Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 18
Capítulo dezessete




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Hermione não sabia dizer se havia dormido, pois se o fizera não lembrava o momento em que acordara. Seu olhar estava fixo no teto bege, piscava apenas quando seus olhos ardiam, e então recomeçava. Draco ainda ressonava do seu lado, quieto e leve como nunca, até que esticou-se e puxou-lhe pela cintura.

— Que horas são? — Perguntou com a voz rouca, sonolenta.

— Quase seis, eu acho. — Respondeu virando o corpo para encaixar-se melhor nas mãos possessivas do marido e observar-lhe o semblante. — Como dormiu?

Draco franziu o cenho, mas manteve os olhos fechados.

— Por que acordamos tão cedo? — Quis saber, a voz já recuperando o tom normal, porém, arrastando-se preguiçosamente. Abriu os olhos. — Está preocupada com o julgamento!

Não fora uma pergunta e obteve a resposta somente pela expressão aflita no rosto de Hermione. Apertou-a sob seus dedos, a pele exposta livremente, e afagou as bochechas coradas pelo calor dos cobertores.

— Vai dar tudo certo, não se preocupe com isso. — Levantou o cobertor sinalizando para que a esposa se aproximasse mais, e foi exatamente o que ela fez. — Estarei lá do seu lado, prometo não soltar a sua mão.

Hermione sacudiu a cabeça.

Por um tempo continuaram em silêncio, Draco sentindo o perfume de Hermione e em contra partida seu corpo colado ao dele. Enquanto Hermione não conseguia concentrar-se em outra coisa que não fosse o julgamento. Seria dali alguma horas e sentia como se o mundo estivesse parando e ruindo de baixo dos seus pés.

Pouco antes do sol nascer virou-se bruscamente e apoiou os cotovelos no colchão.

— Eu não consigo, não posso ficar aqui deitada quando minha carreira está prestes a ruir. — Antes que conseguisse levantar Draco a envolveu pela cintura. — Preciso fazer alguma coisa.

— Tente prestar atenção, Granger. — Abriu os olhos e num suspiro aborrecido se pôs nos cotovelos também. — Não há mais nada a se fazer, Potter e sua turma conseguiram todas as provas possíveis de que você precisou se afastar, Ethan vai testemunhar e mostrar documentos específicos sobre o meu tratamento. Acalme-se!

Mordendo os lábios concordou, com a cabeça cheia de “e se”.

— Distraia-me então. — Pediu com um sorriso.

Draco parou para olhá-la e jogou a cabeça de volta no travesseiro, ria da conclusão que tivera: Hermione estava nua na sua frente, com o cabelo bagunçado pela noite que tiveram, o rosto corado e não fazia ideia do quanto estava maravilhosa. Pedir para ser distraída era o convite que Draco estava esperando.

— Não dessa forma, Draco.

— É de manhã, queria que eu pensasse em quê? Jogar cartas? — Torceu os lábios e cobriu o rosto com o braço.

Hermione considerou e então movimentou-se rapidamente sob as cobertas quentes e pesadas, sentando rapidamente sobre o quadril de Draco que surpreso, destapou os olhos e encarou-a.

— Só quero tentar relaxar. — Explicou disfarçando uma risada.

Draco sorriu abertamente e posicionou as mãos na cintura de Hermione, ajudando-a a encaixar em seu corpo. Sem descruzar os olhares focados um no outro, Hermione abaixou-se e iniciou um beijo calmo que se transformou furiosamente numa batalha violenta. E quando um gemido escapou-lhe pelos lábios, Draco espalmou as mãos em suas coxas e puxou-a bruscamente, provocando um gemido mais alto.

— Draco...

Endireitou-se no colo do marido e começou lentamente a movimentar-se com ajuda do mesmo, que segurava-a pelas pernas e auxiliava nos movimentos. Pouco a pouco os gemidos cortavam o silêncio do quarto e abafavam o canto dos poucos pássaros que iniciavam a manhã nas árvores ao redor da casa. O ápice foi alcançado primeiro por Draco que soltou um rugido rouco e sentou-se, e poucos segundos depois por Hermione que cravou as unhas nas costas do marido, deixando longas marcas avermelhadas.

Draco girou seus corpos e caiu por cima de Hermione, apoiando o peso num braço para não esmaga-la, enquanto o outro ainda a segurava.

— Como se sente agora?

— Relaxada. — Sorriu abertamente, mostrando todos os perfeitos dentes brancos. Ganhou um beijo rápido. — Estou precisando de um banho.

— É pra já! — Draco levantou-se, carregando Hermione junto para dentro da banheira.

***

Sentada de frente para a penteadeira Hermione ajeitava o cabelo num coque firme e elegante, enquanto Draco buscava por uma camisa nas dezenas de cabides pendurados bem na sua frente.

— Sua mãe desistiu do jantar em homenagem ao casamento do Blás? — Perguntou observando se a pouca maquiagem que passara estava boa o suficiente.

— Ela pensou que o casamento fosse no fim de março, não terá tempo de planejar nada, então, acredito que sim. — Seguiu abotoando a camisa azul e por fim jogou a gravata em volta do pescoço.

— É apenas um jantar, o que há para planejar? — Observou-se no espelho, alisando com as mãos o terninho.

— Estamos falando de Narcisa Malfoy, um jantar não é só um jantar. — Virou-se para Hermione que mordia os lábios.

— Estou apresentável para um julgamento?

Draco assentiu.

— Está sim. — E não tinha nada mais a dizer. Ali, parada na frente do espelho com o olhar mais preocupado do mundo estava Hermione, que após ouvir a resposta, endireitou os ombros e relaxou o olhar. — O que acha de tomarmos café naquele lugar que você sempre toma?

Sacudiu a cabeça e colocou a bolsa no ombro, pronta para enfrentar qualquer coisa.

 

A cafeteria trouxa foi a mesma que visitara na noite anterior com Gina, para sua sorte, estava cheia e o turno dos balconistas havia trocado, não teria de esconder seu rosto depois de tudo que a ruiva gritara. Puxou Draco pela mão para uma mesa ao lado da janela larga, que do lado de fora acumulara neve, e fez o pedido.

— Você vai adorar o chocolate quente daqui, é o melhor da cidade. — Disse animada, tirando as luvas de algodão. — Gina prefere o chá, mas não consigo escolher entre o café e... Estou falando demais, não é?

Draco sorriu e antes de responder agradeceu ao garçom que entregou o pedido.

— Gosto quando você se perde no tempo e começava a falar, a sua expressão concentrada é encantadora, assim como suas bochechas coradas. — Apontou para o rosto da esposa que tomou um tom rosado surpreendentemente rápido.

— Você pode até gostar, mas não presta atenção na metade do que eu digo. — Contrapôs bebericando o chocolate quente.

— E assim mesmo estamos casados. — Levantou a xícara como se brindasse e mostrou um sorriso vencedor, o qual foi acompanhado por Hermione que concordou em silêncio.

***

Naquele horário o Ministério ficava bastante movimentado, o expediente já estava começando e bruxos corriam para tentar pegar o elevador a tempo. Entretanto, Hermione e Draco caminhavam revisando alguns pontos do julgamento com calma e sem pressa alguma.

— Hermione, o julgamento foi adiantado em alguns minutos. Estão lhe esperando! — Rony apareceu correndo na multidão. — A coruja voltou com a carta, você não estava em casa.

— Saímos mais cedo. — Explicou já seguindo o amigo que abria passagem, Draco a seguia. — Por que não me enviaram um patrono?

— Era meu plano “b”, sorte que te encontrei. — Guiou-os até o elevador e desculpou-se por entrar na frente dos outros que aguardavam, ressaltando com gritos que era um caso Ministerial. Entraram no corredor às pressas, descendo as escadas iluminadas por archotes perigosamente rápidos. — Não permitiram a entrada de ninguém, somente aurors e testemunhas.

— O quê? — Hermione tentava se apoiar nas paredes, mas parou quando ouviu aquilo. — Como? Por quê?

— Você sabe o porquê! — E sabia. Os aurors usavam esse método para desestabilizar o réu, e funcionava na maioria das vezes.

Harry os esperava na porta, evidentemente transtornado com a demora. A falta do réu no julgamento marcado resultava em consentimento do crime, sendo assim, na exoneração de Hermione.

— Graças à Mérlin. — Abraçou Hermione. — Vou avisar que podemos começar. Malfoy, a minha sala está livre, pode esperar lá.

Draco assentiu e virou-se para Hermione.

— Vai dar tudo certo. — Abraçou-a. — Vou esperar no escritório do Potter, vá para lá assim que tiver o veredito.

Hermione esticou-se na ponta dos pés e o beijou rapidamente, deixando para trás em seguida o corredor estreito, os archotes e Draco com a expressão preocupada no rosto.

***

O tempo parecia não passar dentro daquele escritório sem decoração alguma, os livros expostos elegantemente nas prateleiras não variavam dos assuntos jurídicos e os arquivos estavam selados por algum tipo de feitiço. Draco então sentou-se numa cadeira e esperou.

Uma bruxa bateu na porta e entrou em silêncio, entregou-lhe um copo de café e saiu. Alguém mandara café, ao menos isso. Imaginou se tinha sido Hermione ou um dos amigos, mas não tinha como saber, por isso, apenas ficou sentado ali bebericando o líquido quente e amargo.

— Pedir açúcar seria abusar da hospitalidade. — Murmurou e revirou os olhos.

Divertiu-se revirando as gavetas destrancadas, remexendo nos papéis e observando desenhos amassados na mesa de Rony. A escrivaninha de Hermione era de longe a mais organizada e limpa, exceto talvez pelas marcas na madeira que indicavam o local exato onde deixava copos.

A porta se abriu na hora do almoço, Potter entrou primeiro enquanto comentava qualquer coisa sobre o julgamento com Rony e Theodore que entraram logo em seguida, Hermione foi a última.

— Pensei que não terminaria nunca. — Disse apreensivo e apressou-se em abraça-la. — Como foi?

— Vou ficar com a parte jurídica dos casos, não posso mais sair em campo, nem mesmo se faltar pessoal. — Disse baixando a cabeça, apesar de parecer bem em relação ao veredito.

Conformada. talvez.

— Como assim? — Tinha certeza que havia entendido errado.

— O caso estava ganho, Ethan deu um ótimo testemunho e não tinha mais nada a ser dito. Até que alguém mostrou as autorizações de saída. — Explicou Harry, com calma e coerência que Hermione não teria se tivesse que continuar.

— Quer dizer as saídas para ajudar Nott? — Perguntou somente para ter certeza, não podia ser.

Rony assentiu em resposta e sacudiu a cabeça.

— Já entramos com um pedido de anulação dessa ordem, Kingsley está do nosso lado, vai dar suporte. — Theodore apressou-se em dizer, sentia-se culpado pelo resultado final.

Alguém bateu na porta chamando por Harry e Rony, aurors chefes do departamento.

— Sinto muito. Não sabia que podiam usar aquilo contra você, se soubesse não teria pedido. — Theodore dirigiu-se à Hermione, a expressão mostrava nitidamente remorso.

— Eu não devia ter pedido para que a levasse com você. — Rosnou Draco, com os punhos fechados.

Hermione posicionou-se de frente para Draco num segundo.

— Você o que, Draco? — Cruzou os braços, mas não era irritação em seu rosto. Pelo contrário, parecia bastante magoada. — Me responda.

— Hermione, eu não...

— Você o quê? Não queria que eu me sentisse mal? — Indagou furiosa, controlando a voz para não chamar atenção.

— Você não gostava da burocracia, foi feita para duelos e só tentei ajudar. — Disse tentando alcança-la, mas pelo o olhar frio que recebia estava longe de conseguir. — Pedi para Theodore te chamar, inventar qualquer coisa, desde que te tirasse dessa sala. Não negue que estava gostando, voltava sempre mais animada quando saía numa missão.

Hermione massageou as têmporas, e Draco recebeu em sua cabeça uma mensagem, de que aquele movimento significava a explicação de algo óbvio. Algo que devia ter notado e entendido desde o começo.

— Não vê o quanto estou frustrada com isso? — Perguntou endireitando as costas, ficando a cada milímetro que aumentou de altura, mais ameaçadora. — Quando eu saía em missão com Theodore pensei que fosse por mérito meu, por ter trabalho tanto para conseguir o cargo que ocupo... Por eu ser boa no que faço. E agora descubro que na verdade só fui chamada para participar disso tudo porque meu marido, que nem se lembra de ter casado comigo, pediu um favor para o amigo. Um favor!

— Hermione, escute... — Foi cortado por um movimento de mão rápido como uma faca, tão afiado quanto uma lâmina.

— Depois. — Jogou a bolsa no ombro e saiu pela porta batendo os pés no chão com tanta força...

Ronald entrou na sala com as sobrancelhas erguidas enquanto continuava observando o corredor e comentou:

— O que fizeram? Hermione vai fazer o Ministério desabar se continuar caminhando daquele jeito!

Draco apenas baixou a cabeça e sacudiu-a negativamente.

Estava tão cego quando pediu a Theodore que chamasse-a para algumas missões. Conhecia Hermione desde o primeiro ano, o orgulho Grifinório sempre fora muito forte, e descobrir daquele jeito que fora “traída”, pelo próprio marido...

— Merda!


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Notas finais do capítulo

E então pessoas, o que acharam desse capítulo?? Comentem, adoro ler suas opiniões, sejam elas críticas ou elogios!!!
Até logo



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