civilizada e seria injusto. Boa noite, Draco.

— Só será boa novamente quando você voltar para aquele quarto!

Ficou parada na escada por mais dois segundos após ouvi-lo e continuou seu trajeto até o quarto de hóspedes em que dormia desde a briga. A verdade era que entendia os motivos de Draco, o que a magoou foi a maneira que descobriu e o contexto em que a mentira apareceu. Sentiu-se humilhada. No quarto respirou fundo algumas vezes e decidiu que no dia seguinte sentaria para conversar e colocar as cartas na mesa. Preparada ou não.

Foi deitada na cama, sozinha, que percebeu o quanto aquilo vinha lhe fazendo mal. A sensação pesada que esmagava seu peito nos momentos em que estava sob pressão, ou em seu coração que errou uma batida quando viu Draco vestido daquele jeito no casamento de Blás, da dança que juntou seus corpos e eliminou qualquer tipo de dúvida enquanto durou. Quando começou a namorar costumava se perguntar o motivo de Draco fazê-la sentir-se tão especial. Não era um fetiche como Gina dissera, fora seu inimigo, amigo, amante e era a única pessoa capaz de trazer a sensação de segurança e que a fazia transbordar.

Foi durante a madrugada que levantou-se depois de tanto rolar na cama, sem sono algum, e desceu as escadas na ponta dos pés. Conseguia ouvir a própria respiração ecoando pela casa e torceu para que o barulho não acordasse Draco, depois de beber um copo de água deitou-se no sofá e cobriu-se com uma manta dobrada sobre a poltrona. Não ligava a televisão há muito tempo, nem lembrava-se da última vez que o fizera, deixou o volume baixo e assistiu ao programa que passava num canal qualquer.

As vozes dos protagonistas do filme foram aos poucos entrando em sua cabeça e gradativamente seus olhos pesaram até que não conseguisse mais mantê-los abertos. O sono chegou como um animal caçando, inesperadamente.

Draco acordou assustado e com a varinha em riste desceu as escadas, o som estava baixo e aos poucos foi reconhecendo de onde vinha. O aparelho trouxa estava ligado, e só foi entender como quando chegou na sala. Hermione dormia encolhida nos sofá, os cabelos espalhados e a feição tranquila em seu rosto lhe davam a certeza de que estava sonhando.

— Sinto sua falta, Hermione. — Sussurrou.

Desligou o aparelho e cessou as vozes, restava apenas ele e o silêncio. Com um movimento simples da varinha conjurou o travesseiro que ajeitou rapidamente sob a cabeça de Hermione, passou a mão pelos cabelos ondulados e sentiu uma forte vontade de afundar o rosto ali. Mas não o faria enquanto não estivesse perdoado, e, se isso significasse nunca mais tocá-la, estaria de acordo.

Em outro momento a teria levado para cama, mas não era o caso. Virou as costas e no segundo degrau da escada, conseguiu ouvir baixinho, como um murmúrio inconsciente.

— Obrigada, Draco.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei que esse foi um capítulo muito curto, mas tem motivos que serão explicados no próximo capítulo que já está pronto para ser postado! De qualquer forma, quero saber o que acharam e esperam para os próximos. ;)
Até



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