Homeless Heart escrita por Yasmusic98


Capítulo 1
Coração Sem Abrigo - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Testando em 5,4,3,2,e...

Foi? Foi! Finalmente guys, consegui postar O Hehehehe

Sério, a todos os que ficaram ontem a noite mil perdoes mais uma vez... Eu realmente cheguei em casa as 22:00 duas horas, mas por 5 vezes que eu testei postar, acusou como "token inválido", então eu deixei para tentar hoje de manhã...

Mas bem, onde estão meus modos:

Hey Guys! E aí como estão?
espero que estejam bem, porque vai mais uma One-Shor (Seddie, claro kkkk) quentinha pra vocês...

Então, eu realmente espero que gostem kkkkk

Sem mais delongas, Boa Leitura! :D

Nos vemos nos comentários ;p



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P.O.V Geral:

Nuvens cinzentas acumuladas no céu, galhos secos se debatendo contra o vento, e uma branca e espessa camada de neve que se estendia até onde os olhos podiam alcançar... O inverno realmente começara a mostrar a sua força naquela fria manhã em Seattle...

Pessoas passavam tão apressadas quanto as insistentes rajadas de ventos...Eram como folhas, sendo lançadas de um lado para outro apenas a espera de que a próxima brisa lhes mostrasse o caminho. Embora soubessem aonde deveriam ir, era preciso uma força maior para motiva-los a fazê-lo... Fosse sua insegurança, sua sobrevivência, suas ansiedades... O calor de suas expectativas era o que os mantinham aquecidos dia após dia naquelas frias manhãs de inverno...

Porém, nem todos eram capazes de manter vivo seu o calor interno... As vezes, quando se fica exposto a temperaturas extremas, é provável que em algum momento irá sofrer com lesões de intensidade. Mesmo, que de forma simbólica...

Em meio a massa de gente que riscava a avenida, encontrava-se uma bela loira caminhando vagamente entre a frenética multidão... Alguns de seus teimosos cachos loiros insistiam em escapar da touca, ao passo que seu pequeno corpo era condicionado a um espesso casaco de veludo... Nunca fora amante da moda pré-estipulada, por isso optara por um simples par de botas e um cachecol de lã para complementar seus acessórios...

Embora sempre chama-se a atenção por sua beleza inigualável e orbes cristalinos, a jovem moça sentia-se apartada das pessoas, mesmo que por diversas vezes, estivesse rodeada por elas... Estranha... Solitária... Em um mundo de reviravoltas, por vezes é melhor abandonar as expectativas e aceitar prontamente tudo aquilo que a vida tem a oferecer, independente do que seja... Sem Expectativas, não há frustrações. Por sua vez, se não há frustrações, não é necessário encarar as decepções...

Entretanto, é inútil pensar que permanecer isolado se refere apenas a aqueles que simplesmente desaparecem da face da Terra sem deixar pistas... A maior pista de um isolamento, é a presença que se torna ausente... E Samantha Puckett, sabia muito bem disso. Afinal, sempre conviveu em um mundo apartado dos demais, embora sempre estivesse entre eles.... Mas de uma coisa, ela tinha certeza: Engana-se quem pensa que solidão é estar só...

Embora jamais imaginasse que fosse ingressar nesse ramo, a loira descobriu ainda na adolescência a sua habilidade com vendas, após chamar a atenção de uma gerente ao convencer uma senhora sem o mínimo esforço a adquirir um PearBook... Desde então, foi-lhe oferecido o cargo de gerente de marketing na filial da Pear Company de Seattle... De fato, esse não era o seu emprego dos sonhos. Mas lhe permitia pagar uma personal chef, então ela jamais iria reclamar disso...

E por em falar em Pear Store, quando bom era o tempo em que trabalhar resumia-se apenas a uma desculpa para provocar e passar mais tempo com seu melhor amigo e ex-namorado, Freddie Benson... Embora tenham sido introduzidos na mesma companhia, ambos evoluíram em cargos distintos.O jovem nerd, que atualmente abandonara suas feições de garoto e passara desenvolver traços traços mais adultos e viris, se tornou aquilo que sempre sonhou: um engenheiro eletrônico, mais especificamente falando um dos principais responsáveis pelo desinger e funcionamento da maioria dos produtos Pera... O rapaz trabalhava diretamente na fábrica na companhia, que embora não estivesse no mesmo local que sua filial, também não se encontrava distante dali...

— Bom dia Senhorita Samantha! - Wendy, a recepcionista estagiária, retirou a jovem gerente de seus devaneios sobre os tempos passados.... Que na verdade embora o tempo passasse continuamente depressa, parecia que a loira realmente nunca havia saído de lá, ou se recusava a fazer isso... - Oh, bom dia Wendy - Respondeu ela distraidamente - Já disse que detesto formalidades, então não precisa me chamar de senhorita. Chame-me apenas de Sam, certo?

— Oh, sim, certo... Desculpe senhori...Quer dizer, Sam! O monitor Brad mandou que eu lhe entregasse essas pastas. Ele disse que parte da remessa do estoque que já deveria ter chegado está atrasada, por isso todos terão de trabalhar o dobro afim de suprir a cota da semana... - Explicou a jovem estagiária lhe estendendo a mão com dúzias e dúzias de documentos encadernados

— Eh... Trabalho em dobro... Wooo Hooo.... - Exclamou a dona das íris azuladas fingindo falsa empolgação... O que não lhe era muito difícil, visto que sempre tivera de fazer desde quando poderia se lembrar... - De qualquer forma, obrigada Wendy. Se precisarem de mim, o que eu espero que não, estarei no setor 7...

E reprimindo um longo suspiro, a loira adentrou no elevador vazio e permitiu-se deslizar pela parede até por fim ficar apenas recostada ao chão... Com os olhos fechados e o cenho franzido, ficara imaginado o quão longo seria aquele dia, e por mais que detestasse esse fato, ela sabia disso...

...

— Hey, Sam?! - A nomeada abaixou a tela de seu Pearbook e levantou o olhar para a voz que esta lhe chamando

— Sim?

— Brad disse que podemos fazer uma pausa, então Trina, Jade e eu vamos ao Groovy Smothie... Quer vir com a gente? - Era Griffin, seu colega do escritório... O rapaz possuía uma certa obsessão estranha por colecionar bichinhos de pelúcia, ou como ele preferia chamar, "figuras animadas de edição limitada". Embora a loira não visse nenhuma diferença entre
uma coisa e outra, preferia apenas concordar, visto que discutir daria muito mais trabalho.... Mas fora isso, ele era um bom rapaz...

— Qual é o especial de hoje? - Indagou ela começando a demonstrar interesse

— Trina disse alguma coisa sobre ser enroladinho de bacon, mas que é servido em um espeto de churrasco, eu acho...

— Não importa onde vão servir, já estou lá! - E levantando-se rapidamente, ambos seguiram em direção afim de se dirigirem a lanchonete...

Durante todos o caminho, todos conversavam entre si animadamente sobre as viagens, passeios e experiências que tiveram no final de semana, assim como quais eram os seus planos para os próximos e as noites que se seguiriam... Porém a loira ficara mais afastada do grupo, respondendo apenas aquilo que lhe era indagado... Não possuía histórias para compartilhar, visto que também quase não tinha quase ninguém com quem criar essas histórias. Por isso se limitava apenas a "segui-los", visto que por mais que estivesse com um grupo, não estava entre eles...

Os próximos minutos resumiam-se apenas em mais uma enxurrada de palavras por parte dos companheiros de trabalho, mas jovem porém apenas continuava em folhear as páginas do cardápio embora já tivesse lido as opções dezenas de vezes e de alguns já até havia decorado o preço... As vezes ria extravagantemente ao ouvir as peripécias que seus colegas faziam, ameaçou um garçom de usar uma meia cheia de manteiga para nocauteá-lo caso demorasse demais para atender os pedidos, e até mesmo tentou fazer o famoso garfo voador, o que arrancou diversas e longas gargalhas dos que estavam ao redor da mesa... Durante toda a refeição apenas agradecia a todos os elogios do quão naturalmente hilária ela era como pessoa, e também de como suas doses e mais doses de sarcasmo e ironia podiam criar um humor tão atraente... A loira respondia apenas que havia nascido assim, embora pessoalmente e no seu íntimo, não visse realmente graça no que ela própria fazia...

— Vejam só quem também está aqui, parece que todos resolveram vir para o mesmo lugar... - Um rapaz alto de cabelos louros escuros e franjados se recostou na mesa - Hey, Sam - Cumprimentou ele

— Hey, Brad...

— Não sei por que, mas eu já até tinha certeza de que você não recusaria uma pausa pra um lanche... - Exclamou ele em um tom brincalhão

— Ah, sabe como é... Quando o estômago te convida pra uma refeição, não se pode recusar! - Respondeu ela no mesmo tom

— Sábias palavras Puckett, sábias Puckett... E você Griffin? Por que essa cara de quem comeu e não gostou?

— Opa, se não gostou sem problemas porque em questão de comida, a mamãe aqui é especialista!

— Não, a comida até que está... - E antes que o rapaz pudesse terminar a frase, a loira amante de bacon sorrateiramente deu o bote em um dos enroladinhos de bacon do prato ao lado - Ei! Sua ladra de bacon!

— O que o espeto de bacon quiser, o espeto de bacon terá! - Exclamou ela triunfante, arrancando gargalhadas extensas de todos os presentes

— Sabe Sam, eu realmente admiro essa sua positividade e esse seu jeito despreocupado de ser... É difícil encontrarmos alguém que seja realmente feliz hoje em dia, então nunca mude, você sempre nos garante as nossas gargalhadas diárias... - Anunciou o jovem monitor, acompanhado por várias concordância uníssonas por parte de todos os presentes

— Oh, obrigada e de nada e eu acho... - Respondeu ela sem jeito e em um tom de riso

— Bem, agora tenho pro estoque... Alguém vem comigo?

— Nós vamos! - Responderam as meninas ao mesmo tempo

— Bom, então também vou... - Completou Griffin - Você vem, Sam?

— Podem ir indo na frente... Eu vou, sabe, pedir um lanchinho pra viagem, nunca se sabe quando a fome pode bater!

— Claro, eu já imagina... Então, nos vemos no departamento!

— Nos vemos lá!... - E em uma fração de segundos, todos desapareceram completamente em meio a multidão, e mais uma vez, ela se encontrava como sendo apenas mais um entre eles...

Assim como todos os dias, a loira descontraidamente praticava suas brincadeiras e peripécias. Ela brinca, eles riem... Mas assim que todos se vão e o show acaba, ela desaba de forma tão dura quanto poderia, pois não precisa mais fingir, apenas ser ela mesma...

Realmente, é verdade o que dizem. Aqueles que possuem os mais belos sorrisos, são os que carregam as piores traumas, traumas esses que não podem se expostos... Por que? Porque pessoas traumatizadas afastam os demais, e os próprios traumatizados, são os principais a terem ciência disso...

...

— Muito bem pessoal, expediente encerrado... Aqueles que quiserem sair, já estão liberados... - Anunciou o vice monitor assim que o relógio marcou as 17:00 horas... A loira salvou seus arquivos recentes, deslogou seu usuário, e soltou um longo suspiro de múltiplo significado... Parte dela estava finalmente satisfeita por estar livre do trabalho por aquele dia, mas a outra se amaldiçoava internamente por ter de passar mais uma noite imersa em seu imensurável desgosto...

— Hey Sam, assim que sairmos daqui nós vamos visitar o Shake It Up, um novo clube que abriu no centro de Seattle. Todos aqui do departamento também vão, então o que acha?

— É, eu até gostaria mas... Hoje a noite eu tenho um compromisso muito importante envolvendo meu corpo, o sofá, e uma maratona de 5 horas de Celebridades Debaixo D'água... E você sabe né, uma Puckett nunca quebra suas promessas! - Exclamou ela se espreguiçando

— Certo, certo, tudo bem... - O rapaz riu-se revirando os olhos levemente - Nos vemos amanhã então?

— Nos vemos amanhã...

— Então, boa noite loirinha! - Gritou ele andando em direção ao elevador

— Boa noite, semi bad boy! - Gritou ela em resposta

— Ei, espera... Por que semi?

— Cara, você coleciona bichinhos de pelúcia e tem um pinguim chamado Peter, que também é uma pelúcia! Até minha avó birutona ou como eu prefiro chamá-la, "J'mam-maw", é mais amedrontadora que isso! ... Sério, ela é metade humana e metade cavalo, tente concorrer com isso...

— Ha Ha Ha... Muito engraçado... Bem, tenho que ir, os já estão me esperando lá embaixo... Até amanhã, Sam!

— Até!...

E finalmente, ela estava sozinha novamente... Não que ela não valoriza-se um tempo privativo na companhia dela própria. Em diversas ocasiões, amava estar sozinha, porém detestava sentir-se só... Assim como não aceitava prontamente todos os convites que lhe eram estendidos, embora fossem em um certo número considerável, pelo simples fato de se sentir deslocada, como um peça que se vê obrigada a tentar se encaixar em um quebra cabeça ao qual não pertence...

As vezes nem sempre o silêncio traz as melhores respostas. Até mesmo a própria paz quando usufruída em excesso pode gerar a loucura... Por que então não poderia o silêncio gerar mais perguntas?... As vezes, apenas uma companhia em silêncio é o suficiente, e mais proveitosa do que mil falantes...

Por fim, já fora do seu local de trabalho, a jovem moça realmente pôde sentir o gosto do inverno, ao sentir na pele os índices de geada que anunciavam a chegada do anoitecer... Passando ao lado de inúmeros comércios, sentiu o cheiro flagrante de algo que julgava com sendo inconfundível:comida...

Fitou por alguns segundos uma cafeteria contemporânea, até que decidiu não seria um má ideia preencher-se com algo que lhe era realmente satisfatório. Afinal, o alimento era uma das poucas coisas que de fato a preenchia o íntimo, em ambos os aspectos..

Assentando-se em uma das mesas perto da vitrine da vitrine, o garçom gentilmente a serviu com um pedaço de torta tradicional de maçã e canela, acompanhada de um creme de confeiteiro caseiro e um capucchino tamanho médio... Embora a refeição estivesse primorosamente deliciosa, outra coisa lhe chamava a atenção: a agitação do mundo exterior... A forma que as pessoas vivenciavam sua vida despreocupadamente lhe parecia intrigante, e ao mesmo tempo oferecia o aconchego que a mesmo não tivera...

Já satisfeita com seus prazeres alimentícios, decidiu que ainda deveria andar mais um pouco... Nada além do nado lhe aguardava em sua moradia, por isso não via necessidade e nem urgência em querer voltar...

Em meio as dezenas de prédios que compunham a selva de pedra, um em especial lhe chamou atenção: o prédio da Daka Calçados, conhecido mundialmente como uma das fábricas de calçados mais bem conceituadas no mercado internacional... Vendo algumas luzes dos andares superiores acessos, a loira se perguntava se sua melhor amiga ainda estaria lá dentro... Sim, embora tenha tido algum problemas no passado ao tentar promover um tênis extremamente defeituoso que veio a ser conhecido como TechFoot, a morena resolveu novamente aceitar a proposta de agenciar os produtos da Daka, mas dessa vez, com suas condições... Com isso, Carly Shay se tornou mais do que bem sucedida em seu cargo de promotora em relações internacionais...

Cogitou a ideia de adentrar no estabelecimento e procurar pela morena, visto que a sua companhia era uma das poucas que moça prezava ao seu lado em diversas ocasiões... Porém, conteve-se ao concluir que não deveria atrapalhar o trabalho da amiga, embora a mesma dissesse que amava suas visitas repentinas... Os irmãos Shay's já a apoiavam, aturavam e a amavam o suficiente, até mesmo mais do que sua própria família, embora a mesma fosse obrigada a admitir amargamente que era incapaz de considerar aqueles que se diziam ser sangue do seu sangue como sendo parte de sua família...

Avistando um banco vazio, resolveu por fim sentar-se perto da praça, ignorando a densidade do frio... De lá, pudera observar coisas que jamais havia sentido na pele, e outras que jamais acreditava que tivesse a oportunidade de sentir outra vez...

Pais brincando com seus filhos em meio a neve, fossem fazendo bonecos, anjinhos, ou até mesmo uma mini guerra de bolas de neve... Mães de mãos dadas com seus filhos, dando-lhes atenção, socorrendo-os quando caíam, e cuidando de seus machucados que mais pareceriam ser curados com um simples abraço e apenas o poder de 7 palavras: "mamãe está aqui, vai ficar tudo bem"...

Casais de namorados passeando felizes, de mãos dadas, compartilhando um lanche, ou apenas desfrutando da companhia um do outro... Viviam como como se não houvesse amanhã, apenas aproveitavam cada segundos como o que realmente valesse a pena fosse apenas a intensidade do momento...

Todo esse clima incomodava profundamente a loira... Não porque ela invejava a felicidade alheia, ou detestava que outras pessoas fossem felizes... Pelo contrário, parte dela sentia-se melancolicamente em paz por ver que outros estavam usufruindo plenamente sua vida... Mas por outro lado, o desconforto que ardia dentro de si por nunca ter tido a oportunidade de vivenciar tais experiências que estava observando, era tão intenso quando os momentos que as pessoas ao se redor estavam colecionando...

Por que nunca teve a oportunidade de conhecer seu pai? Por que nem ao menos sabia seu nome, se ainda estava vivo, ou porque abandonara ela e sua irmã quando ainda nem eram capazes de armazenar suas próprias memórias?... Nunca fora amante da escola ou de seus atributos, mas quem ela levaria para apresentar á classe no dia da feira de profissões, lhe tiraria para uma dança no dia do baile, ou diria pelo menos um "você é o orgulho do pai" no dia de sua formatura?... Mas isso não importava mais de qualquer forma, visto que jamais poderia ser o orgulho de alguém que jamais quis realmente conhecê-la...

Por que não poderia ela então ter tido ao menos uma mãe presente, que não tentasse humilha-la a cada segundo, incuti-la de jamais seria alguém mesmo que quisesse, a depreciasse constantemente por não ser um prodígio igual sua irmã, ou que não estivesse ocupada demais colecionando telefones e alianças de seus ex-namorados? O fato de possuir um pai que não quis conhecê-la e que não se importava com a sua existência a perturbava, mas o fato que ter uma mãe "presente" que havia da mesma forma ou se não pior, a torturava mais ainda...

Nunca fora muito boa com gentilezas ou nos seus tratos com as demais pessoas, na maioria das vezes as amedrontava ou afastava com seu jeito de ser, o que incluía os rapazes... Quebrando o braço de um, empurrando outro, e insultando os demais, acabou criando um certo escudo em volta de si mesmo que não permitia que ninguém se aproximasse, embora na verdade a agressividade era apenas a forma mais viável que ainda encontrado para se expressar...

Sabia que jamais seria capaz de manter um relacionamento outra vez, visto que seu único namoro sério acabou mandando um de seus amigos para o hospital, quase enlouqueceu sua melhor amiga, provocou uma fúria sem precedentes naquela que seria sua futura sogra, e principalmente quase arruinou as chances de seu namorado ter um futuro brilhante... Embora sempre tivesse o perseguido a vida toda e fosse firmemente convencida em sua mente de que não importa o que fizesse jamais seria merecedora de ter Fredward Benson como namorado outra vez, ela o amava, e agradecia todos os dias pelo fato de que independente da todo o mal que ela lhe causou, ele ainda estava lá, ele ainda era seu melhor amigo. E por mais que a vida não lhe tivesse sido muito generosa na maioria dos aspectos, ela ainda assim era muito grata por isso...

E por mais que ela lutasse contra isso, o inevitável simplesmente aconteceu: conforme a noite ia caindo, lágrimas quentes também caiam e rolavam sobre seu rosto... Queimavam, ardiam, pesavam... Sentia-se ainda mais inútil por não contê-las dentro de si, quando muitos outros que viviam em situações lastimáveis mantinham um integro e singelo sorriso no rosto...

Dilacera, quebrada, destruída... Sentia-se como um espelho quebrado em milhares de peças... Simplesmente odiava-se por sentir-se assim, mas era algo que até mesmo a inatingível Samantha Puckett era incapaz de evitar... Muitas vezes, as dores da alma são piores que a do corpo...

— Sam? - Uma voz grave ecoou pelos tímpanos da loira, o que lhe intrigou por ser tão familiar... Porém, ela ignorou chamado, crente de que se tratava apenas da sua mente lhe pregando peças...

— Sam?... - Novamente, a voz lhe chamou pelo nome, porém dessa vez uma mão repousou sobre seu ombro... O toque a fez estremecer, causando um arrepio involuntário em sua espinha... Rapidamente enxugando alguns resquícios de lágrimas com a manga de seu casaco, a loira levantou o olhar apenas para encontrar um belo moreno fitando-a intensamente... Como já era de se esperar, ele usava um grossa e pesada jaqueta de couro, devido ao intenso frio que fazia naquela noite... Embora fina, a geada ainda era constante, por isso seus cabelos castanhos estavam cobertos por uma fina camada de neve...

— Fre-Freddie? O que faz aqui? Eu achei que estivesse no trabalho...

— Bem, já passam das 19:00 horas, então de qualquer forma eu já havia sido dispensado... Posso? - Indagou ele apontando para o banco

— Si-sim, claro... A vontade...

— Então... O que houve? Por que está aqui?

— Como assim o que houve? Eu apenas não estava afim de ir pra casa, então resolvi apenas ficar aqui um pouco e observar essas crianças brincando na praça, apenas isso...

— Mas você odeia crianças...

— Ah, eu não as odeio, apenas gosto quando elas estão longe de mim... - Respondeu a loira dando ombros

— Sam?...

— O que?!...

— Por que estava chorando?

— Do que está falando, Benson? Ficou louco? Não vê estou nada mais nada menos do que em meu pleno estado normal?

— Então por que seus olhos estão vermelhos?

— Já ouviu falar irritação alérgica a neve? Os especialistas dizem que é muito comum acontecer nessa época do ano... - Exclamou ela como se fosse a coisa mais óbvia do mundo

— E desde quando você liga pro que os especialistas dizem?

— Desde sempre, oras!

— Sam, eu te conheço melhor do que a mim mesmo, então não adianta mentir pra mim... Me diga, o que houve?

— Sempre insistente, não é mesmo Fredduardo?

— E você sempre tentando carregar o mundo com as mãos, não é mesmo Samantha?

— Argh, que seja! Apenas vá embora e me deixe em paz Benson, vá fazer qualquer coisa que os nerds costumam fazer em seu tempo livre ou o que quer que seja...

— Eu não vou sair daqui enquanto não me disser o que há de errado...

— Ótimo! Então é melhor ir buscar seu coberto de naves espaciais porque senão vai vai morrer congelado aqui...

— Qual é Sam, por que você não pode apenas confiar em mim? Nós somos amigos, nos conhecemos desde criança... Vamos, apenas se abra comigo... Não tenha medo de me confiar os seu segredos, eu posso aliviar sua dor...

— Você não entenderia, nerd... - Sussurrou ela em um tom amargo

— Como eu posso não entender o que você ao menos nem me permitiu saber? Vamos lá Sam, você não precisa ser forte o tempo todo, não precisa enfrentar o que quer que seja sozinha... Se estiver precisando apenas de uma conexão de alma para alma ou independente do que seja, eu vou correr ao seu lado... E se você estiver correndo na direção errada, eu te trarei de volta para a direção certa... Agora, me diga... Por que estava chorando?

— Tudo bem Benson... Você quer saber? Você quer mesmo?! - Indagou ela em um tom ameaçador, cerrando os olhos em direção ao moreno.. Ele podia sentir os neurônios da loira borbulharem, ela poderia explodir a qualquer momento... Mas ele realmente não se importava com quaisquer ameaças, sabia que essa apenas uma armadura para esconder a verdadeira Sam Puckett que se isolava lá dentro... - Porque eu sou um desperdício de oxigênio, okay?! É isso o que eu sou! - Esbravejou ela no pico máximo que sua voz podia aguentar, ignorando o fato de ter chamado a atenção de várias pessoas que passavam a sua volta - Minha mãe meu odeia, meu pai me abandonou e não fez a mínima questão de me conhecer, eu nunca serei capaz de ser metade de quem a Melanie é, e não consigo nem manter um relacionamento saudável sem quase destruir a vida de todos os que estão ao meu redor! Por que eu existo então? Por que eu estou aqui?! Para destruir a vida das poucas pessoas que se importam comigo?! E-eu... Argh! Eu sou tão patética!...- E não sendo mais capaz de conter as lágrimas, a loira chorava copiosamente... Odiava o fato de demonstrar qualquer indício de fraqueza, ainda mais por estar expondo toda a sua vulnerabilidade diante de alguém para o qual ela lutou uma vida toda para construir uma imagem de fortaleza... Mas ela não se importava mais, não conseguia esconder os soluços, apenas permitia que as salgadas lágrimas fluíssem livremente pelo seu rosto...

— Ei, xiiiu, xiiiu... Tudo bem, eu estou aqui... Eu sempre vou estar... - E em um rápido movimento, o moreno passou seus braços em volta da loira e a envolveu em um caloroso abraço... Ele podia não evitar que a geada os encobrissem de neve, porém no que dependesse dele, seus braços serviriam como paredes para acalmar a tempestade que havia se formado no interior da loira que ele sempre amou... Quanto a essa chuva, ele sabia que seria capaz de controlar... - Não, você definitivamente não é um desperdício de oxigênio... Sam, você a pessoa mais incrível que eu já conheci! E definitivamente, você está longe de ser patética... Forte, decidida e determinada... Você não precisa ser igual a Melanie, você deve ser quem você é! Infelizmente a sua mãe é incapaz de reconhecer o valor, mas garanto que se o seu pai te conhecesse, ele iria ter um enorme orgulho da filha que tem... E não, você não estragou a nossas vidas, você as tornou melhor! E sem dúvidas, hoje eu não seria quem eu sou se não fosse graças á você... E você sabe o que sempre pode esperar de mim?

— Que você e o Spencer sempre façam coldsplay's ridículos de Aruthor e Aspartamay enquanto jogam um RPG de senhores da guerra? - Respondeu a loira em um misto de lágrimas e riso

— Também mas... - E limpando uma última lágrima solitária que escorria de seus orbes cristalinos, o moreno continuou - Mas principalmente que quando você estiver perdida no escuro, quando você estiver lá fora no frio, e quando estiver a procura de algo que se assemelhe a sua alma, saiba que sempre poderá contar comigo... Pois quando o vento soprar o seu castelo de cartas, eu serei uma casa para o seu coração sem abrigo...


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Notas finais do capítulo

E então seus lindos? :D

Gostaram? Odiaram? Deixem suas opiniões nos comentários, eu irei amar respondê-los ♥


Eu realmente espero que tenham gostado, então se quiserem comentem, favoritem, recomendem, ou façam os 3, eu iria fica bem feliz kkkkkk :p

Bem, isso é tudo por hoje...

Vejo vocês em "Atrás dos Bastidores" ou até a próxima! :D



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