Pov. Angélique:

—Tem certeza que quer fazer isso? - Conrad questionou ao meu lado enquanto esperávamos pelo voo que me levaria para Washington.

—Tenho.

—Então, me deixa ir com você.- ele pediu angustiado e sorri suave antes de virar para vê-lo.

—É algo que tenho que fazer sozinha.

—Angélique, não vá.- ele implorou suave e logo ouvi o alto falante anunciando o embrague para o meu voo.- Se você me ama de verdade esqueça isso e fique aqui.

—Não peça isso. Não me peça para escolher. Você não sabe como me senti incompleta todos esses anos por não saber a minha história, e agora que estou prestes a descobrir a verdade você quer que eu desista? Que espécie de pessoa você é para me pedir algo assim?

—Só estou tentando proteger o amor da minha vida de uma possível decepção.

—Não preciso de sua proteção.- disse seria antes de pegar minha passagem de suas mãos para seguir em direção ao portão de embarque.

—Espera Ang, não quero que você viaje brigada comigo.- Conrad pediu segurando meus braços enquanto me olhava nos olhos de uma forma intensa.- Me perdoa, por favor.

—Preciso ir.- disse fria enquanto me soltava dele.

—Ang.- ele pediu triste e sussurrei um adeus antes de caminhar para o embarque.

Deixá-lo ali sem olhar para trás foi a pior coisa que havia feito na vida, parecia que meu coração errava as batidas o que me causava uma dor insuportável no peito me impedindo de respirar adequadamente.

Enquanto chorava trancada no banheiro do avião senti um calafrio percorrer meu corpo e uma sensação ruim se apoderou de mim me fazendo tremer por inteira, para afastar tal sensação respirei fundo algumas vezes e lavei meu rosto com agua fria antes de voltar para o meu lugar tentando não pensar em mais nada, afinal aquilo não era nada.

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Ainda não conseguia acreditar que meu pai biológico era o senador Coleman, esse fato ainda era um pouco perturbador para mim. Mas seu título não iria me amedrontar, pois já havia passado 25 anos sem saber de nada e não iria permitir mais isso.

—Srta. Masen, o senador Coleman a espera.- a secretaria do senador me informou e agradeci antes de entrar em sua sala.

Assim que o vi parei de respirar. Mas podia acreditar que estava diante do home que havia me dado a vida, era emoção demais para uma pessoa só.

—Srta. Masen, tudo bem? - um rapaz por volta dos vinte anos questionou ao lado do senador.

—Sim, só estou emocionada em conseguir uma entrevista com o senador Coleman, afinal ele é um homem muito ocupado.- disse e o senador sorriu enquanto o rapaz me olhava desconfiado.

—De que jornal mesmo você disse que é? - o rapaz questionou desconfiado enquanto me olhava de cima a baixo, e naquele momento percebi que tínhamos a mesma cor dos olhos e dos cabelos.

—Deixe de ser desconfiado meu filho, a moça só está nervosa.- o senador disse e olhei com mais atenção para o rapaz ao seu lado que fazia o mesmo comigo.

—Benjamim, pode nos deixar a sós. Afinal, você já cumpriu seu dever de assessor de imprensa.

—Tudo bem, a senhorita dispõe de meia hora para a entrevista.- Benjamim informou e concordei antes dele nos deixar a sós.

—Acho que meu filho gostou de você.- o senador disse enquanto se dirigia a pequena mesa de bebidas que havia na sala e se servia de uma dose.

—Por que o senhor acha isso? - questionei nervosa e ele me ofereceu uma dose da qual aceitei, talvez o álcool me desse coragem para fazer a grande pergunta.

—Por que ele não parava de olhá-la assim como você não parava de olhá-lo.- ele disse antes de me entregar o copo.

—Eu tenho um namorado.- disse meio incerta antes de tomar o Bourbon de uma só vez. Afinal, depois da briga que tivemos duvidava que Conrad ainda iria querer algo comigo.

—Isso saiu mais como uma dúvida do que uma certeza Srta. Masen. Vivo dizendo para meu filho se divertir, mas ele é viciado em trabalho.- ele disse desgostoso antes de tomar outro gole de sua bebida.- Só queria que Ben vivesse o que não vive, afinal não pode aproveitar a juventude.

—E por que não senador? - questionei curiosa e ele sorriu.

—Por que sempre quis ser o presidente dos E.U.A, e para isso tive que abdicar de muitas coisas.- ele disse entregue ao passado.

—Teve que abdicar da filha que teve com Tessa Masen para chegar onde está hoje? - questionei de repente e ele me olhou chocado.

Até eu estava chocada com a minha ousadia, só podia ser obra da bebida.

O senador deixou seu copo de lado antes de vir até mim levantando-me do sofá de forma brusca.

—Quem foi que te contou isso garota? Foi aquela vadia? - ele questionou com raiva enquanto apertava meu braço com força.- Me diga quem te contou isso ou faço você sumir do mapa.

Não conseguia dizer nada, afinal estava chocada com a sua mudança de comportamento. Era como se ele fosse duas pessoas completamente diferentes.

—Acho melhor você abrir a boca, ou irá morrer sozinha.- ele me ameaçou com raiva, mas antes que eu pudesse falar algo ou ele pudesse cumprir sua promessa ouvimos alguém bater na porta.

Rapidamente o senador me largou e assumiu a sua fachada serena antes de autorizar alguém a entrar.

—Pai, o governador o espera para o almoço do partido.- Benjamim disse ao entrar na sala.

—Claro, já estou indo.

—Está tudo bem Srta. Masen? - Benjamim questionou preocupado assim que me viu.

Como não confiava em minha voz para dizer algo apenas acenei com a cabeça.

—Vamos Benjamim. E Srta. Masen, a nossa entrevista ainda não acabou, vou encontra-la novamente para esclarecermos tudo.- o senador jurou e peguei a minha bolsa antes de sair correndo dali e pensar no perigo que estava correndo, mas agora que havia começado não iria parar mais.

— Srta. Masen? - ouvi alguém me chamar enquanto andava pelos corredores do senado e parei para que Benjamim se aproximasse de mim.

—Me desculpe se meu pai foi rude, ele tem um temperamento difícil.

—Tudo bem.- disse ajeitando minha bolsa no ombro, um sinal claro de que estava louca para ir embora.

—E para recompensá-la, gostaria muito que fosse ao evento de caridade do partido, que acontecerá hoje a noite.- ele disse me entregando um envelope bege e pisquei confusa.

Era impressão minha ou meu possível irmão estava me paquerando.

—Acho melhor não.

—É apenas um convite Srta. Masen, sem segundas intenções. Talvez assim consiga terminar sua entrevista.- ele ofereceu e concordei.

Afinal, ainda não tinha feito todas as minhas perguntas ao senador.

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Assim que estava devidamente arrumada usando um belíssimo vestido azul escuro que ressaltava minhas curvas, sai do meu quarto e fui em direção ao carro que tinha alugado para usar enquanto estivesse em Washington.

Não demorou muito até que cheguei ao salão em que o evento de caridade estava sendo realizado.

Logo localizei o senador Coleman, que estava ao lado da esposa e do filho enquanto conversava com algumas pessoas.

Peguei uma taça de champanhe e tomei um gole antes de fazer um sinal para o senador me seguir, afinal tínhamos assuntos pendentes. Encontrei uma sala vazia e esperei o senador passar pela porta, o que não demorou muito.

—Tem muita coragem Srta. Masen de aparecer aqui depois de ter me afrontado hoje mais cedo. – ele disse serio antes de fechar a porta atrás de si.- Agora, esclareça as minhas duvidas garota. Como soube de Tessa Masen?

—Tessa Masen era minha mãe e você é o meu pai.- disse convicta e ele sorriu.

—Isso é mentira. Você não é minha filha.

—Por que acha que não sou sua filha? Segundo as amigas da minha mãe, você dois eram namorados no último ano do ensino médio.

—Aquela vadia mentirosa.- ele disse furioso antes de se aproximar de mim e me olhar atentamente.- Você só pode ser filha dela, as duas se parecem. Mas eu não sou seu pai.

—Por que acha que não?

—Por que a Tessa vivia na cama de qualquer garoto da escola, mesmo estando “comprometida”. E o que houve entre nós não era nada sério.- ele disse com desdém.

—Um “nada sério” que deu em mim. E não vou admitir que insulte a minha mãe morta de novo.- disse furiosa.

—Olha garota, quando Tessa me disse que estava gravida de mim, primeiro eu não acreditei dado ao histórico dela. Mas depois de muita insistência da parte dela, disse que não assumiria uma criança. Afinal, isso acabaria com o começo da minha carreira política. Então, dei um bom dinheiro a ela para que tirasse a criança, e ela me jurou que tinha feito isso. Mas no final, a vadia me enganou.- ele disse com raiva e perdi o ar.

Como ele podia ser tão frio ao falar de um assunto desses.

—Como pode sugerir isso para a minha mãe? Como pode querer matar a sua própria filha? Você é um monstro.- gritei entre lagrimas e ele me deu um tapa tentando silenciar meu ataque de fúria.

—Você não é nada para mim. E se acha que vou assumi-la publicamente como minha filha está enganada. Não vou deixar uma vadia como você acabar com tudo que construí durante anos. Antes disso acabo com você.- ele jurou enquanto olhava-o com raiva.

—Agora sei por que minha mãe não quis falar para ninguém quem era o homem que a engravidou. Por que um homem desprezível como você não merecia ser chamado de pai, eu não merecia ter um pai como você. E pode ficar tranquilo que será a última vez que me verá.- disse entre lagrimas antes de sair correndo daquele lugar.

Peguei o meu carro e sai em alta velocidade, pois tudo o que queria era ir embora daquela cidade.

Só queria que Conrad estivesse ao meu lado para dizer que tudo ficaria bem.

Pov. Conrad:

—Olhar toda hora para o telefone não irá fazer com que ela te ligue.- meu avô disse antes de me entregar uma taça de vinho tinto.

Era uma tradução familiar nossa tomar uma taça de vinho tinto após o jantar.

—Sei disso vô, mas já faz dois dias que ela está em Washington. Me arrependo todos os dias por ter ajudado Ang a achar o pai, tudo mudou depois disso.- disse tomando um gole do meu vinho enquanto via minha filha ter sua aula de piano diária com a minha avó.

—Você não pode pensar desse jeito Conrad, ela tem o direito de saber de onde vem, apenas se coloque no lugar dela.

—Sei disso vô. Mas não posso deixar de perceber o quanto ela se tornou obcecada por esse assunto. Se lembra de duas semanas atrás quando pedi que ficassem com a Connie para mim?

—Sim. Você disse que iria sair para uma noite especial com a Ang, pensamos que você iria passar a noite fora, mas ao em vez disso você chegou e bastante chateado.- meu avô lembrou e concordei.

—Tinha levado o anel de noivado da minha mãe para ser limpo pelo joalheiro um dia antes.

—Não me diga que...- meu avô sussurrou surpreso e concordei.

—Ia pedir a Ang em casamento naquela noite.

—E por que não fez isso?

—Por que percebi, enquanto ela falava sem parar no quanto queria saber quem era seu pai e se ela tinha irmãos, que eu não era mais o suficiente para ela. Que eu a havia perdido.- disse contemplando o vinho em minha taça.

—E se isso for verdade?

—Não sei o que farei sem ela, vô. Amo a Angélique de uma forma que jamais amei alguém. Esse amor só é ultrapassado pelo amor que sinto por minha filha. Se eu tiver que perder a Angélique, não sei se vou conseguir viver.- sussurrei com dor e meu avô começou a dizer algo, mas foi interrompido pelo toque do meu celular.

—Alô.- atendi sem saber de quem era o número.

—É o senhor Conrad Labonair que está falando? - uma voz questionou do outro lado da linha e senti um calafrio percorrer meu corpo.

Da última vez que alguém me ligou de um numero desconhecido e perguntou se eu era Conrad Labonair minha vida havia mudado da agua para o vinho.

—Sim, do que se trata? - questionei tremulo e ele respirou fundo antes de falar.

—Se trata de Angélique Masen.- ele disse com pesar e deixei o telefone cair antes de desmaiar no sofá, pois algo me disse naquele momento que algo de ruim tinha acontecido com ela e meu coração não suportaria uma confirmação.