Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 17
Capítulo dezesseis




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— Você acha que Ethan pode ajudar? Não sei o que ele pode fazer. — Hermione tinha os cotovelos apoiados na bancada, segurava uma xícara de café enquanto Draco terminava de preparar as torradas. — Tenho certeza de que ele já contou tudo.

— Vou tentar assim mesmo, Ethan pode testemunhar, dizer que eu precisava de auxílio. Vamos dar um jeito. — Sentou-se de frente para a esposa e mordeu a torrada com vontade. — Podia ficar em casa hoje, lendo algum livro.

— Preciso ocupar a cabeça, e ir trabalhar vai me ajudar. — Voltou a bebericar o café quente que lhe aquecia por dentro, dando uma falsa sensação de tranquilidade.

— Ou eu posso mandar uma carta para o Hospital e passar o dia inteiro dentro da banheira com você. — Sugeriu e fez com que Hermione esboçasse o primeiro sorriso desde a noite anterior. — Não vai acontecer, não é?

Hermione negou com a cabeça. Estava prestes a responder, chegou até mesmo a abrir os lábios, mas a campainha tocou e soou forte pela cozinha.

— Eu atendo! — Deixou a xícara quase vazia de café na bancada e seguiu até a porta. — Harry... Theo!

Ficou realmente surpresa ao abrir a porta e encontrar Harry Potter e Theodore Nott com sacolas de papel nas mãos. Draco saiu da cozinha para ver o que estava acontecendo.

— O que estão fazendo aqui? — Hermione quis saber, abrindo espaço para que entrassem em sua casa.

Theodore cumprimentou Draco e entregou uma das sacolas de papel que carregava para Hermione, um sorriso brincalhão escapava-lhe pelos lábios azulados. O frio devia estar intenso do lado de fora.

— Viemos te buscar. — Disse com animação, como se fosse muito normal aparecer na casa de uma colega com sacolas cheias de...

— Sapos de chocolate? —Hermione tirou uma das embalagens de dentro do saco. — Quantos têm aqui dentro?

— Muitos, minha cara Granger. — Deu de ombros. — Harry trouxe chocolates trouxas, disse que você gostaria, mas tenho certeza de que sapos de chocolate são muito mais interessantes.

Draco então cruzou os braços sobre o peito e arqueou a sobrancelha.

— Ainda não estou entendendo. O que realmente vieram fazer aqui? — Exigiu saber, o olhar fixo em Harry que empertigou-se antes de começar a explicação.

— Vamos preparar uma justificativa tão boa que eles não terão chance. — Harry se pronunciou pela primeira vez desde então. — Conseguimos alguns materiais, vamos levá-la para o Ministério.

Hermione sorriu e sacudiu a cabeça.

— Claro, claro! — Virou-se para Draco e recebeu uma confirmação silenciosa, estava cercada das melhores pessoas e não conseguia conter a animação. — Até de noite.

Draco a segurou pelo pulso, os olhos percorreram o rosto dos dois homens parados na soleira da porta. Esticou-se para capturar um cachecol jogado despreocupadamente no sofá e enrolou-o no pescoço de Hermione.

— Vou buscar você hoje. — Beijou-a demoradamente, deixando Harry desconfortável. Theodore, porém, nem sequer desviou os olhos ou diminui o sorriso.

Quando Hermione separou-se do beijo arqueou as sobrancelhas surpresa e curiosa com todo aquele carinho. Corou ao virar-se para os outros dois e sinalizou para que saíssem.

O som de aparatação ecoou antes da porta se fechar.

***

Hermione já sentia-se muito mais confiante ao lado de Harry e Theodore que repassavam alguns detalhes do processo com calma, apontando no livro grosso de legislação em que momentos podiam usar as justificativas, enquanto comiam os chocolates dispostos entre embrulhos amassados em cima da mesa. Rony chegou um pouco mais tarde, mas carregava quatro copos de café.

— Papai disse que estamos indo pelo caminho certo, Hermione não tem motivos para ser julgada culpada. — Distribuiu os cafés e sentou-se perto da amiga. — Podemos usar o médico do Malfoy para depor e tudo estará resolvido.

— Soube que eles nem sequer podiam ter aberto esse processo, Hermione é uma heroína condecorada da guerra. Tirando o fato de que é da primeira classe na ordem de Mérlin! — Theodore deu ênfase, pois realmente achava aquilo tudo sem fundamento. — Não consigo entender.

— Posso ser tudo isso, mas pedimos por tratamento igualitário quando aceitamos os cargos de aurors. Harry e Rony sabem do que estou falando. — Comentou com urgência. — Não podemos alegar abuso, podem rever meu contrato e... Estarei ferrada!

— Ordem de Mérlin: primeira classe! — Harry murmurou. — Qualquer bruxo com essa condecoração tem direito a um julgamento justo com justificativas revisadas e... Certo, eu não lembro tudo o que estava escrito no pergaminho. Mas você tem direito a testemunhas.

Hermione sabia bem do que Harry estava falando, conhecia o amigo bem o suficiente para saber que encontraria mil e uma testemunhas para ajuda-la.

Depois da manhã e parte da tarde comendo chocolates, Hermione esticou os braços em frente ao corpo e girou o pescoço tenso. Estava cansada e toda vez que imaginava-se sendo expulsa do trabalho tinha vontade de chorar, mas sacudia a cabeça e continuava fazendo anotações num pergaminho.

Harry notou o cansaço de todos e encerrou o expediente.

— Podemos terminar isso amanhã pela manhã. — Sugeriu para os demais, sinalizando para Hermione que cobria um longo bocejo.

— Claro! — Theodore levantou-se e se despediu, carregando consigo algumas pastas de seus casos em aberto.

Rony esperou mais alguns minutos e saiu pouco antes de Hermione e Harry.

— Gina disse que você pediu ajuda para comprar um vestido. — Comentou Harry enquanto fechava a porta do escritório e acenava para um auror que passava. — Casamento do Zabini?

Hermione distraída apenas sacudiu a cabeça.

— É nesse final de semana.

Harry sacudiu a cabeça e soltou um leve assovio.

—Draco não disse que vinha te buscar?

Hermione parou no corredor e praguejou algo realmente ruim, pois uma senhora que passava ali olhou-a ofensivamente. Seguiu até Harry e explicou a situação sobre o casamento, queria aparecer tão perfeita quanto a noiva, para mostrar que era digna de aparecer ao lado de Draco. Mas queria surpreender o marido, também.

— Vá encontrar a Gina, explico para o Malfoy que você teve um imprevisto. — Abraçou Hermione que repetiu o agradecimento até que o elevador desaparecesse.

***

— Quem aquela Sonserina pensa que é?! — Gina exclamou em alto e bom tom para toda a cafeteria ouvir.

Já haviam escolhido o vestido que Hermione usaria no casamento, Gina ajudara e mostrara tantos modelos diferentes que no fim quase foram expulsas pela dona da loja por demorarem tanto. Saíram com as mãos cheias de sacolas, eram compras, afinal de contas, e sair com uma sacola fazia daquilo apenas um passeio.

Pararam então numa cafeteria trouxa para que pudessem se aquecer antes de despedirem-se. O lugar estava quase vazio, seis ou sete pessoas espalhadas entre as mesinhas, incluindo os dois rapazes que trabalhavam no lugar.

— Gina. — Hermione murmurou após receber olhares das pessoas a volta.

— Não tem essa de Gina, você é a esposa dele. — Retrucou novamente antes de segurar a xícara de chá. — Preciso ir ao banheiro. James está apertando minha bexiga de novo.

Hermione colou a xícara de café aos lábios para não rir da irritação da ruiva. Já era a terceira vez que Gina corria no banheiro em menos de uma hora, James era o culpado, de acordo com o médibruxo, já era um garotão mesmo faltando um mês e meio para nascer.

— Já que você é a única de nós que ainda pode transar, por que não veste um daqueles “modelitos” que compramos? — Gina ainda estava longe da mesa e falava como se estivessem sozinhas em casa. — Tenho certeza de que Draco adoraria aquele verde.

Hermione corou tanto que sentiu seu rosto arder, dois homens que possivelmente bebiam conhaque — a cor assemelhava-se à bebida — cochicharam e soltaram uma risada nada discreta.

— Gina! — Ralhou furiosa. — Será que pode falar baixo?  De que era o chá que você bebeu?

— Não tenho certeza. Mas você sabe que eu tenho razão! — Sentou-se novamente, quase derrubando a mesinha com a barriga. — Vá se trocar logo, vou pedir algo alcoólico para você e depois podemos aparatar.

A sacola de papel estava do seu lado, a renda verde ainda com cheiro de nova pedia para ser inaugurada. Olhou para Gina que já levantara a mão para chamar o garçom e decidiu que estava na hora, queria aquilo desde que Draco a beijara pela primeira vez, mas tentava convencer a si mesma que era errado.

Quer saber? O que tenho a perder?!

Levantou-se num salto e agarrou a alça da sacola.

Antes de entrar no banheiro conseguiu ouvir Gina comemorando com uma “é isso aí” bem alto e divertido.

Trancou a porta do banheiro e ficou olhando-se no espelho, o rosto pálido e sem graça não lhe surpreendia. Tinha saído de casa sem passar maquiagem alguma e agora queria fazer uma surpresinha para Draco, tinha de ser melhor que aquilo.

Coragem!

Despiu-se de toda a roupa que usava e tirou da sacola as peças verdes, vestiu-as e observou sua imagem por um breve momento. Com certeza ficava bem naquele tom. Vestiu novamente suas roupas e soltou o cabelo, apertando-o com os dedos para tentar dar algum movimento aos fios marcados pelo elástico.

Muito melhor.

Antes de sair do banheiro, duas batidinhas fizeram-na abrir apenas um fresta. A mão com unhas pintadas de vermelho de Gina esticou-se para dentro, segurando um batom.

— Você vai precisar! — Foi só o que disse antes de deixar a amiga terminar de se arrumar.

O tom de rosa não era chamativo, mas dava certa cor e vivacidade ao seu rosto. O resultado ficou realmente bom, surpreendente para quem estava com poucos recursos. Quando voltou para a mesa, duas doses de uísque lhe aguardavam, virou os copos e segurou a tosse que queimava sua garganta.

— Você vai ficar bem? — Perguntou a Gina que sacudiu a cabeça e sinalizou para que fosse embora. — Até mais.

Pegou o casaco do gancho ao lado da porta dupla de vidro onde o deixara assim que entrou na cafeteria, abriu a porta e tempo de ouvir Gina gritar a pleno pulmões:

— Faça ele gritar seu nome!

Quando desaparatou em casa sentia o rosto corado, Gina era sua melhor amiga, mas também a pior delas. Sorriu pouco antes de entrar em casa e fechar a porta.

Draco não estava na cozinha ou na sala, nem no escritório. Enquanto subia as escadas teve tempo de pensar um pouco melhor em como faria tudo, mas não havia bolado nenhum plano quando o encontrou. Draco descia as escadas que levavam para a biblioteca, e sorriu ao vê-la.

— Você e a ruiva foram fazer compras numa loja vinte e quatro horas? — Perguntou displicente, movimentando um livro grosso. — Potter me disse que era a noite das garotas, ou algo parecido.

A coragem estava desaparecendo, como fumaça, tinha de agir. Cortou a distância entre seus corpos em poucos segundos e juntou seus lábios com pressa.

— Parece que alguém sentiu a minha falta. — Comentou com um sorriso de tirar o fôlego.

— Ora, cale a boca. — Hermione voltou a puxá-lo para um beijo apressado, já passando os braços pelo pescoço de Draco.

Com movimentos habilidosos, passou as mãos para a camiseta de Draco, puxando-a para cima até que pudesse jogar a peça no chão. Tirou o próprio casaco e deixou-o juntar-se a camiseta, isso tudo, sem interromper o beijo agressivo e prazeroso.

Draco estava seguindo os movimentos, até mesmo ajudou-a a tirar a blusa e o cachecol que resolveu se enrolar repentinamente em seus pés quando tentou miseravelmente dar dois passos em direção ao quarto. A perna de Hermione buscou sua cintura e quando tirou-a do chão buscou a parede como apoio e passou a beijá-la no ombro enquanto seus quadris colidiam.

— Adorei a cor. — Comentou puxando a alça do sutiã alguns centímetros para cima, antes de voltar a beijá-la.

Ajeitou-a em seu colo para poder seguir em direção a cama sem soltá-la, o que era desnecessário, pois não conseguiria. Hermione parecia bastante decidida desde o momento em que a viu subindo as escadas, estremeceu e teve certeza de que não poderia parar ou interromper. Atravessou o quarto com habilidade, e antes de chegar à cama virou-se para que caísse de costas com Hermione por cima de seu corpo.

— Não vai se sentir culpada por estar traindo seu marido comigo? — Conseguiu perguntar enquanto Hermione enrolava os dedos no cós da sua calça de moletom.

Sedutoramente Hermione levantou o rosto afogueado e sorriu.

— Você é meu marido. — Inclinou-se para beijá-lo uma vez. — Nada vai mudar isso!


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Notas finais do capítulo

Hey, pessoas. Como estão? Agora me digam o que acharam desse capítulo!
Até



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