Perturba-me escrita por Laila Gouveia


Capítulo 9
ligações da madrugada


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Novamente quero agradecer pelos comentários, vocês são incríveis.
Esse cap não é grande, e pode ser um pouco confuso. Comparando com o cap anterior, esse vai deixar um pouco a desejar, mas mesmo assim é essencial pra história. Tem muita importância para a continuidade, então tentam relevar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/675337/chapter/9

 

 

Fui arrancada do sono pelo som do meu celular tocando. Ainda perdida em sonhos, escondi a cabeça debaixo do travesseiro para tentar abafar o barulho. Mas o telefone tocou. E tocou.

Estiquei o braço do lado da cama, tateei até encontrar meu jeans, e tirei o celular do bolso.

—Alô? —Disse bocejando.

Alguém bufava raivosamente do outro lado da linha.

—O que aconteceu com você? O que aconteceu com o algodão-doce que foi buscar? E já que estamos tocando no assunto, que tal me dizer onde você está para que eu possa estrangula-la com...

Ouvi um barulho, e então a voz do outro lado mudou.

—Sossega Jasper. Deveríamos estar contentes por ela atender. —Monty falou. Aparentemente depois de arrancar o celular da mão de Jasper, e impedir que ele me xingasse de todos os palavrões possíveis. —Clarke? Você ainda está ai?

—Oi. —Foi à única coisa que pensei em dizer.

—Ah meu Deus! —Ele respirou fundo. —Achamos que tivesse sido sequestrada. Achamos que tivesse sido assassinada.

—Achamos que tivesse sido abduzida. —Jasper interrompeu. Obviamente eles estavam com a chamada no, viva voz.

Estiquei minha mão até a mesa de cabeceira, e falhei tentando encontrar o relógio na escuridão.

—Estou bem. Nada aconteceu comigo. —Afirmei.

—Rodei o estacionamento durante uma hora te procurando. —Monty permanecia com a voz calma.

—Tive um imprevisto. Quando voltei, vocês já tinham ido embora.

—Imprevisto? Que tipo de desculpa é “imprevisto”? —Ele falou áspero.

Consegui encontrar o relógio. Os números vermelhos entraram em foco. Eram duas e pouco da madrugada.

—Lexa e Jasper caminharam pelo parque mostrando sua foto no celular. Tentamos ligar para você um zilhão de vezes.

—Eu... Vim pra casa.

—Espera aí. Você está em casa? Como conseguiu chegar em casa? —Quem falava agora era Jasper.

—Peguei carona com... —Parei de falar e coloquei a mão na testa. Tinha me esquecido que vim para casa com o Blake. Sua boca na minha foi a primeira coisa que veio em mente. Esfreguei os cantos dos olhos e sentei na cama. Ah que merda! Bellamy provavelmente devia achar que eu não tenho autocontrole. Desmoronei nos braços dele. Virei manteiga derretida. Um momento antes de manda-lo embora, eu tinha certeza de ter deixado escapar um som que era uma mistura de suspiro de felicidade e gemido de êxtase.

—Com...? —Eles insistiram juntos.

Eu não poderia dizer que peguei carona com o cara que eu mais odiava. Não poderia dizer que havíamos jantado juntos, e o pior, nos beijado. Também não poderia dizer que ao invés de buscar algodão-doce, tinha andado na montanha-russa com ele.

—Eu vim com um conhecido da escola. —Optei por omitir a informação principal. —Mas como cheguei aqui não interessa. —Mudei de assunto. —Eu não precisaria pedir carona se meus melhores amigos não tivessem me abandonado.

—Te abandonado? —Jasper disse nervoso. —Nós estávamos te procurando até agora, Clarke. Quando Lexa voltou ficamos te esperando, mas você desapareceu. Tem ideia do quão assustado nós ficamos?

Tentei colocar meus pensamentos em ordem. Lembro-me de ter saído para comprar algodão-doce e me distrair com o Arcanjo. Acabei cedendo à provocação de Bellamy, o que foi uma burrice de extremas proporções. Depois procurei Jasper e Monty em todo lugar, e andei por todo o estacionamento, sem encontrar o carro dele. Não tinha conseguido ligar porque meu celular estava sem bateria, e...

 Subitamente senti um calafrio percorrer minha espinha. Meu celular não ligava, eu tinha certeza que não. Então como estava conseguindo falar com os meninos?

—Poderia ter ao menos avisado. —Monty falou.

Não conseguia compreender o fato de o meu celular ficar sem bateria naquele momento, e agora, magicamente voltar a funcionar. Pensei em dizer que nada fazia sentido, mas achei melhor não tentar explicar agora. Os dois aparentavam estar cansados e não iriam compreender qualquer coisa que eu tentasse dizer.

—Desculpa. Eu não pensei nisso. Fiquei desesperada por perdê-los de vista, e pedi carona ao primeiro conhecido que vi. Quando cheguei em casa, estava abalada por achar que tinham me esquecido e ido embora, então acabei dormindo. —Menti.

Ouvi Monty suspirar. E Jasper bravejar ao fundo.

—Me sinto péssima por fazer vocês ficarem me procurando. —Completei.

—Não se preocupe. O Jasper que fica chato quando esta com sono, você sabe... —Monty bocejou. —Só ignora o mal humor dele. É o que fiz até agora.

—Mas ele tem razão. —Afirmei.

—É claro que eu tenho razão! —Jasper disse ríspido. —Ficamos preocupados Clarke.

—Eu sei...

Minha consciência estava pesada. Não podia acreditar no que tinha feito ontem. Visualizei o sorriso malcomportado de Bellamy e o seus reluzentes olhos negros assim que terminamos o beijo. Por minutos que fossem, existiu uma secreta atração entre nós. Mas eu negaria isso até o fim. Envolver-me com ele era como lamber caco de vidro. Uma completa e obvia estupidez.

—Foi um desencontro, não é? —Monty cortou o tenso clima que estava se formando. —Estou chegando em casa agora. Depois conversamos direito na escola, ok?

—Tudo bem.

—Boa noite, Clarke.

—Boa noite.

••

Encerrei a ligação e mergulhei nas profundezas de minha cama. Olhei para a janela aberta. A delicada luz da lua se misturava nos lençóis de minha cama, e as cortinas balançavam suavemente com o vento. Senti a brisa entrar em contato com meu rosto e isto me deixou sonolenta.

Mas antes que voltasse dormir, fui interrompida por um sussurro que percorreu em meu ouvido.

De repente as imagens do meu memorável passeio na montanha-russa surgiram como flashes me deixando catatônica.

 “Aqueles trilhos te engoliram enquanto você tinha certeza de estar caindo em direção à morte.”

A voz sussurrou.

“Bellamy entrou em sua vida e em pouco tempo conseguiu arruinar qualquer sanidade que manteve em você. Ele transmite tudo, menos segurança.”

Concordei ainda paralisada.

 “Esta sendo complicado guardar mais uma vez receios e medos dentro de você. Fingir ser normal, quando na verdade sua mente é sua maior inimiga.”

Involuntariamente minha cabeça fez movimentos para baixo e para cima, concordando de novo com o que foi dito.

“Você odeia isso, porque nem sempre foi assim, e no fundo, não consegue se conformar. Você sabe que esta deixando algo passar, algo que te faça entender. Você precisa de respostas, e esta na hora de começar busca-las.”

—Preciso. —Falei.

“Você sabe por onde começar?”

—Sei.

“Então vai. Agora.”

Meu corpo respondeu me fazendo levantar da cama, e seguir andando pela casa. Desci a escada que rangia em cada degrau. Abri a porta da frente e sai lentamente sem fechar.

◘◘◘◘

▬▬▬▬▬▬▬

Despertei com um barulho, e novamente tateei ao lado procurando meu celular.

—Senhorita Griffin!

—Alô. —Respondi bocejando.

—Senhorita Griffin, acorda!

—Eu já falei que não tive culpa garotos. Parem de irritar e me deixem dormir.

—Senhorita, acorde!

Senti um leve empurrão, e abri os olhos prestes a gritar nervosa, mas me surpreendi quando vi que de pé ao meu lado, estava o diretor da escola. Atrás dele, uma mulher, que parecia ser a secretária me encarava indignada.

Observei que permanecia deitada no chão, em uma sala com armários e gavetas. Rapidamente levantei.

—Senhorita, poderia me explicar o que está fazendo na sala de arquivo dos alunos, usando roupas de dormir?

Segui o olhar analisador do diretor e da mulher. Eu usava pijama, e segurava uma pasta. Nela estava escrito o nome: Blake.

Imediatamente minha cabeça começou a doer. Não contive a vontade, e dei uma leve olhada no conteúdo da pasta. Assim que vi, soltei a ficha.

—Vamos ter que avisar seus responsáveis. Isto uma é invasão. —Ele prosseguiu, pegando a pasta do chão e me encarando como se eu fosse uma maluca.

E eu não poderia discordar. Não mesmo.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?
Amanhã posto outro,ok?
Beijos e abraços



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perturba-me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.