Azkaban era fria.

Fria e escura, como um pesadelo.

Fria, escura e solitária, sugando cada memória feliz, trazendo à tona as mais tristes, aterrorizando-o até que você desistisse do último fio de sanidade e se deixasse levar pela loucura, o que tornaria tudo mais fácil.

Sirius passou a mão encardida pelos braços, esperando se aquecer um pouco, pelo rosto, tentando espantar as lágrimas, e por fim estacionou-as nos ouvidos, torcendo para abafar os gritos desesperados da cela ao lado.

Um dementador passou pela frente de sua cela, ele se encolheu mais um pouco, e então começou tudo outra vez. As memórias de seus momentos mais felizes de Hogwarts, de sua era dourada, quando ele era feliz e sem preocupações, sendo sugadas, trazendo-lhe as piores à tona.

Sua mãe. Seu irmão. Remus, em seu julgamento, parecendo traído.

Ele sentia muito.

Por ter perdido a calma e ido atrás de Peter, por ter sugerido que ele fosse o fiel do segredo, por ter sido preso e ter que passar o resto da vida naquele buraco com nada além de seus pesadelos e sua própria companhia e os gritos dos loucos ao seu redor.

E ele sentia falta.

Muita falta.

Mas sua idade dourada já tinha passado.

Agora era a idade das trevas.