Lembre-se escrita por Amanda


Capítulo 12
Capítulo onze




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— Vou desistir de ouvir um: “mãe, senti tanto a sua falta”. — Disse à Draco ainda paralisado ao lado de Hermione. — Como está querida?

Hermione aproximou-se e abraçou Narcisa, trocaram algumas palavras enquanto ainda mantinham uma distância bastante amigável e então abriu espaço para Draco.

Narcisa esticou os braços e esperou, recebendo um abraço e um beijo na bochecha.

— Hermione disse que estava viajando!

— E estava. — Gesticulava já dentro da casa, seguindo com elegância em cima dos sapatos de salto alto até o sofá. — Mas já adiei demais minha volta e precisava ver como você estava. Já recuperou a memória?

Dessa vez falou com Hermione que negou com a cabeça e sentou-se na poltrona, onde Draco tratou de escorar-se.

— Nada?

— Algumas coisas, mãe. — Explicou com os braços cruzados no peito estufado. — Ethan acredita que aos poucos vou recuperar a memória e tudo voltará a ser como antes. Viu? Está tudo sob controle!

Narcisa sacudiu a mão.

— Vou preparar... Chá? — Hermione levantou-se e olhou para Narcisa em busca de uma resposta, após a confirmação silenciosa seguiu caminho até a cozinha.

Draco empertigou-se.

— Sei que não veio só por minha causa, Hermione avisou que tudo estava bem, explique-se dona Narcisa. — Arqueou a sobrancelha, mas havia divertimento e curiosidade no tom que usara.

— Nunca deixa passar nada, não é? — Narcisa alisou o vestido longo, tirando fios imaginários da camurça verde escura. — Estou preocupada com Hermione, tem tentado ser agradável com ela? Não magoe a garota, Draco.

— Estávamos no divertindo bastante até a senhora apertar a campainha. — Murmurou a contra gosto.

— Não falo disso, e você sabe. — Conferiu se estavam sozinhos e continuou: — Não faça ou diga coisas que não conseguirá manter, Hermione é uma mulher e tanto, você mesmo disse isso. Mantenha-a segura de si mesmo, esforce-se para lembrar, querido. Sei que consegue!

Draco sacudiu a cabeça e baixou o rosto.

— Sou medibruxo, mãe, e como tal sei que passado duas semanas é difícil que a memória volte. Tenho poucos dias e não tenho certeza do que fazer depois disso!

O som inigualável de vidro quebrando ecoou e Narcisa virou-se para olhar a entrada da cozinha. Apenas uma sombra se mexia lá dentro e logo Hermione passou pela porta com uma bandeja nas mãos, deixou tudo na mesinha de centro e serviu as xícaras delicadamente.

— Faço isso, querida. — Narcisa disse e adoçou seu chá com uma pedrinha de açúcar. — Soube que está com problemas no Ministério, algo que possa fazer?

— Oh, infelizmente não. — Bebericou da sua xícara e deixou-a repousada sobre sua coxa. — Preciso aguardar o julgamento, ainda não marcaram a data, mas terei que me explicar. Harry já cuidou de tudo.

Draco sentou-se no braço da poltrona e apoiou a mão no ombro de Hermione, apertando gentilmente.

— O Profeta Diário tem publicado algumas notas e fiquei surpresa por processarem logo você por negligência. Deviam se envergonhar, uma heroína de guerra... — Narcisa inclinou-se para soltar a xícara.

— Não se preocupe, Cissa, tenho outras coisas na cabeça. — Assegurou, terminando seu chá, deixando passar o olhar de Draco.

***

— Foi ótimo sua mãe ter voltado antes para nos visitar. — Comentou do banheiro enquanto prendia o cabelo num coque desajeitado e lavava o rosto de toda a maquiagem que usara no inicio da manhã para disfarçar as olheiras, por exemplo.

— Realmente. — O sarcasmo em sua voz foi mais contido do que esperava; sacudiu a cabeça e começou a desabotoar a camisa.

Draco caminhou até o banheiro e parou atrás de Hermione que ao terminar de secar o rosto focou o olhar no reflexo do espelho. Sentiu os braços do marido transpassarem sua cintura e apertarem-na contra seu corpo duro e seminu, mas foi quando recebeu beijos no ombro que reagiu, batendo com o braço nos fracos sobre a pia.

— Droga. — Abaixou-se rapidamente, fugindo do abraço. Juntou tudo e ajeitou na bancada, saindo do banheiro antes que Draco tivesse a chance de voltar a segurá-la, sabia que não conseguiria se afastar novamente se fosse o caso.

Em passos apressados e nada graciosos aproximou-se da cama, deitando-se com velocidade sob os cobertores.

— Hermione? — Draco veio logo atrás, parecia surpreso e confuso. Mas no fundo, estava se divertindo com todo o constrangimento inesperado da esposa. — Está muito cansada?

— Muito mesmo, Draco. — Respondeu abafando um bocejo falso com a mão. — Theodore me levou numa missão que realmente me deixou exausta!

Sacudiu a cabeça e tirou a calça formal para sentar-se aos pés da cama.

— Se quiser posso fazer uma massagem...

Hermione encolheu os pés e sentou-se na cama, passando as mãos pelo rosto.

— Estou sendo ridícula, não é?!

Draco vestiu a calça de moletom jogada aos pés da cama e voltou a sentar-se no mesmo lugar.

— Quer me contar qual o problema?

Hermione levantou a cabeça e ficou observando-o atentamente, cada detalhe de seu rosto parecia estar diferente. Sacudiu a cabeça e baixou-a, olhando agora para suas unhas sem nenhuma pintura.

— Isso não vai dar certo, é como se eu estivesse traindo meu marido. — Contou com a voz trêmula e irônica, sabia o absurdo que falava. — Ouvi o que falou para a sua mãe, sobre não conseguir se lembrar de mais nada. Eu já sabia, ou tinha uma noção sobre isso. Mas não vou conseguir, Draco, porque preciso que volte pra mim.

— Sabe que isso tudo não é minha culpa, não é?!

— Claro que sim, é minha!

Draco levantou-se e cruzou os braços sobre o peito nu, caminhando sem rumo pelo quarto. Irritado.

— Por que sua? — Quis saber sem olhá-la.

— Porque eu aceitei leva-lo na missão, fui eu quem lhe pediu para participar. — Recitou confiante, como se já tivesse passado aquela frase várias vezes pela cabeça. — E agora preciso viver com isso, mas não dá. Não consigo!

Limpou os olhos agressivamente, controlando os soluços compulsivos que preparavam-se para pular da garganta no menor sinal de fraqueza. Estava tão arrasada com aquilo tudo, queria apenas acordar do pesadelo que sua vida se tornara desde aquela missão. Já era tarde demais para usar um vira-tempo, mesmo que conseguisse algum.

— Eu sinto como se tivesse destruído a sua vida, explodido tudo o que você era e deixado apenas fragmentos. — Escondeu o rosto nas mãos delicadas e não tão firmes quanto antes. — Estamos nos enganando, Draco. E você sabe disso!

Draco virou-se para encará-la, mas não disse nada, apenas ficou ali esperando por mais palavras. Estava recebendo-as como tapas, cada vez mais fortes e doloridos.

— Não quero força-lo a ficar numa relação quando nem sequer se lembra de ter casado comigo...

— Cale a boca! — Elevou a voz para poder organizar o pensamento, Hermione despejara aquilo tudo muito rápido. — Só me dê um minuto.

Draco saiu do quarto com a mão na cabeça e não pôde ver os soluços compulsivos que Hermione tentava a todo custo controlar. Queria parar de chorar, encontrar uma solução, mas não conseguia. Simplesmente era difícil demais aceitar que jamais o teria de volta, que as piadas internas haviam sido dizimadas e que todo o companheirismo destruído.

Saltou da cama no exato segundo em que Draco entrou.

Segurou a respiração como se estivesse esperando a resposta que mudaria a sua vida e suspirou quando Draco aproximou-se sorrindo maliciosamente e a colocou contra a parede.

— Que tal um jantar, Granger? — Perguntou mantendo-a em seu campo de visão, ansioso por limpar o rastro das lágrimas. — Nos poupe de mais uma recusa, sei que quer isso tanto quanto eu.

Hermione engasgou uma risada.

— Talvez quando seu ego diminuir... — Perdeu as palavras quando seus narizes se tocaram e o tão conhecido choque elétrico transpassou por todo seu corpo em ondas realmente prazerosas. — Malfoy!

Draco levantou ainda mais seu sorriso ladino.

— Diga sim, Granger. — Pediu aproximando seus lábios numa tortura extasiante. — Ou vou precisar repetir todo o jogo?

— Amanhã à noite e não se atrase. — Pontuou com dificuldade, já que seu peito subia e descia freneticamente.

Draco sacudiu a cabeça e sorriu, afastando-se com um impulso da parede. Aquela ideia fervilhou em sua cabeça quando Hermione cogitou a hipótese de terminar a relação, não queria fazê-lo. E talvez não devessem tentar continuar de onde pararam, mas começar tudo outra vez.

Precisavam de um começo.


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Notas finais do capítulo

Hey, eu sei que está curto. O próximo, se Mérlin quiser, será maior! O que acharam??
Até