Perturba-me escrita por Laila Gouveia


Capítulo 24
impossível resistir te tocar


Notas iniciais do capítulo

HEY, aqui estou postando um novo cap.
Na verdade ja estava pronto, eu só dividi mesmo...
Foi bate e volta rapidinho haha
Espero que gostem.



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O estacionamento do Borderline estava lotado. Espremi o carro numa vaga apertada e desliguei o motor.

—Você fica com fome quando está nervosa?

Demorei um pouco para entender a natureza daquela pergunta, até perceber que minhas mãos prendiam a blusa dela, impedindo-a de sair.

—Desculpa. —Lhe soltei envergonhada.

—Depois do que aconteceu com você e Monty, é normal ficar assustada. Não foi um dia bom. —Maya disse, solidária.

—Não tem sido um ano bom. —Falei baixinho.

Abri a porta do carro imitando os movimentos dela. Eu realmente não tinha pensado direito quando sugeri uma rápida vinda ao estabelecimento.

Caminhamos pela calçada até a porta principal do restaurante, e quando observei os vários clientes sentados lá dentro, senti meu estômago apertar com maus pressentimentos. Assim que entramos, uma lufada de ar quente nos envolveu, trazendo o cheiro de limão, coentro e o som dos mariachi nos alto-falantes.

—Bem vindas ao Borderline! —Saudou a recepcionista. —São apenas dois lugares?

—Sim. —Maya respondeu simpaticamente, após notar que eu não diria nada.

—Temos somente uma mesa disponível ali no fundo. —Ela apontou.

—Qualquer lugar! Só estamos com vontade de pimentas recheadas e daiquiris de morango, não vamos demorar.

Dirigimo-nos até o fundo do local, e sentamos nas cadeiras encostadas na parede, uma de frente para a outra, deixando dois lugares vazios aos nossos lados.

—Você já veio aqui?  —Perguntei esticando a cabeça e tentando visualizar todos os garçons do local.

—Desde que me mudei pra Coldwater, vim aqui umas duas vezes com meu pai. —Ela olhou o cardápio e levantou os olhos novamente encarando-me. —Teria como pedirmos pra viagem?

—Eu ia sugerir exatamente isso. —Sorri. —Não tenho a intenção de ficar aqui.

—Meu pai vai ficar louco se eu demorar. Sabe... Sexta-feira é noite de basebol.

—Vocês também tem que parar tudo que estão fazendo e impedir qualquer compromisso pra assistir basebol? —Olhei-a empolgada.

—Meu pai é um fanático. Mas eu sou pior. —Ela colocou a mão na boca tentando segurar o riso. —Você e seu pai também fazem isso?

—Nós fazíamos! Eu tinha um boné que ganhei quando fomos ao estádio. —Minha voz começou a perder o ritmo animado. —Só que... Hoje em dia, não assisto mais.

Maya fechou seu sorriso assim que percebeu o porquê. Antes que ela pudesse dizer algo, fomos interrompidas pelo garçom que se aproximou de nossa mesa.

—O que vão querer?

Ela se distraiu fazendo o pedido, e eu involuntariamente ignorei o que eles falavam e distrai-me prestando atenção no outro garçom que estava servindo uma mesa, pouco distante dali. Havia algo estranhamente familiar na forma como ele se movia, na forma como a camisa caía sobre o arco bem definido das costas. Meu coração começou a acelerar, e minha mente gritou quando ele se virou. Os olhos negros encontrando os meus no mesmo instante:

“BINGO!”

Bellamy realmente trabalhava ali. Eu devia provocá-lo por estar usando um uniforme, mas como poderia? Até assim o Blake conseguia ficar despojado, bonito e atraente. E isto não parecia ser apenas minha opinião, já que a maioria das mulheres presentes ali, vez ou outra o olhavam de soslaio. Até mesmo aquelas que estavam acompanhadas o admiravam!

—Clarke? —Maya me chamava.

—Oi... —Respondi tentando desprender-me daquele sorriso dissimulado e enfeitiçador.

—Qual é o seu pedido? —Ela repetiu.

—Pode ser aquilo que você falou pra moça na entrada. —Levantei.

—Aonde você vai? 

—Tenho que ir ao banheiro. —Forcei um sorriso inocente. —Já volto, ok?

Desviando-me das mesas, peguei o corredor que conduzia até os banheiros. Era pintado com a cor da terracota e decorado com maracas, chapéus de palha e bonecos de madeira. Estava mais quente ali, então sequei a testa. Depois de olhar por baixo das três cabines do banheiro feminino e confirmar que eu estava sozinha, fui até a pia e joguei água fria no rosto.

Comecei a questionar a razão de ter ido ali... pois lá no fundo eu não acreditava que Bellamy era o homem da máscara. “Tem que continuar com o plano.” Se eu fizesse isso nunca mais voltaria atrás, e naquele momento, tinha entrado em duvida sobre descobrir tudo e não gostar da verdade.

Fechei a torneira e, quando olhei de volta para o espelho, o rosto do Blake estava refletido nele.

—O que está fazendo aqui? —Perguntei assustada.

—Trabalho aqui.

—Quero dizer... Aqui dentro do banheiro.

—Você não consegue ficar muito tempo longe de mim, não é?

—Tinha esquecido que trabalha aqui.

—Você não esqueceu. —Ele abriu seu sorriso petulante.

Os olhos dele eram penetrantes, intimidantes, devoradores. Calculavam o peso de cada uma das minhas palavras, de cada um dos meus movimentos.

—Você saiu bem rápido ontem no pátio. Pensei que quisesse me levar ao Dhelpic. —Continuei depois de alguns segundos em silêncio.

—Achei que estivesse ocupada conversando com sua amiga.

—Achei que não respeitasse meu espaço.

—Você diz esse espaço? —Bellamy caminhou em minha direção até os seus sapatos estarem alinhados com as pontas dos meus tênis.

Coloquei a mão contra sua barriga rígida. Eu estava tentando manter uma barreira inútil entre nós, pois nem uma gigantesca cerca eletrificada me faria sentir protegida dele.

—Monty foi agredido ontem. —Soltei ofegante. —Logo depois que saímos da escola.

—Seu amigo?

—Um homem foi atrás dele na ladeira do cemitério. 

—Ele viu quem era? —Bellamy parecia estar interessado.

—Monty disse que o assaltante usava uma máscara.

—Uma máscara... —O moreno semicerrou os olhos.

—Eu estava junto.

—Você se machucou? —Ele segurou meu braço e começou a procurar algum hematoma pelo meu corpo.

—Não. —Soltei meu braço do seu aperto. —Mas Monty está no hospital.

—E eu deveria sentir pena? —Seu tom foi de descaso.

—Talvez, culpa! —Insinuei.

—Está querendo dizer que foi eu quem agrediu seu amigo?

—Não foi por isso que vim aqui. —Falei arfando.

Quase não havia espaço entre nós, apenas uma fina camada de ar.

—Então por que veio, princesa?

—Queria te ver. —De fato, aquela era uma verdade.

—Sejamos honestos... Você não consegue manter seu orgulho. —Ele se abaixou e encostou a boca na minha. Aliás, encostou muitas partes dele em mim, diversos pontos estratégicos do nosso corpo estavam juntos. Calor e frio me atravessaram simultaneamente.

Meu corpo parecia ter descartado a parte lógica do meu cérebro. Asfixiado para ser mais exata. Deslizei as mãos pelo peito dele e enlacei seu pescoço. Bellamy me ergueu pelos quadris, e eu envolvi a cintura dele com as pernas. Apertamos nossos lábios um contra outro, desfrutando do êxtase de ter sua boca na minha, as mãos dele em mim, quase queimando minha pele. Sem sutileza alguma ele tirou minha blusa, e analisou por alguns segundos o sutiã, meu peito subindo e descendo rapidamente com a falha causada em minha respiração. Novamente ele voltou a tocar seus lábios quentes, trilhando um caminho arrepiador pelo meu pescoço.

Nas profundezas ocultas da minha consciência eu sabia que tinha um motivo pra estar ali. No entanto, comecei a relutar.

“Está mais do que na hora de sabermos a verdade.”

Meu coração deu um salto, e antes que eu pudesse me arrepender, juntei toda a coragem e dissimulação que garanti e deslizei minhas mãos por dentro da camisa dele. Pela segunda vez esbarrei meu dedo na protuberância de sua cicatriz.

Não houve tempo do Blake perceber, não houve tempo de eu desistir... De repente minha visão foi tomada por uma névoa cinza que começava a surgir pelas beiradas. Fui sugada por um redemoinho suave e turvo, e tudo escureceu.

◘◘◘◘

▬▬▬▬▬▬▬

Eu estava no andar de baixo do Fliperama do Bo com as costas na parede, observando diversos jogos de sinuca. As janelas haviam sido cobertas com tábuas, e eu não saberia dizer se era dia ou noite. No local ninguém pareceu surpreso com minha aparição.

Abanei a mão para afastar a nuvem de fumaça de charuto e avistei Bellamy no canto, ao lado de Raven. Atravessei o salão, incomodada com a quantidade de homens ali, e assim que me aproximei, percebi que nenhum dos dois estavam vendo-me.

—O cara disse que eu não sou humana. —Reyes dizia.

—Imagino que você deve ter batido muito pra ele dizer isso. —Ele riu pouco abrupto.

—Eu disse que ele tinha razão, que eu não sou humana! E que se ele encostar em mim de novo, ou em qualquer outra garota, vou fazê-lo descer pro inferno mais cedo.

A risada divertida de Bellamy foi cessando até ele ficar completamente sério. Como se a atitude da morena fosse um estorvo.

—Você prometeu que ia parar de beber. —O Blake tocou no rosto dela. —Sabe que esses tipos de ‘caras se aproveitam disso.

—Fica tranquilo, nenhum homem vai se aproveitar de mim. 

—Não interessa, Raven. —Seu tom era de preocupação. —Toda semana alguma coisa acontece porque você está bêbada demais. 

—Pra você é sempre mais fácil. —Ela recuou. —Para de agir como se fosse responsável por mim.

—Alguém tem que ser!

—Vivo na terra há muito mais tempo que você.

Ele não tinha mais o que dizer. O discurso parecia repetido.

—Não estou com paciência pra jogar hoje. —Ambos tinham trocado o tom casual da conversa, e ela estava nitidamente incomodada.

—Aonde você vai?

—Pra qualquer lugar.

—Quer ir pro meu apartamento? —Ele tirou um molho de chaves do bolso.

—Não. —A morena pegou sua jaqueta vermelha que estava pendurada e fez menção de que sairia dali rapidinho.

—Você poderia ligar pro Tyler.

—Pra ele ficar me vigiando e cuidando da minha vida também... Não, obrigada!

Raven correspondeu aos indícios quando subiu as escadas nervosa e foi embora tão rápido quanto imaginei. Bellamy suspirou vendo-a sair, mas seu semblante indicava além de preocupação. Algo como cansaço, talvez por coisas que fossem mais, muito mais do que as imprudências dela.

Depois de alguns minutos parado, caminhou até uma mesa com alguns homens, retirou um taco de sinuca, e iniciou uma partida habitual para o mesmo. Parei do lado dele e fiquei observando os jogadores ali: fumarem, jogarem e trocarem palavrões. 

Comecei a olhar em volta tentando entender o porquê eu havia vindo parar nessa lembrança. Foi quando meu olhar esbarrou no calendário pendurado na parede, a data marcada mostrava agosto do ano anterior. O que significava que fora antes de eu começar o ultimo ano na escola. Até mesmo, meses antes de eu conhecer Bellamy.

Deveria haver alguma explicação pra eu estar aqui... “Ou este é apenas um momento insignificante do passado dele.” De repente, Lincoln chamou pelo Blake e eu me senti num Déjà vu. Ele estava debruçado na mesa de sinuca e assim que ouviu seu nome, levantou a cabeça em direção da escada. Por um momento achei que fosse eu mesma que desceria. Mas como eu poderia?

—Tem alguém lá em cima que quer dar uma palavra com você. —Lincoln falou.

Bellamy levantou a sobrancelha transmitindo uma pergunta silenciosa.

—Ela não quis dizer o nome. —Lincoln continuou tentando justificar. —Perguntei algumas vezes. Disse que você está no meio de um jogo, mas ela não quis ir embora.

—Peça pra ela descer. —Autorizou.

Ele deixou o taco em cima da mesa, e saiu andando para o fundo do salão onde não tinha ninguém. Recostou na parede e deslizou a mão para dentro dos bolsos, enquanto aguardava. Sem pensar duas vezes, segui-o e encostei-me ao seu lado.

O Blake estava pensativo, e parecia estar decidido a acender seu fumo e contribuir para aquela nevoa cancerígena no local. Ele se distraiu tentando tirar o isqueiro enroscado na costura da calça, mas quando passos leves ressoaram pelo chão de madeira, acabou deixando o cigarro cair do canto de sua boca.

Nunca consigo imaginar o que Bellamy está pensando, porém, assim que colocou os olhos na mulher, eu sabia que ele estava surpreso. Não da mesma maneira que esteve surpreso quando se viram no pátio da escola, mas dessa vez uma surpresa amigável em seu semblante. Lexa deixou a escadaria escurecida, e eu experimentei um momento de confusão. O cabelo dela estava solto e maior, diferente de como sempre a vi.

—Greta? —Sua voz saiu baixa. E eu não consegui entender o porquê ele a chamou assim.

—Como você está? —Lexa perguntou timidamente.

—O que você está fazendo aqui?

—Eu escapuli. —Ela abriu um sorriso, desfilando sensualmente até ele, de maneira brincalhona. E então se jogou, abraçando-o empolgada.

—Senti sua falta. —Ele retribuiu o abraço com igual empolgação. Rodeando-a com seus braços fortes, parecendo que iria quebra-la.

—Eu também. —Os olhos esmeraldas brilhavam de felicidade.

—Não deveria estar aqui. —Ele a encarou.

—Mas eu estou! —Lexa sorriu mais ainda.

—Não quero que corra riscos.

—Octavia está dando justificativas pela minha ausência.

Ao ouvir o nome da irmã, ele pareceu turbulento. Ou seria emocionado?

“Estamos presas num mundo paralelo.”

—Como ela está? —A voz dele estava carregada.

—Com muita saudade de você, mas... Ela está bem!

Bellamy ficou por alguns minutos encarando a castanha. Ele não parecia estar digerindo o fato de vê-la tão perto. Enquanto a dona de sua atenção, também o encarava de forma enervante, como se soubesse de algo.

—Você pode recuperar suas asas! —Lexa soltou ansiosa, pegando o Blake completamente desprevenido. —Assim que recuperá-las você pode voltar. Então, tudo será como antes. Nada mudou!

—Isso é impossível. —Ele não demonstrou confiança.

—Octavia e eu pedimos! Foi difícil convencer o conselho, mas eles aceitaram sua volta. A única coisa que precisa fazer é recuperar suas asas.

—Acha que durante todo esse tempo eu não tentei recuperar minhas asas?

—Sei que tentou. Sei de tudo que passou. Eu sei, porque sofri junto vendo-o de longe, e não podendo fazer nada. Mas agora eu posso!

O Blake estava descrente com aquela novidade. E Lexa mordia seus lábios carnudos aflita com a reação do mesmo.

—Como faria isso? —Ele disse rouco.

—Salve a vida de algum humano, e concederão suas asas de volta.

—O que?

—Eles cederam perdão a você. A última vez que um anjo foi perdoado aconteceu há milênios... E mesmo assim, você conseguiu!  

Aquelas palavras mágicas não trouxeram sentimentos positivos nele.

—Como vou salvar a vida de um humano? E mesmo que eu salvar, o que vai acontecer?

—Você será um anjo da guarda.

—Esse será meu posto agora? —O mesmo tom de deboche estava ali.

—Bellamy, você por acaso me ouviu? —Lexa segurou a mão dele. —Nós sentimos sua falta e você sente nossa falta. Volta pra nós!

—Você é minha melhor amiga. Eu queria voltar pra vocês, é o que mais quero desde que cometi aquele erro...

—Aquele erro ficou no passado. Você está ganhando uma segunda chance.

—E se eu voltar... Não sei se ainda é o meu lar.

—Seu lar é conosco.

—E se eu tiver outros planos.

—Sei o que você está pensando, mas é melhor parar!

—Por quê? Diga-me por quê?.. Eu fui um idiota, e agora estou pagando por meus erros. Vocês duas não merecem estar perto de mim.

—Não é isso que o impede de voltar. Posso sentir suas intenções... E não vou aceitar! Você sabe perfeitamente que isto que pretende não é uma opção, são apenas falácias. Não pode continuar com este plano mirabolante, eu e sua irmã conseguimos uma chance real pra ti.

—Como vou salvar a vida de um humano? —Bellamy ainda não parecia totalmente convencido, ainda assim escolheu por perguntar.

—Não sei.

—Nós dois sempre fomos anjos da morte. Dizer que não sabe pode funcionar com os outros, mas comigo não! Você conhece todos os nomes.

—Essa informação é sagrada, restrita e imprevisível. Os acontecimentos mundanos se alteram a cada momento, dependendo das escolhas humanas.

—Não voltarei se não me ajudar. —Ele a olhava com mais intensidade.

—Se eles descobrirem que te dei essa informação...

—Eles não vão descobrir. Me dê um nome, e eu salvarei.

—Bellamy, eu não estou confiando que de fato salvará a vida de alguém. Sei que se julga preso a terra, mas eu posso afirmar que tudo voltará a ser como antes se fizer o certo.

—Greta, é só me dizer um nome.

—É errado.

—Farei algo certo se você me ajudar.

—Não posso.

—Então, é melhor você voltar antes que fiquem irritados com sua demora e decidam considera-la como uma fugitiva, Vocês duas estarão seguras exatamente onde estão, aliás... tenho pessoas que precisam de mim aqui.

—Espera! —A castanha entrara num segundo de desespero. —Vou te dar um nome... Alguém próximo daqui! E você vai prometer que irá salvá-la.

—Diga. —Suas orbitas negras estavam sombrias, ele não parecia que estava se importando com qualquer que fosse a resposta, sua intenção não indicava um desejo real de voltar.

Lexa olhou para o chão, estava claro que ela possuía um conflito moral. O silêncio que se antecedeu foi perfeito para que eu respirasse fundo diante daquele diálogo que por minutos presenciei atônita.

—Clarke Griffin. —Ela soltou de uma vez.

—Clarke? —A expressão dele demonstrou um ligeiro abalo.

—Você a conhece?

—Como ela vai morrer? —Bellamy fechou a cara num misto de descrença e aborrecimento. De repente ele estava curioso.

—Alguém quer matá-la.

—Quem?

Ela fechou os olhos tentando se concentrar. E então colocou a mão na boca, tremendo e encarando-lhe com pavor.

—Uma máscara...

◘◘◘◘

▬▬▬▬▬▬▬

Meu dedo deixou a cicatriz, comigo gritando e esforçando-me para continuar e ouvir a resposta. Precisei de um segundo para me refazer, a névoa cinzenta em volta. Quando abri os olhos, o Blake tinha se afastado. Olhei-me no espelho e meu corpo permanecia suado.

—O que você fez? —Havia raiva controlada em seu rosto.

—Nada. —Minha mente estava abalada com tudo aquilo. Não conseguia absorver.

—O que você viu? —Bellamy avançou, e rapidamente o impulso de sentir medo me atravessou.

—Você e Raven conversavam sobre ela ter batido em um cara. —Omiti.

—Foi isso? —Ele não acreditou.

Meus membros tremiam. “Sai daí agora!”, a voz que fazia parte da minha mente gritou. Era como se a consciência, -que eu não saberia dizer mais se era realmente consciência-, obrigasse-me a obedecê-la com raiva. Era um grito diferente.

 Com cautela peguei minha blusa e coloquei-a de volta. Abri a porta do banheiro assim que ele deu um espaço suficiente, e sai apressada, tropeçando em meus próprios pés. Não olhei para trás.

—Ei Clarke, nossa comida já chegou. Vou chegar cedo pro basebol! —Maya levantou uma sacola assim que me viu.

—Precisamos ir. —Falei assustada.

—Acho que a gente precisa pagar antes.

—Estou te esperando no carro. Tente não demorar, ok? —Joguei algumas notas em cima da mesa, sem ao menos perceber quais eram os valores.

Caminhei em passos largos até chegar ao estacionamento. Entrei no carro e tranquei a porta desesperada. Gotas de suor escorriam em minha testa.

“Não”, a voz angustiava. Eu sabia que Bellamy havia deixado alguém muito importante, mas não sabia que era ela. Por que Greta mentiria seu nome pra mim? Por que Greta esteve perto de mim?

Meus dedos formigavam e minha cabeça estava latejando. Tudo tornara a compreensão mais difícil. Fora o homem com máscara de esquiador que seguiu Monty, mas ele estava atrás de mim, não dele. Sempre foi eu o alvo! Era eu que morreria, sou eu que vou morrer.

 


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Notas finais do capítulo

E mais uma vez vamos lá::
FAVORITEM!!
COMENTEM!!

beijo grande



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