Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 14
Capítulo treze




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O jantar, mesmo que não tenha sido surpreendente, fora ótimo e agradável de uma forma que Hermione jamais imaginou ser possível. Draco perguntou sobre seu dia e também sobre o andamento da missão, pareceu realmente interessado e opinou em determinados pontos. Contou depois, animado, a forma que tinha ajudado um paciente de apenas dez anos que enfeitiçara a si mesmo com a varinha do irmão mais velho.

— Sempre gostei de vê-lo em ação! — Soltou Hermione no momento em que a sobremesa chegara. — Você parece outra pessoa, é como se não existisse nada ao redor e só o que importa é aquela vida. Sei que não tem como saber, mas fico tão orgulhosa e apreensiva toda a vez que o observo.

Draco fitou-a sem resposta, mas depois de breves segundos, repensou.

— Quantas vezes já me disse isso?

— É a primeira vez, creio que já estava na hora de saber. — Usou o garfo para cortar a torta de chocolate.

— Não sei se já disse isso, provavelmente algumas vezes, mas... Veja bem, recentemente eu lembrei de alguma missão sua da qual participei e você expressou a maneira que me vê. Me sinto orgulhoso quando lembro daquela cena, você duelando contra um casal de comensais enquanto afastava uma trouxa da batalha. — Suspirou, deixando que as lembranças da guerra invadissem seu peito. — Sou um cara sortudo.

Hermione sorriu e disfarçadamente secou a lágrima antes que irrompesse pelo canto do olho.

— É a primeira vez que me diz isso. — Murmurou e tratou de bebericar o vinho tinto. — Podemos ir? Acho que estamos precisando de ar fresco.

Draco tirou da carteira as notas trouxas, e deixou junto do livreto com as anotações de seus gastos. Sorriu e esticou a mão para Hermione, ajudando-a como o verdadeiro cavaleiro que sua mãe criara.

O vento soprava forte naquela noite, mas não impedia casais de caminharem juntos e abraços pelas ruas do centro da cidade. Draco assim que pisou fora do restaurante passou o braço pela cintura de Hermione e levou-a para junto de seu corpo, não achava o cachecol e tampouco os casacos de inverno suficientes.

— Por que precisávamos de ar fresco? Está congelando aqui. — Bufou para a nuvem de vapor condensado que dissipou-se no ar.

Hermione olhou-o com severidade, mas corou. Esquecera-se de que Draco não se lembrava daquela “técnica” que criaram juntos no inicio do namoro

— Porque no restaurante tínhamos uma mesa nos separando...

Draco olhou-a de esguelha e riu.

— Isso é uma daquelas coisas que eu devia lembrar, né?! — Sacudiu a cabeça, abobalhado. — Tem razão, me sinto melhor aqui.

E dito isso, apertou-a um pouco mais contra seu corpo para enfatizar que gostara daquela “técnica”.

Atravessaram então um parque iluminado somente pelas luzes nos postes e da lua que escondia-se por trás das nuvens vez ou outra. Outros casais fizeram o mesmo caminho, talvez por poderem trocar beijos e carícias sem serem incomodados. O vento sacudia as árvores e cachecóis, levando consigo arrepios de quem não esperava pelo sopro gélido.

Drco observava de esguelha e com um sorriso a expressão severa de Hermione que lutava para não tremer ou deixar-se abater pelo frio, jamais admitiria que a meia calça não dava conta de lhe esquentar e muito menos que queria aparatar para casa. Era uma mulher forte que sabia lidar com todas as situações, sempre deixara isso muito claro. Talvez fosse esse um dos motivos de amá-la tanto...

Amá-la, o sentimento parecia tão correto e natural.

Não havia dúvidas de que se casara com Hermione por pura e espontânea vontade, lembrava-se de pouco, mas tinha certeza de que fora fisgado pelos olhos castanhos e personalidade incontrolável da esposa muito tempo antes de começar com os flertes.

— Por que está tão quieto? — Hermione perguntou, mordendo os lábios ressecados.

Draco parou de caminhar e virou-se para Hermione.

— Estava tentando me lembrar em que momento decidi tentar levar você para jantar. — O vento soprou entre os corpos separados. — Não sei dizer com exatidão, talvez tenha sido ainda em Hogwarts.

— Está brincando, não é?!

Delicadamente segurou as mãos enluvadas de Hermione e aproximou-se um passo. Ainda assim, estavam longe um do outro.

— Estou falando sério. Eu passei a respeitá-la depois daquele soco e claro, depois do baile de inverno...

— O quê? — Quis saber, ansiosa por mais informação.

— A admirá-la. — Tocou-lhe a bochecha com tranquilidade, sentindo a pele macia e o calor que contrastava com o frio. — Você está tremendo!

Hermione notou também que mordia os lábios.

— Não mude de assunto. — Protestou. — Continue, Draco.

— Certo. — Sacudiu a cabeça e riu. — É disso que estou falando, você é impossível. Acho que sempre vi você como um desafio, não me entenda mal, mas ter você era algo inalcançável... Às vezes ainda sinto que não consegui, talvez jamais conseguirei. — Umedeceu os lábios com a ponta da língua e suspirou. — Não quero explicar porque vou dizer alguma estupidez, você me conhece.

— Draco Malfoy me alcançou há muito tempo, quero que saiba disso. Está bem?

Segurou o rosto do marido entre as mãos cobertas pela luva de algodão e mostrou um sorriso sincero, cheio de emoção pelo que ouvira de Draco — que raramente demonstrava seus sentimentos tão clara e abertamente.

Surpreendendo-a, Draco inclinou o rosto e roubou um beijo rápido, o qual tornou-se profundo e apaixonado quando Hermione impediu-o de separar seus lábios. O movimento foi aceito por Draco, que aproximou-a pela cintura, abraçando-a da forma que tanto desejava desde o momento que abriu os olhos naquela manhã.

Separaram-se quando outra rajada de vento soprou-os com ferocidade, mandando que saíssem dali imediatamente. Hermione riu e tentou ajeitar o cabelo que tornara-se um ninho de pássaros, apontando para todos os lados de maneira desajeitada e desgrenhada.

— Vamos para casa! — Draco também ria, e segurou-a novamente pela cintura. Um gesto que não conseguia impedir, precisava tê-la por perto a toda instante.

Aparataram.

***

No fim de semana, Hermione rolou pelo colchão quando Draco sentou-se na beirada da cama, trazendo a xícara de café fumegante.

— Você não deve lembrar, mas costumávamos ficar na cama até mais tarde nos finais de semana! — Ronronou ao esticar o corpo inteiro e ouvir o estalar de seus dedos.

— Eu lembro, mas minha mãe gosta de acordar cedo e está nos esperando para um café em Hogsmeade. — Disse.

Hermione sentou-se num movimento brusco e assustado, como se tivessem sido pegos no flagra.

— Agora?

— Sinto muito! — Draco beijou-lhe a testa e levantou-se. — Saímos em quinze minutos.

Jogou-se na cama novamente, mas levantou-se poucos segundos depois. Não se atrasaria para um encontro com Narcisa, e tratou de vestir-se rapidamente, pois o cabelo sem dúvida lhe tiraria alguns minutos a mais.

Depois de vinte minutos passados — dentre eles cinco repetindo que faltava pouco — Hermione desceu e encontrou Draco jogado no sofá, lendo o Profeta Diário daquela manhã.

— Podemos ir. — Disse enquanto passava pelo marido, indo diretamente para os ganchos com casacos e cachecóis ao lado da porta. — Vamos, Draco. Estamos atrasados!

Draco acelerou o passo para alcança-la, rindo.

***

— Como assim Hermione estava grávida? — Narcisa inquiriu antes mesmo de o casal sentar-se, atraindo atenção de alguns bruxos que tomavam o café nas mesas próximas. — Quando pretendiam me contar?

Draco puxou a cadeira para Hermione e sentou-se ao seu lado.

— Precisávamos? A senhora, ao que parece, já sabia. — Usou o tom condescendente que irritava a mãe mais que tudo.

— Foi um colega seu, do hospital, quem me contou. — Ressaltou a indignação de ter ficado sabendo por terceiros. — Algo mais que preciso saber?

Hermione encolheu-se somente com a lembrança.

— Mãe, não é algo que gostamos de ficar relembrando a cada pessoa que aparece na nossa frente. É verdade, Hermione estava grávida, teve sangramento e... Enfim, tudo está bem agora! — Finalizou segurando a mão de Hermione e apertando-a gentilmente. — Foi pra isso que nos acordou num sábado?

Narcisa olhou para os dois e capturou os talheres.

— Na verdade, não. — Largou os talheres, indecisa. — Estou pensando em dar uma festa, um baile, por assim dizer, em homenagem ao casamento do seu amigo. Você sabe que o considero quase um filho.

— Zabini? — Hermione por fim se pronunciou. — Oh, o casamento!

Draco olhou-a e voltou-se para a mãe.

— Blás vai se casar? Com a Greengrass, certo? — Depois de receber a resposta afirmativa, se escorou melhor na cadeira. — Quando exatamente eles anunciaram?

Hermione engoliu em seco.

— Blás mandou uma carta avisando no dia em que você sofreu o acidente. — Para evitar o olhar questionador do marido, pediu licença e foi até o balcão fazer o pedido.

Narcisa analisou o filho de maneira metódica.

— Como é possível que você se lembre do anuncio e não se lembra de ter casado? — Bebericou o chá fumegante na xícara colorida pintada à mão.

Draco sacudiu a cabeça.

— Não sei, isso muda tudo. — Respondeu sem conseguir seguir uma linha de raciocínio. — Não faz sentido, ou talvez eu tenha lembrado disso inconscientemente, posso estar me lembrando aos poucos das coisas. E nem tudo é sobre meu casamento!

— Tudo é sobre seu casamento, querido. — Corrigiu-o carinhosamente, como fazia quando Draco era apenas uma criança. — Você se dedica a isso de tal forma, com tanta paixão que me surpreende Hermione não se sentir sufocada.

— Eu sei!

— Espero que tenha sido atencioso com Hermione quando ela descobriu sobre o bebê, mesmo que ela não quisesse, é algo que mexe com a cabeça de qualquer uma. — Ergueu a mão, pedindo por mais chá. — Agora, como vai o trabalho?


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Notas finais do capítulo

Re-postando. Houve um erro terrível, mas já o corrigi. Agora, pelos comentários, pelas recomenções, pelos favoritos, eu voto... Brincadeira. Digam o que acharam, lembrando que críticas são sempre bem vindas.
Até o próximo



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