Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 15
Capítulo quatorze




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— Eu havia esquecido completamente do casamento. — Dizia Hermione enquanto lançava o cachecol em um dos diversos ganchos ao lado da porta. Draco a seguida de perto, despindo-se do casaco pesado de cor escura. — Tenho certeza de que o guardei na biblioteca, em alguma gaveta da escrivaninha.

Draco suspirou em meio a uma risadinha.

— Só basta descobrirmos em qual delas.

Hermione virou-se para fita-lo, mas os olhos de Draco já estavam focados em seu rosto corado pelo frio. Cruzou os braços sobre o peito em desafio, o marido era tão bagunceiro quanto ela mesma, que ao menos mantinha a bagunça escondida nas gavetas.

— Quem foi mesmo que precisou de ajuda para encontrar as anotações no meio da bagunça do próprio escritório? — Arqueou a sobrancelha e sorriu como quem acabara de vencer uma guerra. — Admita, se não fosse por mim você estaria perdido dentro da própria casa.

Draco sacudiu a cabeça em concordância, mas não aceitaria ser difamado daquela forma.

— Então vamos apostar, Granger. — Aproximou-se como um felino, sensual e lentamente até que pudesse segurá-la pelas lapelas do blazer. — Acha que pode encontrar o convite de casamento antes de mim?

Hermione deu um passo à frente, levantando o rosto até que seus lábios tocassem-se dolorosamente — apenas um roçar de peles. Torturante, agoniante e irritantemente convidativo.

— Não acho, tenho certeza! — E dito isso afastou-se com pressa, subindo as escadas pulando de dois em dois degraus para chegar a sua biblioteca antes do marido, tinha de ter ao menos um pouco de vantagem.

Os passos de Draco subindo as escadas seguiam-na com certa distância, mas ao pisar na biblioteca foi tirada do chão e soltou um grito engasgado numa gargalhada e, instintivamente sentiu-se tentada a desistir de procurar o envelope e apertar-se mais nos braços firmes do marido.

— Trapaceando, Granger? Jamais pensei que fosse capaz de algo assim. — Apertou-a um pouco mais contra seu corpo antes de afrouxar o toque e soltá-la por completo. — Nada de varinhas!

Hermione franziu a testa, mas tirou o objeto de um bolso interno e entregou ao marido que imitou-a em questão de segundos.

O envelope que cotinha o convite, contudo, não estava em nenhuma das gavetas que Hermione olhara e depois de algum tempo revirando papéis e pastas simplesmente desistiu da busca e jogou-se na poltrona mais próxima.

Draco, entretanto, estava entretido nos documentos que vez ou outra passava os olhos por cima. Hermione estava em grandes apuros no Ministério e a culpa era sua, pois fizera com que a esposa desaparecesse por semanas do trabalho sem dar notícias. “Abandono de cargo” era o que estava escrito nos diversos processos já assinados.

— Por que Potter, Weasley ou o ministro ainda não se mexeram para dar fim nessa baboseira toda? — Sacudiu os papéis para que Hermione entendesse do que falava. — Pensei que fossem influentes dentro do Ministério, heróis de guerra ou coisa parecida.

— Eles não têm poder algum quanto a isso, é um processo aberto com razão e coerência, só posso aceitar e seguir em frente até ser chamada para o julgamento. — Explicou brevemente. — Não estou preocupada com isso, de qualquer forma.

Draco sabia que era mentira somente pela forma tensa que tentou parecer despreocupada, os lábios comprimidos numa linha reta e fina a denunciaram. Ele entendia mais do que qualquer outra coisa tudo o que estava em jogo com aquele processo, Hermione poderia muito bem ser exonerada e perder a carreira que tanto sonhou em conquistar.

— Mas tem alguma chance de eles decidirem...?

Hermione levantou-se num pulo agitado.

— Sei onde guardei o convite do Blás! — Desceu as escadas deixando Draco sem uma resposta, mas esta estava implícita.

Dessa vez não precisaram vasculhar nenhuma gaveta, o convite em papel verde claro servia de marcador de páginas do livro que Hermione estava lendo, deixado, portanto, em seu quarto sobre a penteadeira.

— Aqui está! — Exclamou satisfeita por ter se lembrado e entregou à Draco que entrava no quarto.

O convite era sofisticado, o envelope completamente prateado com o nome “Malfoy” escrita em preto com a caligrafia mais rebuscada do mundo, provavelmente de Astória já que Blásio se recusava a caprichar até mesmo na própria assinatura, tornando-a ilegível na maioria das vezes.

— Segundo final de semana de fevereiro. — Constatou lendo o convite com algumas marcas florais em relevo na borda do papel-cartão. — Isso é na próxima semana!

Hermione aquiesceu.

— E eu vou ser o padrinho! — Surpreendeu-se com a intimação escrita à mão, dessa vez por Blásio, no canto inferior do papel. — E você?

— Astória achou que a irmã, Dafne, ficaria melhor do seu lado. — Completou a contragosto, deixando clara a insatisfação quanto a ser deixada na plateia quando Draco estaria ao lado de outra mulher. — Ao menos foi gentil em me convidar, não acha?!

O sarcasmo significava apenas uma coisa: perigo. E para entender que caminhava sobre ovos não precisava conhecer Hermione, a insatisfação e até mesmo o ciúme ficara explicito na voz que aumentara algumas oitavas quando entraram no assunto. Para tentar amenizar a situação, aproximou-se e segurou-a pelos ombros ternamente, não seria correspondido se a abraçasse, Hermione apertava os braços cruzados contra o peito e por nada os afastaria dali.

— Vou ficar ao lado dela por alguns minutos, mas ficarei do seu pelo resto da vida. — Subiu as mãos dos ombros para o rosto da esposa. — Tenho certeza de que vai estar mais bonita que qualquer uma das bruxas, sempre está!

Os braços de Hermione relaxaram e descruzaram-se, aproveitando o movimento para enroscarem-se na cintura de Draco.

— Incrível! — Murmurou e contemplou a confusão se espalhar pelo rosto do marido. — É incrível que você sempre saiba dizer a coisa certa. Acho que é trapaça!

Sorriu aliviado. Mais uma situação de “risco” contornada com sucesso! Mas por quantas dessas situações já passara em dois anos de casados? Hermione não fazia o tipo de mulher insegura ou frágil, por isso, imaginou que fora mais uma das raríssimas vezes que tivera de tomar cuidado extremo com as palavras.

— Não é trapaça. — Reclamou enquanto escorregava a mão para a nuca de Hermione, facilitando um bocado quando a trouxe para seus lábios prontos para o contato.

Fora um beijo sôfrego, que ansiava por mais e mais e mais a todo o instante, jamais seria o suficiente se parassem. Necessitavam do toque frio de suas peles ainda castigadas pelo sopro gélido para que se esquentassem nos braços um do outro, lenta e deliciosamente. Draco puxava-a para de encontro ao seu quadril cada vez mais forte, apreciando os gemidos e grunhidos que Hermione soltava em sua boca.

O caminho que tomavam se tornava rapidamente numa estrada de mão única, Draco só não sabia se era o momento certo para isso. Hermione dissera que sentia como se estivesse traindo o homem com quem se casara, e não queria fazê-la sentir-se mal depois.

Não suportaria.

Separou-se dos lábios de Hermione para buscar a razão, mas perdeu o pouco que conquistou quando ela passou a beijá-lo e suga-lo no pescoço e ombro enquanto seus dedos ágeis e pequenos desabotoavam a camisa social.

Pare! Pare! Pare!

Sua cabeça berrava, mas a mensagem não chegava sequer a ser compreendida. Não poderia nem mesmo dizer qual era seu nome quando Hermione o tocava daquele jeito, tão decidida e... Pare, Draco!

— Herm... mione! — Suspirou e segurou-se à sanidade mais uma vez.

Os beijos e a mão passeando por seu corpo não pararam, teria de impedi-la, mas como quando mal conseguia falar sem parecer estar fora do controle?!

— Hermione, nós n-não... Não podemos. — Completou depois de muito esforço, mas não foi ouvido.

Vendo que Draco parecia receoso, Hermione acabou por tirar a própria blusa e aconchegar-se um pouco mais contra o corpo do marido, para poder chegar ao botão da calça. Não pensava. Sua cabeça parara de trabalhar depois de ouvir de Draco que ficariam juntos o resto da vida, fora tão ridícula pensando que poderia ser ofuscada por Dafne Greengrass.

Que bobagem!

Ficou surpresa quando Draco a segurou pelos pulsos com brutalidade e acalmou o beijo até que suas respirações se recompusessem, o que demorou alguns minutos para acontecer. Com as testas coladas começou a entender o motivo de ter sido impedida de continuar, estava indo rápido demais, até mesmo para Draco que jamais negaria sexo.

— Desculpe... — Disse com a voz baixa enquanto ainda recuperava o fôlego, mas um sorriso crescia em seus lábios.

Ficara se fôlego! Draco estava sem fôlego! Quanto tempo fazia que não sentia-se assim? O rosto queimava, as mãos coçavam pedindo por mais, os lábios inchados e vermelhos sentiam falta do toque.

— Não. — Draco respondeu compartilhando o sorriso. — Eu só... — Suspirou. — Eu só não conseguiria parar se continuássemos!

Com os olhos abertos Hermione fitou os cinza-tempestuosos de Draco.

— Por que está me olhando assim? — Quis saber, a voz ainda soando rouca.

— Assim como? — Colocou espaço entre seus corpos, aproveitando para fechar a camisa de Draco, botão por botão.

— Como se estivesse surpresa! — O movimento foi rápido, abaixou-se e segurou-a no colo, fazendo com que as pernas longas enroscassem-se em seu quadril. Inclinou-se e roubou um beijo rápido. — Tenho certeza de que já fizemos isso muitas e muitas vezes.

Hermione envolveu os braços no pescoço do marido e expandiu o sorriso. Como era possível que ficasse tão confortável nos braços de alguém? Como nunca cansava daquilo? Já fazia dois anos que estavam casados e simplesmente continuava se apaixonando a cada dia por Draco Malfoy.

— Ainda podemos acrescentar algumas “muitas e muitas e muitas vezes” nessa frase. — Soltou um gritinho quando Draco jogou-a na cama e deitou-se por cima, beijando-a lentamente enquanto puxava os cobertores para cobrir seus corpos.

Draco beijou-a mais uma vez e jogou-se para o lado, ficando de frente para Hermione. De baixo do cobertor quente seus dedos se entrelaçaram, assim como as pernas que pareciam duas serpentes enroscadas em um nó cego.

Não lembrava-se mais quando fora a última vez que tivera uma tarde tão maravilhosa ao lado de alguém, claro que se lembrasse de mais alguma coisa sobre a sua vida saberia a resposta, mas Draco estava se divertindo com Hermione deitada na sua frente contando sobre algumas experiências e até lembranças como jamais imaginara. E em alguns momentos parou para analisar a mulher seminua esticada na sua frente: tanto o sorriso quanto a risada eram contagiantes; os olhos avelã lhe deixavam preso como um animal em uma armadilha; as mãos pequenas que lhe acariciavam causavam leves choques por todo seu corpo e começou a entender o motivo de ter se casado justo com a sabe-tudo Granger.

—... E então você me empurrou para suas costas e pegou a varinha, precisei segurá-lo e mesmo assim acabou trocando azarações com aquele bruxo. — Dizia Hermione, que interrompeu-se ao notar o modo que o marido a encarava, absorto em pensamentos. Sequer a escutara, tinha certeza de que estava falando sozinha. — Estou falando muito?

Draco sacudiu a cabeça e repreendeu-se mentalmente por continuar listando motivos quando o verdadeiro estava bem na sua frente, uma união de tudo que mais gostava... Que mais amava, numa só pessoa.

— Jamais! Estava apenas divagando. — Fechou os olhos e puxou-a pela cintura até que pudesse senti-la tocando-o, num abraço sem espaço para duvidas, arrependimentos ou insegurança. — Na verdade, tentando entender como você foi se apaixonar logo por mim...

Hermione segurou-o pelo rosto e fixou o olhar nos olhos de Draco, como se fosse passar por ali tudo o que sentia e não podia pôr em palavras. Sorriu, mas voltou a ficar séria e beijou-o lentamente, com tanto sentimento e paixão que apertava seu peito com intensidade. Enrolou os dedos no cabelo loiro e platinado de Draco, os fios macios fizeram cócegas na palma de sua mão e continuou com o carinho, observando-o suspirar de olhos fechados. Aproveitava o toque com prazer.

Não tinha de pensar ou buscar na mente como fora se apaixonar por Draco, surpreendente não tinha explicação para aquilo, apenas o amava da maneira mais simples e certa que existia e era tudo do que precisava saber.

— Eu te amo. — Disse em resposta assim que seus lábios deixaram os de Draco. — Entendeu? Eu te amo.


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Notas finais do capítulo

Eles estavam precisando de um momento assim, não acham??
Me contem o que estão esperando dos próximos capítulos, e lembrem-se de que críticas constutivas são bem vindas! Quero a opinião de vocês.
Até logo