Pov. Angélique:

Tentei durante dias conversar com Conrad sobre o que ele tinha me dito no atelier, mas ele sempre mudava de assunto querendo saber apenas sobre seus deveres como padrinho. Enquanto pensava em uma maneira de fazer meu amigo voltar a ser como era antes, minha tia e Hayley planejaram uma festa de despedida de solteira na casa de praia da família que ficava nos Hampton. Sempre passávamos as férias e as festas de fim de ano nesse lugar que era um verdadeiro paraíso na terra.

Os Hampton são uma zona balnear de luxo, distante apenas 80 quilômetros a leste de Nova Iorque, ao longo da costa sul de Long Island. Possui vários bares badalados, boutiques sofisticadas e praias de areia branca, é um local ideia para fugir do caos de Nova Iorque.

—Não acredito que você desconvidou o Conrad. - disse indignada enquanto Hayley ajudava minha tia no almoço.

—Acho que ter um homem como ele iria deixar as convidadas loucas. E além do mais nossa festinha será apenas para mulheres.

—Ele é meu amigo.

—Eu sei disso, mas ele pode fazer companhia para os meninos da família no restaurante da cidade. Parece que eles irão fazer uma festinha só deles.- ela explicou e olhei para minha tia.

—Tia.- implorei e ela suspirou.

— É uma tradição da família querida, e além do mais queremos que você se divirta pelo menos por uma noite.- ela pediu e suspirei derrotada, afinal não tinha mais o que fazer já que as duas não iriam mudar de opinião.

—Só espero não me arrepender disso.- murmurei antes de ir arrumar a mesa para o almoço.

Ao cair da tarde os meninos da família saíram de casa antes que ela fosse tomada por inúmeras mulheres e alguns gogoboys que foram contratados por Hayley para animar a festa.

Aproveitei que todas estavam distraídas com os gogoboys para fugir dali, afinal esse não era meu ideal de despedida de solteira.

 Na verdade, nem sabia se ainda queria me casar, estava me sentindo desesperada com a ideia de me tornar mulher de Peter. Era a primeira vez que admitia para mim mesma que estava insegura em relação ao meu relacionamento com Peter.

Sem perceber comecei a andar pela rua sem rumo e parei confusa em frente à casa de praia dos avós de Conrad que ficava duas ruas depois da casa dos meus tios. As luzes da casa estavam acesas, o que podia indicar que eles poderiam estar ali.

Decidida fui em direção a porta e toquei a campainha, não demorou muito para que ela fosse atendida.

—Ang. – a avó de Conrad disse feliz assim que abriu a porta.

—Olá dona Gloria, é bom vê-la.

—Entre querida.- ela disse abrindo espaço para que eu entrasse.

—Não sabia que a senhora estaria em Hampton.- disse surpresa e ela sorriu amorosa enquanto me levava para a sala.

—Jeremy passou dias falando a Connie sobre a nossa casa aqui, e ela nos implorou para vê-la. Acho que minha bisneta irá seguir os passos do avô.- ela confessou e sorri suave.

—O Conrad está? - questionei curiosa e ela sorriu.

—Está no quarto dele com a Connie.

—Será que eu, posso? - perguntei e ela sorriu surpresa.

—Claro que pode querida, você já é de casa Ang.- ela disse e agradeci antes de subir as escadas que davam para o segundo andar.

Aquela casa me fazia relembrar inúmeros momentos da infância e adolescência que passei aqui ao lado de Conrad. Momentos dos quais sentia muita saudade.

—Gostou do seu dia amor? - ouvi Conrad questionar a Connie assim que parei na porta do seu quarto.

—Foi muito legal pai. Podemos repetir tudo de novo? - ela questionou enquanto o pai a cobria.

—Claro que sim. Agora boa noite cupacke.- ele disse antes de beijar a testa de Connie.

—Boa noite papai.- ela sussurrou e beijou a bochecha do pai antes de abraçar sua boneca.

Assim que Conrad foi desligar a luz do quarto ele me viu e fiz sinal de que gostaria de falar com ele.

—O que faz aqui Angélique? - ele questionou com frieza assim que saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

— Preciso conversar com você. Estou tão assustada, não sei se estou fazendo o que é certo.- implorei desesperada.

—Não serei eu que direi isso a você.

—Por que está sendo tão frio comigo? - questionei confusa e ele sorriu sem humor.

— Por que Angélique Masen, tudo que desejo é que isso acabe para que eu possa sair de NY para sempre.- ele disse e pisquei atordoada.

—Você vai me deixar? - questionei entre lágrimas.

—Vou. Decide que voltaria para a França e meus avós irão comigo.

—Você não pode me deixar Conrad, somos amigos a vinte anos.

—Sei disso, mas não quero ter que acompanhar a sua vida ao lado do Peter, não sou sádico a esse ponto Angélique.

—Essa é a sua palavra final? - questionei entre lagrimas enquanto o olhava sério.

—Sim.

—Então não precisa adiar sua viagem por minha causa. Sua obrigação como meu padrinho acaba aqui assim como nossa amizade.

—Ótimo. Agora saia da minha casa.- ele pediu e lhe dei as costas sem dizer nada.

Tudo que queria era ir embora dali o mais rápido possível.

—Onde é que você se meteu? - Hayley gritou furiosa parando de recolher alguns copos espalhados assim que passei pela porta.

—Agora não Hayley.- pedi entre lagrimas antes de subir correndo para o meu quarto.

Me joguei na cama e enterrei meu rosto no travesseiro tentando abafar meu choro e meus gritos de dor.

—Ang, o que houve? - ouvi meu tio Theodore questionar enquanto entrava em meu quarto.

Devagar ele se sentou em minha cama e acariciou meus cabelos de leve me pedindo para que lhe contasse o que houve.

 - Conrad terminou a nossa amizade tio.- solucei assim que me sentei na cama.

—Querida, sinto muito por isso. Mas isso é compreensível, afinal sua tia me disse que ele é completamente apaixonado por você. E não deve ser fácil ver a pessoa que amamos com outro.- meu tio disso suave enquanto me oferecia seu lenço para que eu enxugasse minhas lagrimas.

—Isso não deveria importar, afinal ele jurou que estaria ao meu lado para sempre. Ele mentiu.- disse com dor e meu tio suspirou.

—Angélique, apenas pense e seja razoável. Conrad está sendo um homem honrado, pois está defendendo seus sentimentos e acho que está na hora de você pensar e defender os seus.- meu tio disse suave e pisquei confusa enquanto ele beijava minha testa antes de deixar meu quarto.

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O grande dia havia chegado e estávamos de volta a Nova York, mas apesar de tudo estar do jeito que sempre sonhei não conseguia me sentir feliz.

—Olhe só para você está tão linda. – minha tia disse sorrindo emocionada assim que me viu vestida de noiva.

—Obrigada tia.

—O que houve querida? Você parece infeliz. - ela disse preocupada.

— É impressão sua tia.- disse e dei um sorriso falso.

—Tia Ang.- Connie disse entrando no meu quarto e sorriu ao me ver.- Você está muito bonita.

—Obrigada. Você também está querida, e o seu pai? - questionei com esperança de que ele viesse.

—O papai não vem.

—Ele não vem?!- sussurrei com dor e me sentei em minha cama desolada.

Afinal, pensei que ele pudesse ter esquecido o que havia lhe dito na casa de praia dos seus avós.

—Está tudo bem tia? - Connie questionou preocupada comigo.

—Ela está querida, que tal você esperar lá em baixo com a tia Hayley enquanto converso com a Ang.- minha tia pediu a Connie que concordou antes de sair do quarto.

—Por que ele fez isso comigo?! Sempre estive ao lado dele quando mais precisou e quando é a minha vez ele me abandona?! Que espécie de amigo Conrad é?!- sussurrei inconformada enquanto minha tia sentava ao meu lado.

—Angélique, Conrad não está agindo como seu amigo. Ele está agindo como um homem que ama uma mulher, e quando um homem faz isso ás vezes ele é egoísta. E além do mais pelo que você me contou, ele deixou claro que não veria para o seu casamento.

—Eu sei tia, mas, achei que ele pudesse mudar de ideia.- disse com pesar e ela me abraçou com carinho antes de baterem na porta.

—Pode entrar.- autorizei assim que me separei da minha tia.

—Está na hora querida.- meu tio informou e concordei antes de enxugar minhas lagrimas e me levantar da cama.

Não conseguia perceber nada ao meu redor, pois só conseguia me concentrar no fato de Conrad está me deixando para morar do outro lado do mundo. Logo minha mente foi preenchida por tudo que vivi ao lado de Conrad, me fazendo pensar pela primeira vez no que realmente sentia pelo meu melhor amigo.